Pela Liderança durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da apresentação de projeto de lei que visa à redução dos impactos negativos à saúde por uso excessivo de celulares.

Autor
Otto Alencar (PSD - Partido Social Democrático/BA)
Nome completo: Otto Roberto Mendonça de Alencar
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Registro da apresentação de projeto de lei que visa à redução dos impactos negativos à saúde por uso excessivo de celulares.
Publicação
Publicação no DSF de 10/05/2018 - Página 49
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • APREENSÃO, MOTIVO, EXCESSO, UTILIZAÇÃO, APARELHO ELETRONICO, TELEFONE CELULAR, POPULAÇÃO, BRASIL, REGISTRO, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE LEI DO SENADO (PLS), AUTORIA, ORADOR, OBJETIVO, OBRIGAÇÃO, COLOCAÇÃO, AVISO, NECESSIDADE, REDUÇÃO, DEPENDENCIA, SERVIÇO MOVEL CELULAR.

    O SR. OTTO ALENCAR (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores e Senadoras, o que me traz à tribuna é um alerta que eu pretendo fazer ao Brasil, aos brasileiros e às brasileiras, sobretudo aos jovens, que talvez passe assim até despercebido, mas não é. Eu venho falar sobre uma questão, Sr. Presidente, que pode comprometer uma geração inteira, no futuro, que é a questão do uso excessivo do celular, o uso excessivo de smartphone, de computador, sobretudo celular.

    V. Exª talvez não saiba, mas devo-lhe passar o meu currículo. Eu sou médico ortopedista, formado na Universidade Federal da Bahia, com residência médica. Fui professor da Universidade Federal da Bahia. Estudei muito anatomia, ortopedia e traumatologia, e acompanhei, de perto, a evolução da minha especialidade.

    Pois bem, quero dizer a V. Exª, aos Senadores e às Senadoras que me preocupa demais o uso excessivo dos celulares pela maneira errada como são usados, com a flexão do pescoço. Ou seja, para usar o celular, abaixa-se a cabeça para flexionar o pescoço e imediatamente se contraria a linha anatômica da coluna cervical, que faz uma curva para frente, chamada de lordose. Quando se flexiona o pescoço, se faz uma cifose, e isso retifica a coluna cervical. Ao retificar a coluna cervical, se ela ficar retificada, haverá dor permanentemente, praticamente sem nenhum processo curativo.

    Mas eu chamo a atenção não só dos adultos, cuja frequência tem aumentado, mas dos jovens e das crianças que já começam com três, quatro, cinco anos, até concluírem a idade em que o ser humano completa o crescimento, que normalmente é em torno de 18 anos. Ele pode crescer até os 18 anos, mas alguns crescem e complementam o crescimento anteriormente. Mas, nessa idade de crescimento, pressionar o pescoço para usar o celular com esta pressão na flexão vai, de alguma forma, deformar o crescimento e a anatomia de cada vértebra cervical, sobretudo da terceira vértebra cervical até a sétima vértebra cervical. Excluem-se aí a primeira e a segunda, o Atlas e o Axis. As outras todas ficarão comprometidas.

    Eu levantei aqui um relatório que foi colocado na imprensa inteira e que diz o seguinte: quase metade dos brasileiros verifica celulares compulsivamente, inclusive eu, que tenho procurado evitar. Mas, infelizmente, hoje, com o WhatsApp, com o Facebook e o Instagram, político está sendo provocado a responder – e eu respondo. Respondo todos que me provocam, questionando, criticando ou até concordando comigo. Mas é do meu dever absorver a crítica e, se ela for construtiva, modificar o meu comportamento; e, se ela for no sentido de dizer que estou trabalhando corretamente, seguir em frente.

    Então, quase metade dos brasileiros, sobretudo os mais jovens, usa os celulares compulsivamente. Então, se estiverem acordados durante 16h por dia, estão usando 8, 9h por dia o celular, e com o pescoço na flexão. Não é flexão, porque a curva do pescoço é exatamente para trás; é a lordose cervical. Você tem, na coluna, quatro curvas: a do pescoço para frente, que é a lordose; a torácica, que é uma cifose; a lombar, que é outra lordose; e, para sentar, outra cifose, porque não daria para sentar ao contrário.

    Então, eu venho com essa preocupação e conversei com vários colegas meus que atuam, hoje, na área de atendimento a enfermidades, a lesões da coluna, seja coluna cervical, torácica, lombar ou a coluna de uma maneira geral – todo o trajeto da coluna. E essa verificação mostra que 38% dos usuários concordam que passam tempo demais com celular.

    E uma verificação compulsiva se pergunta aqui: quantas vezes você verifica o celular para ver se chegou uma mensagem, se alguém te ligou ou se há uma foto nova de um conhecido? Segundo o levantamento feito na pesquisa, 48% dos brasileiros verificam o celular com mais frequência do que gostariam; 42% afirmaram que se sentem obrigados a verificar permanentemente, e o levantamento ainda conta que, em quatro países verificado, 49% também usa o celular compulsivamente.

    Por quanto tempo se usa o celular? Em média, o tempo de uso, que eles ficam em frente ao celular por toque ou por chamada, é em torno de dois, três minutos. E, entre os jovens de 16 a 20 anos, este é o número que preocupa: 44% deles passam mais tempo do que o necessário – que deveriam passar.

    Aí é que está a gravidade do problema, porque o osso vertebral, a coluna vertebral, a vértebra, o corpo vertebral está em formação. O jovem ainda não tem a estrutura óssea definida, com a estrutura mineral e orgânica já definida. Então, ela pode ser deformada. Pela pressão, uma dessas vértebras pode ser deformada. E, deformando essa vértebra – uma das vértebras da coluna cervical –, você tem a chamada "retificação da coluna cervical". E, aí, é uma lesão de dor para o resto da vida, com irradiação até para os ombros, para os braços, com dormência nas mãos, com dormência no braço.

