Fala da Presidência durante a 53ª Sessão Especial, no Senado Federal

Abertura da sessão especial destinada a comemorar os 70 anos do 35 Centro de Tradições Gaúchas - CTG, os 150 anos do Partenon Literário, os 80 anos da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande e os 70 anos da Comissão Gáucha de Folclore.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Abertura da sessão especial destinada a comemorar os 70 anos do 35 Centro de Tradições Gaúchas - CTG, os 150 anos do Partenon Literário, os 80 anos da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande e os 70 anos da Comissão Gáucha de Folclore.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2018 - Página 7
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, ABERTURA, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, CENTRO CULTURAL, TRADIÇÃO, POPULAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), SOCIEDADE, LITERATURA, GRUPO, ORIGEM, DISTRITO, SÃO LEOPOLDO (RS), COMISSÃO, FOLCLORE, COMENTARIO, HISTORIA, IMPORTANCIA, ENTIDADE.

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Declaro aberta a sessão.

    Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

    A presente sessão especial destina-se a comemorar os 70 anos do 35 CTG, que serão celebrados amanhã, os 150 anos do Partenon Literário, os 80 anos da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande e os 70 anos da Comissão Gaúcha de Folclore, cujo aniversário é hoje, nos termos do Requerimento nº 17, de 2018, de minha autoria e de vários outros Senadores, como o Senador Paulo Paim e o Senador Lasier Martins, do nosso Estado, além de outros apoiadores, Senadores de outros Estados.

    Eu convido para compor a Mesa as seguintes lideranças que são hoje homenageadas através das suas entidades: a Patroa do 35 Centro de Tradições Gaúchas, Gleicimary Borges da Silva Albrecht – um grande prazer ter, ao meu lado, uma mulher que honra as tradições gaúchas também; a representante do Partenon Literário, Srª Dinara Paixão, que representa o Presidente Benedito Saldanha; o Patrão da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, José Luiz Amaral Silveira; o Presidente da Comissão Gaúcha de Folclore, Octávio Cappuano; o representante da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha, Rogério Bastos; o Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho, Nairo Callegaro; e o Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho do Planalto Central, João Francisco Petroceli.

    Convido todos os presentes, especialmente os que compõem esta Mesa, para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional brasileiro e, em seguida, o Hino do Rio Grande do Sul, executado pelo cantor Gerson Rezende, acompanhado de violão e gaita.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

(Procede-se à execução do Hino do Rio Grande do Sul)

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Ilustres representantes da legítima tradição do nosso Rio Grande do Sul amado, caros convidados, tenho a satisfação de saudá-los, todos aqui presentes nesta cerimônia.

    Eu queria dizer que, quando o Rogério Bastos, que representa a Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha, me encaminhou uma correspondência, ao gabinete, lembrando essas efemérides que reúnem as mais importantes instituições e entidades que têm como objetivo maior a preservação da memória, da cultura e da difusão desse valor imaterial que nós temos e que é a marca de um Estado com uma história política extraordinariamente rica, e quando eu li a carta, eu me lembrei da minha Lagoa Vermelha, do meu CTG Alexandre Pato, que tem uma das sedes mais bonitas porque está junto a uma reserva de vegetação nativa nos campos de cima da serra.

    E me lembrei também de quando jovem, interna no Ginásio Rainha da Paz, naquela cidade, na minha cidade de Lagoa Vermelha, eu participava também do CTG e fazíamos apresentações na escola primeiro, no Colégio Rainha da Paz. Tenho fotos no meu gabinete desse tempo.

    E aí a minha memória, saudosa dos tempos que não voltam mais, mas que nós temos obrigação de preservar, reafirmando numa sessão como esta no Senado Federal, que é a Casa da República e que é a representante legítima, por isso são três Senadores por Estado... O Art. 53 da Constituição diz que esta é a Casa que representa igualmente os interesses dos Estados. Portanto, chamada também a Casa da República, pelas questões federativas que aqui trata.

    Nada mais justo, portanto, que neste dia, precisamente hoje, comemoremos um dos aniversários das homenageadas – que faz o seu aniversário hoje, o dia 23 de abril, porque em 1948 a Comissão Gaúcha de Folclore foi fundada – e o do 35 CTG, que será no dia 24 (portanto amanhã será a data do aniversário dos 70 anos do 35 CTG), que foi um dos pioneiros das tradições gaúchas com essa criação. E eu queria lembrar que talvez muitos dos líderes não imaginariam que esse movimento ganhasse o norte, o sul, o leste e o oeste, os mais longínquos rincões do nosso Rio Grande do Sul e do nosso Brasil.

