Discurso durante a 69ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Indignação com a representação criminal movida pelo Sr. Guilherme Boulos pedindo a prisão de S. Exª.

Registro de que o desemprego aumentou no período em que Partido dos Trabalhadores governou o país.

Defesa de melhores políticas de distribuição fundiária.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Indignação com a representação criminal movida pelo Sr. Guilherme Boulos pedindo a prisão de S. Exª.
TRABALHO:
  • Registro de que o desemprego aumentou no período em que Partido dos Trabalhadores governou o país.
AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO:
  • Defesa de melhores políticas de distribuição fundiária.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2018 - Página 39
Assuntos
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > TRABALHO
Outros > AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO
Indexação
  • REPUDIO, REPRESENTAÇÃO JUDICIAL, AUTORIA, GUILHERME BOULOS, DESTINATARIO, ORADOR, COMPARAÇÃO, MOVIMENTO SOCIAL, LIDER, MILICIA.
  • REGISTRO, AUMENTO, DESEMPREGO, PERIODO, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • DEFESA, MELHORIA, POLITICA PUBLICA, POLITICA FUNDIARIA, NECESSIDADE, IGUALDADE, PAGAMENTO, DIVIDA, REFERENCIA, MUNICIPIOS, NOVA BRASILANDIA (MT), PORTO ESPERIDIÃO (MT), SOLICITAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS (CDH).

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Senador Telmário Mota, quero cumprimentar todos os que nos assistem aqui nas galerias, pela TV Senado e que nos ouvem pela Rádio Senado.

    Sr. Presidente, eu na sexta-feira fiquei sabendo que um membro dessa bancada do atraso, um membro de um movimento que se autoproclama representante das pessoas sem teto no Brasil, disse que me processou pedindo a minha prisão, levou uma representação ao STF e quer a minha prisão.

    Eu não fiquei assustado quando vi quem estava requerendo a minha prisão, porque esse mesmo personagem já pediu a prisão de outras pessoas que pensam diferentemente dele. E, como ele é um ardoroso admirador de Fidel Castro, de Ahmadinejad, do Kadafi, do Maduro, era natural que ele pedisse, sim, a minha prisão por não concordar comigo.

    Esse personagem da bancada do atraso, Senador Telmário Mota, faz parte daquele time em que a democracia funciona mais ou menos para eles da seguinte forma: quando eu mando em você, é democracia; quando você manda em mim, é ditadura.

    Então, eu não me assustei com esse tipo de arremedo, até porque, Senador Telmário Mota, V. Exª fez um duro discurso agora há pouco contra o Presidente da República. É assim que funciona num país democrático. A Constituição, esse livro que está aí do seu lado, assegura-lhe isso e diz ainda que V. Exª, no exercício da representação do Estado de Roraima, tem imunidade por palavras, votos. A Constituição lhe assegura isso. Mas o que é a Constituição para a bancada do atraso? Nada! Nada! A todo momento eles a rasgam, a todo momento procuram contorná-la, a todo momento relativizam o que está na Constituição, com atos, com palavras, com tudo.

    Então, não me assusto com que esse arremedo de político venha querer que o Senador José Medeiros seja preso, porque falou, aqui na tribuna do Senado Federal, para não confundirmos movimento social com milícia. Repito, grave para melhor dar subsídio à sua representação, vou repetir: um movimento que se aproveita de pessoas carentes, de pessoas sem teto, de pessoas que estão em extrema vulnerabilidade e as leva para invadir prédios públicos, a invadir propriedades alheias, não é movimento social, não. É milícia. O que é mais grave ainda é quando alguns desses movimentos passam a cobrar, passam a cobrar aluguel de prédios que não lhes pertencem, sejam eles de propriedade particular, sejam eles de propriedade pública. E aí dizem: "Mas como manter um movimento sem fazer cobrança alguma?". Esse é o roteiro, esse é o perfil das milícias. As milícias se alimentam de quê? De cobrar tarifas sobre redes de TV que não são de sua propriedade. As milícias se alimentam de cobrar aluguéis de locais que não são de sua propriedade. E o que é um movimento que faz isso, então? O que é um movimento que se apropria e que relativiza de forma total, absoluta o direito à propriedade? Que movimento é esse?

