Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da execução das obras do PAC na rodovia Contorno do Mestre Álvaro, no Estado do Espírito Santo.

Comentários sobre a mudança de S. Exª para o partido político Podemos.

Autor
Rose de Freitas (PODEMOS - Podemos/ES)
Nome completo: Rosilda de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRANSPORTE:
  • Defesa da execução das obras do PAC na rodovia Contorno do Mestre Álvaro, no Estado do Espírito Santo.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Comentários sobre a mudança de S. Exª para o partido político Podemos.
Aparteantes
Hélio José.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2018 - Página 46
Assuntos
Outros > TRANSPORTE
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • DEFESA, OBRAS, PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO (PAC), RODOVIA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), LIGAÇÃO, VITORIA, SERRA (ES), CARIACICA (ES), VILA VELHA (ES), VIANA (ES).
  • COMENTARIO, HISTORIA, VIDA PUBLICA, ORADOR, PARTICIPAÇÃO, POLITICA, CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SUBSTITUTO, IMPOSIÇÃO, VONTADE, PREFERENCIA, PARTIDO POLITICO, MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (MDB), REGISTRO, CANDIDATURA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), FILIAÇÃO, PODEMOS (PODE).

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Quero saudar o Senador Paulo Paim e a comissão de aposentados que aqui se encontra. Muito justo o projeto. No que depender de nós, estaremos apoiando, lutando e pedindo que essa votação se dê o mais rápido possível.

    Entendemos que a realidade do Brasil oportuniza que sejamos, inclusive, mais realistas ainda. É uma mão de obra da qual não se pode abrir mão e muito necessária para uma situação de crise que afeta lares e pessoas. Que possamos ter aprovado esse projeto o mais rapidamente possível.

    Então, eu não preciso ressaltar o papel que o Senador Paim tem nesta Casa. Nacionalmente, ele é um emblema dessas lutas sociais, principalmente no que diz respeito aos aposentados e aos trabalhadores de modo geral.

    Então, sejam bem-vindos e contem com o nosso apoio.

    Obrigada.

    Sr. Presidente, primeiro, prezo por vê-lo presidindo esta sessão. Saúdo a todos que aqui estão e ao meu querido Senador Elmano Férrer, companheiro agora de legenda partidária.

    Eu queria, antes de mais nada, registrar que se encontra aqui no plenário o Prefeito Audifax, do Município da Serra, o maior Município do Estado do Espírito Santo, e hoje nós estivemos juntos, numa reunião com o Ministro Augusto Sherman, do TCU, relator de uma matéria muito importante.

    Sabe-se que, no Brasil, se dá murro em ponta de faca todos os dias. E, como nós não deixamos de ter problema na condução dessa obra, pela qual estamos lutando há mais ou menos oito anos... Ele esteve aqui como Parlamentar. Agora, reeleito prefeito, ele empunha novamente a bandeira que, aliás, também é tratada pela Bancada do Espírito Santo, em relação ao Contorno do Mestre Álvaro.

    Talvez os senhores, as senhoras e os que estão aqui no plenário não saibam: Vitória é uma ilha; da ilha, passa-se para Serra, passa-se para Cariacica, cidade de Vila Velha e, passando por Cariacica, também vai a Viana. Por ali segue e vai pela BR-262. Indo para Serra, vai-se pela BR-101, famosa BR-101.

    Essa obra entrou no PAC há alguns anos e é contada como certa, porque foi estadualizada. Nós a incluímos no PAC. Vocês sabem que, ao incluir uma obra no PAC, todo mundo festeja e diz: "Agora vai." No entanto, essa obra, no meio do caminho, foi devolvida também ao Governo Federal.

    Houve alguns percalços, tanto no que diz respeito ao projeto básico como também na elaboração do projeto final.

    O que traz o Prefeito Audifax a Brasília é sua preocupação com o tempo que está sendo demandado para a execução dessa obra, que inclusive já foi licitada, anos atrás, já teve o recurso para iniciá-la em caixa, disponível para essa finalidade, e, no entanto, também tivemos alguns percalços.

    O Senador Elmano foi prefeito e sabe como as coisas não são fáceis neste País, mas nós temos que obedecer criteriosamente ao que a lei exige.

    Neste momento, há um problema que, eu tenho certeza, o Prefeito, hoje, conseguiu equacionar, com a sua capacidade diligente de colocar a necessidade da obra, como também convencer, junto ao DNIT. Em seguida, ele fez reunião com o Diretor-Geral do DNIT e lá colocou que precisava atender, de ofício, ao que estava sendo requerido para que essa obra seja feita.

