Discurso durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com a decisão do Ministro Edson Fachin, do STF, a respeito da constitucionalidade da Emenda Constitucional n° 98, de 2017, que permitiu o ingresso nos quadros da União de servidores dos ex-territórios de Roraima, Rondônia e do Amapá

Comentário acerca da sessão temática realizada no Senado sobre "Paz nas Eleições e Fake News".

Autor
Ângela Portela (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PODER JUDICIARIO:
  • Satisfação com a decisão do Ministro Edson Fachin, do STF, a respeito da constitucionalidade da Emenda Constitucional n° 98, de 2017, que permitiu o ingresso nos quadros da União de servidores dos ex-territórios de Roraima, Rondônia e do Amapá
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Comentário acerca da sessão temática realizada no Senado sobre "Paz nas Eleições e Fake News".
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 10/05/2018 - Página 58
Assuntos
Outros > PODER JUDICIARIO
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • COMENTARIO, DECISÃO JUDICIAL, LUIZ EDSON FACHIN, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), OBJETO, CONSTITUCIONALIDADE, EMENDA CONSTITUCIONAL, ASSUNTO, INGRESSO, QUADRO EFETIVO, UNIÃO, SERVIDOR, ESTADO DE RORAIMA (RR), ESTADO DE RONDONIA (RO), ESTADO DO AMAPA (AP).
  • COMENTARIO, SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, REALIZAÇÃO, PLENARIO, SENADO, OBJETIVO, DISCUSSÃO, ASSUNTO, PAZ, ELEIÇÕES, NOTICIA FALSA.

    A SRª  ÂNGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Obrigada Sr. Presidente,

    Srs. Senadores, Srªs Senadoras, eu quero comunicar desta Tribuna, com muita satisfação, um despacho do Ministro do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Edson Fachin, que reconheceu um fato extremamente importante para os servidores dos ex-Territórios de Roraima, Rondônia e do Amapá e, em especial, para o meu Estado de Roraima.

    Nesse despacho, que foi dado ontem, dia 8 de maio, o Ministro Fachin afirmou que a Emenda Constitucional que determina o enquadramento dos servidores dos ex-Territórios Roraima, Rondônia e Amapá tem, segundo as palavras do despacho dele, integral eficácia fático normativa. Isso significa, na prática, que a emenda tem plena validade, no mínimo, até a decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal.

    Sabemos que não se trata ainda de uma decisão de mérito, não é uma decisão de mérito. O Ministro Fachin pediu, fixando para isso o prazo de dez dias, informações ao Congresso e à Presidência da República sobre o andamento do processo. Também deu sinais, deu cinco dias, para que a Advogada-Geral da União e a Procuradoria-Geral da República se manifestem.

    A questão deverá ser julgada pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal. Hoje nós estivemos em audiência com o Ministro, eu e o Senador de Roraima, Senador Telmário Mota, em reunião com o Ministro Fachin, para defender a constitucionalidade da Emenda 98 e sua plena validação, assim como para prestarmos a ele qualquer informação que possa ser útil ao examinar a ação direta de inconstitucionalidade que já tramita no Supremo.

    Até lá, porém, a adoção, já definido o rito pelo Supremo, disse Fachin no despacho que fez, implica reconhecimento da integral eficácia fático normativa da Emenda Constitucional.

    É uma postura altamente positiva para todos nós. E isso nós confirmamos, eu e o Senador Telmário, em audiência com o Ministro Fachin, esse posicionamento do despacho do Ministro Fachin dado ontem e publicado no Diário Oficial.

    A batalha dos servidores dos antigos territórios para serem tratados com justiça tem conseguido sucessivos êxitos, no entanto, sempre aparece, à última hora, quem trave o processo.

    Já conseguimos aprovar emendas constitucionais para garantir isonomia, para garantir justiça a esses servidores. Eles aguardam o reconhecimento dos seus direitos, há quase 30 anos, e agora, felizmente, aproximamo-nos do nosso objetivo.

    Independentemente da decisão que venha a ser tomada pelo Supremo Tribunal Federal, a medida provisória que regulamenta a emenda constitucional permanece em tramitação. Ela está hoje em exame na Câmara dos Deputados e depois será enviada para o Senado, que também votará essa MP. Não há prazo para a decisão do Supremo, mas a emenda constitucional está valendo de forma integral.

    Articulamos com o Deputado Federal Abel Mesquita, do Democrata, de Roraima, que pertence ao mesmo partido do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para apressar ao máximo a tramitação da medida provisória na Câmara, fazendo-se a mesma coisa aqui, no Senado Federal, porque Roraima tem pressa, Senador Paulo Paim. E tem esperança de que agora esse processo se acelere.

    Contamos com o avanço de ações legislativas, caso do aperfeiçoamento e da votação da medida provisória, e também com a decisão jurídica favorável aos servidores do nosso Estado.

    Comunico ainda que, para esclarecer a população de Roraima a respeito da condução do processo sobre o enquadramento dos servidores, vamos participar, amanhã, sexta-feira, de uma grande reunião no auditório do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Roraima, o Sindsep. Também serão examinadas propostas relativas a professores e a servidores federais, entre eles, os da segurança pública.

     Então, essa audiência que tivemos hoje com o Ministro Fachin foi altamente proveitosa, no sentido de convencer e mostrar ao Ministro Fachin a importância do enquadramento desses servidores, que prestaram serviços à União no período de 1988 a 1993.

