Discurso durante a 45ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da investigação da morte de um Policial da Polícia Rodoviária Federal, assassinado em Boa Vista (RR).

Considerações a respeito da divisão existente no atual cenário político brasileiro.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Defesa da investigação da morte de um Policial da Polícia Rodoviária Federal, assassinado em Boa Vista (RR).
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Considerações a respeito da divisão existente no atual cenário político brasileiro.
Aparteantes
Telmário Mota.
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2018 - Página 45
Assuntos
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • DEFESA, INVESTIGAÇÃO, HOMICIDIO, VITIMA, POLICIAL, POLICIA RODOVIARIA FEDERAL, LOCAL, MUNICIPIO, BOA VISTA (RR), ESTADO DE RORAIMA (RR).
  • ANALISE, PROPOSIÇÃO, SENADOR, REFERENCIA, TENTATIVA, DIVISÃO, BRASIL, PROBLEMA, POSIÇÃO, PARTIDO POLITICO, INCENTIVO, POPULAÇÃO, VIOLENCIA.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos que nos acompanham, quero fazer um registro aqui.

    Aconteceu um incidente muito grave em Roraima: um PRF foi morto num quarto de hotel ali na cidade de Boa Vista – não é, Senador Telmário Mota? E o que é que acontece? As informações estão todas muito nebulosas, porque a Polícia Civil diz que o policial estava envolvido com o crime organizado. Mas nós sabemos muito bem que você não pode chegar e ir matando as pessoas. E esse crime está muito, mas muito esquisito.

    Eu defendo que todo crime tem que ser amplamente investigado e, se alguém está errado, que seja condenado. Mas nós queremos a ampla investigação desse crime, para que não paire dúvida.

    Eu trabalhei vinte anos na Polícia Rodoviária Federal. Faço isto aqui por questão de esclarecer que a corporação faz um grande serviço pelo Brasil, e a grande maioria dos policiais são pessoas ordeiras. E, até que se prove o contrário, esse colega que foi assassinado em Boa Vista era uma pessoa extraordinária, segundo relatos dos colegas ali.

    E nós precisamos, queremos que o Governo, a Governadora Suely Campos possa envidar todos os esforços para investigar esse crime, porque está muito estranho. De repente, ele estava envolvido, mas e aí? Chega lá e mata? É uma coisa muito estranha.

    Concedo a palavra ao Senador Telmário Mota.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Senador José Medeiros, eu concordo com o pronunciamento de V. Exª. Sem nenhuma dúvida, a PRF do meu Estado presta um trabalho da maior relevância e confiança da população. Ela tem feito com um quadro totalmente defasado, mas tem prestado um trabalho extremamente importante para o Estado de Roraima e para o Brasil. A PRF goza da confiança do povo do Estado de Roraima. E lamentavelmente esse agente, esse membro da PRF inclusive não era do quadro que prestava serviço ao Estado de Roraima. Ele estava prestando o seu serviço, estava lotado no Estado do Amazonas. Mas, pelo que nos consta, ele tinha ido até aquele Estado por uma questão particular. E até agora, bem colocou V. Exª, não está esclarecido, não há dados palpáveis, embora haja uma versão da polícia de que ele poderia estar ali sendo receptor realmente do crime organizado, de droga etc. Mas os fatos começaram, de certa forma, a andar ao contrário. Então, realmente, está totalmente para ser esclarecida essa ação. Eu espero que a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal e a Polícia Civil, juntas, apurem a veracidade e seja punido aquele que realmente se excedeu. Se, lamentavelmente, o membro da PRF estaria ali envolvido e se ele realmente reagiu, houve a legítima defesa. Agora, se houve uma execução e se ele não estava envolvido, que sejam punidos aqueles que lamentavelmente cercearam a vida de um membro da PRF que tinha até então uma vida totalmente ilibada e limpa junto à instituição.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Muito obrigado, Senador Telmário Mota.

    Senador Valdir Raupp, neste tempo que me resta, quero fazer aqui um contraponto, e o que tenho feito aqui constantemente é o contraponto, porque nós precisamos esclarecer o nosso povo, pacificar o Brasil. E a nossa tarefa aqui no Parlamento é serenar os ânimos, é apagar o fogo da fornalha, em que pese a alguns colegas, alguns Senadores, por problemas particulares, próprios e de seu partido, a todo tempo, tentarem insuflar a Nação, tentarem jogar brasileiros contra brasileiros, tentarem dividir este País, tentarem jogar partidos contra partidos e assim colocar a Nação em colapso. A todo tempo, começam a querer jogar o Brasil...