    Se nós olharmos a nossa idade, se fizermos uma média de idade aqui no plenário, nós vamos saber que estamos falando de uma obra que há oito anos foi incluída no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento). E nós estamos falando de oito anos. Com oito anos, um menininho está na escola, saindo de uma fase para outra. E nós estamos lutando porque, no Brasil, quem não tem pressa são os políticos.

    Parabenizo o Prefeito pela sua capacidade, inclusive, de lutar pelo que ele acredita, vendo a boa vontade que ele tem de se encontrar com a equipe do DNIT, que está reunida agora, para trazer a solução para esse problema.

    Prefeito, estou à disposição. Tenho certeza de que vai encontrar nos meus pares também a disposição de trabalhar por isso. E parabenizo-o pelo êxito de hoje, que eu acho fundamental pelas coisas que vão acontecer nos dois dias vindouros. Meus parabéns pelo grande prefeito que é, pelo cidadão que é, exemplo também de companheiro e de pai, porque as três coisas têm de andar juntas.

    Eu teria um pouco de constrangimento de fazer este discurso em frente ao nosso Presidente, por ser ele um emedebista histórico, e por saber que eu e o Senador Elmano nos desfiliamos do MDB.

    Lembro a minha própria vida, de que eu nunca gosto de falar, mas um homem é um homem e as suas circunstâncias, uma pessoa com a sua história. E lá se vão cinco décadas praticamente desde que eu fui para a vida política. Fui presa, menor de idade. Eu sabia que o caminho que eu não queria era o caminho autoritário, absoluto, aquele que acabava por cercear a liberdade de qualquer cidadão e cidadã.

    Imaginem os senhores e as senhoras aqui no plenário se fossem privados da sua liberdade de ir e vir, de falar, questionar, pensar, formular e decidir. Então, nós vivíamos a ditadura. Posso falar porque ambos se lembram disso. E eu debutei na vida política num lugar: no MDB.

    Olha, nos anos de 1960, eu não estava ainda na política, mas, quando eu fui, eu fui exatamente na tempestade. Nós sofremos a convulsão dos enfrentamentos que dominavam o nosso País, os enfrentamentos das ruas, que fervilhavam. Nós vivíamos esse momento que separava o mundo entre tendências e segmentos políticos, esquerda e direita, que influenciavam enormemente a política da América Latina.

    O Brasil não fugiu, Prefeito Audifax, àquela regra não escrita no coração de nenhum brasileiro, mas que dominava quase todo o nosso século.

    Eu vou até me reportar a um tempo um pouquinho antes da renúncia de Jânio e da ascensão de João Goulart à Presidência da República, quando se prenunciavam tempos sombrios, que, em breve, acabariam construindo o cenário daqueles que não queriam a democracia e que trariam a triste e angustiante ideia de ferir, de tirar a liberdade e de suprimir a democracia. Então, eram anos de treva, longas noites de treva, Senador Elmano, longas noites do medo, da angústia.

    E foi justamente naquele cenário, Presidente, da ditadura militar, que eu, jovem, comecei a vida política. Participei dos movimentos sociais, dos movimentos estudantis. Sonhei aquele sonho que eu tenho certeza de que estava no coração de todos os jovens – de todos os jovens – e guardado na angústia dos que, mais velhos, não esperavam que o País vivesse um regime autoritário tão cruel.

    Então eu chorei. Eu chorei, ainda adolescente, a morte de Edson Luís. Edson Luís, que escancarou os mais difíceis e sinistros calabouços daquela ditadura militar, que muitos chamavam de revolução, e que era um golpe que foi dado contra este País.

    Eu sentia, assim, ainda olhando o que acontecia, a esperança efêmera com aquela passeata que aconteceu no Rio de Janeiro, dos 100 mil. Lembram? Era como se uma luz estivesse naquele túnel, para que a gente pudesse passar por ele.

    E sabe qual foi, Presidente, o partido que eu escolhi para enfrentar a tirania, lutar pela liberdade naqueles tempos, que graças a Deus estão distantes? Foi o MDB. Foi no MDB que eu conquistei meu primeiro mandato de Deputada Estadual em 1982. Foi no MDB, Presidente, a partir de 1987, que eu tive a honra de fazer parte de um grupo de mulheres, 26 mulheres Constituintes, que ajudaram a moldar a Constituição cidadã do nosso querido, saudoso, exemplar emedebista Ulysses Guimarães, talvez o maior símbolo desse Partido, ao lado de Covas – depois migraríamos todos para o partido que construímos.