    Concedo um aparte ao Senador Paulo Paim.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senadora Ângela Portela, eu não poderia deixar de usar, neste momento, este espaço, aqui, no plenário, para cumprimentar V. Exª. Essa é uma luta que venho à distância acompanhando, uma luta de V. Exª e da Bancada, com muita raça, com muita coragem, com muita força articulando na Câmara, articulando no Executivo e agora articulando no Supremo. É mais do que justa a situação do servidor de Roraima. V. Exª está...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Rocha. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – Senador Paulo Paim, isso é de quando nós ainda éramos Presidente da Comissão do Trabalho lá na Câmara e a Bancada da Amazônia já lutava por isso.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu dei um aparte para o Presidente, mas me sinto contemplado. O Presidente conhece bem essa história, porque nós temos anos aqui na Casa, não é, Presidente? Mas a intenção é esta: cumprimento V. Exª por estar insistindo. E o seu Estado há de reconhecer essa fibra, essa persistência em defender todo o povo de Roraima e, nesse caso, os servidores. Parabéns, Senadora.

    A SRª  ÂNGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR) – Obrigada, Senador Paulo Paim. Obrigada, Senador Paulo Rocha.

    Vocês acompanham a nossa luta aqui, não só a luta minha, mas também de toda a Bancada de Roraima, de toda a Bancada federal, de Deputados e Senadores. Todos nós, juntos – Roraima, Rondônia, Amapá –, estamos unidos em prol do enquadramento desses servidores.

    Agora, Senador Paulo Rocha, nosso Presidente eventual, eu gostaria de tocar em outro ponto que é muito importante, que é uma sessão temática que foi feita hoje, aqui, no plenário do Senado, que trata da paz nas eleições. Achei o tema muito importante. Queria falar um pouco sobre esse tema.

    Paz nas eleições é um tema que, mais do que nunca, está na Ordem do Dia. E a paz nas eleições passa por ações contra o fenômeno das chamadas fake news, as notícias falsas que tanto têm envenenado o clima das campanhas eleitorais no mundo inteiro.

    O problema das fake news parece novo, mas não é. Na história do Brasil, em diversos momentos, notícias falsas influenciaram os acontecimentos políticos. Permitam-me recordar aqui, rapidamente, três episódios muito instrutivos.

    Em 1921, cartas falsas, atribuídas a Artur Bernardes, candidato à Presidência da República, insultavam o Marechal Hermes da Fonseca. Nem a comprovação de que se tratava de uma falsificação impediu que essas cartas perturbassem a campanha eleitoral e criassem um clima deletério no Brasil, que desembocou num período de rebeliões e guerra civil.

    Em 1937, um falso plano comunista, o Plano Cohen, foi forjado para justificar o golpe do Estado Novo. Depois, descobriu-se que era uma fraude, mas o estrago já estava feito, e o Brasil viveu oito anos de ditadura.

    Em 1955, um mês antes das eleições, Carlos Lacerda divulgou na televisão uma suposta carta em que peronistas argentinos e trabalhistas brasileiros tramavam implantar no Brasil uma república sindicalista, caso Juscelino Kubitschek fosse eleito Presidente. A Carta Brandi, como ficou conhecida, tinha sido forjada por dois falsários que estavam atrás de dinheiro. A intenção era prejudicar a candidatura de Juscelino. Felizmente, não conseguiram.

    Em um País de memória tão curta como o nosso, lembrar esses episódios serve como alerta em um ano de campanha eleitoral.

    O que as fake news de hoje têm de novo, além do termo em inglês, é o uso das novas tecnologias, em particular, as redes sociais. Existem políticos que montaram verdadeiros búnqueres, onde profissionais de comunicação se dedicam dia e noite, secretamente, a criar peças mentirosas para disseminar no Facebook, no WhatsApp, enfim, nas redes sociais.

    As propostas em curso para coibir as fake news não podem ser confundidas com censura. A intenção não é restringir a liberdade de expressão, e, sim, punir aqueles que não a exercem com boa-fé. Se alguém quiser divulgar uma mentira intencionalmente, na internet ou nos meios de comunicação tradicionais, será responsabilizado por isso.

    A lei atual já dispõe de instrumentos de defesa para as vítimas das notícias falsas. O Código Penal prevê multa e até reclusão para quem comete injúria, calúnia ou difamação. No Direito Civil, existe a possibilidade do processo por dano moral.

(Soa a campainha.)

    A SRª  ÂNGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR) – Eu mesma, Sr. Presidente, mais de uma vez, já tive que notificar, em meu Estado, gente mal-intencionada que espalhou mentiras a meu respeito.

    Esses instrumentos, porém, têm se mostrado insuficientes, e o debate em curso neste Parlamento é necessário para elaborar legislação específica que proteja as campanhas eleitorais do veneno das fake news. Eu quero aplaudir as iniciativas recentes nesse sentido, por parte do Presidente da Casa, o Senador Eunício Oliveira, e do Conselho de Comunicação Social do Senado, na figura de seu Presidente, Murillo de Aragão.

    No Judiciário, também tem ocorrido esse debate.

    Louvo a posição assumida pelo Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o Ministro Luiz Fux, no sentido de coibir energicamente a manipulação do eleitorado...

(Soa a campainha.)

    A SRª  ÂNGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR) – ...através da divulgação de notícias falsas.

     Estou certa, Sr. Presidente, de que nossa democracia sobreviverá à praga das notícias falsas e sairá dessa fase ainda mais fortalecida.

    Era isso, Sr. Presidente.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/05/2018 - Página 58