Discurso durante a 27ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Homenagem póstuma à Vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada no curso de sua luta pelos direitos humanos dos negros moradores de favelas.

Autor
Cristovam Buarque (PPS - CIDADANIA/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem póstuma à Vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada no curso de sua luta pelos direitos humanos dos negros moradores de favelas.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2018 - Página 13
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, MARIELLE FRANCO, VEREADOR, MULHER, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), SITUAÇÃO, GUERRA CIVIL, NECESSIDADE, APURAÇÃO, CRIME, PUNIÇÃO, AUTOR, SOLICITAÇÃO, INVESTIGAÇÃO POLICIAL, POLICIA FEDERAL, ATUAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO, SEGURANÇA PUBLICA.

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, já faz alguns anos, talvez mesmo duas décadas, que o Rio de Janeiro, mais que o resto Brasil – mas o resto do Brasil também –, está numa guerra civil, numa guerra civil social.

    O que houve ontem, no Rio, é um passo numa guerra civil política, porque foi uma colega nossa, Parlamentar, eleita, 46 mil votos. Então, o tiro foi nos seus eleitores também. Esses cinco tiros foram na democracia. Mataram a Vereadora Marielle, mas feriram a democracia inteira.

    E, se isso continua, essa guerra civil tomará caminhos muito mais graves até do que até hoje – gravíssima até hoje, quando a gente vê que, sobretudo, morrem jovens e negros e pobres, mas mais grave ainda, se começar a ameaçar a própria democracia.

    Por isso, a homenagem que nós fazemos a Marielle é uma homenagem à democracia brasileira. A luta para que esse crime seja apurado e para que os bandidos sejam punidos é em defesa do Brasil.

    Todos nós hoje somos familiares da Marielle. Eu diria que todos nós hoje somos PSOL, o Partido dela, Marielle.

    Nós somos ela. Eu não disse "ela", porque ela faleceu, então querer dizer "somos ela" é como se dissesse que somos mártires também. Ela foi mártir. É preciso lembrar isto também: hoje há uma mártir da guerra civil brasileira, que era social e que agora é política também.

    Mas há algo que é fundamental: não deixa de ser um fracasso da intervenção. Eu não disse o fracasso: é um fracassozinho da intervenção. E, se não for apurado, se não forem presos, se não forem identificados, punidos, aí é mais ainda do que um simples fracasso. Não será ainda o fracasso, mas é grave.

    Por isso, me solidarizo com o Senador Jorge Viana naquilo que falou, no sentido de o senhor pedir à Polícia Federal. Eu diria mais: ligar para o Ministro da Segurança Pública, dizer para ele que, nesta sessão, neste plenário, nós fizemos essas manifestações e que queremos que essa nossa colega que faleceu ontem, vítima desse atentado, como tudo indica, pelo menos tenha – e sua família – a lembrança e a percepção de que os criminosos foram identificados. Ao mesmo tempo, não deixo de citar também a família do motorista Anderson, que perdeu um ente querido.

    Por isso, estou, juntamente com todos, manifestando a nossa emoção, a nossa preocupação e a nossa solidariedade.

    O Senador não está, o Presidente, mas acho, Senador Medeiros, que o senhor pode, juntamente com ele, fazer essa chamada ao Ministro da Segurança Pública e manifestar a nossa preocupação – do Senador Cássio, sua e de todos nós.

    Esse crime não pode ficar impune. É um fracasso da intervenção, se esse crime ficar impune.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2018 - Página 13