Pela ordem durante a 36ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Repúdio às ameaças feitas ao Ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.

Repúdio aos tiros disparados contra a caravana de apoio ao ex-Presidente Lula.

Autor
Randolfe Rodrigues (REDE - Rede Sustentabilidade/AP)
Nome completo: Randolph Frederich Rodrigues Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
PODER JUDICIARIO:
  • Repúdio às ameaças feitas ao Ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Repúdio aos tiros disparados contra a caravana de apoio ao ex-Presidente Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2018 - Página 48
Assuntos
Outros > PODER JUDICIARIO
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • REPUDIO, AMEAÇA, DESTINATARIO, LUIZ EDSON FACHIN, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF).
  • REPUDIO, UTILIZAÇÃO, ARMA DE FOGO, ONIBUS, GRUPO, APOIO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/REDE - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, rapidamente, eu não poderia deixar de registrar, nesta sessão do Senado Federal, duas questões que atormentaram a sociedade brasileira no dia de hoje. Atormentaram e deixam todos aqueles agentes públicos, todos aqueles representantes políticos, nesta Casa e na Câmara dos Deputados do povo brasileiro, preocupados.

    Duas notícias. A primeira, Sr. Presidente é que o Ministro Edson Fachin, em entrevista à GloboNews, relatou ameaças e se disse preocupado com a segurança da família dele. Mais do que isso, o Ministro chegou a declarar que espera que não seja necessário, depois – palavras do Ministro –, "trocar fechadura de porta arrombada". Nunca é demais destacar que o Ministro Edson Fachin é o Relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

    Como se isso não fosse o suficiente para assustar todos nós, ou seja, um Ministro do Supremo Tribunal Federal sob ameaça, no final da tarde, início da noite, nós recebemos a notícia de que a caravana de um ex-Presidente da República teria sido alvejada por tiros – por tiros –, Sr. Presidente, a caravana de um ex-Presidente da República.

    Sr. Presidente, eu não tenho razões de simpatia alguma, aliás, tenho posição política diferente do Partido dos Trabalhadores. O meu partido, a Rede Sustentabilidade, tem uma candidata a Presidente da República, que é Marina Silva. E nós temos muitas diferenças – nós e o Partido dos Trabalhos – e as temos expressado, inclusive neste plenário, em vários momentos. Mas há um momento em que há que se dizer para as diferenças que elas não podem estar acima da democracia.

    Mais estarrecedor do que os tiros que alvejaram a caravana do ex-Presidente, mais estarrecedor do que a ameaça contra um Ministro do Supremo Tribunal Federal, Senador Cristovam, é a declaração de agentes públicos, de agentes políticos, que deveriam zelar pela democracia brasileira, ainda no dia de ontem, dizendo que "isso faz parte", que, digamos assim, "alguém plantou o que colheu".

    Sr. Presidente, esses fatos nos alertam. Uma coisa é a diferença política, que tem espaço neste plenário.

    Repito que tenho divergências políticas com o Partido dos Trabalhadores, mas uma outra coisa é o triunfo do fascismo. O fascismo não é a diferença política, o fascismo não é política, o fascismo é avesso à democracia e é avesso à própria política. Não pode haver condescendência e tolerância ao fascismo. Não pode um agente político, que corrobora com declarações em prol da violência, estar atuando para derrotar a democracia, estar atuando contra o Estado democrático de direito.

    Então, Sr. Presidente, quero aqui repetir as palavras do Ministro Fachin: nós não podemos depois trocar a fechadura de porta arrombada.

    Ainda há pouco, assassinaram uma vereadora no Rio de Janeiro. Agora, um Ministro do Supremo Tribunal Federal, repito, Relator da Operação Lava Jato, recebe ameaças e diz que as ações para a garantia de sua segurança, da sua vida e a dos seus familiares não estão sendo bastantes. E a caravana de um ex-Presidente da República é alvejada por tiros.

    É chegado o momento de dizer: parou. Chega. É chegado o momento de nós nos levantarmos em defesa do Estado de direito, em defesa da democracia, em defesa das instituições, em defesa da convivência pacífica, tradição da história política brasileira. Ou nós nos levantamos em defesa disso ou, então, vamos chegar ao limiar de uma situação dramática para todos nós, com a impossibilidade de convivência. Não merece o povo brasileiro que nós cheguemos a isso.

    Então, eu queria manifestar esta nossa posição. E, repito, esta posição não é somente minha, mas do meu partido, da Rede Sustentabilidade.

    Espero que as lideranças políticas deste País... E exijo, aqui, dos chefes do Poder Executivo, do Ministro da Segurança Pública e das Forças Armadas que tomem todas as medidas necessárias para – como disse o Ministro Fachin – que não troquemos a fechadura de porta arrombada.

    Ainda é preciso a resposta a uma pergunta que ecoa no Brasil: quem matou Marielle? E essa resposta não vem. É necessário que sejam garantidos todos os meios. E, repito, a responsabilidade primeira, a primeira das responsabilidades do Poder Executivo, do Ministro Chefe da Segurança Pública, do Chefe do Executivo é garantir a segurança do Ministro Fachin e dos familiares dele, e garantir a segurança não de um candidato à Presidência da República, mas de todos os candidatos à Presidência da República, de todos os candidatos.

    Não podemos passar para o limite do vale-tudo, do bangue-bangue, do faroeste. Esse é um limite que ameaça, em definitivo, a democracia. E a ameaça da democracia já virou páginas muito tristes da nossa história, Sr. Presidente.

    É o registro que eu queria fazer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2018 - Página 48