Pela Liderança durante a 64ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a crise de violência que enfrenta o estado do Rio de Janeiro (RJ).

Autor
Eduardo Lopes (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Eduardo Benedito Lopes
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Preocupação com a crise de violência que enfrenta o estado do Rio de Janeiro (RJ).
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/2018 - Página 40
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • APREENSÃO, ORADOR, SITUAÇÃO, VIOLENCIA, LOCAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), COMENTARIO, AUSENCIA, POLICIA, FUNCIONAMENTO, INTERVENÇÃO FEDERAL.

    O SR. EDUARDO LOPES (Bloco Moderador/PRB - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Srª Presidente, Senadora Ana Amélia, obrigado.

    Cumprimento agora aqueles que nos acompanham pela Rádio Senado, pela TV Senado, pelas redes sociais.

    Eu subo à tribuna para falar, mais uma vez, sobre o tema da intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro.

    A violência no Rio de Janeiro se tornou uma verdadeira guerra urbana, mas uma guerra em que um dos lados, o lado do bandido, está fortemente armado, enquanto o outro lado, o do cidadão de bem, não conta com qualquer armamento ou preparo militar. No meio dessa guerra, figuram os policiais, tentando defender os cidadãos, colocando sua vida em risco na luta contra os bandidos, que não têm nada a perder, que não pensam duas vezes antes de puxar o gatilho de um fuzil.

    É tanta violência que a população já se tornou paranoica. Quando um motorista encontra um engarrafamento dentro do túnel, ele abre a porta e se esconde debaixo do veículo, acreditando que vai haver um arrastão. Quando qualquer pessoa escuta um barulho mais forte na rua, já se joga no chão, temendo ser vítima de uma bala perdida. É a paranoia, é o pânico, é o inacreditável medo de se viver na Cidade Maravilhosa e também no Estado do Rio de Janeiro.

    Os últimos dados informaram sobre o que nós já alertamos no dia da reunião de trabalho junto com o Presidente Temer, com o interventor, General Braga Netto, com o Governador do Estado, Pezão, com o Prefeito da capital, Marcelo Crivella, e com outros prefeitos, durante o anúncio da intervenção, em que eu estava presente – registre-se, aqui, o único Senador do Estado do Rio de Janeiro presente. Ali nós alertamos o Presidente e o General de que o plano de ação da intervenção não deveria e não poderia ficar apenas restrito à capital, à cidade do Rio de Janeiro; deveria se estender à Região Metropolitana, à Baixada e ao interior do Estado. E, tristemente, nós vemos – os jornais deram conta disto na última semana – que Campos dos Goytacazes, Macaé, Cabo Frio e Angra dos Reis estão com seus níveis de violência insuportáveis, inclusive Campos dos Goytacazes foi tida como a cidade mais violenta do Estado do Rio de Janeiro, ou seja, a violência migrou para o interior. Angra dos Reis vive um verdadeiro inferno: ocupação de morro, fechamento da BR, tiroteio todo dia, mortos todo dia. Nós alertamos para isso.

    Eu viajo o Estado, eu ando pela cidade do Rio de Janeiro. Eu vou à zona oeste, eu vou à zona norte, eu entro nas comunidades, eu entro nas favelas do Rio de Janeiro, e o que nós vemos é exatamente isto: parece que não houve intervenção, parece que o Estado não está sob intervenção. Essa é a verdade.

    Eu estive em Belford Roxo, eu estive em Queimados, eu estive ontem em São João de Meriti. E a impressão que se tem da população é a mesma impressão que eu tenho hoje. Eu viajo, rodo quilômetros e quilômetros, e o que encontramos, hora ou outra, é uma blitz da Polícia Militar, que recebeu novos carros, veículos Ka. Eu pergunto: um veículo Ka vai conseguir perseguir o quê? É o que chegou, são as viaturas novas que nós estamos vendo no nosso Estado. A Polícia está usando o veículo Ka. Então, nós vemos algumas blitze – quando não com o veículo Ka, com pickups – da Polícia Militar. Eu não vejo as Forças nas ruas do Rio de Janeiro. Eu não vejo o Exército. Eu não vejo a Força Nacional. Eu rodo a Avenida Brasil, que tem 60km, de noite, todo mundo sabendo o que é a Avenida Brasil à noite, que corta um número de comunidades perigosas, e encontro duas, três blitze da Polícia Militar.

    A população do Rio de Janeiro já começa a olhar de forma diferente a intervenção. E eu estou aqui como o Senador que foi o relator da intervenção.

    Parece-me que, hoje, o Presidente, finalmente, vai fazer a instalação da Comissão Externa do Senado, o que eu já estou pedindo há bastante tempo também. Eu quero fazer parte dessa Comissão Externa do Senado, porque eu quero sentar com o General, eu quero sentar com o gabinete de intervenção para conhecer o plano de intervenção, para conhecer a real situação. Já falaram que recurso não foi liberado. Já disseram que o gabinete demorou para ser nomeado. Parece-me que o Governo está batendo cabeça. Nós aprovamos com celeridade o decreto de intervenção, mas a MP dando posse ao gabinete de intervenção demorou quase 50 dias.

