Pronunciamento de Marta Suplicy em 07/03/2018
Discurso durante a 3ª Sessão Solene, no Congresso Nacional
Sessão solene do Congresso Nacional destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher e a realizar a entrega do Diploma Bertha Lutz às agraciadas em sua 17ª edição.
- Autor
- Marta Suplicy (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SP)
- Nome completo: Marta Teresa Suplicy
- Casa
- Congresso Nacional
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM:
- Sessão solene do Congresso Nacional destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher e a realizar a entrega do Diploma Bertha Lutz às agraciadas em sua 17ª edição.
- Publicação
- Publicação no DCN de 08/03/2018 - Página 29
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
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- SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, OBJETIVO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, REALIZAÇÃO, ENTREGA, DIPLOMA, BERTHA LUTZ.
A SRª MARTA SUPLICY (PMDB-SP. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão da oradora.) - Obrigada.
O prêmio Bertha Lutz eu diria que é o Oscar do Senado às personalidades que têm uma contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e das questões de gênero no Brasil. Então, nada mais apropriado do que esta homenagem.
Homenagem a cada uma das 26 mulheres que atuaram no processo constituinte. Celebramos esses 30 anos!
As Senadoras que me antecederam falaram muito bonito! A Deputada Benedita a mim comove especialmente porque fala o que vem do coração. É o que todos sentimos nesta homenagem.
Eu queria que todas vocês recebessem o meu carinho, aplauso e admiração.
Esta homenagem existe, hoje, porque nesta nova Constituição, moderna e avançada, vocês estavam lá! Caso não tivessem sido aguerridas, como foi aqui mencionado, não teríamos os direitos que temos.
Vocês fizeram todas essas contribuições -- mencionadas na cerimônia --, e nós, podemos dizer, depois prosseguimos. As mulheres, com essas portas abertas, direitos básicos conquistados, caminharam -- nós caminhamos, sem medo de errar.
Eu diria que feminismo é uma pauta antiga, mas é a pauta mais atual que temos.
Lembro que, há décadas, perguntei a Celso Furtado -- era o século XX -- qual seria o instrumento de mudança mais importante naquele século XX; tinha acabado de cair o Muro de Berlim. Para minha surpresa e das pessoas na audiência -- era uma palestra --, ele respondeu: “Não tenho nenhuma dúvida, é o movimento das mulheres”. Ele tinha uma visão correta, pois, apesar do espanto de muitos, é esse o movimento que faz a sociedade caminhar.
Voltando ao Oscar, a atriz Frances McDormand, que ganhou o prêmio de melhor atriz, fez o melhor discurso e mencionou a “cláusula de inclusão”, que as atrizes têm de pôr em seus contratos -- isso é um pouco do que a gente fica aqui procurando como fazer para ter mais presença. Ela colocou que, no mundo cinematográfico, temos atrizes, roteiristas, diretores, produtores, mas as mulheres não têm vez nessas categorias -- mesmo como atrizes, têm muito menos papéis do que os homens. Não sei se isso dará certo, se é tão bom ou não, mas, de qualquer jeito, estamos na luta.
Isso é que é importante! Estamos na luta contra o patriarcado. Fica até esquisito falar, pois na Constituição estamos longe disso, mas a gente sabe que, no dia a dia, é o que existe -- o patriarcado!
A renovada onda de feminismo só está sendo possível porque vocês constituintes abriram a porteira e nós, também, conseguimos dar continuidade.
Temos de pensar que, há 30 anos, a exclusão era tanta que no Parlamento não havia banheiro feminino; não se pensava em participação na política, como hoje a gente tem; direitos reprodutivos; tiveram de tirar o adultério da Constituição -- coisa do século passado, mas era assim... E está, no tempo, muito perto para pensarmos em termos do que foi conquistado por vocês mulheres, hoje homenageadas.
A licença-maternidade também foi uma enorme conquista!
Quero, ainda, lembrar da luta pela ampliação dos espaços políticos para a mulher: tivemos a lei das cotas para mulheres nas legendas dos partidos e queremos avançar na cota das cadeiras nos legislativos.
Hoje, temos a parceria de muitos homens (He for She). Lutamos contra assédio (Time’s Up). Não tem volta! Chegamos lá!
Quero parabenizar, na questão da maternidade, o projeto da Senadora Rose de Freitas -- entre as homenageadas. Está entre as prioridades do mês de março, eleitas pela atual bancada feminina, a votação do Projeto de Lei do Senado n° 241, de 2017, do qual sou Relatora, que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para que, em caso de parto prematuro, o período de internação não seja descontado do período da licença-maternidade.
Parabéns, Rose! São projetos como esse que o olhar feminino traduz em leis que vão beneficiar milhares de mulheres.
Parabéns a cada uma de vocês, porque, hoje, é realmente um dia muito especial! O Congresso as homenageia! (Palmas.)