    Ao lado daquelas 25 mulheres pioneiras e de políticos que eu acabei de citar, eu tive a honra de escrever e votar dispositivos constitucionais que introduziram grandes avanços nos direitos das mulheres, dos jovens, dos negros, dos índios e de tantas minorias que constituem a base da nossa eclética e miscigenada sociedade.

    Foi no MDB, Presidente, em 2011, que eu me tornei a primeira mulher, em 188 anos de Parlamento, a ocupar um cargo na Mesa Diretora, disputado com cinco homens.

    Foi no MDB que, em 2016, eu me tornei a primeira, e, portanto, até então, a única Senadora eleita pelo Espírito Santo.

    Não há como, de jeito nenhum, Presidente, senhoras e senhores que me ouvem, me dissociar do partido que nasceu o MDB, como resistência à ditadura militar, do PDMB, que participou decisivamente da redemocratização do Brasil. Não há.

    E agora do MDB, que mais uma vez está diante de uma quadra histórica da vida política brasileira nestes tempos de angústia que vivemos. É desse MDB que eu me distancio. Mesmo que eu quisesse, eu não aceito, não consigo aceitar – não por imposição, mas por atitude democrática, histórica, pessoal, da minha vida – nenhuma palavra que seja discricionária e que avilte a dignidade política e a liberdade de alguém.

    Não pode o Presidente, que não me tenha, ir ao meu Estado, onde eu milito e onde eu milito hoje como Senadora aqui nesta Casa, dizer qual a preferência que o Partido tem para isso ou aquilo se não se der a ele ou a ela – e neste caso sou eu – o direito de democraticamente passar pela escolha da base e dos militantes do Partido.

    Mesmo que eu quisesse, eu não poderia negar agora, quando tomamos a decisão juntos até, Senador Elmano, que tenho vínculos com essa sigla. Eu tenho, é a história da minha vida, quando carregávamos a bandeirinha de um partido que foi criado, vamos dizer, com autorização para ser criado para se dizer que havia oposição; ele se fez oposição, ele se fez alternativa de poder, ele se construiu nas ruas, e foi pela vontade popular.

    Assim como mudou o Brasil por essa militância, eu também quero mudar o meu Estado. É democrático eu querer isso. É ouvindo o povo que quero isso. Eu tenho aqui alguma restrição ao nome de alguém? Uma restrição a quem hoje governa o Espírito Santo sob um aspecto só? Não. Por isso as disputas são democráticas, por isso existem consultas, por isso existe o tal do ouvido político para se saber o que a população está dizendo.

    Aliás, na Constituição eu brigava – eu era da sistematização –, pois se formou o Centrão contra direitos individuais, reforma agrária, direito de mulher, direito de trabalhador. Nós estávamos brigando num fórum adequado, criado pelo trabalho dentro da Assembleia Nacional Constituinte, exatamente pela liberdade para expressar aquilo que o povo precisava que fosse dito naquela hora, através daquela Constituição.

    Então, nós que combatemos todos esses anos, lá atrás, anos de chumbo, nós que combatemos a ausência da democracia, não podemos suportar, respirar um momento sequer que restrinja a liberdade de manifestação e escolha.

    Eu digo que é imperfeito demais, é limitado demais pensar que as coisas podem ser conduzidas assim, mas nada – nada, nada, nada! – substitui a manifestação verdadeira. O seu adversário se contrapondo a você, você tem que ouvir. Nada pode ser imposto no processo democrático. As armas são coisas do passado. Se alguém quiser sufocar qualquer cenário, por menor que seja, da democracia, com certeza não vai passar ileso, não vai passar sem percepção daqueles que acham que a letra da democracia é só uma palavra instituída pela queda do autoritarismo. Não vai.

