Discurso durante a 60ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre o aumento da violência por divergência de posicionamento político.

Críticas ao andamento da economia na atual gestão do Governo Federal.

Autor
Lindbergh Farias (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Luiz Lindbergh Farias Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Considerações sobre o aumento da violência por divergência de posicionamento político.
ECONOMIA:
  • Críticas ao andamento da economia na atual gestão do Governo Federal.
Aparteantes
Ana Amélia, Paulo Rocha.
Publicação
Publicação no DSF de 04/05/2018 - Página 31
Assuntos
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • COMENTARIO, ASSUNTO, ATENTADO, ATO, VIOLENCIA, UTILIZAÇÃO, ARMA DE FOGO, VITIMA, GRUPO, MOVIMENTO SOCIAL, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), LOCAL, CIDADE, CURITIBA (PR), NECESSIDADE, INVESTIGAÇÃO, CRIME.
  • CRITICA, POLITICA, ECONOMIA, GOVERNO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, AUMENTO, DESEMPREGO, AUSENCIA, TRABALHADOR, CONTRATO, CARTEIRA DE TRABALHO, FALTA, INVESTIMENTO, POLITICA FISCAL, INDUSTRIA, NAVEGAÇÃO, PAIS, BRASIL.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, esse golpe, que vem desde o afastamento da Presidenta Dilma Rousseff, que é um golpe continuado, que passou pelo ataque à Constituição, com essa Emenda Constitucional nº 95, do teto dos gastos, que vai levar a uma situação de destruição social no País – eu vou trazer números –, à retirada de recursos do Bolsa Família, da saúde, da educação, de investimentos; esse golpe que fez a reforma trabalhista, que diziam que ia gerar empregos, e a gente está vendo a situação do emprego aqui; esse golpe, que é continuado e que vem agora na sua nova fase, com a prisão do Lula, para tentar tirar o Lula de todo jeito do processo eleitoral, porque Lula candidato ganha a eleição, e Lula candidato vai fazer pelo trabalhador de novo; esse golpe tem várias consequências. Eu vou falar sobre isso hoje aqui.

    Uma dessas consequências é o aumento da violência política e o surgimento de uma escalada neofascista no País. Eu trago aqui vários fatos: a execução de Marielle e Anderson; depois o atentado contra a caravana do Presidente Lula; agora os tiros num acampamento, às 4h da manhã.

    Eu estive no acampamento lá em Curitiba, na vigília democrática, em frente à Polícia Federal. São senhoras, são trabalhadores, são jovens estudantes que estavam dormindo. E foram desferidos vários tiros. Um estilhaço atingiu uma moça que estava lá, e outro entrou no pescoço de um trabalhador, de uma liderança sindical do ABC Paulista, o Jeferson, que foi para a UTI. Graças a Deus está bem, já saiu do hospital.

    Eu estou subindo aqui para pedir apuração em relação à caravana do Presidente Lula, porque eu não sei onde a gente vai parar.

    Eu tenho uma convicção: naquela execução da Marielle e do Anderson, deve haver um motivo racional por que executaram a Marielle e o Anderson; mas eu tenho certeza de que por trás ali, quando atiraram na cara da Marielle e do Anderson, havia alguém atirando com raiva. Havia alguém que pensava o seguinte: defender direitos humanos é defender bandido. E eu quero vir à tribuna aqui para pedir apuração.

    Nos dois casos, a pistola tinha calibre 9mm, na execução da Marielle e no caso dos tiros contra o acampamento do Presidente Lula. A pistola calibre 9mm era de uso exclusivo dos militares e da Polícia Federal. A Portaria nº 769, de 8 de agosto de 2017, liberou para policiais militares, policiais civis, bombeiros militares, policial rodoviário federal e policial ferroviário federal. Não estou aqui acusando que seja alguém da polícia. Pode vir de fora do País. Mas há uma linha aí de investigação: quem comprou essas pistolas?

    Eu falo tudo isso porque o Delegado Helder Laudia, responsável pela investigação do ataque à caravana do Presidente Lula, deu uma declaração que eu considero correta. Diz ele o seguinte em relação aos tiros contra a caravana do Presidente Lula, porque havia gente na internet querendo criar fake news – "ah, foi o PT que atirou." Viram lá que quem fez isso sabia o que estava fazendo. Não podemos dizer que foi algo orquestrado e o que motivou, mas a pessoa não estava lá atirando em passarinhos e por acaso acertou o ônibus.

    Agora, o crime que está sendo investigado é dano. Dano provocado por arma de fogo. Se você atira contra um ônibus, você pode matar as pessoas. Você pode matar.

    Nesse caso aqui dos tiros do acampamento, da vigília democrática lá em Curitiba, já há imagens. Já há imagens do atirador. A pessoa se afasta, é um atirador experiente, porque ele se abaixa. É alguém com muita experiência que atirou ali.