    Então, quando você observa boa parte desses movimentos vai perceber que é natural que um líder de um desses movimentos venha pedir minha prisão. Sabe por quê? Porque democracia nunca foi, nem é e nem será o objetivo dessas pessoas.

    Sabe por quê? Democracia pressupõe o estrito cumprimento do ordenamento jurídico. Aliás, os pilares que sustentam a democracia são o respeito à lei, simplesmente isso. Democracia não se sustenta sem respeito à lei. Mas essas pessoas não querem democracia. Elas querem o caos para que, no meio dele, se apresentem como salvadores da Pátria, tutores da população e possam dizer: você vai comprar o seu gás aqui, você vai ter a medicina. Eles se portam como pais – isso literalmente, porque, até há pouco tempo, nós tínhamos uma Presidente que se autodenominava como a mãe. Então, esses arroubos de messianismo são naturais dessas pessoas.

    Esse rapaz que está pedindo a minha prisão, que é membro, representante talvez maior hoje da bancada do atraso, que é endeusado – há poucos dias, o Senador Lindbergh disse que ele deu um baile nos repórteres que o entrevistaram –, é simplesmente a versão Lula de cavanhaque e mais novo. Eu vi um texto que até o colocou: "O estranho caso de Benjamin"... E aí citou o nome desse rapaz. Então, o que ocorre? As entrevistas dele, se você comparar, são iguais às de Lula de 1980. Ele é contra o sistema financeiro, contra o capital internacional, contra os Estados Unidos, contra isso, contra aquilo. O que apresenta para o País? Apresenta o combate à pobreza, a tutela dos mais pobres, dos fracos e oprimidos. Olha, até hoje o único que eu vi que proclamou – mas também não era homem; era Deus – a defesa dos fracos e oprimidos e lhes deu alguma coisa, alguma coisa de subsistência, até em termos de alma, de espírito, foi Jesus Cristo. O restante, só apareceu embusteiro. Então, quando apareceu um sujeito desse tipo, gritando pelas 15 bandas: "Eu sou honesto, eu sou honesto e quero a proteção dos pobres...", cada vez que alguém chega querendo defender os pobres, eu digo aos pobres: segurem a carteira, encostem-se na parede, se for possível, porque o resultado tem sido catastrófico, seja aqui no Brasil, seja na Venezuela, seja onde for.

    Agora mesmo, o Senador Telmário Mota falava sobre a Venezuela e, en passant, disse sobre uma possível reeleição daquele ditador, com medo de que possam vir mais venezuelanos além dos que já estão aqui no Brasil, ali em Roraima. E faz sentido o medo do Senador Telmário Mota, porque a política do Maduro é muito semelhante à desse rapaz que está querendo a minha prisão e à dos outros partidos que o circundam. É uma política muito parecida. O fim dessa política, o fim desse projeto, o resultado está ali na Venezuela: desabastecimento, as empresas indo embora, desemprego aos montes. Aliás, ao falar em desemprego, quando esse governo da bancada do atraso deixou o Governo aqui no Brasil, já havia 13 milhões de desempregados – 13 milhões.

    Agora andam pelos cantos, dizendo que a população voltou a cozinhar em fogão a lenha.

    Aliás, comida boa. Eu sempre comi, quando morávamos na roça, em fogão a lenha. E é uma comida muito boa, feita numa panela de barro ou de ferro. Então, não tenho nada contra.

    Mas eles não querem falar da comida feita em fogão a lenha. Eles querem dizer que o brasileiro está na extrema pobreza.

    Mas aí eu pergunto a todos os que estão nos ouvindo: mas, nesses treze anos, o governo que estava ali não eram os representantes dos pobres? Como é que, quando um governo desse sai, a pobreza aumenta? Deixou 13 milhões de desempregados.

    Aí eles falam: "Foi o governo que mais gerou emprego neste País." Tudo bem. Pegou com 12 milhões de desempregados e deixou com 13 milhões. Eu não tenho nem o que falar. É só expressão, porque vamos entender: pegou com 12 milhões de desempregados e deixou com 13 milhões. Qual foi a erradicação da pobreza que existiu aí?

