Discurso durante a 23ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Defesa da promoção do combate à desigualdade de gênero.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Defesa da promoção do combate à desigualdade de gênero.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2018 - Página 76
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Indexação
  • COMENTARIO, COMPROMISSO, DEFESA, PROMOÇÃO, COMBATE, DIFERENÇA, SEXO, HOMEM, MULHER.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senadora Gleisi, (Fora do microfone.) que acabou de sair da tribuna, a nossa Presidente. Na pessoa dela, quero cumprimentar todas as colegas, mulheres Senadoras, servidoras desta Casa, mulheres que trabalham, que nos ajudam a tentar ajudar o Brasil aqui no Senado Federal e agradecer aqui ao Senador Hélio José por ter permitido essa inversão – ele é o próximo a falar.

    Eu só venho à tribuna – fiz isso cedo hoje abrindo os trabalhos da Comissão de Relações Exteriores – para poder fazer esse registro que eu, ainda há pouco, num aparte à Senadora Gleisi, eu fazia. Eu queria cumprimentar todas as mulheres acrianas, todas que lutam, labutam por um Acre melhor. Queria cumprimentar todas as mulheres brasileiras que atravessam momentos tão difíceis com, ainda, tanta desigualdade em nosso País.

    É óbvio que é importante registrar os avanços que nós tivemos durante o governo do Presidente Lula, da Presidente Dilma e de outros governos que passaram, mas, neste momento, do desemprego, da crise econômica, da crise institucional, certamente são as mães, são as mulheres que mais sofrem, porque a violência, as ações que a desigualdade gera contra as mulheres estão presentes de norte a sul deste País.

    Li dados hoje, ontem, desde segunda-feira, muitas reportagens na imprensa nacional e aqui mesmo no Senado Federal, no jornal, na rádio, na TV, em programas especiais. Eu queria cumprimentar a área de comunicação do Senado pelo trabalho, na pessoa da Ângela, uma grande profissional também e todas que trabalham com ela, todos que trabalham na TV, no rádio e nas mídias do Senado Federal, pela sensibilidade.

    Quero cumprimentar as Senadoras por terem feito ontem uma sessão solene aqui presidida pelo nosso Presidente Eunício Oliveira, na qual estabeleceram pautas importantes que o Senado deliberou e que atendem esse apelo, esse grito das mulheres por um País mais justo, mais igual.

    As questões de gênero não podem ser tratadas com preconceito, com uma mistura que a gente está fazendo. Vamos separar as coisas, nós estamos falando de homem e mulher, de direitos, de uma boa relação, de uma boa convivência. Um país não será civilizado, desenvolvido, se nós não resolvermos essa questão. E, para mim, se tivermos que puxar para um lado é para puxar para o lado contrário do que nós estamos puxando, puxar para o lado das mulheres, de terem mais direitos, porque têm mais tarefas do que todos nós.

    É nesse sentido que venho à tribuna. Eu não quero aqui relatar o sofrimento, esse verdadeiro drama que as mulheres brasileiras estão vivendo. Eu lamento, tenho lido muito sobre isso.

    Ontem nós fizemos um debate na Comissão de Relações Exteriores. Nós tínhamos um professor, Henrique Cymerman, especialista em Oriente Médio, que estava dizendo que a maior tragédia humana está sendo vivida na Síria pelas mulheres e pelas crianças. Ele falou: meninas de 10, 11 anos estão sendo vendidas, sendo compradas, sendo destruídas. E eu sei que de outra forma, aqui em nosso País, nós temos dramas inaceitáveis.

    Quando eu fui prefeito, nós criamos a Casa Rosa Mulher. Ganhamos prêmios da Fundação Getúlio Vargas, porque era uma proposta de acolhimento das mulheres, de tentar intervir nesse sentido de pacificar a relação homem/mulher, de pacificar a relação nas famílias. E é dentro desse propósito que eu venho à tribuna aqui, na esperança, na expectativa, deixando o meu registro, de que nós podemos, devemos enfrentar essa situação.

    Nós fizemos, nesta semana, uma sessão temática sobre segurança pública, sobre violência. Ao longo da sessão, 50 pessoas foram assassinadas, porque no Brasil são oito mortes a cada hora, oito assassinatos, e uma mulher morta a cada duas horas. E, também, os estupros: são meio milhão de estupros por ano no Brasil, só que isso é tudo subnotificado. O feminicídio é subnotificado. Não há nem mesmo a responsabilidade da notificação, para que se possa fazer a denúncia, para que se possa cobrar uma mudança decisiva dessa questão na nossa sociedade.

    Eu queria concluir, porque assumi com meu colega Senador Hélio de fazer uma fala muitíssimo breve, dizendo que eu fico aqui renovando meu compromisso de estar nessa luta, de ser parte dessa causa. Esta não é uma causa que nós temos, é esta causa que nos tem a todos: a causa de construir uma melhor relação de homem e mulher na sociedade brasileira e no mundo em que nós vivemos. Sem isso, nós não vamos ter um mundo que possa ser cristão, que possa ser civilizado, que possa ser desenvolvido. Esse é o desafio que nós temos.

    E toda essa desigualdade que nós vivemos no Brasil, com a pobreza e a miséria, que voltaram a crescer depois de queda ao longo dos governos do Presidente Lula e Dilma, que criou o maior programa de inclusão social do mundo, voltou e volta com uma carga nas costas das mães, das viúvas, daquelas mulheres que, desempregadas, têm que dar de comer aos seus filhos. Isso não é cristão, isso não é civilizado.

    Por isso, neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, eu cumprimento todos que nos ajudaram com as conquistas que já tivemos, mas chamo a todos para que se possa, com determinação, seguir em frente, unidos, homens e mulheres, na busca de superar definitivamente a desigualdade que temos de gênero e trazer a sociedade, o mundo para o século XXI. É esse o desafio que nós temos.

    Parabéns a todas as mulheres, especialmente, com todo o carinho, as mulheres acrianas.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2018 - Página 76