    Há 70 anos, oito jovens estudantes do interior do nosso Estado deram o primeiro passo de uma caminhada que se espalharia pelo mundo, semeando, cultivando e colhendo a cultura e a tradição dos gaúchos. Talvez nem mesmo Paixão Côrtes, que liderou a criação do Departamento de Tradições Gaúchas no Colégio Júlio de Castilhos, lá em Porto Alegre, na década de 1940, teria ideia das proporções que os Centros de Tradições Gaúchas tomariam ao longo das décadas. Eles se expandem, até hoje, no Território brasileiro e também no mundo. Hoje, são mais de 3,7 mil CTGs espalhados no Brasil – mais de 1,7 mil só no Rio Grande do Sul – e milhares espalhados pelo mundo, indo do Uruguai até a longínqua China, lá na Ásia.

    O nome do primeiro CTG foi escolhido pelos jovens que integravam o Grupo dos Oito. Surgiram oito propostas, todas em homenagem a 1835, data do início da Revolução Farroupilha. Barbosa Lessa, um dos melhores escritores que nós temos da cultura gaúcha, sugeriu o 35 CTG, decidindo a seguir que deveria ficar tão somente 35 Centro de Tradições Gaúchas.

    A Chama Crioula, que ilumina piquetes e galpões em todo o Brasil a cada 20 de setembro, nasceu também em 1947. Foi do Grupo dos Oito a iniciativa de retirar uma centelha do Fogo Simbólico da Pátria e criar a Chama Crioula, acessa em todos os Municípios gaúchos a cada Semana Farroupilha. Aqui em Brasília não é diferente, com o Centro de Tradições e pelas entidades que representam o nosso tradicionalismo.

    E assim como a Chama Crioula, a tradição e o folclore seguem acessos com os gaúchos onde quer que andem. Essa valorização ao longo do tempo é possível graças ao trabalho das entidades como a Comissão Gaúcha de Folclore, fundada em 1948, liderada por décadas pelo incansável batalhador Dante de Laytano, outra figura notável das nossas letras e da nossa história, e hoje também homenageada nesta sessão, exatamente pelo símbolo da comemoração do aniversário.

    Lembro-me também da importância do Partenon Literário, que completa 150 anos em 2018, aqui representado por Dinara da Paixão. O Partenon, sediado em Porto Alegre, foi fundado em 1868, tendo entre seus fundadores o médico e escritor José Antônio do Vale Caldre Fião – às vezes, a gente vê o nome de uma rua e não sabe da origem e o porquê, pois existe a Rua Caldre Fião lá no morro quando a gente ia para a nossa TV difusora, hoje Bandeirantes –, presidente honorário, e o jovem Apolinário José Gomes, de Porto Alegre, que também estava junto.

    A diversidade étnica do nosso Estado, do Rio Grande do Sul, também faz parte da cultura e da tradição do nosso Estado. Em 1938, um grupo de 22 amigos, todos de origem alemã, reunidos no salão Allgayer, no Distrito de Lomba Grande, na época pertencente ao Município de São Leopoldo, fundaram uma entidade com o objetivo de cultuar as tradições do Rio Grande, inicialmente chamada de Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, hoje comemorando 80 anos.

    A paixão e o entusiasmo dessas entidades que hoje homenageamos e de cada recanto gaúcho espalhado pelo mundo possibilitam que a história do nosso Rio Grande do Sul continue sendo contada através do canto, através da música, através da sua culinária, através do churrasco, através das nossas tradições e de tantas outras manifestações culturais, que nos orgulham muito, a começar pela nossa indumentária, diferente das demais indumentárias e que encanta todos.

    A pilcha, que acabei de falar, o chimarrão, os bailes ali da campeira, a poesia, a música identificam o gaúcho e seguem firmes e fortes graças ao trabalho de todas essas entidades.

    Além do que temos movimentos que anualmente celebram, como na minha Lagoa Vermelha, a Festa Nacional do Churrasco. Há um prato mais típico que o churrasco, que hoje é servido em mesas de todo o mundo, inclusive na China ou na Rússia, e em todas as cidades brasileiras? Talvez o restaurante mais frequentado seja sempre uma churrascaria. E não raro os garçons estão pilchados de gaúchos, porque isso é também uma marca de preservar essa tradição. E tenho visto isso aonde vou, nos mais longínquos rincões, inclusive em Manaus e outras cidades do nosso Nordeste, do nosso Norte, do nosso Centro-Oeste, em que estão lá os gaúchos representados.