    Os índices são os piores. Quanto à educação – isso porque é o partido que defende a educação –, os índices são pífios. Nós estamos lá, mas muito lá atrás.

    Então, não quero mais tocar neste assunto. Mas quero dizer que não é demérito algum, para o meu currículo, ter sido processado por uma figura dessa, uma figura do atraso, uma figura que, nas fotos dos dias em que tocaram fogo aqui, em que fizeram quebra-quebra na Esplanada dos Ministérios, vê-se ele lá atrás, como se fosse o próprio Lúcifer insuflando as almas pecadoras. O que ele estava fazendo ali? O que ele estava fazendo em frente ao Ministério da Agricultura quando o Ministério pegou fogo e foi apedrejado? O que essa figura estava fazendo ali? E aqueles atos eram a favor da lei?

    Então, sinceramente, a todos os que nos ouvem e nos assistem: se alguém tinha de ser preso não era o Senador José Medeiros, porque, naquele dia, eu estava aqui solicitando segurança na Esplanada dos Ministérios, enquanto ele estava lá, insuflando.

    Uma figura dessa, que era para estar presa, não podia nunca estar postulando dirigir um país em que tenta a todo momento tocar fogo.

    Essas pessoas não querem a paz no País. Não. Querem insuflar.

    Então, pedir a prisão do Senador José Medeiros não vai calá-lo, porque eu ainda acredito nas instituições deste País. Eu acredito que o Ministro Toffoli vai mandar esse documento para onde merece: para o arquivo. E esse "democrata", com aspas, aspas, aspas, talvez um dia se convença de que política se faz com a força dos argumentos, e não com os argumentos da força. Quer calar o Senador José Medeiros o prendendo?

    A única coisa que eu tenho contra esse moço... Por mim ele pode falar as sandices que quiser – a Constituição o assegura –, ele só não pode quebrar prédios, invadir prédios. Isso sim; isso, sim, eu sou contra.

    "Mas o Senador Medeiros está incomodando. Então vamos prendê-lo!" É a cartilha do Maduro. Leopoldo López foi preso; o Ledezma foi preso; todos opositores. E sabe por quê? Porque falavam.

    Então, sinto decepcioná-lo, mas não vou parar de falar. Cada vez que vocês tocarem fogo num prédio, cada vez que vocês invadirem um prédio, cada vez que vocês, desses movimentos, cobrarem de pessoas vulneráveis, eu vou estar aqui denunciando, porque vocês não são pais dos pobres. Vocês os exploram. Foram pessoas que estavam lá nesses movimentos, dizendo que um desses movimentos... E agora tem que repartir! Ele está dizendo que estou ferindo a honra subjetiva dele, porque ele é só do MTST. Até poucos dias era o representante maior dos... "Não, não, não: eu quero, agora, eu só sou do MTST." Então, vamos dar a ele o quinhão que é do MTST. E vieram aqui para a Esplanada dos Ministérios.

    Se quer ser candidato a Presidente da República, comece a se comportar como um, rapaz!

    Mas, Senador Telmário, nesses minutos que me restam, eu quero falar um pouco também sobre a questão do direito de propriedade, e não falando mais nas milícias que se autointitulam movimentos – essas urbanas –, mas falando sobre a preocupação que está havendo no campo e como o nosso Judiciário e os representantes do povo precisam tomar pé de que a população brasileira precisa ter segurança jurídica. Se nós começarmos a nos preocupar, esses conflitos no campo vão diminuir. Mas, para isso, é importante que o Incra venha a fazer ou uma devassa lá dentro, ou passar uma peneira, ou então fechar as portas, Senador Telmário Mota. E explico por quê.

    Veja bem: do Oiapoque ao Chuí, lá daquele lugar que V. Exª falou, que... Como é o nome do Município que é o extremo do País, Senador? Eu sei que é lá do seu Estado, não é? Uiramutã. De Uiramutã até o Chuí, em todos os lugares do Brasil nós temos conflitos de terras e temos irregularidades fundiárias. E o que fazer, se, a cada vez que se tenta mexer nisso, parece um rolo de linha fina de anzol, quando embola na beira do rio? Você não consegue desenrolar.