    Eles fazem o seguinte enredo, Senador Sandoval: eles dividem o País em dois, em povo e antipovo. Quem é o povo? Bom, o povo, de um lado, são todas as virtudes, eles e seus correligionários. E no antipovo quem está? Os seus adversários, as empresas, alguns países, organismos internacionais que não pensem como eles, e aí eles começam a criar essa divisão. E aí começam a culpar: tudo o que for de bom está com o povo, com esse "povo" – aspas – que eles criam; e tudo o que for de ruim está com esse "antipovo".

    Portanto, nós, aqui no Senado, que não concordamos com que se acabe com a Lava Jato, que não concordamos que continue o foro privilegiado, que não concordamos com uma série de coisas que eles defenderam por 14 anos, somos antipovo.

    E eles continuam com essa cantilena. Pois bem, a última foi politizar uma questão de polícia. E eu rememoro aqui a fala, a gravação de um Senador que eu respeito muito e que, dentro da sua narrativa política, do seu enredo, estava no seu direito, mas nos demonstra muito bem, Senador Sandoval. Ligando para o ex-Presidente Lula, ele dizia: "Presidente, nós precisamos politizar esse processo. Nós precisamos chamá-los para a seara política." E assim fizeram.

    Não é o primeiro Presidente que é preso. A Coreia do Sul teve Presidente preso, o Peru e por aí vai, com tantos outros presos, mas só aqui se criou essa barulheira toda.

    Eu digo que lamento que o Presidente Lula esteja preso. Eu lamento. Uma figura querida. Mas nós temos que separar. E, aí, qual é a narrativa? Ele foi preso sem prova, ele foi preso injustamente.

    E agora a Senadora que me antecedeu teve o desplante de chamar o juiz de safado, de falar que isso é uma safadeza, de chamar os seus pares aqui de safados! Quer dizer, estão perdendo a compostura. E nós temos que vir fazer o contraponto, porque aqui o Senador Telmário Mota pode divergir totalmente de mim, o Senador Sandoval pode divergir de mim, mas eu devo respeito a eles. É eleito pelo povo, pelo povo de Roraima. O Senador Sandoval é eleito pelo povo de São Paulo. Aliás, há poucos dias, houve um Senador que veio aqui e disse que ele não tinha voto. Não, quem votou no Senador Aloysio – estava lá a foto do Senador Sandoval – votou no Senador Sandoval. Se porventura não concordasse, teria dito: "Não, eu não quero votar no Aloysio, porque está a cara do Sandoval aqui." Ele não votaria. Então, ele votou no Senador Sandoval também.

    Então, dito isso, nós temos que fazer esse contraponto, divergir sim. Esse processo do ex-Presidente Lula passou por 15 juízes: Moro, primeiro, na primeira instância lá; depois três do TRF; depois um monte aqui no STJ; e depois ele sobe para o STF, amplamente discutido. E outra, em todas as instâncias, ele teve essa... Sabe quando nós vamos a um restaurante... Hoje em dia não há mais, mas anteriormente nós íamos, pedíamos uma vitamina, e eles davam o chorinho.

    O Lula teve um chorinho que os outros brasileiros que são presos não têm ou que respondem um processo não têm.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Conceda-me só mais um minuto, Senador Valdir Raupp.

    Ele teve o chorinho nesse processo, assim, um pouquinho a mais pela pessoa que era. Todos ultimamente estão sendo levados presos. O Lula era para ter sido preso, mas disseram: "Não, uma coercitiva! É ex-Presidente!"

    O Lula... Quando todo brasileiro vai ser preso, a polícia já chega, mete o pé na porta, arrebenta de manhã cedo, leva, Globo filmando, é aquela parafernalha, helicóptero em cima e policial descendo de corrida. Ao Lula mandaram um recado: "Olhe, você tem até amanhã para você vir aqui se apresentar." Beleza. Tudo bem. Chegou no outro dia, ele falou: "Não, não vou me apresentar não. Eu vou fazer um circo aqui primeiro. Vou fazer uma missa." E fez a missa dele é a missa mais esquisita que eu já vi, porque o padre estava aqui e havia uma faixa embaixo defendendo o aborto. A Igreja Católica é contra o aborto, mas estava lá a faixa. A primeira missa que eu vi com uma faixa de aborto embaixo.