    Eu não falo nada aqui, neste momento, com rancor, mas eu falo de democracia. E a democracia constrói esperança – que é o que eu estou tentando abraçar, como está tentando o Elmano Férrer, como está V. Exª –, a esperança de que o Brasil de hoje enfrente todas as suas turbulências, como eu também quero enfrentar as do meu Estado, que requer que eu tenha capacidade de discernimento, que requer que o homem público ou a mulher pública fuja dos seus interesses pessoais e das suas vaidades e se desprenda desta coisa extremamente individual que é praticar a política só para si e não olhar para o coletivo, sabendo que esse é um limite perigoso. O limite em que você, individualmente, trata das questões que lhe agradam na sua imagem, no seu projeto, no seu grupo de amigos é um limite perigoso na política. É quando você deixa de ouvir o que o povo está dizendo todos os dias, ficando uma coisa parecida a dos anos passados em que a democracia parecia algo fútil e até uma vaidade da esquerda. Nenhum democrata que eu conheço quer ver de novo uma longa noite de trevas que vai turvar essa democracia, que vai vergar nossa liberdade, nossos direitos.

    Por isso, eu estou aqui, nesta tribuna, Srªs e Srs. Senadores, caro Prefeito Audifax, lembrando que, neste ano de 2018, 50 anos depois do mítico ano de 1968, eu venho aqui ousar tornar público o meu justo e natural anseio de me candidatar ao Governo do Espírito Santo. Isso não se trata de algo como, recentemente, um político pequeno disse: "Qualquer um pode ter o desejo de se candidatar ao Governo". Primeiro, não se trata de qualquer um. Eu me qualifiquei diante da população com oito mandatos...

    O Sr. Hélio José  (Bloco Maioria/PROS - DF) – Srª Senadora Rose de Freitas, depois, um aparte, por gentileza.

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) – Pois não.

    Eu me qualifiquei com oito mandatos que me concedeu a terra querida de Espírito Santo, que eu adotei como minha terra, depois de sair de Caratinga, deixando de lado esta coisa que o político gosta de fazer muito que é uma modéstia de dizer que chegou sem mérito. Não, eu cheguei com mérito da confiança popular. Eu cheguei com mérito de arregaçar as mangas e lutar junto. Eu cheguei com mérito de saber olhar se, por acaso, em meu caminho, eu encontro um cidadão ou uma cidadã caídos, precisando de uma mão que se estenda. Para qualquer outro desafio posto no meu Estado, eu cheguei com mérito de, na hora em que muitos desacreditam, lembrar que temos que acreditar. Eu cheguei com mérito de fazer, ao longo...

(Soa a campainha.)

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) – ... desses 35 anos de vida pública, em que não me privilegiei de nada... Na condição de Parlamentar, eu não sucumbi aos abraços tentadores de corrupção, não me quedei à vaidade de dizer-me melhor ou pior que qualquer pessoa.

    Eu trabalhei! Eu trabalhei, Prefeito Audifax, e trabalhei muito, sem cessar. Quem me conhece sabe. Está aqui o Senador Elmano. Eu percorro os gabinetes da Esplanada todos os dias em que estou em Brasília. Eu abro mão até de estar em Vitória, às vezes, num evento maravilhoso de confraternização, porque eu entendo que, quando um ministro fica até sexta-feira, eu devo procurá-lo para que ele possa me ouvir, rotineiramente, naquilo que faço, que é peregrinar para procurar recursos para o meu Estado e ajudar os 78 Municípios que nós temos.

    Pois é. Eu não sou conhecida só dos ministros. Acho que, às vezes, quando eles viam que eu estava na agenda, eles falavam: "Olhe, eu vou viajar, porque agora não dá para atender mais a Rose", e eu digo assim... E nas autarquias, todas as pessoas com as quais eu convivo sabem que eu tenho um objetivo – e não paro, nem doente, nem ferida, nem cansada –, que é o objetivo de procurar resolver a demanda que está posta pelas comunidades no meu Estado.

    Aqui mesmo, nesta Casa, eu já apresentei – se estou atualizada – 83 projetos. E trabalho aqui. Não vou só aos ministérios. Não são só os recursos, são as leis. Há pouco, o Paulo Paim falava de uma delas, a que nós temos que ter um olhar atento para que possamos aprovar.

(Soa a campainha.)

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) – Eu vou pedir mais um pouquinho de tempo a V. Exª, sem abusar, porque eu, quando presido, tenho um pouco de condescendência.

    Eu queria dizer que eu estou aqui sem reivindicar nada; eu estou aqui apenas para registrar, Presidente.

    Reconheço que tive apoio no meu Estado para construir uma história que eu diria que pessoas da minha condição não conseguiriam construir, porque, sem dúvida, representantes do poder econômico se multiplicaram muito no Congresso Nacional, e eu não era uma dessas.

