Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem ao aniversário de 58 anos de Brasília, comemorado no dia 21 de abril.

Autor
Hélio José (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/DF)
Nome completo: Hélio José da Silva Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem ao aniversário de 58 anos de Brasília, comemorado no dia 21 de abril.
Aparteantes
Fátima Bezerra, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2018 - Página 57
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CIDADE, BRASILIA (DF), COMENTARIO, HISTORIA, CARACTERISTICA, CAPITAL FEDERAL, ELOGIO, ATUAÇÃO, GRUPO, FUNDADOR, PESSOAS, RESPONSABILIDADE, QUALIDADE, REGIÃO, DEFESA, RETORNO, CRESCIMENTO, EMPREGO.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (Bloco Maioria/PROS - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Sr. Presidente, Senador Paulo Rocha, do Partido dos Trabalhadores, do Pará. Meus cumprimentos a V. Exª, aos nossos ouvintes da TV e Rádio Senado, às Srªs Senadoras aos e Srs. Senadores aqui presentes. Faço hoje um discurso em homenagem, nobre Senador Paulo Paim, ao 58º aniversário de Brasília, a Capital de todos os brasileiros.

    Srªs e Srs. Senadores, no dia 21 de abril de 2018, a sociedade brasiliense, novamente, celebrou o aniversário da sua Capital, Brasília, vislumbrada nos sonhos e prestígios do Padre D. Bosco, que o grande médico e político Juscelino Kubitschek tanto se esforçaria para construir e viabilizar.

    Desde sua inauguração, Brasília se mostra vocacionada ao progresso e ao congraçamento de todos os Estados que compõem a nossa Federação. Tive a honra de ser eleito Senador da República, ocupando aqui esta cadeira, já por quase três anos e dois meses, desde o dia 1º de janeiro de 2015.

    E Juscelino, visionário, conseguiu extrair, das mentes geniais de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, este importante marco do urbanismo e da arquitetura mundiais. Os dois venceram um disputado concurso internacional que fez Brasília ser reconhecida no mundo, antes mesmo de existir.

    Desde sua fundação, porém, a nova Capital tem recebido críticas, nem sempre correspondentes à sua relevância para o Brasil.

    Há poucos anos, por exemplo, Sr. Presidente, o senhor que conhece bem Brasília, o jornal Folha de S.Paulo divulgou o cálculo de que apenas o Congresso Nacional apresentava gastos anuais superiores aos de oito Estados brasileiros, isoladamente considerados, cada qual com suas escolas, seus legislativos e demais Poderes, suas polícias, suas redes hospitalares, sua burocracia e seus investimentos.

    Há enganos? Sim. Há exageros? Desperdícios? Claro que há. Mas a máquina estatal em Brasília, de fato, não haveria de existir a custos módicos, em um País como o nosso, agigantado por natureza. Afinal, são 8,5 milhões de quilômetros quadrados de terra. Um país continental, nobre Senador Paulo Paim.

    Por isso, eu digo às senhoras e aos senhores aqui presentes e aos cidadãos que nos acompanham pela Rádio e pela TV Senado: uma crítica baseada somente na frieza dos números não tem como apreender a enorme riqueza oculta nesta Capital, tão bem edificada no coração de um País de território ímpar, Sr. Presidente, Sr. Senador Paulo Paim. Aqui nós temos gaúchos, aqui nós temos nortistas, aqui temos nordestinos, aqui temos pessoas do Centro-Oeste e pessoas do Sudeste. O Brasil todo se faz presente aqui, na Capital de todos os brasileiros.

    O Brasil, com mais de 8,5 milhões quilômetros quadrados, detém a quinta maior extensão em todo o Planeta, de modo que a melhor posição para o exercício do poder é, de fato, um ponto central do nosso território, que é o caso de Brasília, nobre Senador Paulo Paim e nobre Senador Paulo Rocha, Presidente desta sessão, nobre Senadora Fátima Bezerra.

    Srªs e Srs. Senadores, mais do que uma Capital no coração do País, Brasília tornou-se o próprio coração do País. E é nessa condição coronária que ela catalisa os anseios do povo, procurando transformá-los em realidade.

