Discurso durante a 27ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Homenagem póstuma à Vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada no curso de sua luta pelos direitos humanos dos negros moradores de favelas.

Autor
Marta Suplicy (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SP)
Nome completo: Marta Teresa Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem póstuma à Vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada no curso de sua luta pelos direitos humanos dos negros moradores de favelas.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2018 - Página 15
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, MARIELLE FRANCO, VEREADOR, MULHER, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), VITIMA, HOMICIDIO, LUTA, DIREITOS HUMANOS, JUVENTUDE, NEGRO, COMENTARIO, INTERVENÇÃO FEDERAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

    A SRª MARTA SUPLICY (PMDB - SP. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Presidente.

    Marielle era uma mulher jovem, negra, política, determinada e defensora dos direitos humanos.

    Primeiro, vou me solidarizar com sua família e com a família de Anderson, que a acompanhava.

    Eu estou pensando que esse caso vai ser um divisor de águas. Nós acompanhamos diariamente tiros, crimes, assassinatos horríveis contra mulheres e homens. Esse ato é uma provocação.

    Nós estamos no mês da mulher e nós estamos com uma intervenção no Rio de Janeiro. Não foi à toa que Marielle foi escolhida. Ela foi executada! Agora, Marielle não é uma política qualquer, não é uma mulher qualquer. Marielle tinha um símbolo: ela tinha o símbolo da negritude, o símbolo da coragem e o símbolo dos direitos humanos. Isso pode ser lido de outra forma, que não é à toa.

    E foi muito bem-feito o Ministro Jungmann cancelar sua reunião com vários secretários de Estado para discutir segurança e estar pessoalmente à frente do que aconteceu, porque isso aconteceu como um ato de provocação em relação à intervenção no Rio de Janeiro, às posições políticas, ao que a Vereadora Marielle significava e àquilo pelo qual ela lutava.

    Eu acredito que a indignação nacional que nós estamos vivendo neste momento mostra que a luta vai ser grande. É uma radicalização o que nós acompanhamos, mas as pessoas começam a se indignar com o que está acontecendo, começam a perceber que nós não podemos mais viver essa intolerância, começam a perceber que é preciso mudar essa situação. A situação com que as pessoas convivem não pode mais ser de ódio nem de ações de extremismo.

    Agora, eu fico muito triste com o que aconteceu com a Vereadora, pela pessoa que ela simbolizava e pelo trabalho excelente que fazia. Mas acredito que a intervenção no Rio de Janeiro, ao contrário do que foi falado aqui, não fracassou de jeito nenhum. O que aconteceu foi consequência da intervenção também.

    A gente tem, agora, que ter uma postura muito firme de apoiar a intervenção, de estarmos juntos com o Ministro, com o povo do Rio de Janeiro, que quer que essas milícias, essas polícias corruptas e tudo mais que a gente ouve sendo colocado, que eles, sim, sumam, não dessa forma horrível como a gente está debatendo aqui, mas que saiam desse protagonismo, pois nós vemos que o Rio de Janeiro não consegue e não conseguiu caminhar até agora para ser uma cidade pacificada, porque essas forças se portam dessa forma. Então, eu queria dizer que nós estamos todos juntos nessa luta, que é uma luta que vai ser muito difícil, mas o povo brasileiro vai acompanhar.

    Quero parabenizar o Senador Collor aqui pela posição da Comissão de Relações Exteriores e a posição também aqui do Senado de que vamos estar todos juntos neste combate.

    Obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2018 - Página 15