    E, aí, quando você chega ao Incra, depara-se com falta de pessoal, com títulos sobrepostos, com arrecadação irregular, e você se depara com uma série de interesses que são quase impossíveis de transpor. Aí vem os programas fundiários, por exemplo, Senador Telmário Mota. Cito o Pronaf, o Banco da Terra... As pessoas adquiriram, e aí vem uma política governamental, de tempos em tempos, e faz um Refis, para que as pessoas possam pagar.

    Senador Telmário Mota, eu tenho a dizer aqui o seguinte: ou o Incra e os responsáveis por esses programas – antigo Ministério do Desenvolvimento Agrário – fazem uma política de saneamento desses contratos para todos, ou não fazem para ninguém, porque, do jeito que está sendo feito, está sendo uma ode ao calote. Está sendo feito assim: "Não pague, porque..."

    Vou citar o caso de Mato Grosso: várias pessoas, Senador Paulo Paim, adquiriram esses pequenos lotes e vêm pagando. E, com os juros, esse negócio fica bem alto. Está bem, mas há deles que já pagaram metade dos seus financiamentos. Agora, vem o Governo e fala: "Não, quem não pagou não precisa pagar; vai ter um rebate de não sei quanto...".

    Aí o sujeito olha o vizinho dele do lado, Senador Telmário, que, por um motivo ou outro – ou por necessidade, ou seja lá o que for –, não pôde pagar, e o vê com a terra quitada, dono do título... E ele, que trabalhou, pagou, vê a sua dívida ainda maior do que o que tem para pagar. Ele entra em desespero e começa a falar: "Que justiça é essa? Então, eu vou parar de pagar também."

    Qual é o problema disso? O problema é que para os Estados que estão nessa situação o Governo Federal simplesmente fala: "Não... Lá o índice de inadimplência é alto e não vou mais mandar." Então, isso acaba comprometendo a possibilidade de outras pessoas terem acesso, Senador Paim.

    Então, isso precisa mudar.

    Sem falar na regularização daqueles que eram do Banco da Terra. Eles, para ter acesso a essa renegociação, precisam estar na dívida ativa. Aí, há um monte deles que não pagaram, e o banco fala: "Não, eu não coloco na dívida ativa."

    Isso precisa ser resolvido.

    Eu faço aqui o apelo, para que as pessoas responsáveis por esse programa possam chegar a um acordo. Eu estou desde 2015, desde a época em que era o Ministro Patrus Ananias; depois mudou, veio o Padilha... E venho conversando, venho conversando, e essas coisas precisam andar...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – E encerrando, Senador Telmário Mota...

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Medeiros, antes de V. Exª terminar, permita-me um aparte.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Pois não, Senador Paulo Paim.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu peguei parte do seu pronunciamento. Primeiro, quero cumprimentar V. Exª. V. Exª tem tido uma postura aqui... E veja, V. Exª não é do campo da oposição, como demarcamos em um período aqui. V. Exª aqui é um Parlamentar respeitado, firme, que tem suas posições, e mesmo os seus adversários o respeitam. Por isso que eu não entendi bem essa história aí. Mas fica aqui a minha solidariedade a V. Exª. Eu aprendi a respeitar V. Exª, pela clareza, pela firmeza... E, mesmo quando discordávamos, V. Exª sempre foi muito elegante; foi um diplomata na diversidade, e isso é muito interessante. Eu não poderia deixar de cumprimentá-lo nesse aspecto. Na segunda questão, quero concordar com V. Exª em relação a esses tais de Refis, porque eu tive uma experiência na CPI da Previdência. Sabe o que os empresários sérios diziam, lá, e a própria Receita Federal? "Parem de fazer Refis. Está na hora! Isso é um incentivo ao não pagador." E normalmente são os grandes que fazem isso. Então, ou tem um critério ou não tem, porque, senão... V. Exª está coberto de razão. Eu fiquei ouvindo V. Exª e me coloquei no campo da Previdência. "Eu pago tudo em dia e o meu concorrente, que vende o mesmo produto que eu vendo, não paga. Claro que ele vai ter condição de ficar devendo alguns bilhões e ter um preço menor do que o meu." No caso dos terrenos, é a mesma lógica: "Eu paguei toda a minha terra corretamente, paguei tudo em dia, e o meu, sei lá, amigo ou vizinho do lado não pagou e foi perdoado." Há alguma coisa errada. V. Exª, como sempre, está coberto de razão, tanto no primeiro tema como no segundo.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Senador Paulo Paim, muito me envaidece e fico muito honrado com suas palavras, até porque, desde que entrei aqui... Na época nós éramos opositores, em tese, porque V. Exª fazia parte do Partido dos Trabalhadores e nós estávamos em campos opostos. Mas, sempre que chegava ao meu Estado, diziam: "Ah, Medeiros, você fica puxando saco daquele petralha." E eu falava: "Olha, vou falar uma coisa: na política há pessoas e pessoas; e, se há um político a que o Brasil deve respeito, chama-se Senador Paim." Então, eu lhe tenho grande respeito e agradeço a consideração que me presta.