    Eu ontem liguei para o Superintendente da Polícia Federal do Paraná, Dr. Valeixo. Tinha falado antes com o Ministro Raul Jungmann. O Ministro Raul Jungmann – tenho que ser justo –, desde o primeiro momento atendeu, depois retornou a ligação. Disse que o pessoal da Inteligência da Polícia Federal está investigando. Então eu tenho que ser justo aqui. Ele ligou em todos os momentos daquela situação.

    Mas por que eu estou falando isso? Porque se a gente não der um basta – e eu não quero acusar aqui ninguém, mas a investigação tem que ser feita –, se a gente não der um basta, infelizmente outras Marielles e Andersons virão. A situação é crítica.

    Há um discurso aqui, e essa pessoa que atirou nesse caso gritou "Bolsonaro! Bolsonaro!" e atirou. Há um discurso de eliminação do adversário. Então nós temos que ter cuidado para onde estamos caminhando.

    Eu concedo à Senadora... Quer um aparte? Concedo um aparte à Senadora Ana Amélia.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Senador Lindbergh, eu também quero a apuração rigorosa desses crimes. É preciso identificar, não só no caso da vereadora no Rio de Janeiro, que foi ontem homenageada na Câmara Municipal da cidade, mas também no caso de Curitiba. Qualquer crime precisa ser investigado com a rapidez possível e necessária e com rigor, para evitar que a sociedade fique refém dessa violência que às vezes beira o irracional. Queria dizer a V. Exª também que fiquei preocupada quando V. Exª – e felizmente colocou uma vírgula em seguida e logo disse "não estou levantando suspeitas" –, porque dizer que o calibre da arma que matou a Marielle e matou o Anderson, e também lá de Curitiba era um calibre de armas de uso exclusivo da polícia e da Polícia Federal... Quando se diz isso, está-se direcionando a suspeitar que agentes dessas instituições têm responsabilidade com esses crimes. Ainda bem que V. Exª teve o cuidado de dizer "não estou acusando." Mas levantar a suspeita é uma coisa perigosa, Senador. E quero dizer a V. Exª que recentemente, na intervenção federal no Rio de Janeiro, os interventores fizeram uma operação e entraram num baile, numa organização, uma festa organizada pelas milícias. Claro, alguns inocentes foram presos lá dentro. Mas o número de armas de grosso calibre, metralhadoras, fuzis, rifles, tudo, AR-15, o que estava lá e que foi apreendido revela o grau e o poder do crime organizado em nosso País. E não podemos fazer vista grossa a isso, Senador Lindbergh Farias. V. Exª é do Rio de Janeiro e sabe da gravidade que aquele Estado vive ao ponto de chegar o Governador a pediu uma intervenção federal no Rio de Janeiro. Então, nós temos que ter esse cuidado. Ontem, em Porto Alegre, um policial civil de 30 anos deixou uma filha. Foram fazer uma operação policial e um bandido o matou com um fuzil de uso exclusivo também das forças militares. Eu suspeitar que era um policial? Absolutamente, ele estava no exercício, um agente público fazendo isso. Então, eu queria retornar a esse tema – o rigor na investigação é fundamental – e também dizer a V. Exª que o discurso, Senador – eu votei a favor do teto e votei a favor do impeachment –, já se gastou o discurso do golpe e também o ataque à Operação Lava Jato, que está sendo feito em Curitiba. Ontem, o Ministro Toffoli – sobre o qual havia uma suspeita de que poderia aquiescer e acolher uma demanda da defesa do ex-Presidente Lula para transferir do Juiz Sérgio Moro para outra instância a questão do sítio de Atibaia –, com toda a independência, indeferiu o pedido da defesa. Isso para ver que as instituições estão funcionando adequadamente e essa questão de golpe já está superada e ultrapassada, Senador Lindbergh.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não está superada, não, Senadora Ana Amélia. Sabe por quê, Senadora Ana Amélia?

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – É a lei, Senador.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Porque, em três meses, o desemprego subiu 1,4 milhão de pessoas.

    Quanto à polícia...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Herança do seu governo.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Que herança! Agora, no Temer.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Herança do seu governo.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – No Temer.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Herança do seu governo.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – O Temer que a senhora apoia. Não tem coragem de dizer publicamente, mas o apoia nas votações aqui.

    Eu quero responder quanto as polícias que eu aqui não acusei, mas há uma linha de investigação: quem compra essas armas, pistolas 9mm. Agora, há uma preocupação, sim.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Isso é contrabando, Senador.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu só queria que a senhora me deixasse falar, eu deixei a senhora falar.

    O crescimento do discurso bolsonarista, de eliminação do adversário e do ódio, não é só mais discurso de ódio e intolerância, são agressões, e a senhora, Senadora Ana Amélia, também vai ter que se policiar porque o que a senhora fez no Rio Grande do Sul foi dias antes dos tiros contra a caravana.