    Existe hoje, já no Brasil e em alguns países do mundo, o pânico – Sr. Presidente, olhe bem –, o pânico de ficar sem o celular. Ou seja, se se esquece o celular, pelo hábito já adquirido – que já foi adquirido –, já fica em pânico para pegar o celular, que passou a ser, hoje, quase que um órgão do corpo humano que fica na mão das pessoas – um órgão artificial, eu diria assim.

    Portanto, é importante chamar a atenção para isso, e eu queria dizer que a pesquisa traz aqui algumas curiosidades sobre o uso excessivo do celular. Por exemplo: 60% dizem que o smartphone sempre está ao alcance na hora de dormir – até na hora de dormir. Sessenta por cento dizem que o smartphone está na mão quando vão dormir; 59% indicam que, quando se sentem sozinhos, verificam o celular, e não a esposa, o filho, a amiga, o amigo, o aluno ou a aluna; 56% dos participantes, Senador Waldemir Moka, que é médico como eu e meu colega, usam o celular para encontrar informações que precisam; 50% dizem que o celular é para ficar conectado com o mundo e com seu país; 51% afirmam que algum membro da família já reclamou de estarem usando o celular de forma excessiva; 49% usam para entretenimento; 48% acreditam que...

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) – ... se não tivessem um smartphone, um celular na mão, se sentiriam isolados do mundo. Vejam bem: antes ficavam com o pai, com o avô, com um amigo, no futebol, na atividade física, na escola; hoje não: ficam com o celular. E, se não estiverem com o celular, se consideram isolados da sociedade.

    E 33% dos participantes priorizam o smartphone, em vez de passar mais tempo com amigos, com a família, com pessoas importantes.

    Então, hoje, esse hábito, esse vício de usar o celular excessivamente, pode causar... E o Senador Waldemir Moka, que também é médico, sabe, tanto quanto eu... Eu, antes de ser um ortopedista, fui anatomista e estudei bastante a estrutura óssea do corpo humano, os seus ossos todos, a estrutura implantada...

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) – ... em cada segmento da coluna cervical, e eu sei que a retificação da lordose cervical é uma patologia que dá dor incessante, e não há tratamento, nem fisioterápico, nem medicamentoso, que possa resolver, solucionar isso.

    Qual é a minha preocupação, Sr. Presidente, Srs. Senadores? É que... O adulto, tudo bem; ele já tem, depois de 18 anos, a estrutura óssea formada; ele não tem mais a cartilagem de conjugação para estimular o crescimento. Mas o jovem, que está na fase de crescimento, se ele começar, com cinco anos, e for até os 18, flexionando a coluna cervical, com o pescoço flexionado, para usar o celular, sem nenhuma dúvida, absolutamente nenhuma dúvida, vai haver um embicamento da coluna cervical, do corpo cervical. Ao contrário de ser...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) – ... retangular, como é anatomicamente... (Fora do microfone.)

    ... ele pode ter uma deformação. E, se ele tiver a deformação, ele vai retificar a coluna cervical, apagar a lordose cervical, e vai ter problemas no futuro.

    Pode-se levar essa nova geração, do hábito excessivo e compulsivo do celular, a ser uma geração de porta de consultório de especialista em coluna. E eu digo isso porque consultei vários colegas meus, do meu Estado e de outros Estados, que disseram: "A quantidade de jovens que nos procuram hoje com dor cervical, a quantidade de adultos que chegam com dor cervical, irradiação para o ombro e formigamento nas mãos, aumentou quase que 50% depois do uso do celular."

    Portanto, o projeto que eu apresento aqui, Sr. Presidente, não é nada contra, absolutamente, porque eu uso celular, e é importante, a internet, a conexão...

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) – ... a banda larga. Tudo isso é importante. Eu uso isso. Estou me reeducando para não usar excessivamente.

    O projeto que eu apresento aqui, Senador Moka, Senador João Alberto, Senador Paulo Rocha, Senador Paulo Paim, é para que o celular continue a ser vendido, mas que se coloque, ou no celular, no corpo dele, ou na capa dele, mais no corpo do celular, a expressão "Use com moderação. O uso excessivo prejudica a coluna cervical."

    Quero aprovar esse projeto aqui no Senado e na Câmara, para ele ser sancionado, para todo aparelho celular vir com essa recomendação, como a recomendação que é usada nos cigarros, que prejudicam a saúde, porque dão os problemas todos que nós conhecemos, do enfisema pulmonar, do câncer de pulmão; como é o caso da bebida alcoólica, que, excessivamente usada, é uma droga lícita, mas pode dar cirrose hepática e uma série de outras complicações.

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) – Então não é contra o uso; é para alertar a nova geração de brasileiros e pessoas do mundo, que, se for usar excessivamente, com a flexão da coluna cervical, permanentemente, da coluna cervical, nós vamos ter, Sr. Presidente – a quem eu agradeço a tolerância do tempo, a sua sempre conhecida educação parlamentar e a sua forma cordial de tratar os seus colegas. E eu agradeço muito a V. Exª, Senador João Alberto –, se não se tomar uma providência nesse sentido, para chamar a atenção, para alertar, teremos, no futuro, uma geração com problemas na coluna cervical gravíssimos, que vão comprometer o futuro de muitos daqueles que vão usar excessivamente o celular.

    Portanto, o meu projeto é para que se coloque... Vendeu um aparelho celular, tem que alertar: "Use com moderação. O uso excessivo prejudica a coluna cervical."

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/05/2018 - Página 49