    E, dito isso, Senador Paulo Paim, estive no Município de Quatro Marcos, numa reunião com vários assentados, Senador Telmário Mota, e eles me falavam sobre essa questão de que não sabem mais o que fazer, porque, lá, boa parte dos que pagaram esses juros, que vêm... Eles sugerem o seguinte: "Já que vai fazer um rebate [eles chamam de rebate], um rebate nessa dívida, incluam todos. Incluam todos."

    Então, assim... Na época do BNH, havia aquelas casas, e, quando se faziam esses negócios, também pegavam a faixa daqueles que já tinham pago, e, dependendo, o sujeito já quitava. "Não, a sua já está quitada". Porque, senão, de que adianta aquele artigo da Constituição que fala sobre isonomia, sobre igualdade? Nós precisamos fazer isso, sob pena de acontecer isso que V. Exª está falando. E V. Exª lembra bem: acaba sendo do pé da pirâmide até o cume, com todos.

    Eu sempre falava para alguns prefeitos amigos meus, Senador Telmário Mota, dessa história de, no final do ano, "estou precisando de receita...". Aí eu vou lá e faço uma campanha do IPTU. Bacana, eu faço a campanha do IPTU: "Quem vier pagar aqui vai ter tanto de desconto". Pôxa, mas e os caras que pagaram tudo certinho, meu irmão? Não vão ter desconto nenhum? Quer dizer... "Não, quem está em dívida com a dívida ativa vem cá, que eu dou o desconto de 50% de juros e multa."

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Então, isso precisa ser refeito. O Estado precisa saber de que maneira quer se portar, em termos financeiros, com os cidadãos, porque daqui a pouco não vai ser uma questão de calote, não; vai ser uma questão de autopreservação. O cara vai falar: "Por que é que eu vou pagar em dia, se daqui a pouco vai haver um Refis?"

    Então, é isso.

    Agradeço o aparte, Senador Paulo Paim, e aproveito para fazer essa referência às pessoas do assentamento, em Quatro Marcos, ao pessoal de Nova Brasilândia, Porto Esperidião, pois estão todos nessa insegurança.

    E eu espero que a gente consiga ter um debate.

    E eu quero, Senador Paulo Paim, se possível, que nós façamos uma audiência pública sobre esse tema...

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Fora do microfone.) – Pode ser.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... de repente, na Comissão de Direitos Humanos, para tratarmos disso. E trazer todas essas pessoas, para tratar, e chamar os técnicos responsáveis, para ver se nós chegamos a algum consenso.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – E já encerro neste minuto, Senador Telmário Mota, só dizendo ainda sobre a questão...

    E acho que, nessa Comissão, Senador, nós podemos também chamar os técnicos do TCU, porque muita gente tinha o seu pedaço de terra, ganhou o pedaço de terra lá, muito tempo antes. Com o decorrer dos anos, foi progredindo: comprou suas vaquinhas, comprou uma moto, daqui a pouco uma caminhonete... Passaram-se 20, 30 anos, e, de repente, consegue comprar um trator. E agora chega a hora da regularização. Pelo perfil que era, para ter acesso àquele lote de terra, essa gente não se enquadra mais. E, aí, vem o TCU e diz: "Esses todos estão fora." Eles chamam de... Eu esqueço o termo, mas há um termo técnico, que fala que eles estão em desconformidade. Em desconformidade. Portanto, esses não têm mais acesso.