    Em uma convenção do seu Partido, depois daqueles incidentes em que um cidadão pegou um chicote para atingir uma pessoa que participou da mobilização do Presidente Lula, a senhora dizer: "levantar o relho", "atirar ovo", isso é incitação ao crime, incitação ao ódio e à violência. A senhora, na semana passada, deu uma declaração falando da Al Jazeera, que é uma das maiores tevês do mundo, a maior tevê do mundo árabe, uma tevê do mundo empresarial gigantesca, aí falou de Estado Islâmico. A senhora está estimulando a xenofobia, o preconceito. A senhora, para ganhar voto no Rio Grande do Sul, está fazendo discurso fascista aqui. A senhora devia ter vergonha porque essa violência... A senhora acaba tendo um pouco de responsabilidade nesses tiros que estão aqui. A senhora está tendo aqui...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Senador Lindbergh, vergonha precisam ter os corruptos que povoam a Lava Jato e que V. Exª sabe o custo que isso representou para o Brasil. Já vou lhe adiantar: também do meu Partido não tenho bandido de preferência. Tratar-me como bode expiatório dessas mazelas e dizer que eu incitei o ódio, desculpa, Senador Lindbergh, isso eu poderia...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Mas, claro. A senhora falou: "levantar o relho" e "jogar ovo".

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Mas qual a diferença de manifestações democráticas que houve no meu Estado, em que eu não estava presente, e que foram democráticas e muito menos violentas...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Democráticas?

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – .... do que o que V. Exª faz impedindo a imprensa de fazer a cobertura em Curitiba, fazer a cobertura lá no ABC?

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora está nervosa. Isso não é verdade.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – A hostilidade que a imprensa recebeu! O senhor acha que isso também não é um ato de violência censurar a imprensa para mostrar o que estava acontecendo lá, no ABC, ou lá, em Curitiba, Senador Lindbergh?

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Que censurar a imprensa!

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – O que é isso, Senador?

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senadora Ana Amélia...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Censurar um Parlamentar aqui...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora fez...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Não incito e jamais incitarei...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Incitou...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Os senhores chegaram...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Incitou...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Vocês chegaram ao ponto tão cretinamente, tão cretinamente de dizer que eu havia confundido Al Jazeera com Al-Qaeda. Os senhores fizeram isso.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não... A senhora falou: "O Estado Islâmico".

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Ah, desculpe-me!

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora disse: "A Senadora Gleisi está chamando o Estado Islâmico."

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – É muito diferente, Senador. É muito diferente de tudo isso.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – O nome disso é preconceito.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – V. Exª sabe o que eu quis dizer. Não era aceitável que uma Senadora brasileira usasse uma rede de televisão internacionalmente respeitada, como a Al Jazeera para o mundo árabe, para dizer o que fez, para falar mal do nosso País...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A gente não falou mal...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Como agora acho também inconveniente que a ex-Presidente Dilma use dinheiro do contribuinte brasileiro – porque toda viagem que ela fazia era paga pelo contribuinte brasileiro – para denegrir a imagem do Brasil, falando mal da Operação Lava Jato.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Se eu fosse a senhora...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – É isso que o estão fazendo, é exatamente isso.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Se eu fosse a senhora, eu teria vergonha desse papel que a senhora está fazendo...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Eu tenho orgulho do meu papel...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora falou em levantar o relho...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Tenho orgulho do meu papel! Tenho orgulho do papel que eu desempenho aqui!

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora já falou. Agora eu vou retomar o meu discurso...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Ótimo.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... dizendo que o discurso da senhora está estimulando violência.

    Aqueles tiros da caravana do Presidente Lula aconteceram dois do discurso da senhora: "Tem que colocar esse povo para fora. Levantar o relho..." Relho é chicote! Atirar ovo...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Então, é...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu já concedi o aparte à senhora; eu vou continuar o meu discurso.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Mas não é sincero, então, Senador Lindbergh quando o senhor diz que a arma que matou a Marielle é arma de uso da Polícia; e é a Polícia Federal. É a mesma coisa...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Se o senhor diz que eu incitei, agora eu concordo que V. Exª está acusando as Polícias de terem sido responsáveis pelo assassinato da Marielle.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu não acusei ninguém.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Eu posso chegar a essa conclusão. Eu chego a essa conclusão.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu agradeço o aparte de V. Exª e vou continuar o meu discurso.

    Eu não acusei ninguém. Eu disse, na verdade, que aquela é uma arma que só policiais podem comprar. É claro que podem ser roubadas, podem vir armas de fora do País... Mas é uma linha para investigação, porque até hoje esses interventores não descobriram quem matou Marielle e Anderson, Senadora Ana Amélia.

