Discurso durante a 29ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apreensão com a crise sócio-econômica por que passa o Estado de Roraima (RR).

Autor
Telmário Mota (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Apreensão com a crise sócio-econômica por que passa o Estado de Roraima (RR).
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/2018 - Página 7
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • APREENSÃO, CRISE, ECONOMIA, BEM ESTAR SOCIAL, ESTADO DE RORAIMA (RR), DEFESA, ALTERAÇÃO, MATRIZ, PROGRAMAÇÃO ECONOMICA, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, AUSENCIA, ATUAÇÃO, COMENTARIO, INTERRUPÇÃO, OBRA DE ENGENHARIA, LIGAÇÃO, ENTE FEDERADO, SISTEMA ELETRICO, AMBITO NACIONAL.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da TV Senado, eu subo a esta tribuna mais uma vez extremamente preocupado com a situação socioeconômica do meu Estado.

    Roraima, por si só, já enfrenta uma grande crise. Antes de o nosso Estado de Roraima ser Estado, quando era território, a base da sua economia era o setor primário: madeira, minério, pecuária bovina. E, quando passou a ser Estado, junto com Rondônia e Tocantins, a expectativa era de que Roraima, como um Estado expoente, alavancasse a sua economia, até porque, em torno de Roraima, nós temos hoje um PIB, Sr. Presidente, bem maior que o PIB de São Paulo. Somando o PIB da Venezuela, da Guiana Inglesa, de Manaus e do próprio Estado de Roraima, nós temos um PIB, uma riqueza maior que o PIB do Estado de São Paulo, que hoje é o Estado mais rico da Federação e que dá um suporte para 46 milhões de pessoas.

    Ora, lamentavelmente, Roraima trilhou pelo caminho da contramão, enquanto Tocantins cresceu e desenvolveu, enquanto Rondônia cresceu e desenvolveu um progresso em relação ao que eles eram quando território – exceto Tocantins, que não era. Hoje 50% do PIB da riqueza do nosso Estado provêm exatamente do contracheque. Veja quanta tristeza: um Estado rico como o nosso, extremamente rico, um Estado expoente, um Estado do futuro, um eldorado, um Estado da oportunidade, onde um pobre, dignamente, ainda pode ficar rico, é um Estado em construção, hoje vivendo do contracheque. Ora, uma mercearia, uma padaria, uma barbearia, um comércio pode sobreviver do contracheque, que é o salário do servidor federal, estadual e municipal. Agora, um Estado? Naturalmente, ele não pode viver do contracheque.

    E aí veio a grande crise. A falta de planejamento das políticas públicas, somada com a corrupção, colocou o Estado de Roraima numa estagnação, numa crise jamais vista em toda a sua história. Hoje nós temos crises sociais gravíssimas, temos crise econômica gravíssima, afetadas exatamente pelo ingresso dos venezuelanos no nosso Estado. Hoje, com a falta de políticas públicas fortalecendo o homem do campo, ele, desprotegido da documentação da sua terra, sem as certidões ambientais como o Cadastro Ambiental Rural, certidão declaratória necessária, sem estrada, sem ponte, sem um acompanhamento técnico, sem um trator, sem um calcário, sem um adubo, sem um transporte para escoamento da sua produção, sem mercado de trabalho, naturalmente, precisa também sobreviver, foge do interior e migra para a cidade. Oitenta e três por cento da população do meu Estado hoje mora na cidade.

    Então, Roraima precisa rapidamente sair desse processo. Roraima tem solução, tem solução. Agora, é preciso mudar a matriz econômica do nosso Estado. E, para mudar a matriz econômica do nosso Estado, o Estado deve investir no setor primário, que eu costumo dizer que é tudo o que vem da terra, a agropecuária, a agricultura, o minério, a madeira e outros; e investir na agroindústria e na indústria. Dessa forma, Roraima investe no setor produtivo, Roraima começa a gerar renda, a gerar emprego, cresce, desenvolve e sai dessa crise em que se encontra hoje.

    Agora, é preciso, Sr. Presidente, que o Governo Federal faça a sua parte, faça a sua parte.

    Nós sabemos que, em pleno Carnaval, o ex-Diretor da Polícia Federal fez uma declaração que botou o Palácio do Governo em situação delicada, tanto é que o Diretor foi, depois, demitido, de calças curtas. E o Presidente, para mudar o foco, em pleno Carnaval, foi até Roraima, onde se reuniu com alguns políticos. E, hoje, por exemplo, os meios de comunicação do grupo do mal do meu Estado – porque lá, infelizmente, existe o grupo do mal – dizem: ah, o Senador Telmário não sentou com Temer para conversar!

    Eu não tenho o hábito de sentar com chefe de quadrilha, não. Eu tenho o hábito de sentar com pessoas do bem. Eu tenho o hábito de sentar com pessoas que tenham compromisso com o meu Estado.

    Eu sabia que isso seria mais um fiasco. Eu sabia que isso seria mais uma politicagem do Governo Federal. Hoje, na prática, o Governo Federal, de forma irresponsável, tardia – desde 2015 eu venho alertando o Governo Federal para essa migração –, está tomando as providências muito tarde, quando já está agravada a situação. Nenhuma providência de fato foi tomada.

