Discurso durante a 62ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a celebrar a Campanha da Fraternidade de 2018.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a celebrar a Campanha da Fraternidade de 2018.
Publicação
Publicação no DSF de 08/05/2018 - Página 25
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, CELEBRAÇÃO, CAMPANHA DA FRATERNIDADE, ANO, ATUALIDADE, ASSUNTO, IMPORTANCIA, COMBATE, VIOLENCIA, RESPEITO, PESSOAS, SIMILARIDADE, IRMÃO.

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Cumprimento a Presidente, requerente desta sessão, a Srª Senadora Fátima Bezerra. Cumprimento o Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e Bispo auxiliar de Brasília, Revmo. Sr. D. José Aparecido Gonçalves de Almeida. Cumprimento o Coordenador Executivo das Campanhas da Fraternidade, o Rev. Pe. Luís Fernando da Silva. Cumprimento a Secretária-Geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, Srª Romi Márcia Bencke. Cumprimento o advogado e ex-Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Dr. Marcello Lavenère. Cumprimento a advogada e membra do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Srª Isabel Figueiredo. Cumprimento o Dr. Gilberto Carvalho – mas acho que ele teve que se ausentar. Cumprimento a Prefeita Rosalba Ciarlini, do Município de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Cumprimento, também, os Senadores que aqui estão.

    O Papa Francisco – como já foi dito aqui, mas eu quero enfatizar também –, ao dirigir-se ao povo brasileiro, no início da Quaresma deste ano, chamou a atenção para a Campanha da Fraternidade de 2018 e sua proposta de construção da paz com a força da fraternidade. Então, não é pelo fato de eu ser um dos últimos a falar – porque os últimos muitas vezes têm que repetir as coisas –, que se trata aqui de mera repetição, principalmente se tratando do Papa. O Papa afirmou então que: "A Campanha da Fraternidade de 2018 nos convida a reconhecer a violência em tantos âmbitos e manifestações, e, com confiança, fé e esperança, superá-la pelo caminho do amor visibilizado em Jesus [Cristo] Crucificado".

    Percebeu bem o Papa Francisco o verdadeiro alcance da Campanha da Fraternidade de 2018, pois não se constrói a paz se não buscando a reconciliação, cujo alicerce e instrumento é a fraternidade.

    E ainda seguindo a inspiração da mensagem do Papa aos brasileiros, não se cresce na reconciliação e na fraternidade como norma de vida se não se tem como fim a implantação da Justiça.

    Essa tríplice dimensão, Srª Presidente, senhores membros dessa Mesa, senhor representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, vem mesmo desde a origem da Campanha da Fraternidade, movimento anual adotado por toda a Igreja brasileira, sob o patrocínio da CNBB, campanha anualmente reiterada.

    Permito-me relembrar, então, a iniciativa pioneira da Igreja do nosso Estado do Rio Grande do Norte, ainda em 1962, sob a liderança do então Bispo Auxiliar e Administrador Apostólico de Natal, D. Eugênio de Araújo Sales, depois Cardeal de São Salvador da Bahia, Primaz da Igreja Brasileira.

    Dessas raízes, senhores membros da Mesa dirigente dos trabalhos, dessas raízes potiguares e nordestinas, que em todos os sentidos e por todas as razões têm sede de paz, de reconciliação, fraternidade e justiça, creio haver brotado, há mais de cinquenta anos, o clamor de hoje: "Fraternidade e Superação da Violência", tema da Campanha deste ano.

    A superação, Srª Presidente, da violência só se faz com a implantação da cultura da paz, advertiu o Papa. E onde buscar essa cultura, implantada pela raiz na vontade de todos e no sentimento de cada um, se não na fraternidade e seus valores? Daí haver dito o Papa ser preciso trilhar o caminho do amor visível no Crucificado. Esse caminho é assim visível porque é do mesmo Crucificado a afirmação incisiva e cheia de esperança, lema da Campanha da Fraternidade, como já foi dito aqui, de 2018: "Vós sois todos irmãos".

    Srª Presidente, D. Aparício, nesta sessão, proposta pela Senadora Fátima Bezerra, permitam-me um breve olhar sobre o contexto em que Cristo fez essa constatação, assim tão direta quanto singela: "Vós sois todos irmãos".

    Em suas constantes altercações contra as autoridades farisaicas de seu tempo, Jesus ensinava na oportunidade que ninguém deve submeter outrem por arbítrio próprio: "O maior dentre vós será aquele que serve", são as Suas palavras. Então, todos somos irmãos, verifica o Mestre, e somos irmãos não só por afeto, nem carinho, nem família; todos somos irmãos porque todos somos iguais.

    Srªs e Srs. Senadores, faço essas reflexões, autoridades presentes na mesa, vivendo – como foi dito aqui, já, por todos os que se pronunciaram antes de mim – os angustiantes tempos brasileiros atuais, com a violência nas ruas, nas relações domésticas, ofendendo pobres, indefesos, vulneráveis, e também agredindo, com visíveis propósitos autoritários, as mais preciosas instituições e os mais caros valores nacionais. O enfrentamento não pode ser com mais violência, porque – volto a lembrar as palavras do Papa aos brasileiros – é preciso instaurar a cultura da paz. Essa cultura se semeia no terreno fértil da fraternidade, com os apetrechos e as artes da Justiça.

    O Brasil é atormentado pela desigualdade, pelo tratamento caprichoso de um em detrimento de outro, de poucos contra quase todos, sem qualquer outra razão a não ser a exploração, a ganância, a submissão de milhões por alguns. É preciso um pacto com força ética e social, mas também e especialmente pessoal.

(Soa a campainha.)

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN) – Começou a campainha. Ela é implacável.

    Bem, Srª Presidente, vou finalizar.

    O grande mérito da Campanha da Fraternidade é este sacudir interior, que deve ir ao chacoalhar – desculpe o termo – da alma, para que ninguém se cale e cada um tome consciência do que pode fazer.

    Assim, podemos alimentar a esperança de conviver com a cultura da paz, que não é a mera ausência de violência, mas a convicção de que tudo quanto viole a justiça deve ser eliminado, no coração de cada um e no seio da sociedade.

    Se, como profetizara já o Papa Paulo VI, o desenvolvimento é o nome da paz entre as nações, a justiça e a igualdade sejam o nome da paz entre os brasileiros, como diziam aqui todos os oradores, o nosso Coordenador Executivo das Campanhas da Fraternidade, o Rev. Sr. Pe. Luís Fernando.

    Senhoras e senhores, esta sessão deverá contribuir para que o Senado Federal possa continuar a trilhar o caminho já iniciado da votação de medidas que sejam capazes de arrefecer esse ímpeto da violência que tomou conta do nosso País.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/05/2018 - Página 25