    E a intervenção que a senhora aprovou aqui... A senhora sabe que até hoje o Temer, seu amiguinho, não liberou um centavo para a intervenção lá do Rio de Janeiro.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Quem estava com Temer em 2014 era V. Exª...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – O Temer é seu amiguinho... A senhora estava com Aécio...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – E em 2012 também.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... de braços dados com Aecinho.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Estava. Estava e é público e notório. Subi aí para dizer...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – E agora está de braços dados com Temer...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... que o Supremo tinha razão para afastá-lo do cargo, Senador. Eu tenho coerência, Senador.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Que... A senhora tem coerência, Senadora?

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Tenho coerência e coragem.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora está sendo aqui...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Porque não tenho rabo preso.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... a maior inimiga dos trabalhadores do País. A senhora é uma inimiga do povo pobre.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – O senhor não conhece o Projeto 606...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora votou tudo contra o povo...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... que eu fiz em favor dos trabalhadores brasileiros, da lei que regularizou as empregadas domésticas!

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora votou tudo contra o povo!

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Não sabe que eu fui a Relatora desses projetos! Que coisa, Senador! Que memória fraca, Senador!

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A maior inimiga do trabalhador aqui neste Senado Federal.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Tão jovem e com uma memória tão fraca.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Se V. Exª deixar eu retomar o meu discurso, eu retomo. Depois V. Exª terá oportunidade de falar.

    Agora, a senhora votou aqui...

    O Sr. Paulo Rocha (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – Sr. Presidente, Senador...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senador Paulo Rocha.

    O Sr. Paulo Rocha (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – Sr. Presidente, eu acho que tinha que assegurar no momento certo a fala de cada um.

    Só para meter mais lenha na fogueira, a Senadora Ana Amélia é uma Senadora que tem posições coerentes, tranquilamente...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Coerentes contra o povo.

    O Sr. Paulo Rocha (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – Inclusive, a gente a respeita. Mas a senhora tem que reconhecer que a senhora pisou na bola na questão do relho e na questão da TV Al Jazeera. Com isso, a senhora se aliou a essa questão do ódio, da incitação etc. É isso que ele está querendo dizer. A senhora tem que reconhecer, porque o seu discurso, no Rio Grande do Sul, mandando baixar o relho, e essa questão da televisão foram uma pisada na bola política da senhora.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Claro. Eu sempre estarei pisando na bola...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senadora, a senhora está incitando o ódio, a violência. Sabe o que o Juiz falou da Senadora Gleisi Hoffmann?

    Eu não vou mais conceder aparte; vou retomar o meu discurso aqui.

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Senador Lindbergh, só para anunciar aqui que estão na galeria os alunos do curso de Economia da UnB, que estão fazendo uma visita ao Senado.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Vou falar...

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Quem está na tribuna é o Senador Lindbergh Farias...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – E eu vou falar inclusive sobre economia daqui a pouco, sobre a destruição a que este golpe está levando a economia do nosso País.

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Estão aqui o Senador Paulo Rocha e a Senadora Ana Amélia.

    Hoje não é uma sessão deliberativa; é uma sessão de debates. Por isso, só estão aqui os Senadores que se inscreveram.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senador Medeiros, olhe o que o Juiz, que fala algo parecido com essa Senadora aqui, disse 15 dias atrás.

    Essa Senadora incita o ódio e a violência – eu afirmo em alto e bom som! Ela está aqui, querendo ganhar voto, com discurso bolsonarista, dizendo coisas que, na minha avaliação, estimulam a violência.

    Olhe o que o Juiz disse da Senadora Gleisi Hoffmann. O Juiz Afonso Henrique Botelho, da 2ª Vara Criminal de Petrópolis, disse o seguinte: "...se algum brasileiro indignado lhe der uma cusparada no meio da fuça, um chute no abundante traseiro, ou uma bela bolacha na 'chocolateira', num desses aeroportos da vida, responderá no máximo por injúria real ou lesão corporal leve."

    E ele pede para as pessoas darem "cusparadas" nela!

    A senhora faz algo parecido. A senhora, aqui do Senado, está estimulando isso!

    E quando eu reclamo, Senador Medeiros...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Respeite a verdade, Senador!

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Essa é a minha opinião, Senadora.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Faça-me o favor!

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Essa é a minha opinião!

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – O senhor é o mesmo Senador que está acusando a Polícia de ter matado a Marielle.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu não acusei a Polícia!

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – A Polícia Federal e a Polícia Civil!

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu não acusei a Polícia! Eu não acusei a Polícia!

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Eu vou por esse caminho...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu não acusei a Polícia!