    Isso é uma injustiça, porque, na época, Senador Telmário, eles se enquadravam.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – E o País não pode ter esse entendimento de que o Senador Paulo Paim vai bater enxada 20, 30, 40 anos, numa terra, e não vai progredir. Ele vai progredir!

    Então, nós precisamos tratar dessas coisas, para separar bem o joio do trigo. O malandro não tem que ter acesso mesmo: tem que ser cortado. Agora, as pessoas que dão o sangue, que trabalham...

    Eu vi lá pessoas com as mãos grossas, os chamados "mãos grossas", pessoas que pegaram no machado, na enxada e, de repente, ficaram sem poder trabalhar. Essa que é a grande verdade.

    E aqui faço um apelo direto à Conab, porque eles me disseram que, este ano, a Conab não está comprando os produtos, e há gente lá já jogando carga de mamão no mato, por falta de aquisição. Eles produzem, mas, é lógico, não dominam a segunda cadeia de... E, às vezes, para ficar nas mãos do atravessador, eles preferem jogar no mato, porque não compensa produzir.

    Muito obrigado, Senador Telmário Mota e Senador Paulo Paim.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Telmário Mota, permita-me, bem rápido, um aparte?

    O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Moderador/PTB - RR) – Permitido.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – E ainda quero dizer, Senador Medeiros, que a minha casa, que eu comprei há 20, 30, 40 anos, foi exatamente o caso que V. Exª lembrou. Como eu paguei em dia, com o dinheirinho que eu ganhava, a minha foi quitada. Eu não tive que pagar aquele acúmulo que havia lá. Fez-se justiça. Outros negociaram a dívida, mas a minha foi quitada.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – É o modelo que já há, né?

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – É. Já existe. E deu certo. Mas, Senador Telmário Mota, eu me socorro de V. Exª, porque eu acho que é uma preocupação de todos o que eu vou passar aqui, inclusive de V. Exª e do Senador Medeiros. Começa amanhã a arrecadação coletiva pela internet para os pré-candidatos, sobre a famosa arrecadação espontânea que cada um pode fazer. No linguajar popular, é a dita "vaquinha". Qual a minha preocupação, Presidente Telmário Mota? Eu fiz, no dia 6 de março, uma consulta ao TSE, para que ele nos dissesse como pode ou não pode ser feita. Bom, eu soube que o TSE já se reuniu, já decidiu, mas não coloca à disposição, para que milhares de brasileiros possam... Uns são interessados e são pré-candidatos; outros querem ajudar. Nós três – eu digo aqui com segurança – somos do time...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Fora do microfone.) – Da "vaquinha".

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... que não tem milhão. Nós somos do time do tostão. Então, nós queremos, pela internet, solicitar às pessoas que puderem, naturalmente, ajudar aos que precisam... Eu não posso pedir para mim, e aqui não vou pedir... Neste momento não posso, mas a partir de amanhã eu quero pedir. Eu estou preocupado, porque o TSE não libera a consulta que eu fiz. Criou-se uma expectativa muito grande... Lembro: foi no dia 6 de março. Então, eu quero, aqui, carinhosamente, respeitosamente, pedir ao TSE que publique o resultado da votação, da discussão que eles tiveram, para aqueles que dependem, porque há muita gente que não depende. Ele mesmo pega o dinheiro e bota lá, e vai poder, no limite dele, doar para si mesmo. V. Exª, Senador Telmário, não tem, porque eu sei que não tem, como eu também não tenho. São campanhas, como é que se diz, de sandálias, porque andamos praticamente solicitando. E eu sei que a doação poderá ser de R$5, de R$10, de R$50... Claro, mas tudo ajuda aqueles que mais precisam. Então, não em meu nome, mas em nome de todos aqueles, porque eu sei que muita gente vai fazer campanha sem ter dinheiro e precisa desse apoio coletivo, fica aqui o apelo – estou me cuidando nas palavras, para não me dar problema –, porque o Tribunal Superior Eleitoral já votou a consulta que fiz, para que ele divulgue a consulta, para orientar todos os pré-candidatos e aqueles que querem ajudar as causas que esses pré-candidatos defendem.

    Era isso, Senador Telmário.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2018 - Página 39