    Agora, estão aí dizendo que estão mandando R$190 milhões para o Estado. Eu espero que o Ministério Público e que esse comitê que foi colocado realmente levem às pessoas – não só aos venezuelanos, mas também hoje ao povo do Estado de Roraima – políticas de qualidade nas áreas de saúde, educação, habitação.

    Eu fui agora ao Município de Pacaraima, que é a entrada, é o primeiro Município por onde os venezuelanos entram no Brasil. Lá havia uma feira livre que semanalmente era desenvolvida pelos produtores, principalmente por produtores indígenas do Município de Pacaraima. Ao chegar ali, eu vi um quadro totalmente desumano. Não há como descrever aquela situação, aquela alimentação misturada com tanta coisa que me recuso até a citar. É uma situação de calamidade pública.

    O Governo Federal mandou R$600 mil para Pacaraima. O que são R$600 mil? Pacaraima tem uma população de 16 mil habitantes e chegam ali mais 500 pessoas. Não existe abrigo para 250, e vêm 500, chegando cada hora mais, mais e mais.

    Então, realmente o Governo Federal não fez nada ainda para contornar essa crise por que passa o Estado de Roraima, que está sofrendo com isso e precisa ser compensado.

    Eu estava dizendo agora que o Estado precisa investir no setor primário. O homem do campo não tem a sua titulação por uma questão política, só uma questão política. Está tudo pronto, as glebas para serem liberadas, e a Secretaria de Segurança Nacional do Governo Federal sentada em cima da liberação.

    É um absurdo o que o Governo Temer faz hoje com o Estado de Roraima. O Estado está sofrendo, a população está sofrida, maltratada, e ele trata o Estado de Roraima não como um ente federativo, mas como um curral eleitoral para salvar os seus políticos da cadeia. Então, é com muita tristeza que vemos isto: o Governo Federal colocando no quanto pior melhor para, amanhã, chegar um salvador da pátria.

    Veja, nós temos uma questão energética que é lamentável, lamentável. Quando a Presidente Dilma saiu – foi tirada –, ela deixou encaminhada a continuidade da obra do Linhão de Tucuruí, porque o Estado de Roraima é o único que não está interligado nacionalmente. Mas, em um toque de mágica, a obra foi paralisada e botaram umas termoelétricas lá, o que é um absurdo, porque são quatro termoelétricas que não funcionam. Agora mesmo, numa crise de fornecimento de energia da Venezuela, nós tivemos a prova disso, pois isso gerou um prejuízo imensurável ao povo de Roraima, ao produtor, ao comerciante, aos eletrodomésticos que são queimados.

    A verdade é que hoje, como consequência da condução política, Roraima entrou numa grande crise, agora agravada com a entrada dos venezuelanos. E o Governo do Estado com a possibilidade de resolver a questão fundiária, resolver a questão energética, resolver a questão de uma corrente que, hoje, faz Roraima ser um Estado albergado, resolver a questão da mosca da carambola. Mas, não, a Federação prefere jogar no quanto pior melhor.

    Agora mesmo, no final de semana, as comunidades atroari-waimiri, que sempre tiveram de portas abertas para o diálogo, franquearam à Funai retomar as negociações da passagem dessa energia, permitindo que seja feito o novo impacto ambiental da passagem dessa energia na área dos atroari-waimiri. E o Líder do Governo saiu dizendo que tinha resolvido. Quer dizer, sempre com fantasia, sempre com uma história sem fundamento na verdade, querendo ser o salvador da pátria, tentando enganar o povo de Roraima.

    Mas, graças a Deus, os indígenas, que já foram vítimas dele quando ele foi Presidente da Funai... E por isso que a denúncia de corrupção na Funai, a denúncia de genocídio dos povos yanomami. E agora, com a falsa promessa de levar gado para todas as comunidades indígenas, eles já estão vacinados, acordaram e reagiram imediatamente, dizendo que haviam aberto um diálogo com a Funai, para a Funai fazer esse impacto ambiental, não a autorização, já, da obra.

    Então, já divulga de forma enganosa, fantasiosa, e o Governo Federal parece que está ajoelhado para essas brincadeiras. Imagine o Governo Federal deixar o seu líder, o seu representante, levando informações sem fundamento, na verdade, para uma população que está carente de tudo... Olha, isso é uma falta, acima de tudo, de muito respeito com o nosso Estado.

    Então, eu estou indignado com isso, não aceito esse tipo de tratamento com o povo de Roraima. Roraima não merece isso.

    Meu Estado é formado por pessoas do bem, pessoas honestas, pessoas hospitaleiras, pessoas que querem contribuir com o Brasil, mas, lamentavelmente, o Governo Federal do Sr. Michel Temer é o carrasco dos trabalhadores e se tornou o Governo perseguidor do Estado de Roraima.

    Portanto, fica aqui todo o meu protesto.

    Agradeço aqui, Sr. Presidente, por esta oportunidade, pelo tempo.

    Era o que nós tínhamos, hoje, a relatar.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/2018 - Página 7