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... eu vou usar a mesma régua de V. Exª. Tenho muito orgulho dos meus conterrâneos gaúchos.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu já concedi o aparte a V. Exª. Agora, deixe-me concluir o meu discurso. Eu tenho direito de ter opinião. E a minha opinião é a de que a senhora está fazendo este papel aqui, um papel nefasto, um papel de ataque à democracia brasileira!

    E eu digo isso, Senador Medeiros, porque trago aqui dezenas de casos em que sedes do PT e o Instituto Lula foram agredidos com bombas, e não há investigação. É para isto que a gente está caminhando: a ascensão de um discurso neofascista, de eliminação do adversário.

    Eu acho que é necessário formar uma grande frente política antifascista e em defesa da democracia brasileira. E eu não quero me dirigir apenas ao PT e à esquerda brasileira. Eu quero falar a todos os verdadeiros democratas, aos artistas, à sociedade civil, porque você pode não concordar com o PT, mas não dá para aceitar um discurso desses discípulos do Bolsonaro, de eliminação do adversário...

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... um discurso que não é só mais de ódio e de intolerância, mas de agressão física. São tiros!

    Sinceramente, estou falando e advertindo: vai haver outras mortes, se não houver um "chega pra lá" em todo esse clima que está acontecendo aqui, no País.

    Agora, esse golpe está destruindo a economia e está levando a uma guerra contra os pobres. Nesse trimestre de 2018, o desemprego sobe, de dezembro do ano passado, de 11,8% para 13,1%. Em três meses, eles e essa Senadora que votou a favor daquela reforma trabalhista diziam o seguinte: "Olha, nós estamos gerando mais empregos." Mentira! Vocês fizeram a reforma trabalhista para massacrar trabalhador.

    Agora há a figura do trabalho intermitente. Sabe o que é isso? O trabalhador fica à disposição do patrão; ele trabalha por horas. Aí o patrão diz: "Olha, amanhã você vai trabalhar das 8h às 10h. Depois de amanhã, das 2h às 4h da tarde." E ele pode receber menos que um salário mínimo. A previsão do salário mínimo era uma previsão constitucional. Nenhum trabalhador podia receber menos do que um salário mínimo.

    E eles diziam aqui para a gente: "Olha, nós vamos gerar empregos." O desemprego cresceu de 12,3 milhões de pessoas em dezembro para 13,7 milhões de pessoas; 400 mil desses com carteira de trabalho; 600 mil sem carteira de trabalho; 167 mil trabalhadores domésticos.

    E foi o Presidente Lula, pessoal... Podem falar o que quiserem do Presidente Lula, mas quem fez pelo povo trabalhador foi o Lula. Ele que deu o direito à empregada doméstica, porque a empregada doméstica era tratada de forma diferenciada.

    Foram 160 mil desempregados a mais no trabalho doméstico.

    Vamos lá! Rendimento. Também, no último trimestre de 2017 agora, o rendimento das pessoas caiu: 1,8%. Mas, dos mais pobres, dos 5% mais pobres, caiu 38%. Um milhão e duzentas mil pessoas a mais no Brasil, em 2017, passaram a cozinhar com fogão a lenha por causa do preço do gás, do botijão de gás, que, na época do governo de Lula e da Dilma, ficava ali em R$30. Subiu, em 2017, 54%.

    E mais: pobreza... Com o Lula e a Dilma no Brasil, nós tivemos 32 milhões de pessoas que saíram da pobreza extrema. Não é pouca coisa. Sabe o que aconteceu aqui? Um milhão e meio de pessoas a mais em pobreza extrema em 2017.

    Esse é o golpe! É esse o Governo do Temer! Foi isso que fizeram!

    Eu vejo o seguinte: em 2004, nós tínhamos 23 milhões de pessoas na pobreza extrema; caiu para 8 milhões em 2014.

    É isso! Foi para isso que vocês fizeram. E os senhores nem se incomodam. Os senhores não estão nem aí para o povo. Os senhores não estão nem aí...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – O que me incomoda é a sua mentira, Senador. O que me incomoda é a mentira, a interpretação de V. Exª.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora, por favor, pode deixar... A senhora pode falar depois... Eu já dei bastante tempo para a senhora.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Isso que me incomoda, me incomoda muito! Me incomoda muito essa leitura enviesada...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu posso falar? A senhora conclui depois, fala depois.

    Os senhores não estão nem aí para o povo. Votaram a reforma trabalhista aqui, com a gente dizendo: "Vocês vão massacrar o povo, vocês vão aumentar o desemprego, vocês vão aumentar a precarização."

    Vamos lá! No meio desse aumento da pobreza, sabe o que fizeram com o Bolsa Família? Cortaram R$1,4 bilhão de 2016 para 2017. A senhora pode ir lá ver a fonte: R$29,3 bilhões em 2016; R$27,9 bilhões em 2017 – Siop. É só entrar no sistema que a senhora vai ver. Houve mais: 320 mil domicílios perderam o Bolsa Família. Isso significa sabe o quê? Um milhão e trezentas mil pessoas.

