Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene do Congresso Nacional destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher e a realizar a entrega do Diploma Bertha Lutz às agraciadas em sua 17ª edição.

Autor
Simone Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Simone Nassar Tebet
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão solene do Congresso Nacional destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher e a realizar a entrega do Diploma Bertha Lutz às agraciadas em sua 17ª edição.
Publicação
Publicação no DCN de 08/03/2018 - Página 41
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, OBJETIVO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, REALIZAÇÃO, ENTREGA, DIPLOMA, BERTHA LUTZ.

     A SRª SIMONE TEBET (PMDB-MS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Senhoras Senadoras e Senhores Senadores, senhoras e senhores, Bertha pode ser o outro nome de todas as mulheres constituintes agraciadas com este Diploma nesta Sessão Especial. É que, sob a luz de Bertha, as senhoras escreveram um dos mais importantes capítulos da história brasileira.

     Sob a luz de Bertha, as 26 mulheres constituintes garantiram direitos civis, socias antes negados e introduziram as brasileiras na travessia rumo ao sonho de igualdade entre homens e mulheres, sonhos compartilhados entre nós, Berthas do nosso tempo.

     É por isso que o que todas receberão aqui não é uma estatueta, nem uma medalha, nem um prêmio. Trata-se de um Diploma. E tudo o que está escrito neste diploma vem da lavra de cada uma das senhoras que, da trincheira da Assembleia Nacional Constituinte, lutaram pelos direitos mais fundamentais das mulheres brasileiras. Cabe a nós, tão somente, a moldura (aperfeiçoar, atualizar, avançar), para um Brasil do futuro sem mais homenagens como esta, pela mais absoluta desnecessidade, porque dia virá em que as mulheres, aqui ou em qualquer outro canto do planeta, serão respeitadas e tratadas como iguais.

     Dia virá em que não será mais necessária uma comissão, no Congresso Nacional, para combater a violência contra a mulher, porque um terço das mulheres (número de hoje) não mais sofrerão algum tipo de violência e nem uma mulher será estuprada a cada onze minutos.

     Dia virá em que a média salarial das mulheres brasileiras não será pouco mais da metade da remuneração dos homens.

     Dia virá em que serão eliminadas todas as questões que nos discriminam:  
em casa, nas ruas, nos coletivos, nas relações de trabalho, na vida, enfim.

     E este dia virá, estou certa, quando houver uma melhor correlação entre quantas somos (mais da metade da população) e a nossa representação política. Dos atuais 81 Senadores -- tratados assim mesmo, no masculino, porque a gramática também tem os seus traços discriminatórios --, somos 13, ou 16% do total. Na Câmara dos Deputados, a nossa representação ainda é menor: menos de 11%.

     Na Constituinte, éramos apenas 5%. Fico imaginando que, se vinte e seis mulheres abnegadas alcançaram tamanho êxito, o que poderia se dizer de mais de duzentas?

     Certamente, teria de alterar o tempo dos verbos com os quais eu expressei aqui as minhas esperanças. Não mais “dia virá”, mas “dia foi” em que as mulheres sofriam, no corpo e na alma, os mais variados e sórdidos tipos de discriminação e de violência.

     Encerro com uma pequena prece: que a fé e a luta de todas nós garantam ás mulheres, respejto, amor e igualdade.

Parabéns às mulheres brasileiras, pelos direitos já conquistados. À luta, mulheres brasileiras, pelos direitos que ainda nos são negados.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 08/03/2018 - Página 41