    Nosso Brasil, apesar dos problemas, dos gargalos, dos percalços, traz em sua história um destino manifesto de grandeza, de pacifismo, de progresso econômico e de justiça social.

    Eis porque, no aniversário de Brasília, devemos refutar as críticas mais injustas que nossa cidade ainda recebe, como a ideia, por exemplo, de que sua transferência subtraiu ao Rio de Janeiro, antiga capital, as condições de se viabilizar como metrópole próspera e bem desenvolvida. Com todo o respeito, Senador Paulo Paim, os atuais descaminhos da capital fluminense decorrem em boa parte de suas próprias escolhas; não têm nada a ver com a transferência de Brasília.

    O Rio tem recebido, ademais, enorme atenção de Brasília, a ponto de ter se tornado a única cidade de um país emergente a sediar os Jogos Olímpicos, o que ocorreu em 2016.

    E vale relembrar a enorme quantidade de servidores públicos federais, que, em órgãos e agências as mais diversas, prossegue trabalhando na antiga Capital, Sr. Presidente, Senador Paulo Rocha.

    Além disso, passados 58 anos da transferência da Capital do País para o Planalto Central, ainda há, na antiga Capital, órgãos federais que não foram transferidos para cá.

    Outra coisa, Sr. Presidente, que vejo muito por aí: as pessoas demonizando Brasília, por causa dos casos de corrupção. Ora, a culpa não é da cidade e nem de seus cidadãos. Aliás, cidadãos que estão entre os mais plurais, mais receptivos e mais bem educados do Brasil. A culpa da corrupção é da malversação do dinheiro público e dos corruptos. E Brasília recebe representantes políticos do Brasil inteiro: alguns bons, competentes e honestos; outros, nem tanto. Para o bem e para o mal, Brasília é a cara do Brasil.

    Nobre Senador Paulo Paim, um aparte para V. Exª.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Hélio José, cumprimento V. Exª. V. Exª é Senador por Brasília. Claro, vai passar pela convenção, mas é pré-candidato a Deputado Federal, também por Brasília. E V. Exª está coberto de razão em vir à tribuna fazer sua homenagem a Brasília, nos seus 58 anos. São 58, não é?

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (Bloco Maioria/PROS - DF) – Cinquenta e oito anos – minha idade.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Cinquenta e oito anos. Eu acho Brasília uma cidade linda. É um dos patrimônios, já, da humanidade. Niemeyer, enfim, os grandes construtores desta cidade... Juscelino Kubitschek, claro, foi o Presidente na época. Mas, sabe, desde que eu cheguei aqui, Senador Hélio José, ao Congresso... Um fim de semana eu vou ao Rio Grande do Sul, o outro eu fico aqui. Então, eu aprendi a gostar de Brasília, a conhecer Brasília...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Rocha. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – E faz muito tempo. (Risos.)

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu aprendi a gostar muito de Brasília. É uma terra... Primeiro, a arquitetura é lindíssima. É inegável, não é? Mas muita água. Eu gosto muito de água. Muitas vertentes, muitos rios, muitas cachoeiras. A natureza aqui embeleza a nossa Capital. E muitas vezes aqui nos encontramos, inclusive com V. Exª, em alguns lugares, e sempre lugares acolhedores. Então, eu tenho um carinho muito grande pela Capital do Brasil, como eu sei que tem V. Exª. É mais para isso, para deixar também aqui o meu carinho pela Capital do nosso País, da nossa Pátria. E V. Exª também, no seu discurso, discorre de forma muito elegante e com muita diplomacia. Numa época de tanta intolerância, de ódio até, daqueles que pensam diferente, V. Exª diz, "olha, não culpem Brasília se existe aqui corrupção." Brasília não é culpada. Se houve desvio de conduta de Pedro, Paulo e de João, que Pedro, Paulo e João respondam, não é? Na verdade, Brasília abraça os 513 Deputados e os 81 Senadores.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (Bloco Maioria/PROS - DF) – Exatamente.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Por isso, eu acho que V. Exª foi muito elegante, inclusive na forma de tratar aqueles que aqui chegaram, quer seja para exercer o mandato de Deputado ou de Senador, ou mesmo para ajudar na construção de Brasília.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Rocha. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – É a nossa segunda casa.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (Bloco Maioria/PROS - DF) – Com certeza, Paulo. Você também já mora uma boa temporada aqui, não é, Paulinho?