    Houve mais: o Temer, nem o INPC, que ele é obrigado a dar ao salário mínimo... O INPC foi 2,07%. Até nisso ele fez maldade: deu ilegalmente um aumento de 1,81%, abaixo do que diz a lei.

    E há mais.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Vamos lá: essa política maluca de austeridade fiscal. Com a austeridade fiscal, com essa radicalidade que está acontecendo, com essa emenda do teto dos gastos, não há como a economia se recuperar, porque o investimento público, o gasto público tem um efeito multiplicador no crescimento econômico. O Ipea tem um estudo que diz – vocês são estudantes de Economia – que 1% a mais investido em saúde tem um efeito multiplicador na economia de 1,8%. Só que o inverso também é verdadeiro: quando você faz um ajuste tão forte, você coloca a economia para baixo e você traz uma destruição social gigantesca.

    Vou dar o exemplo da saúde: houve uma queda de R$109 bi para R$103 bi no orçamento da saúde. No do MEC, despesa discricionária, a queda foi de R$32 bi para R$21 bi. Não por acaso, as universidades públicas do Brasil estão em crise. E, com a emenda do teto dos gastos, a cada ano vai cair mais...

    Quer mais? Quero falar de investimentos. Vocês que são estudantes de Economia sabem a importância do investimento, do investimento público e do investimento privado. A soma dos dois, no governo do Lula, chegou a 21% do PIB; hoje está em menos de 15%. Agora, olhem o que eles estão fazendo com os investimentos: de 2014 para 2017, a queda é de R$57 bi para R$37 bi, 34% de investimento a menos. Está tudo ficando sucateado – estradas, rodovias, tudo... É uma destruição tão importante...

    Vamos lá, Petrobras: chegou-se a investir R$99 bi. Sabe em quanto está agora? Em R$43 bi. Eletrobras: de R$7,3 bi para R$3,2 bi. As despesas discricionárias da União vão chegar, em 2019, ao menor patamar da história, só comparado a 1997; vão ser 3,09% do PIB.

    E o pior: estão fazendo tudo isso com o discurso de que querem arrumar as contas públicas, a situação fiscal.

    Sabe o que aconteceu com a dívida? Explodiu, porque, com essa política de austeridade, não há como melhorar a situação fiscal. Só se melhora a situação fiscal com crescimento econômico. Quando Lula entrou na Presidência, a dívida líquida era de 60% do PIB. Ele a derrubou para 34% do PIB. Sabe como está agora? No dia em que a Dilma saiu, em maio de 2016, a dívida era 38,9% do PIB. Eles fizeram tudo isso, todo esse ajuste fiscal draconiano. Sabe para quanto foi a dívida? Para 52,3% do PIB, a dívida em março, aqui.

    O que Lula fez foi o inverso do que esse pessoal está fazendo. Naquela crise em 2008, que era uma crise de natureza recessiva, o que a gente fez? Política fiscal anticíclica: aumentou o investimento, aumentou o gasto social em 10%. Não é correto dizer que o PT não tem responsabilidade fiscal. O Lula fez superávit em praticamente todos os anos. Mas, quando a economia afunda, o Estado tem que investir. Então, naquele momento, houve política fiscal anticíclica: aumentou-se o investimento. O Governo colocou também as estatais para investir. Pegou os bancos públicos, BNDES, Caixa e Banco do Brasil... Chamou a Caixa e o Banco do Brasil e disse: "Olhem, têm que emprestar, têm que dar crédito com juros menores, porque os bancos privados não querem." Pegou o BNDES para investir; agora é o oposto.

    Vejam bem, as estatais pararam de investir, só falam em privatização. A Petrobras está entregando tudo. Com esse ajuste fiscal, os bancos públicos não fazem nada mais, estão imobilizados. O BNDES voltou ao papel de 1990. E acabaram com a política de conteúdo local, que foi uma decisão do Presidente Lula, que disse o seguinte: "Olha, navios, plataformas e sondas vão ter que ser construídos no Brasil [na época do Fernando Henrique Cardoso, compravam tudo de fora], ou seja, as empresas de petróleo vão ter que fazer aqui." E o Temer acabou. Criou o que eu chamo de política de conteúdo internacional, porque ele zerou a tributação para tudo o que você comprar na área de petróleo e gás. Então, você pode trazer uma plataforma de fora do País sem pagar nada de imposto. Isso tem um impacto gigantesco nos empregos.

    Lá na terra dessa Senadora do Rio Grande do Sul...