    Tudo bem. Ele fez, refez, mas está bem, ele teve o seu chorinho. Aí vem aqui e diz que a Justiça foi draconiana contra o Lula. Aí hoje eu vim aqui e disseram que ele não está podendo ter visita. Não, gente, é que não há como fazer uma...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... Lei de Execução para o restante dos brasileiros e uma Lei de Execução para o Lula. É uma só. Ou então nós vamos ter que votar aqui, Senador Telmário Mota, a criação de um presídio político federal, porque aí nós criamos as regras só para os políticos. Então, o político vai ser preso, mas ele vai poder ter uma tela plana, ele vai poder ter... Aí, assim, nós criamos as regras que quisermos aqui, que o PT quiser. Mas, se não, vai ter que ser a regra de todo mundo. Então, nós temos que contrapor.

    Se o Ministério Público... Que nem eu, que discordei quando o Moro disse que estava fazendo jejum contra o Lula. Eu discordei. Não cabe ao Ministério Público fazer jejum. Não cabe! Eu defendo o juiz que fala nos autos. Eu tenho defendido essas coisas. Eu fui contra o Moro, quando fez aquela catrevagem toda. Agora, nós temos que fazer isso dentro do processo.

    Só mais um minutinho e já termino, Senador Valdir Raupp.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Nós temos que fazer isso dentro do processo. Sabe por que, Senadora Simone Tebet? Sob pena de rasgarmos o tecido social. Nós temos uma grande responsabilidade sobre a pacificação social.

    Por que entrei no Conselho de Ética contra a Senadora Gleisi e contra o Senador Lindbergh na época? Não é nada pessoal. É porque nós precisamos dar mostra de que...

    O Senador Valdir Raupp, por exemplo, é um Senador respeitadíssimo em Rondônia. Quando o Senador Valdir Raupp sobe a esta tribuna, muitos rondonienses estão se espelhando no que diz o Senador Valdir Raupp. Ele tem responsabilidade, muitas vezes, sobre as ações dos rondonienses.

    Nós temos responsabilidade sobre o que as pessoas muitas vezes vão fazer. Somos espelhos, queiramos ou não, porque somos representantes do povo.

    Então, fechando esse assunto, agora dizem que vão fazer...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... um movimento, trocando o nome. Estão trocando. Há um monte de requerimento aqui na mesa: Lindbergh Lula Farias, Gleisi Lula Hoffmann. E na Câmara também há.

    Então, quero fazer um contraponto aqui. Eu também mandei um requerimento para a Mesa: se for para fazer assim, se é para dividir em lados, entre o presidiário e o Juiz, prefiro ficar do lado do Juiz. Então, pedi um requerimento para a Mesa também: pedi que coloque agora José Moro Medeiros. Está aqui o requerimento na mesa, porque eu me recuso a participar desse tipo de coisa, que joga a população brasileira contra um Juiz, que simplesmente julgou os fatos que chegaram à mão dele.

    Quero dizer que a Justiça brasileira vai ter sempre minhas críticas, e o Ministério Público vai...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – quando se excederem, mas vão ter sempre meu apoio também, quando forem acintosamente ofendidos, como foi, hoje, aqui, chamado de safado, porque não é assim que a gente se insurge. A gente se insurge dentro do processo. E a gente tem que se dobrar aos fatos e a lei.

    Essa história... Se foi julgado, se foi condenado, tem que se dobrar. Como é que todo brasileiro se dobra diante da lei, e o PT não? Desculpem-me, mas apontaram o dedo para todo mundo.

    O PMDB, por exemplo, serviu para trazer os votos, agora o PMDB virou o pior partido do mundo para eles.

    Que partido é esse? Veio de que mundo? Que santidade é essa?

    Então, faço esse contraponto aqui, alertando que querem é dividir o Brasil. E, se amanhã ou depois, vier uma ditadura aqui, no Brasil, a responsabilidade é do PT, que está querendo dividir e insuflar...

(Interrupção do som.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Fora do microfone.) – ... a população brasileira.

    Obrigado, Senador Valdir Raupp.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2018 - Página 45