    Na minha cidade de Lagoa Vermelha, além desse CTG de Alexandre Pato, é feita a Festa Nacional do Churrasco, com grande afluência de público, pela qualidade do que nós consideramos o melhor churrasco do mundo, com respeito e atenção a todas as outras cidades gaúchas que também pensam que fazem um bom churrasco. Mas nós, de Lagoa Vermelha, temos essa honra e esse orgulho de dizer que é o melhor churrasco, porque temos não só a qualidade da carne como também os cortes feitos de forma diferente de qualquer região do Estado do Rio Grande do Sul, a maneira de preparar, a madeira dos espetos usados para fazer o churrasco. E se criou também uma iguaria que é inigualável: a linguiça campeira cortada à mão, temperada com um tempero verde de gosto caseiro. E assim temos o orgulho de dizer que temos o melhor churrasco do mundo.

    E muitos dos Senadores aqui já provaram dessa iguaria e são também testemunhas de que não se trata de propaganda enganosa. A Senadora está falando a verdade. Temos em Lagoa Vermelha um grande churrasco.

    Ao pronunciar essas palavras, cito a letra do nosso Hino que ouvimos aqui: "Sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra" e "Povo que não tem virtude acaba por ser escravo".

    Apenas duas frases da composição que nos orgulha muito, é um hino curto. E todos dizem que talvez só outro Estado, o Pernambuco, se assemelha ao Rio Grande do Sul, porque nós defendemos o território, a integridade do território. Dizem até que os pernambucanos são os gaúchos a pé. E gaúchos andam, na minha imagem, na campanha a cavalo, na vida campeira. Então, isso também rememora o valor, o amor e a apreciação que todos têm em relação ao que representa a forte cultura gaúcha.

    Aqui, próximo, no Município de Formosa, há um CTG muito ativo, com atividades semanais. Isso nos orgulha muito.

    Aqui, em Brasília, na Capital da República, faço lembrança da memória de três líderes políticos que lideraram aqui a então Estância Gaúcha do Planalto: o ex-Ministro Aldo Fagundes, o ex-Ministro Guido Mondin e o ex-Deputado Nelson Marchezan. Isso deu a Brasília uma movimentação muito extraordinária. Nosso querido Aldo Fagundes é lá do Alegrete – e o nosso representante aqui do Movimento Tradicionalista Gaúcho do Planalto Central, o João Francisco Petroceli, me disse que é de Alegrete, num tom de voz de um fronteiriço, que fala com tom firme. A origem de Nelson Marchezan é em Santa Maria, e o nosso Ministro Guido Mondin, em Caxias do Sul.

(Intervenção fora do microfone.)

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Também a Dinara aqui é de Santa Maria.

    Eu quero dizer para vocês que é uma junção de Municípios, de regiões e também de origens. Há o pelo duro, como nós chamamos, em que não há uma integração étnica, mas há também a origem italiana, a origem alemã e outras origens, que também fazem, no Estado do Rio Grande do Sul, a preservação da tradição italiana, da tradição alemã, da tradição polonesa e de todas as outras tradições, como árabes e judeus, que fazem as suas celebrações, o que enriquece e integra ainda mais a nossa rica cultura gaúcha.

    Feita essa manifestação, eu queria convidar, de pronto, a nossa Patroa... E aqui fico também muito feliz, como Senadora do Rio Grande, ver que, nesta mesa, que costuma ser ocupada só por homens, dependendo da cerimônia, hoje três mulheres estão aqui fazendo a representação das suas entidades. Em homenagem a esta mulher, que está esperando um gauchinho...

(Intervenção fora do microfone.)

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – É uma prendazinha, para também vestir com essa roupa bonita do vestido da prenda, da pilcha, usada também pela nossa tradição. Então, eu convido a Gleicimary para fazer uso da palavra em nome da sua entidade, como Patroa do 35 Centro de Tradições Gaúchas – se você preferir usar esta tribuna, ela está aqui, e há a outra tribuna ali, Gleicimary, pois ela talvez fique mais confortável, pois é mais perto.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2018 - Página 7