Explicação pessoal durante a 40ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Explicação pessoal em resposta ao pronunciamento do Senador Renan Calheiros referente à nota pela qual senadores solicitam ao Supremo Tribunal Federal a condenação do ex-Presidente Lula.

Autor
Cristovam Buarque (PPS - CIDADANIA/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Explicação pessoal
Resumo por assunto
SENADO:
  • Explicação pessoal em resposta ao pronunciamento do Senador Renan Calheiros referente à nota pela qual senadores solicitam ao Supremo Tribunal Federal a condenação do ex-Presidente Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2018 - Página 79
Assunto
Outros > SENADO
Indexação
  • EXPLICAÇÃO PESSOAL, REFERENCIA, PRONUNCIAMENTO, RENAN CALHEIROS, SENADOR, ASSUNTO, NOTA, AUTORIA, GRUPO, SENADO, DESTINAÇÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), OBJETIVO, CONDENAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DEFESA, INTERPRETAÇÃO, JUDICIARIO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, SEGUNDA INSTANCIA.

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, eu ouvi o discurso do Senador Renan Calheiros.

(Soa a campainha.)

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – E quero dizer que eu não fui ao Supremo caminhando, eu evito isso, mas eu assinei, sim, o documento.

    E não vejo onde está na Constituição que um grupo de Senadores, ou cada um deles, não possa assinar sugerindo e pedindo. Nós podemos até reformar a Constituição! E o Senador Renan Calheiros deve ser autor de muita reforma da Constituição. Já promulgou 37!

    Então, a Constituição atual diz, pela interpretação do Supremo, que o preso vai para a cadeia depois da segunda condenação, na segunda instância. É a interpretação dele, Senador. Então, não é anticonstitucional defender isso. Ao contrário, está se defendendo a Constituição em vigor, que hoje à noite pode mudar, do ponto de vista da interpretação dos Srs. Ministros do Supremo, que interpretam aquilo que nós não tivemos competência – eu não estava aqui na época, o Senador Renan estava –, não tiveram competência de escrever de tal maneira que não houvesse dúvida, deixaram dúvida. O que significa transitado em julgado? Deixaram dúvida, porque, no mundo inteiro, é na primeira instância ou na segunda. Aqui é na terceira.

    E eu tenho a impressão de que, do ponto de vista da interpretação moral, a legal são eles que fazem, de fato, deixar que vá até as calendas gregas, como se dizia, para quem pode pagar um bom advogado, não é decente, não é ético.

    A Constituição não pode ser corroída, para não dizer corrompida, dizendo: "vai para a cadeia na primeira e na segunda instância quem não tem dinheiro para pagar um bom advogado." Mas quem tem vai até a última instância, quando prescreve o crime, que é o que a gente vê todos os dias.

    Aliás, qualquer dia alguém vai dizer que, depois do Supremo, pode-se recorrer ao Papa, ou a um rabino, ou a um imã, conforme a religião. Tem de ter um limite! O mundo inteiro tentando dar equidade – conforme a renda do condenado, para que ele não possa prescrever – diz que é a segunda instância. Mas eu não vou dar o meu argumento a favor disso. Eu quero dizer que é o que vale hoje, Senador Renan. A interpretação última do Supremo diz que, na segunda instância, o condenado vai preso.

    Então, nós estamos defendendo a Constituição que está aí, tentando fazer com que não mudem para criar a chamada chicana de deixar para as calendas gregas a punição aos criminosos que podem pagar bons advogados.

    Então, eu assinei, sim, essa carta. Não fui, porque evito promiscuidade entre os Poderes, mas assinei e assinaria de novo, defendendo a Constituição em vigor...

(Soa a campainha.)

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... conforme a interpretação dos ministros.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2018 - Página 79