Discurso durante a 51ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a homenagear os povos indígenas, em razão do Dia do Índio.

Autor
Vicentinho Alves (PR - Partido Liberal/TO)
Nome completo: Vicente Alves de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a homenagear os povos indígenas, em razão do Dia do Índio.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2018 - Página 25
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, DIA, INDIO.

    O SR. VICENTINHO ALVES (Bloco Moderador/PR - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Fá-lo-ei daqui, já cumprimentando V. Exª pelo requerimento, cumprimentando-o por presidir esta sessão importantíssima em homenagem aos povos indígenas.

    Aí, na Mesa, Presidente, eu vou citar dois grandes amigos: Marcos Terena, meu colega, aviador, quando voava na Funai e eu também, na Amazônia, um velho amigo, de mais de, aproximadamente, 40 anos; e Paulinho Paiakã, porque voei muito lá, pelas aldeias do Aukre, do Kikretum, do Gorotire.

    Quando chegava à aldeia, Presidente, eu, muito jovem, voando, as criancinhas falavam como, Paiakã? "Lá vem o Vicentinho", um simples aviador, que nunca imaginei que um dia sairia da condição de aviador para ser Senador da República do nosso País.

    Então, esta é uma data que me marca profundamente, por duas razões: a primeira, porque é o dia do aniversário do meu saudoso e querido pai, Comandante Vicentão, piloto também, pioneiro na Amazônia, com uma história bonita. Para se ter uma ideia, Presidente, em 1958, ele saiu da nossa cidade, Porto Nacional, foi até os Estados Unidos buscar o aviãozinho dele, com mais cinco, para sustentar a nossa família e desbravar a Região Norte e a Região Amazônia. Portanto, falecido, quero registrar e homenagear o meu saudoso e querido pai nesta data do dia 19 de abril.

    Outro item a que quero me referir é sobre os nossos indígenas. Se aqui estou, Presidente, com esse sentimento de solidariedade com todos... Além de ter nascido e sido criado no meio dos xerentes, dos javaés, dos karajás, dos krahôs, eu, quando aviador, fui voar na Amazônia, na região deles, dos kayapós. Tive um acidente e fui salvo pelos kayapós, na selva. Fui salvo pelo Pedro, por Lerecra, pelos índios ali do Aucri Paiakã. Você sabe desses que estou dizendo.

    Então, se eu estou aqui, com a minha solidariedade, é por causa do débito que eu tenho com os povos indígenas. Tenho feito isso na prática, todos os anos. Se se olhar o Orçamento da União, os recursos são colocados através de emendas e etc. para os povos indígenas do Tocantins e, às vezes, lá para o Aucri. Há recursos nossos destinados, tempos atrás, para a aldeia Kikretum, Niti, filho do saudoso Tutu Pombo, kayapó, nosso grande amigo.

    Agora mesmo, recentemente, a semana passada, nós entregamos mais quatro caminhonetes para a Funai. Se a Funai hoje funciona no Tocantins, modéstia à parte, é por causa dos veículos entregues por mim e pelo Deputado Federal Vicentinho Júnior, meu filho, para dar melhor condição de trabalho e apoio aos nossos índios do Estado.

    No mês de janeiro, quando muitos vão para as praias, este modesto Senador vai para as aldeias. Vou lá, vou conviver com a minha gente, com o meu povo, com as pessoas a quem quero bem. E digo mais: sou muito bem recebido.

    Nas eleições – é claro, se estou aqui é por causa dos votos – , é raríssima uma aldeia que não me dá noventa e tantos por cento dos votos. É muito simples, é só o relacionamento, a convivência, a prestação de serviços e a solidariedade.

    Portanto, estar aqui hoje homenageando a todos os povos indígenas... Já fizemos, inclusive, os Jogos dos Povos Indígenas, no Tocantins, por duas vezes, Presidente, junto com Marcos Terena, com o Carlos, na minha cidade, em Porto Nacional, e depois em Palmas.

    De modo que tudo que a gente pode fazer aqui no Senado, tanto na viabilização de recursos quanto na questão de votos... A minha posição, por exemplo, com relação à PEC 215, a minha, a posição do Deputado Vicentinho Júnior, é radicalmente contra! O Congresso Nacional não é palco para se discutir isso.

    Aí nós temos a Funai, o Ministério da Justiça, os antropólogos e etc... o Ministério Público, que ali está presente, com o Subprocurador – e eu o cumprimento.

    De modo que é na prática e nas ações nossas que eu me manifesto, hoje, em prol dos povos indígenas.