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Lá no Rio de Janeiro, o estaleiro Mauá tinha 6 mil trabalhadores e agora tem cem trabalhadores...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Esta Senadora tem nome. Esta Senadora tem nome, Senador.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu queria que a senhora permitisse...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Eu queria só... Eu queria só... Já que o senhor me citou, invoco o art. 14...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora fala depois.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Esta Senadora está aqui. Esta Senadora está aqui.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora fala depois.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Só para dizer que fico impressionada, Senador Lindbergh...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora fala depois.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – É que me impacienta, me impacienta...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora tem que escutar isso...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – V. Exª fala...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora é inimiga do povo trabalhador...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – V. Exª...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A senhora só vota contra o povo trabalhador aqui. Esta é a verdade. Não adianta...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Senador Lindbergh...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não adianta...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – O senhor pode gritar quanto quiser.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não estou gritando, estou falando a verdade. A senhora votou...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – O povo do meu Estado me conhece, Senador. E as mentiras que vocês me assacam já me fizeram vítima, em 2014, de calúnia, difamação. E vocês agora querem passar de anjinhos...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Mas Senadora...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... no processo político.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Mas Senadora, a senhora estimula a violência, o ódio...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Quero lhe dizer o seguinte: V. Exª fala em Petrobras e esquece da roubalheira e da corrupção que consumiu essa empresa...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – O seu Partido, Senadora...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – O polo naval em Rio Grande está parado, e parou no Governo passado da Dilma, parou...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Por causa do fim da política de conteúdo local, Senadora.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... por um sonho sem planejamento. Você não fala do calote da Venezuela...

(Soa a campainha.)

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... do calote no BNDES da Venezuela. Puxa, Senador Lindbergh, tenha paciência...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Tanta ignorância, Senadora!

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Não é ignorância...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Você sabe que...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – É informação. É informação.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Você sabe quem fez o financiamento para a Venezuela do metrô de Caracas? Fernando Henrique Cardoso. E estava certo, porque os empregos foram gerados aqui. É muita ignorância neste debate, pelo amor de Deus!

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – V. Exª está desinformado, Senador Lindbergh.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não. Estou dando uma informação. A senhora depois... A senhora sempre fala aqui. Eu trago números, dados. A senhora pesquise depois. Olha este número aqui: taxa de investimento...

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – As minhas fontes são as verdadeiras, Senador.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não. As fontes... Isso aqui... Estou falando aqui... Todos os números aqui são do IBGE, do Siope. A senhora é mal assessorada nisto. Nesse caso da Venezuela, procure saber se o Fernando Henrique não deu empréstimo para o metrô da Venezuela.

    Eu agradeço o aparte de V. Exª.

    Eu quero continuar o meu discurso para concluir, Senador Medeiros, falando dessa destruição. E a economia está estagnada. Veja bem, no primeiro trimestre de 2017, houve um crescimento de 1,3% do PIB...

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Já vou concluir.

    O setor de agropecuária, no segundo trimestre, caiu para 0,6%; no terceiro trimestre, para 0,2%; no último trimestre, para 0,1%. Ou seja, essa retomada econômica só existe na Rede Globo. Nós estamos vivendo uma situação de estagnação. Mais grave, o IBC-Br de janeiro e fevereiro, que mede, mês a mês, a previsão do crescimento é o seguinte: janeiro, menos 0,65%, fevereiro, menos 0,1%. E hoje saiu o número da produção industrial, está o mercado revisando expectativa de crescimento para baixo.

    Eu não estou achando bom, eu queria que este País estivesse retomando a economia, só que, com essa receita do Temer não tem jeito, com essa austeridade fiscal, com o que estão fazendo com os bancos, com o que estão fazendo com as estatais – não tem – e com o que estão fazendo com o povo. Porque 60% do crescimento do PIB está ligado ao consumo das famílias. E o que está acontecendo? Desemprego crescente, diminuição da renda. Então, não há consumo.

    Este foi o grande segredo do Presidente Lula: melhorar a vida do povo mais pobre. E, melhorando a vida do povo mais pobre, a economia do Brasil cresceu. Então, não há como crescer com essa situação.

    Aí vêm os números da indústria. Olhe só: em janeiro, queda de 2,2%; fevereiro, alta de 0,1%; março, novamente – para frustração do mercado – queda de menos 0,1%. Então, cadê a retomada? Infelizmente, nós estamos numa situação de estagnação. É necessário um outro governo.

    O Presidente Lula – eu lembro, na transposição do São Francisco – disse uma coisa, em Monteiro, na Paraíba: "Se eles não sabem como fazer a economia reaquecer, chamem-me, porque nós sabemos. Nós já fizemos isso."

    E é isso que vai ter agora, porque o Lula vai ser o nosso candidato. Fernando Haddad está coordenando o programa de governo. Nós vamos fazer lançamentos da candidatura do Presidente Lula em tudo que é Estado do País, mostrando um programa de governo, que este País pode recuperar o crescimento e os empregos.

