Discurso durante a 27ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas à tarifação imposta pelos Estados Unidos ao aço e ao alumínio brasileiros.

Críticas à mudança nas regras de licenciamento de produtos oriundos da Argentina ou destinados àquele país, realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Críticas à tarifação imposta pelos Estados Unidos ao aço e ao alumínio brasileiros.
INDUSTRIA E COMERCIO:
  • Críticas à mudança nas regras de licenciamento de produtos oriundos da Argentina ou destinados àquele país, realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2018 - Página 20
Assuntos
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Outros > INDUSTRIA E COMERCIO
Indexação
  • REGISTRO, DEBATE, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, POLITICA TARIFARIA, GOVERNO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), AÇO, ALUMINIO, EXPORTAÇÃO, COMENTARIO, PREJUIZO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ENFASE, CAXIAS DO SUL (RS), PRODUÇÃO, MAQUINA AGRICOLA, IMPLEMENTO AGRICOLA.
  • CRITICA, ALTERAÇÃO, NORMAS, AGENCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITARIA (ANVISA), LICENCIAMENTO, PRODUTO, IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, RESULTADO, RETENÇÃO, CAMINHÃO, FRONTEIRA, REPUDIO, ENTIDADE.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Caro Presidente Cássio Cunha Lima, caros colegas Senadores, nós estamos diariamente convivendo com problemas de alterações nas regras... Hoje, na nossa Comissão de Relações Exteriores, debatemos muito a questão da tarifação imposta pelo governo americano, na decisão intempestiva do Presidente Trump sobre o aço e o alumínio brasileiros, e dos países que exportam para os Estados Unidos.

    Foi duramente condenável a iniciativa, mas, como foi reconhecido não só pelo nosso Presidente Fernando Collor, mas também pelo Senador Armando Monteiro, que foi Ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e pelos demais Senadores, foi uma espécie de tiro no pé, porque o efeito mais perverso, eu diria, mais negativo será sobre a indústria metalmecânica, sobre a indústria de bens de capital, a indústria de transformação americana e a indústria automobilística, que é muito forte. Conta lá não só com as montadoras norte-americanas, mas também de procedência alemã, japonesa, coreana e de outros países que estão lá nos Estados Unidos.

    Então, essa indústria, que é muito forte nos Estados Unidos, depende do aço como matéria-prima, de laminados e também do alumínio produzido no Brasil. Portanto, sobre esse tiro no pé, penso que a reação interna, nos Estados Unidos, vai ajudar a demanda brasileira contrária a essa medida, que é lesiva ao interesse brasileiro.

    Eu sou do Rio Grande do Sul, como o Senador Paim, e sabemos como Caxias do Sul, Canoas, a região do Vale dos Sinos e mesmo a região da produção de máquinas e implementos agrícolas, que o setor metalmecânico é muito forte no nosso Estado. E também produzimos para exportação, não só máquinas agrícolas, mas também de outros setores.

    E eu venho aqui também para abordar uma questão que agora está afetando, por uma mudança nas regras do licenciamento de produtos que vêm da Argentina ou que vão para a Argentina, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

    Ontem, eu fui demandada por lideranças do setor de transportes, sobretudo de alimentos e de outras indústrias que estarão hoje, quinta-feira, na Anvisa, aqui em Brasília, para tratar de um problema grave de caminhões retidos em São Borja, na fronteira com a Argentina – do outro lado é São Tomé –, aguardando a liberação de licenças de importação pelo órgão federal, no caso, a Anvisa.

    A comitiva será recebida hoje à tarde, às 15h, pelo Gerente Geral de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados, Marcos Aurélio Miranda de Araújo. Foi o meu Gabinete que fez essa agenda, e eu agradeço antecipadamente à Anvisa por prontamente atender à solicitação, porque mais fácil esses agentes transportadores e também os próprios exportadores.

    Veja que o senhor reter... Primeiro, essa licença, Senador Cássio, era dada em 24 ou 48 horas, Senador Collor – V. Exª, que lutou tanto contra a burocracia, quanto com todo o sistema, para criar um ambiente favorável. A licença para apreciar uma carga era 24 ou 48 horas; hoje é uma semana. Agora, o senhor imagina uma carga de batata inglesa ou uma carga de outro produto perecível, Senador Paim, ali na fronteira, aguardando, porque é exatamente em Uruguaiana, com Libres, ou em São Borja, com Santo Tomé, que há o grande volume rodoviário do comércio entre os dois países.

    Então, eu estou pedindo à Anvisa, em nome dos agentes econômicos – e isso representa produtores, representa uma cadeia produtiva na área de serviços, tudo – que esse setor de transportadores e a indústria de alimentos, que essa retenção de caminhões ocorre por conta da mudança repentina da Anvisa nos procedimentos da anuência à LI, que é essa licença de importação, e não mais pelos agentes lotados nas unidades de fronteira que estão lá. Então, mudaram os critérios, mas não avisaram à parte interessada. Por isso a situação complicada, porque, como eu disse, essa anuência era concedida em 24 ou 48 horas, e agora leva uma semana para essa liberação ser concedida.

    Essa alteração está provocando um enorme impacto nas operações rodoviárias e afeta diretamente as importações de alimentos, aumentando os custos e afetando a capacidade para garantir a qualidade desses produtos, porque, ora, se há deterioração... E aí vêm frutas e verduras, que são o grande volume do comércio, e foi por isso que eu me referi à batata inglesa.

    Somente o aumento do custo do transporte por essa parada de uma semana, aguardando ali, com a carga – e o caminhão passa a ser um depósito, um armazém, porque está com toda a carga dentro – é de 50%.

    Outro impacto é na exportação brasileira, pois a maior parte dos caminhões retidos, após descarregar os produtos no Brasil, transportarão mercadorias aos países fronteiriços.

    Todos esses reflexos podem afetar o consumidor, que poderá ser penalizado com o aumento do preço final do produto.

    Então, na hora em que a gente está com uma inflação em índices baixos, aumento do poder aquisitivo do assalariado, não é admissível que essa mudança nos critérios, que essa demora possa comprometer não só a qualidade, mas perder uma produção extraordinária.

    Então, eu agradeço a V. Exª, e, como eu disse, seria breve essa comunicação

    Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2018 - Página 20