    Eu quero dizer aqui que fui o relator, com muita honra, com muito orgulho, da intervenção federal no Rio de Janeiro. Sou aliado, sou do Governo, mas falo sobre aquilo com o que eu não concordo. Eu estive num almoço com o Prefeito Crivella, juntamente com o Chefe da Polícia, o Delegado Rivaldo, que foi nomeado pelo interventor, e eu falava sobre isso. Ouvi aquilo que eu tenho ouvido: o serviço de inteligência está a pleno vapor, estão planejando meticulosamente as ações. Cadê as ações? No mês passado, 63 ações foram suspensas. Eu pergunto aqui: quem vai responder pelas pessoas que perderam a vida nessas 63 operações que foram suspensas? Quem vai ressarcir o veículo que foi roubado nessas 63 ações que foram suspensas? Quem vai ressarcir?

    O povo do Rio de Janeiro está cansado. E eu não quero aqui, como cidadão do Rio de Janeiro... Eu falei numa rádio de Cabo Frio, uma rádio que tem um alcance de 20 Municípios, 300 mil ouvintes por minuto, e disse: eu não falo tão somente como Senador. Aqui também eu não falo somente como Senador, ainda que esteja na prerrogativa de Senador, mas eu falo aqui como cidadão, como morador do Estado do Rio de Janeiro e da cidade do Rio de Janeiro. Eu não quero me sentir enganado e não quero que o meu povo do Rio de Janeiro seja enganado, porque o povo merece segurança. Há uma paranoia. Em Queimados, eu tomei conhecimento de que mães não conseguem nem sequer buscar o corpo dos filhos no alto do morro, pois estão cortando a cabeça, sumindo com a cabeça, e o corpo tem que apodrecer em cima do morro, e ninguém pode buscar na cidade de Queimados. Em Belford Roxo, são cinco viaturas para dar segurança a uma cidade de 600 mil habitantes extremamente violenta.

    Nós não podemos brincar com isso. Segurança pública, segurança do povo é coisa séria.

    Eu li aqui agora – me passaram – a reportagem em que o Presidente Temer fala da sensação de segurança, fala que alguns divergem daquilo que ele vê, mas eu não vejo apenas pelas notícias, não. Eu não vejo apenas pelos jornais, não. Eu vivo no Rio de Janeiro, eu viajo o Rio de Janeiro, eu represento o Estado do Rio de Janeiro. Então, não é visão divergente, não; é a realidade.

    As tropas não estão nas ruas. A inteligência pode trazer muitos resultados, ou, se disserem...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO LOPES (Bloco Moderador/PRB - RJ) – ... que ela já trouxe muitos, não é o palpável, não é o visto pela população, não é o visto pela sociedade. Então, que haja, sim, a ação de inteligência, os bloqueios eletrônicos, as escutas, que haja tudo isso, mas botem a tropa na rua, porque a tropa na rua é que traz também a sensação de segurança.

    O que eu já falei aqui vou repetir mais uma vez – e vejo aqui o Senador Valadares olhando, creio que até um pouco surpreso com o que estou falando, de repente, não pelo fato, mas por eu estar falando. Eu já falei aqui e vou repetir: como é que pode o número de roubos de carga no Rio de Janeiro continuar crescendo na mesma área sempre? Se eu sei que 5km da Avenida Brasil é onde mais acontece roubo de carga, coloquem dez patrulhas lá, coloquem dez viaturas lá!

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO LOPES (Bloco Moderador/PRB - RJ) – Agora, continuam da mesma forma! Então, eu quero aqui, como Senador do Rio de Janeiro, levantar minha voz para dizer que me parece que não existe intervenção no Rio de Janeiro. Desculpem se desagrado alguns, se desagrado alguém, mas eu prefiro desagradar o Governo, eu prefiro desagradar as autoridades a desagradar o meu povo do Rio de Janeiro, a desagradar o povo que nos colocou aqui para representá-lo, para ser a voz dele aqui, no Senado Federal.

    Eu já estive na reunião de Líderes e já acenei ao Bandeira, o Secretário-Geral, perguntando se hoje o Presidente Eunício vai instalar a tão esperada Comissão Externa do Senado, que até hoje não foi instalada, porque o Senado tem que estar lá, o Senado tem que ter papel importante nesse processo. E a Comissão do Senado não foi instalada ainda. Então, eu quero fazer parte da Comissão Externa do Senado e quero me reunir o mais rápido possível com o gabinete da intervenção, para saber os detalhes.

    Não podem faltar recursos para a intervenção, porque, se essa intervenção falhar, fracassar, isso vai servir – desculpem a expressão – de esculacho por parte dos bandidos, por parte daqueles que vivem fora da lei. Eu não posso aceitar isso, não posso permitir isso!

    Então, uso a tribuna relembrando o mês de março, que foi o pior mês nos índices de violência desde que foram criados os índices de violência.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO LOPES (Bloco Moderador/PRB - RJ) – Mais de cinco mil veículos roubados no mês, um veículo roubado a cada oito minutos no Rio de Janeiro, mais de 30 roubos de carga por dia sem contar os assaltos, os roubos a celulares, roubos a ônibus. Ou seja, o trabalhador não tem paz. O trabalhador está sendo assaltado num ônibus às 5h da manhã, ônibus lotado, indo trabalhar com uma marmita e sendo roubado. Então, eu clamo e grito pelo Rio de Janeiro. A intervenção tem que funcionar porque, se ela não funcionar – repito –, vai servir até mesmo de chacota por parte dos bandidos.

    Era isso que eu queria dizer e sou Relator da intervenção, sim, com muita honra, com muito prazer em favor do meu Estado do Rio de Janeiro.

    Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/2018 - Página 40