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – O Paulinho complementou já a minha fala, porque, realmente, aqui é a nossa segunda cidade, pela forma como nós estamos aqui há tanto tempo.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (Bloco Maioria/PROS - DF) – Com certeza.

    Muito obrigado, nobre Senador Paulo Paim. Está incorporado o seu aparte.

    Aqui é a Capital dos gaúchos, dos potiguaras, dos paraenses, do goiano, como eu, que sou de Corumbá de Goiás, e da minha nobre futura governadora do Rio Grande do Norte.

    Minha nobre Senadora Fátima Bezerra com a palavra.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Senador Hélio José, quero me associar ao Senador Paulo Paim, ao Senador Paulo Rocha, que o aparteia neste brilhante pronunciamento que V. Exª faz, alusivo ao aniversário de Brasília. E Brasília é isso mesmo: aqui tem um pedacinho de cada canto do Brasil. É evidente que Brasília é também, infelizmente, sinônimo de muitas críticas, inclusive pelos abusos que há, as distorções, mordomias... Eu falo inclusive do ponto de vista do próprio perfil e da realidade do Parlamento nacional, não é, Senador Hélio José?

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (Bloco Maioria/PROS - DF) – Exatamente.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Não é verdade? Mas eu quero dizer que Brasília é conhecida também como chão das grandes lutas, como palco das grandes lutas: luta pelo fim da ditadura militar, a luta pela reconquista da democracia... Brasília é conhecida como a Capital das Diretas, Senador Hélio José. Brasília é conhecida sim, repito, como uma trincheira de resistência, na luta em defesa da democracia, na luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Evidentemente que, aqui e acolá, sofremos reveses, derrotas, como o próprio impeachment do qual a Presidenta Dilma foi vítima, sem crime de responsabilidade. E, na esteira disso, estamos vivendo, Senador Hélio José, tempos muito difíceis aqui em Brasília; tempos difíceis porque, de repente, nesse último período, Brasília se transformou também numa trincheira de resistência, mas Brasília se transformou num palco de retirada de direitos sagrados dos trabalhadores e trabalhadoras do nosso País, como a malfadada reforma trabalhista, a tentativa de impor uma reforma da Previdência com a lógica excludente: exigir 65 anos de idade mínima e 40 anos de contribuição. Brasília, infelizmente, também se transformou nesse palco de retirada de direitos, quando a Base que dá sustentação ao Governo ilegítimo que aí está aprova uma emenda à Constituição para congelar, pelos próximos 20 anos, os direitos sociais, as políticas sociais, porque é disso que se trata a Emenda 95: congelar, durante 20 anos, os investimentos nas áreas sociais, como educação, saúde, etc. Então, infelizmente, Brasília é isso. Brasília tem um Congresso hoje que, infelizmente, na sua grande maioria, está de costas para a sociedade. Na sua grande maioria, este Congresso que aqui está não representa de maneira nenhuma o povo brasileiro. Mas nós teremos eleições agora. Esperamos, inclusive, que a democracia seja restabelecida e que a liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva seja concedida, para que ele possa se colocar também nessa disputa político-eleitoral, haja vista que esse é o desejo da maioria do povo brasileiro. Mas eu concluo parabenizando V. Exª, que é um apaixonado por Brasília. Isto aqui é a sua terra, é a sua história. V. Exª, que tem muitos serviços prestados a Brasília. Eu o parabenizo, dizendo que vou ficar sempre com o povo de Brasília, esse povo acolhedor, esse povo lutador, esse povo candango, e vou ficar sempre com a Brasília das grandes lutas, das grandes marchas, a Brasília que continua, teimosamente, resistindo, na defesa da democracia. E Lula livre!