    Eu, no plano nacional, queria citar dois nomes, aos quais eu quero agradecer aqui de público, pelo que apoiaram a minha disposição de enfrentar essa batalha política. Além dos inúmeros colegas, eu queria citar o nome do Senador Eunício, que, quando falei em sair do Partido, ficou um pouco constrangido, e do Presidente Michel Temer, com quem eu estive, em primeiro lugar, para dizer do meu incômodo de ver que o Presidente do Partido que o substitui manifestava publicamente que não deveria haver mais nenhum outro candidato que não fosse o Governador que está ocupando o cargo. Então, eu percebi o jogo.

    E quando se trata de esperança de povo, não há jogo. Seria apenas uma simulação se eu fosse para a convenção do MDB e me colocasse como derrotada e dissesse: "Pronto; acabou". Mas o que eu faço com esses milhares de pessoas que apertam minha mão e dizem: "Eu confio, não arrede o pé, lute conosco", essas pessoas que estão à frente de um processo democrático e legítimo como esse? E eu não quero forjar nada; eu quero ser a expressão do meu interior político e da esperança do povo do meu Estado. E alguma coisa que me incomodava eu tirei da minha alma, que era nunca ficar constrangida com as ações mais absolutas que porventura pudessem haver dentro do meu Estado, sem viver a realidade do meu Estado.

    Então, eu descrevi as últimas horas que passei no MDB e compartilhei com o Senador Elmano essa inquietação que me acolhia, essa angústia que me acolhia e também a inquietação e a angústia da sociedade. E eu não podia postular nada se eu não tivesse espaço para falar, e eu já não tinha. O meu Partido não se reunia, meu Partido não ouvia os inúmeros pedidos de audiência, inúmeros, que não foram realizados. Então, a todo momento, a declaração de que o Partido já tinha candidato certo ao Governo era como se me dissesse: "Nós não precisamos de você". E, se o MDB não precisava de mim, o povo do meu Estado precisava. E eu tomei essa decisão.

(Soa a campainha.)

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) – Mesmo sabendo que não existiam candidaturas natas, irreversíveis, essa declaração causou em todos, por onde passei, uma certa indignação e constrangimento político. E não pude ignorar isso.

    Então, a procura do espaço democrático, legítimo, que me acolhesse, para defender as ideias que acredito possam ser colocadas em prática no meu Estado, para colocar uma manifestação e uma militância a favor das causas em que milito, há tantos anos: uma sociedade amparada, tratada com igualdade e que seja atendida nas suas demandas.

    Problema sério é pensar que uma mãe não encontrou leito para parir seu filho e que o faz na porta do hospital ou que uma criança morre, porque não havia médico naquela hora para atender, porque a folha de pagamento de tal hospital estava atrasada ou porque faltou equipamento para fazer uma cirurgia de urgência. E todo mundo achar que isso tudo é natural? Isso me incomoda.

    Então, já que, lá no Estado, sou tratada como a pessoa que mais leva recurso para o Estado, eu me proponho a fazer diferente. Eu me proponho a fazer isso, entrando nas portas que estão abertas para um bom diálogo, em qualquer regime, em qualquer mandato de Presidente, com qualquer Presidente.

    Então, eu me junto à esperança do povo. Eu escolhi este caminho: lutar pelo que acredito, lutar ao lado de quem acredita e de quem busca forças para construir alguma coisa que esteja voltada a atender socialmente a sociedade nas suas dificuldades.

    Essas coisas estão esquecidas, Presidente, muito esquecidas. Elas são descasadas da realidade atual.

    Quando se fala que uma escola fechou, sinceramente...

(Soa a campainha.)

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) – ... sinto que fracassou uma gestão pública. Nenhuma gestão, com dinheiro ou sem dinheiro, pode ver uma escola fechar e achar que aquilo é natural. Não é natural. Igual ao pai que quis se acorrentar ao portão da escola, quando fecharam uma das escolas no interior do meu Estado.

    Então, vim para a política para construir. Eu não vim para demolir. E é com esse sentimento que digo que não frequentarei, em tempo nenhum, até que eu me vá deste mundo, qualquer página de desesperança, qualquer dúvida sobre a capacidade que o povo tem de escolher seu melhor destino. Não frequentarei a página dos pessimistas, que acham que o que está feito não pode ser modificado. Tudo pode mudar.