    É muito bom vê-lo, Paiakã, um amigo de 40 anos mais ou menos, não é, Paiakã? Eu até tenho que ir lá, à sua aldeia, naquela cachoeira que você me falou, esses dias, ao telefone. Ele mora a 300 metros de uma cachoeira das mais bonitas, lá perto do Rio Fresco. E eu tenho saudade e vontade de ir lá.

    Eu agora, Paiakã, com essa eleição suplementar que vai haver no Tocantins, hoje, daqui a pouco, irei fazer um pronunciamento, licenciando-me por 40 dias, para colocar o nome para governador do Estado, porque vai haver eleição no dia 3. E, se Deus e o povo permitir, nos tornaremos o primeiro filho do Tocantins a governar o povo dele. "Essa é a vez dos tocantinenses" é o slogan, lá, do Estado.

    Portanto, eu quero dizer a você que, passando o dia 3, como governador, como Senador, enfim, como seu amigo, no mês de julho, eu quero dar um pulo lá na sua casa. Vamos pousar, ali no Kikretum, subir de barco e ficar lá uns dois dias, proseando e matando a saudade.

    É uma alegria enorme poder estar aqui, Presidente, mais uma vez, por fim, presente nesta sessão solene, como não poderia faltar, e parabenizar V. Exª, pela forma do requerimento, pela felicidade que teve, pela iniciativa.

    E V. Exª, que atua tão bem, representando o povo de Roraima, com a sua forma simples, mas muito preparado e qualificado, eu o saúdo e cumprimento.

    No mais, fica registrada a minha solidariedade, a minha homenagem, que não é apenas só minha; é de todos os tocantinenses. E, em nome de todos os povos lá do Tocantins, eu vou citar o nome de um ancião, o Sr. Getúlio Krahô, uma referência lá. Ele deve estar nos assistindo; senão, eu vou mandar o vídeo para ele.

    Quando eu vou à aldeia Krahô, lá em Itacajá, sempre faço questão de encontrá-lo. Ele está feliz.

    Lá, na região de Itacajá, nós conseguimos a reforma do CTL e já destinamos, agora, uma dessas quatro viaturas, que já são mais de 15 entregues à Funai. A Funai está se estruturando no Tocantins, graças, modéstia à parte, a essas nossas ações. Não apagam o incêndio, mas são gotas que chegam para ajudar no combate ao incêndio.

    E garanto a vocês que, todos os anos, nós temos esse compromisso de sempre estarmos ali, trabalhando firmemente pela valorização dos povos indígenas. Vocês merecem. Vocês merecem!

    Para vocês terem uma ideia, a nossa convenção vai ser no domingo, e já deve estar nas redes sociais o painel, em que, atrás, eu estou abraçando uma índia javaé, uma criancinha.

    Então, isso é um símbolo de respeito aos povos indígenas, que merecem isso da nossa parte.

    Portanto, como governador ou como Senador, sempre terão em mim um apoio firme, solidário e permanente.

(Soa a campainha.)

    O SR. VICENTINHO ALVES (Bloco Moderador/PR - TO) – Obrigado, Presidente. (Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Moderador/PTB - RR) – Obrigado, Senador Vicentinho. V. Exª sempre gentil, muito cortês, muito humilde.

    Eu dizia, no início da minha fala, que o povo indígena tem a essência do povo brasileiro, e V. Exª tem a essência dos povos indígenas. A gente logo percebe que a sua fala não é uma fala política, oportunista. Ela é uma fala real, do seu sentimento, do seu comportamento, do seu estilo, do seu modelo, e isso que é importante. Os cargos que hoje ocupamos são efêmeros, passageiros. O homem fica. E, quando o homem fica, ele lembra essas passagens bonitas da sua vida, voando sobre a nossa Amazônia e, sobretudo, levando aquele contato, ou talvez aquele socorro, ou aquela presença tão importante às nossas comunidades tão isoladas. Desejo para você sorte, sucesso, e que você não se empolgue muito e fale muito tempo, porque nós temos, daqui a pouco, um horário corrido. Mas V. Exª está com a palavra.

    O SR. VICENTINHO ALVES (Bloco Moderador/PR - TO) – Trinta segundos. É só para fazer justiça a Piu-Djô, que não citei, inclusive, no meu acidente, porque eu me lembro bem da solidariedade dele comigo, na selva. Então, eu queria registrar o nome de Piu-Djô, um grande guerreiro kayapó, que não poderia deixar de citar. Era apenas isso, Presidente.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2018 - Página 25