A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (PCdoB-AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Senadora Simone Tebet, eu apenas quero reforçar as palavras de V.Exa. e dizer que nós estamos numa sessão solene cujas homenagens se diferenciam de tantas outras das quais nós participamos quase que diariamente. Esta homenagem é recheada de muita reflexão, porque é também composta pela luta das mulheres. Por conta disso, nós estamos aqui.

      Antes de homenagear as mulheres constituintes brasileiras -- elas são a razão maior da sessão do dia de hoje --, eu quero homenagear a ex-Senadora Emília Fernandes, que está aqui, que foi autora da resolução que estabeleceu o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz. (Palmas.) Quero homenagear também, com toda a sinceridade, o Presidente Eunício Oliveira.

      Ainda no ano passado, procuramos o Presidente do Congresso Nacional, lembrando-o dos 30 anos da Constituição e da importância de resgatar essas 26 mulheres, que nem 5% da bancada representavam, mas que, de forma brava, de forma altiva, com voz forte, representaram todas as brasileiras e ajudaram a escrever a Constituinte Cidadã que nós temos hoje.

      Parabéns a todas vocês mulheres constituintes, que nos ajudaram a fazer algo muito importante, que foi dar um passo significativo nas nossas conquistas!

      Eu quero dizer às senhoras e aos senhores, neste pouco tempo de que nós dispomos, que estamos aqui homenageando os 30 anos da Constituição brasileira. As 26 mulheres que representavam, repito, menos do que 5% da totalidade dos constituintes brasileiros foram capazes, naquela altura, no momento de redemocratização do País, de escrever uma Lei Maior da nossa Nação, em que a cidadania do homem, a cidadania da mulher, a cidadania do jovem, da criança e do adolescente eram o centro de todas as discussões.

      Infelizmente, senhoras e senhores, 30 anos depois, nós vivemos sob ameaça permanente de ver todos aqueles direitos caírem por terra -- todos aqueles direitos! Inclusive, com a reforma previdenciária, estão sinalizando para a perda da diferenciação de 5 anos na aposentadoria das mulheres, como se isso fosse um privilégio!

      Longe de ser um privilégio, isso é o reconhecimento pela tripla jornada que a mulher desempenha. É o reconhecimento por quase 25% a menos nos salários que as mulheres recebem.

      Enfim, eu quero aqui, repetindo as palavras da Deputada Soraya Santos, dizer que nós nos espelhamos nas mulheres constituintes e nós continuaremos na luta, porque, mesmo vivendo numa sociedade que é capitalista, nós não podemos continuar permitindo que a mulher seja violentada na função mais nobre da humanidade, que é a maternidade.

      Se nós pararmos para pensar, a mulher é violentada pela sociedade por dar à luz! Pelas estatísticas, 2 anos depois de dar à luz, 80% das mulheres perdem seus empregos. Elas não ascendem nas carreiras profissionais, porque têm filhos pequenos e precisam cuidar deles.

      Então, é esta a homenagem que nós fazemos, eivada de reflexão e de reflexão profunda, porque, agora mais do que nunca, nós precisamos de todas as mulheres na rua defendendo os seus direitos contra qualquer retrocesso.

      Por isso, a nossa palavra de ordem é nenhum direito a menos.

      Viva o 8 de março! Vivam as mulheres brasileiras!

      Muito obrigada. (Palmas.)