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (Bloco Maioria/PROS - DF) – Muito obrigado, Excelência, Senadora Fátima Bezerra. Incorporo também o seu aparte, como o do Senador Paulo Paim, ao meu discurso.

    Quero dizer que eu, como V. Exª e outros, votamos contra a reforma trabalhista e conseguimos derrubar a PEC da Morte, a PEC que não deixaria ninguém aposentar, fazendo a CPI da Previdência, na qual o Senador Paulo Paim foi o nosso Presidente, com muita honra, e eu fui o seu Relator, e conseguimos provar, por "a", "b", "c" e "d", que a reforma da previdência era antipovo, antipátria, e por isso que ela teve que ser retirada.

    Então, nobre Presidente, para o bem ou para o mal, Brasília é a cara do Brasil.

    Mas, Srªs e Srs. Senadores, apesar dos problemas, Brasília é uma cidade magnífica, a cidade onde me formei em Engenharia Eletricista pela UnB; a cidade onde escolhi morar, trabalhar e constituir uma família; a Brasília de todos os sotaques; a Brasília dinâmica e tão útil ao nosso desenvolvimento; a Brasília de sua paradigmática universidade, a UnB, viabilizada pelo grande educador Darcy Ribeiro. Universidade esta que está entre as melhores do mundo e uma das principais do País, mas que tem sido maltratada por cortes de recursos orçamentários, Sr. Presidente; a Brasília do Clube do Choro; a Brasília da Feira da Ceilândia; a Brasília das expressões musicais as mais diversas, que têm na Escola de Música uma referência de qualidade; a fabulosa Brasília de Athos Bulcão, com sua azulejaria tão inspiradora; a Brasília do paisagismo de Burle Marx; a Brasília das excelentes bandas de rock, urbanas por excelência; a Brasília de Renato Russo; a Brasília do Plebe Rude; a Brasília onde se construiu o Lago Paranoá; a Brasília das pistas largas e das linhas futurísticas; a Brasília do respeito à faixa de pedestres; a Brasília dos imigrantes, do ponto de confluência de todos os brasis.

    Sr. Presidente, em meu espírito ressoa a tangível sensação de que, no frescor de seus 58 anos, Brasília não deu todos os frutos que ainda pode dar. Tenho fé em que esta cidade, nascida para o progresso, idealizada para o futuro, ainda há de nos surpreender, de nos inspirar e de nos trazer dias melhores.

    Sr. Presidente, nesses 58 anos, eu quero desejar – neste ano que é ano de eleições gerais – que Brasília vote "fora, corruptos; fora, corrupção", vote em pessoas íntegras, em pessoas honestas; que Brasília possa eleger um governador comprometido com as causas sociais, possa eleger um governador que cumpra acordos coletivos, um governador que respeite a população, que não persiga moradores de condomínio, que não derrube igrejas, que não derrube o sonho das pessoas que moram nesta cidade.

    Quero desejar uma Brasília progressista, que volte a ter emprego, afinal são 400 mil desempregados aqui em Brasília, e nós precisamos reverter esse quadro. São mais de 20 mil empresas que foram embora de Brasília para o Estado de Goiás, acabando com toda a rede de emprego de Brasília, nobre Senador Paulo Paim. Precisamos reverter essa situação. E a oportunidade é este ano, votando em bons candidatos a Deputado Distrital, a Deputado Federal, a Senador da República, a Governador e a Presidente da República.

    Isso é o meu desejo e era o que eu tinha que pronunciar aqui hoje, nobre Senador Paulo Rocha, Presidente desta sessão, na esperança de que Brasília volte a ser a Capital da esperança de todos os brasileiros.

    Um forte abraço. Isso é o que eu tinha que dizer hoje, nesta homenagem aos 58 anos da nossa Capital, Brasília.

    Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Rocha. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – Muito bem, Senador Hélio José.

    Parabenizo-o pelo seu discurso, e todos nós nos somamos à homenagem para esta bela cidade, acolhedora, Capital política do País, e uma cidade bela de se viver.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (Bloco Maioria/PROS - DF) – Muito obrigado, Senador Paulo Rocha.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2018 - Página 57