Pronunciamento de Jorge Viana em 15/03/2018
Discurso durante a 27ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Homenagem póstuma à Vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada no curso de sua luta pelos direitos humanos dos negros moradores de favelas.
- Autor
- Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
- Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM:
- Homenagem póstuma à Vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada no curso de sua luta pelos direitos humanos dos negros moradores de favelas.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/03/2018 - Página 12
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, MARIELLE FRANCO, VEREADOR, MULHER, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), VITIMA, EXECUÇÃO, HOMICIDIO, REGISTRO, DISCUSSÃO, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, NECESSIDADE, SOLICITAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), ATUAÇÃO, INVESTIGAÇÃO POLICIAL, POLICIA FEDERAL.
O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC. Sem revisão do orador.) – Queria cumprimentá-lo, Presidente Cássio Cunha Lima, e o Senador Lindbergh antes de ele sair.
Peço que V. Exª, amigo, companheiro, entenda as preocupações que o Senador Cristovam levantou, que todos nós levantamos na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Senadora Ana Amélia, foi uma execução de uma Parlamentar naquilo que o Parlamento pode de ter de mais rico, como disse V. Exª, Senador Lindbergh, de alguém que veio da favela, de alguém que lutou para se educar e cuja voz fazia a do povo mais sofrido.
Mas foi uma ação ousada, desafiadora contra as instituições, porque o Estado do Rio está sob intervenção na área de segurança. E ela foi executada no centro da cidade, com perversidade, segundo a polícia, com cinco tiros no rosto. Isso não pode ser entendido como um assassinato, mais um crime de negros, de pobres, que já seria gravíssimo perante o mundo.
V. Exª é Parlamentar, V. Exª também faz essa luta. E eu pedi ainda há pouco ao Senador Lindbergh que tome alguns cuidados nessa volta ao Rio. Sinceramente estou falando isso, porque e se isso for o começo, como nós discutimos hoje na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, de uma ação mais ousada ainda do que podemos imaginar dessas milícias, dessas organizações criminosas?
E queria, Presidente, cumprimentar pelo minuto de silêncio e por esse voto de pesar que nós fizemos.
Vou apresentar aqui o mesmo voto de pesar coletivo da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional que nós apresentamos à Marielle Franco e eu quero adendar à família do Anderson, que também perdeu um ente querido. Eu acho que nós podemos tomar uma atitude, sim. A Senadora Ana Amélia só comentou, mas eu acho que nós deveríamos pedir formalmente, como Senado Federal, que a Polícia Federal entre nessa apuração.
Se há risco das polícias do Rio... Veja o que falou o Ministro da Justiça noutro dia, dizendo que as polícias – e eu não estou fazendo nenhum juízo – do Rio eram um caso sério!
A Senadora Ana Amélia acabou de citar, eu acho que nós podíamos pedir, formalmente, como Senado Federal, tendo em vista que uma Parlamentar foi assassinada, não importa se é Vereadora – como disse o Senador Cristovam –, Deputada, Senadora: uma Parlamentar. Foi a democracia que foi atingida e acho que todos os Parlamentares do Senado que atuam no Rio estão em risco. Todos os Deputados e Deputadas estão em risco, porque agora nós não sabemos o que pode acontecer.
Então, peço ao querido colega Lindbergh que tome todos os cuidados possíveis. Leve a nossa solidariedade, mas queria deixar aqui esse apelo de que V. Exª, presidindo o Senado Federal, como Vice-Presidente da Casa, pudesse entrar em contato com o Ministro da Justiça, com o Ministro da Segurança, que agora é o Raul Jungmann, pedindo que oficialmente ponham a Polícia Federal nesse caso, porque o pior dos mundos é nós não adotarmos as medidas que precisamos adotar para esclarecer, para apurar esse caso, porque aí se abre uma outra porta, de assassinato de liderança, de vozes que estão no Parlamento brasileiro. Não importa se uma Vereadora, que foi tão bem votada e que tinha uma história tão bonita de vida, aos 38 anos, ser executada da maneira como foi...
O Senado Federal, inclusive esta semana, no mês da mulher, criou o programa, está criando aqui Mulher Forte, Mulher Livre, uma sequência, tentando fazer com que o País fique melhor na relação de gênero. O pessoal da Comunicação fez um trabalho bonito, denunciando, trazendo. E o que é que nós temos na semana, no mês de março, num mês em que nós debatemos a causa de gênero da mulher? Um assassinato de uma Vereadora, que era uma pessoa extraordinária, pelo que se sabe, com uma história de vida muito bonita, mas era favelada, negra e procurava combater os abusos de autoridades, das milícias, do crime organizado.
Eu agradeço a oportunidade, mas eu acho muito importante hoje essa manifestação suprapartidária, que é de fato nobre, que o Senado Federal, presidido por V. Exª, adota, diante dessa tragédia que ocorreu ontem no Rio de Janeiro, que chocou o Brasil e que repercutiu no mundo.