    E falo, olhando para V. Exª, sabe por quê? Porque nós vamos viver o maior embate político deste País daqui a pouco, com o constrangimento de poucas candidaturas que estão sendo colocadas para um Brasil tão imenso e tão carente...

(Soa a campainha.)

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) – ... de superação dos seus momentos difíceis.

    Se V. Exª permitir, o meu colega me pediu um aparte. Pode diminuir meu tempo na próxima vez.

    O SR. PRESIDENTE (Airton Sandoval. Bloco Maioria/PMDB - SP) – Pois não. Pode ser.

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) – Pois não, Senador.

    O Sr. Hélio José  (Bloco Maioria/PROS - DF) – Nobre Senadora Rose de Freitas, quero cumprimentá-la. V. Exª é um exemplo a ser seguido nesta Casa. Conhecemos as várias legislaturas em que V. Exª passou aqui, seja como Deputada, seja como Senadora, uma pessoa experimentada na vida pública e sempre ficha limpa, ética, honesta, defensora das coisas corretas. Então, V. Exª com certeza faz, hoje, aqui, um apanhado de parte, porque é tão extensa a sua vida pública, a sua carreira pública, conhecida por todos nós. Eu me lembro – eu era um jovem sindicalista acompanhando a Constituinte – daquela moça magrinha, guerreira, linda, nossa musa da resistência, brigando. Nota dez no Diap. Então, essa é uma recordação que fica para sempre. V. Exª deu uma guinada de rumo para formar o partido que, naquele momento, estava sendo o partido da esperança, o MUP, formou o partido que era o PSDB naquela época e, depois, retornou para o PMDB. Eu acompanho as políticas desde muito novo. Eu sou de 1960, tenho 58 anos, a idade de Brasília, que completou aniversário ontem. E pude muito bem acompanhar a Constituinte, a Constituição brasileira na votação da Constituinte e ver a prática daquela guerreira capixaba que encantava todos nós que acompanhávamos os trabalhos. Então, quero cumprimentar V. Exª, com quem eu pude aqui trabalhar como nossa Presidente da CMO, uma pessoa que conseguiu, depois de muitos anos, aprovar a CMO dentro do mesmo ano...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Hélio José  (Bloco Maioria/PROS - DF) – ... discutir com todos e dar oportunidade para todos fazendo um orçamento muito importante para o Brasil naquele momento. E sei o tanto que V. Exª é dedicada. Eu quero concluir – porque o tempo já se esgota – desejando a V. Exª, primeiro, muito sucesso nas eleições do Espírito Santo. Que V. Exª possa ser a nossa Governadora, que vai orgulhar, com certeza, muito bem o Estado e orgulhar todos nós que gostamos de V. Exª. Parabéns, que Deus ilumine V. Exª e que esse seu novo caminho seja o caminho da esperança e da luz para os brasileiros e para o seu Estado. Muito obrigado, Excelência.

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) – Eu agradeço as palavras de V. Exª. V. Exª é um companheiro excelente. Quando estamos pensando em titubear, V. Exª chega junto, põe a mão no ombro e diz: "Vamos em frente". Eu agradeço muito. E quero só encerrar dizendo que este é o caminho que eu escolhi: prosseguir lutando pelos capixabas.

    Quero agradecer que esse sonho...

(Soa a campainha.)

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) – ... tenha sido abrigado dentro da legenda do Podemos. Eu recebi de vários companheiros convites para estar em outros partidos, eu estaria bem dentro da Rede, tranquilamente, porque estaria ao lado desse grande Líder, estaria bem em outros partidos que me convidaram. Mas decidi aceitar o convite e me filiei ao Podemos. Aqui estou. Então, não estou encerrando nada, apenas continuando. Estou prosseguindo.

     E estou aqui agora, no Senado, ao lado do Alvaro Dias, ao lado do Romário, do José Medeiros e desse querido amigo, Elmano Férrer. Luta não se trava sozinho, nem sonho se sonha só. Portanto, estamos aqui, na trincheira da nossa batalha, ao lado de vários companheiros, juntando aqui transparência, política, participação.

    E me dirigindo aos meus companheiros...

(Soa a campainha.)

    A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) – ... meus amigos, ao povo do Espírito Santo: vamos em frente. A caminhada é longa, mas é um caminho que não estamos percorrendo sozinhos. Estamos abraçados, com muita força, muita coragem e muita fé.

    Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2018 - Página 46