Discurso durante a 26ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro dos quatro anos de deflagração da Operação Lava Jato e seus desdobramentos.

Autor
Lasier Martins (PSD - Partido Social Democrático/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Registro dos quatro anos de deflagração da Operação Lava Jato e seus desdobramentos.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2018 - Página 21
Assunto
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • REGISTRO, CELEBRAÇÃO, DATA, RESULTADO, INICIO, OPERAÇÃO, COMBATE, CRIME ORGANIZADO, BRASIL.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente dos trabalhos, eminente Senador João Alberto, Srs. Senadores e Senadoras, telespectadores e ouvintes, hoje é uma tarde de visitas de gaúchos ao nosso plenário do Senado, Sr. Presidente.

    Há pouco já mencionamos aqui a honrosa visita do Vice-Governador do Rio Grande do Sul, José Paulo Cairoli, acompanhado de José Otaviano, que é o representante do Rio Grande do Sul aqui em Brasília; Marcelo Ermel, assessor de comunicação; Major Daniel, ajudante de ordens do Vice-Governador. Também está aqui a representação da Federação do Comércio do Rio Grande do Sul, a Fecomércio, que hoje ofereceu um café da manhã à Bancada do Rio Grande do Sul, aqui representada pelo Elvio Renato Ranzi, Vice-Presidente da Fecomércio; o Sr. Sadi João Donazzolo, Presidente do Sindilojas de Caxias do Sul; José Otávio, assessor parlamentar da Fecomércio. Enfim, são inúmeras personalidades do Rio Grande do Sul que nos honram.

    Mas, Sr. Presidente, no próximo sábado, dia 17, será registrado o quarto aniversário da maior, da mais rumorosa, da mais reveladora, da mais impactante operação policial e judicial da história do Brasil e uma das mais noticiadas no mundo em todos os tempos: a Operação Lava Jato.

    Fazendo quatro anos e iniciada nas ruas de Brasília, com a Polícia Federal atrás de um doleiro, Alberto Youssef e seus asseclas, envolvidos em lavagem de dinheiro. Mas, pouco a pouco, a mesma Polícia Federal de Brasília foi constatando a imensa teia de crimes que envolvia grande parte da gestão pública brasileira e de empresas privadas: personagens, valores, origens da roubalheira, baseada em dinheiro público.

    Foi um estouro, Sr. Presidente. Um estouro que levou o Brasil à perplexidade, tantos foram e continuam sendo os seus efeitos.

    Desde aqueles meados de março de 2014, o Brasil não foi mais o mesmo, aquele Brasil desolado das impunidades, dos acobertamentos, dos abafamentos de crimes de gente graúda, de protecionismos a poderosos, de delinquentes detentores de altos cargos na Administração Pública, dos donos de empreiteiras ricas e mal-acostumadas à custa de gigantescas falcatruas, dos partidos políticos viciados e abastecidos com recursos mal-havidos, da crônica falta de acesso aos produtos dos desvios e roubos, que passaram a ser recuperados ineditamente. Isto tudo, Sr. Presidente, era desconhecido dos brasileiros e, com surpresa, cada brasileiro foi tomando conhecimento, pela dinâmica da Polícia Federal, do surgimento de um Juiz Federal corajoso, Sergio Moro, e de um Ministério Público Federal inovador em procedimentos.

    E, a partir de então, nesses quatro anos de Lava Jato, houve uma sucessão de fases. Fases especiais da operação foram sendo nominadas com curiosos nomes pela Polícia Federal, nomes que se tornaram um marketing da eficiência da Polícia Federal. Surgiram ali, Sr. Presidente, a Operação da fase Pixuleco, Erga Omnes, Acarajé, Omertà, Calicute, My Way, Nessun Dorma, Triplo X, Aletheia, Xepa, Carbono 14, Bona Fortuna e por aí afora. Movimento que ainda não terminou, porque a Lava Jato ainda vai levar muito tempo, porque falta muito ainda a ser descoberto.

    Nesse período, Sr. Presidente, desde a deflagração da Lava Jato, o Brasil já recuperou, ineditamente, R$11,5 bilhões – 11 bi! – em acordos de colaboração. Segundo o Ministério Público Federal, desse total, R$759 milhões foram devolvidos aos cofres públicos, e R$3,2 bilhões correspondem a bens dos réus que estão bloqueados.

    Até o começo deste mês, foram 163 acordos de colaboração, celebrados em Curitiba e em Brasília.

    Foram condenados 119 réus em primeira instância, contabilizando 1,820 mil anos de penas.

    Há ainda 289 pessoas acusadas de crimes, como corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de drogas e crimes contra o sistema financeiro.

    Tudo isso, Sr. Presidente, à memorável Lava Jato.

    No total, foram 944 mandados de busca e apreensão. O Ministério Público Federal também informa que foram feitos 395 pedidos de cooperação internacional.

    O PT, que comandou o Governo de 2003 a 2016, lidera, em número de políticos condenados e investigados, e tem seu principal representante, o ex-Presidente Lula, à beira da prisão.

    Há ex-governadores, ministros, secretários, diretores de estatais, parlamentares, grandes empreiteiros e peixes miúdos presos há anos.

    Não há distinção de cargos, de nomes, de partidos ou empresas; todos suspeitos por negócios escusos são, no mínimo, convidados a prestar esclarecimentos.

    Por isso, foi dito, Sr. Presidente: desde que começou a Lava Jato, o Brasil não é mais o mesmo. Uma simples investigação sobre um doleiro desvendou o maior esquema de corrupção do mundo, que sacudiu as estruturas da maior empresa pública do Brasil, a Petrobras. A estatal serviu de fachada para financiar campanhas eleitorais, luxos e desvios jamais vistos no Brasil. Por isso, a Lava Jato é, além disso, um marco divisório de ética, de transparência e de compromisso com a legalidade.

    Enfim, Srs. Senadores, celebraremos, no próximo sábado, quatro anos de mudanças do Brasil; mudanças de ações policiais e, sobretudo, de práticas investigatórias, atividades do Ministério Público Federal e da Justiça Federal, muito atuante, carecendo apenas de mais celeridade no Supremo Tribunal Federal. Ainda há um hiato para a tão desejada depuração política e na gestão pública do Brasil, mas, pouco a pouco, haveremos de chegar lá.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2018 - Página 21