    Senador Paulo Rocha, eu queria encerrar com um último dado. Porque agora, com o desabamento do edifício...

    O Sr. Paulo Rocha (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – Antes do dado, eu queria acrescentar que, em tudo que você está falando, há duas coisas que ninguém pode esconder, nem Rede Globo nem... É o seguinte: a elite brasileira que sempre dominou este País... Nós, a geração de todos nós políticos aqui, conquistamos um processo democrático no País que criou a condição, por exemplo, de um operário governar o Brasil – e governou melhor do que todos. A elite brasileira querendo voltar a dominar o País deu o golpe, porque na democracia não ganhava mais. Nós estávamos resolvendo todos os problemas do País: crescimento econômico com distribuição de renda, mostrando que o País podia se desenvolver sem mexer com qualquer direito dos trabalhadores, nem sequer com a previdência social, etc. Então, eles deram o golpe. E agora eles estão enrascados. O desespero desses discursos aqui é que tudo que eles fizeram, entregando nosso patrimônio, com a justificativa da Lava Jato, para combater a corrupção... Até os empresários – esses dados que você está falando da área da indústria – do setor da indústria estão incomodados, porque a Lava Jato, na prática, está destruindo o parque industrial do nosso País. Então, é fundamental que o povo compreenda que agora quem está no desespero, exatamente, são os golpistas, principalmente a aliança PMDB e PSDB, porque todas as principais lideranças deles foram para o ralo e não conseguem encontrar um quadro político deles capaz de enfrentar, na democracia, aquilo que nós construímos no Brasil, personificado na figura do líder Lula, que está, inclusive, na prisão e que continua mostrando a força da democracia. Por isso, é fundamental o povo perceber que a ideia de Lula livre é exatamente isto, ou seja, criar a possibilidade de o País voltar à democracia e, através da democracia, construirmos um Estado social para todos, como nós estávamos construindo no Brasil.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senador Paulo Rocha, eu tenho conversado com economistas, inclusive com alguns que defendem essa receita neoliberal. Eles estão claramente constrangidos, porque acreditavam, de fato, que se tirassem a Dilma a economia ia crescer. Eles diziam o seguinte: "Vamos recuperar a confiança dos empresários", como se não houvesse investimentos por falta de confiança dos empresários. Sabem por que a economia não reage? Porque as pessoas estão sem dinheiro para comprar. Então, eu noto o constrangimento. Eles estão afundando o País. Eles não têm uma política para tirar o País desta crise, não têm. Nós temos que fazer o que Lula fez em 2008 e em 2009, naquela crise econômica.

    Eu quero encerrar, Senador Paulo Rocha, dizendo que acho que a Senadora Ana Amélia foi embora porque não aguentou ouvir tantas verdades, ouvir a gente falando de números. Eu estou trazendo números. Eu vou mandar para o gabinete dela esse último número sobre habitação, porque está todo mundo dizendo que aumentou o déficit habitacional, está aumentando, haja vista esse desastre terrível que aconteceu com o Edifício Wilton Paes de Almeida.

    Sabe o que está acontecendo, Senador Paulo Rocha? No Programa Minha Casa, Minha Vida, a Dilma, em seu último ano de governo, gastou R$20,7 bilhões. Sabe quanto eles gastaram em 2017? Gastaram R$3,6 bilhões, uma queda de 83%. Sabe qual era a média que Dilma gastava, por trimestre, no Minha Casa, Minha Vida? R$7 bilhões. Sabe quanto foi agora? R$235 milhões. O déficit habitacional está subindo gigantescamente, porque há aumento de desemprego, há precarização do mercado de trabalho...

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... redução de políticas sociais, e ainda cortam recursos do Minha Casa, Minha Vida.

    Senador Medeiros e Senador Paulo Rocha, que são os dois Senadores que ainda estão no plenário, nós vamos lutar muito para salvar este País, para recuperar a democracia. Eu tenho a convicção de que eles, que estão dando esse golpe continuado, erraram quando prenderam o Presidente Lula, porque o lulismo ganhou força, as pessoas estão vendo que há uma seletividade, que o assessor de Michel Temer foi preso com uma mala de dinheiro na rua, que Michel Temer continua na Presidência da República, que o Senador Aécio continua no Senado, e prenderam o Presidente Lula porque, se for candidato, vai ganhar a eleição e vai fazer pelo povo trabalhador.

    Então, eu encerro, porque não quero, Senador Paulo Rocha, em nenhum dia da minha vida, nesse período histórico que nós estamos vivendo, em nenhum dia... Todos os dias, eu acordo me lembrando que Lula está preso injustamente, que Lula é um preso político. Nós não podemos aceitar isso por um dia. Nem por um dia nós vamos deixar de falar do Lula, de defender a libertação do Lula.

    Lula livre!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/05/2018 - Página 31