Discurso durante a 64ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamento pelas mazelas sociais por que passa a população nordestina do Brasil.

Autor
Eduardo Amorim (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SE)
Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Lamento pelas mazelas sociais por que passa a população nordestina do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/2018 - Página 27
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, JORNAL, VALOR ECONOMICO, RESULTADO, PESQUISA, CRESCIMENTO, MISERIA, POBREZA, REGIÃO NORDESTE.

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Social Democrata/PSDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Presidente, Senador Zeze Perrella. Obrigado Senador Requião, sergipano como eu, que tem o mesmo DNA. Quero também aqui registrar, ao lado ali do Senador Valadares, o ex-Deputado José Carlos Machado, que nos faz visita ao plenário do Senado, nesta tarde.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, todos que nos acompanham pelas redes sociais.

    Falar das mazelas pelas quais passa o povo nordestino, Sr. Presidente, pode parecer repetitivo.

    A pobreza na Região é histórica e, lamentavelmente, cantada em prosa e versos que nos enchem de tristeza e uma sensação terrível de inépcia para resolver, de uma vez por todas, esse problema e suas consequências diretas e indiretas, que assolam, sobretudo, o interior nordestino e suas regiões metropolitanas.

    Semana passada, o Valor Econômico divulgou o resultado de um levantamento realizado pela LCA Consultores, a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, onde constatou que o Nordeste brasileiro foi a única das grandes Regiões do País onde a pobreza extrema cresceu, sobretudo, no interior.

    E aqui é importante que se ressalte, Sr. Presidente, que a miséria no interior nordestino cresceu, entre 2016 e 2017, pouco mais de 11%, passando de 6 milhões de pessoas para mais de 7,77 milhões de pessoas vivendo, ou melhor, sobrevivendo de uma maneira precária e extremamente desumana. Entretanto, a quantidade de cidadãos vivendo abaixo da linha de pobreza extrema também cresceu nas regiões metropolitanas das nove capitais do Nordeste, passando de 1,27 milhão para 1,394 milhão, segundo dados levantados pelo estudo. O estudo, colegas Senadores, aponta que a crise fiscal dos Estados, que limitou investimentos públicos e, consequentemente, a geração de empregos, pode ter tido um efeito expandido no interior da nossa região. Contudo, não podemos deixar de considerar que o Nordeste passou por sete anos consecutivos de seca, e, embora tenha melhorado no ano passado, a economia da região está mais centrada em serviços do que no agronegócio.

    Pessoalmente, sei da força e do potencial de trabalho da minha gente, Sr. Presidente, e acredito que uma das saídas, para tirar o povo nordestino dessa situação vexatória, seria a implementação de políticas públicas efetivas, que estimulassem o agronegócio e mantivessem os homens e mulheres do campo em suas terras, vivendo de forma digna.

    Enquanto esse sonho não se torna realidade, o que o estudo nos mostra é que o meu Estado, o Estado de Sergipe, Estado do Senador Valadares, do Deputado José Carlos Machado, encabeça, mais uma vez, um dentre outros rankings negativos.

    De acordo com o levantamento encomendado e divulgado pelo Valor Econômico, o interior de Sergipe apresentou o segundo pior resultado da Região Nordeste, com crescimento do número de pessoas vivendo na pobreza extrema da ordem de 22%, numericamente, em 2016, que eram 196.530 pessoas, cidadãos, sendo que, no ano passado, esse número havia subido para 240.668 pessoas.

    Sr. Presidente, colegas Senadores, isso representa pouco mais de 10% da população sergipana. E, para piorar a situação, a miséria também avançou na região metropolitana da nossa capital, Aracaju, em mais de 30%. Se somarmos o número de pessoas vivendo na pobreza extrema, no meu Estado, essa cifra chega a quase 330 mil pessoas, Deputado José Carlos Machado. Isso é extremamente perverso!

    É importante frisar, colegas Senadores, que são consideradas pessoas que vivem em pobreza extrema aquelas com renda domiciliar per capita inferior a US$1,9 por dia, de acordo com o Banco Mundial. Entretanto, sabemos que a pobreza é multidimensional. O dinheiro é uma unidade de medida, vista a complexidade e dificuldade de mensurar acessos a serviços.

    Para essas pessoas, falta absolutamente tudo. Falta emprego, educação, saúde, saneamento básico, moradia digna, falta alimento à mesa, falta dignidade.

    Não são desconhecidas de ninguém as dificuldades enfrentadas pelo Brasil; entretanto, em Sergipe, os últimos governos levaram o Estado a um verdadeiro e indiscutível caos, que vemos refletido nas mais diversas áreas de serviços públicos oferecidos à nossa população.

    O resultado, Deputado José Carlos Machado, estamos vendo refletidos nos números. Atualmente, somos o Estado mais violento do País; a nossa capital, uma das mais violentas do mundo. Na educação, temos mais de 10% da população analfabeta; amargamos o pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e somos o pior Estado no quesito leitura. A saúde encontra-se definhando na UTI. E o rosário de dor e desesperança da população segue adiante.

    Diante de tudo isso, Sr. Presidente, como poderíamos esperar que Sergipe tivesse diminuído o número de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza, se lá infelizmente nós temos um desgoverno?

    Colegas Senadores, é com muita tristeza e com muita dor que fazemos este pronunciamento mais uma vez aqui, da tribuna deste Senado, realmente para anunciar o que não gostaríamos de estar aqui anunciando: as inúmeras mazelas e os piores indicadores do nosso Estado, fruto de um desgoverno que lá está.

    Voto não tem preço, voto tem consequência. E a consequência que estamos colhendo é a consequência do mal, infelizmente.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/2018 - Página 27