Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Questionamentos sobre a veracidade de vídeo veiculado na internet em que S. Exa estaria assustada com a presença de militares no Plenário do Senado Federal.

Críticas ao governo do Presidente Michel Temer por divulgar informação falsa, publicada no jornal "Folha de São Paulo", que afirma ter aumentado a oferta de empregos no País.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Questionamentos sobre a veracidade de vídeo veiculado na internet em que S. Exa estaria assustada com a presença de militares no Plenário do Senado Federal.
TRABALHO:
  • Críticas ao governo do Presidente Michel Temer por divulgar informação falsa, publicada no jornal "Folha de São Paulo", que afirma ter aumentado a oferta de empregos no País.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2018 - Página 24
Assuntos
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > TRABALHO
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, MOTIVO, DIVULGAÇÃO, LOCAL, INTERNET, NOTICIA FALSA, ASSUNTO, ORADOR, APREENSÃO, PREOCUPAÇÃO, ATUAÇÃO, EXERCITO, OBJETIVO, FISCALIZAÇÃO, SENADOR, LOCALIDADE, PLENARIO, SENADO.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, DIVULGAÇÃO, NOTICIA FALSA, ASSUNTO, AUMENTO, EMPREGO, PAIS, BRASIL.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Senador Cássio, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, eu quero, antes de mais nada, agradecer à Senadora Fátima Bezerra por ter garantido a nossa permuta, vez que tenho reunião em seguida. Aliás, hoje nós estamos indo para a cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, onde estarei com a Senadora Fátima e outras Parlamentares numa atividade envolvendo as mulheres naquele Estado. Ficamos muito felizes, Senadora Fátima, de poder participar desse evento, e, certamente, na semana que vem, tanto eu quanto V. Exª estaremos aqui prestando conta das nossas atividades naquele Estado, naquela capital.

    Mas, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, antes de iniciar o tema que me traz à tribuna – infelizmente, o Senador João Alberto não está mais dirigindo a sessão –, quero dizer que acabei de tomar conhecimento de que estaria, ou ainda está – não tenho certeza absoluta –, sendo veiculado pela internet, por várias páginas da internet, um vídeo dizendo que eu estaria assustada com a presença de militares aqui no plenário do Senado Federal. Eu ainda não o vi, mas me disseram que foi feita uma montagem grotesca no vídeo, mostrando partes de minha fala e imagens dos militares que aqui estavam no dia de ontem. Eles, de fato, estiveram aqui assistindo à boa parte da sessão.

    Em alguns desses sites que divulgaram essa matéria, mentirosa, manipulada, eles chegaram a dizer o seguinte: "Sem qualquer aviso prévio, Exército começa a fiscalizar Senadores em Brasília". Diz o texto: "Exército começa a fiscalizar Senadores em Brasília. Uma cena incomum aconteceu nesta terça-feira no plenário do Congresso Nacional." E aí seguem dizendo que eles aqui chegaram sem nenhuma comunicação e que aqui estavam para fiscalizar e que eu teria ficado assustada com aquele episódio, com aquele ato.

    Mas, Sr. Presidente, ainda no exato momento em que tomei conhecimento disso, tomei conhecimento de uma matéria publicada pelo G1 dando conta de que essas publicações são falsas. Isso fruto já de uma seção, que foi inaugurada pelo site G1, conhecida como "É ou não é?", uma seção de fact-checking que tem como objetivo conferir os discursos de políticos, assim como atestar a veracidade de matérias que estão sendo noticiadas pela internet. Ou seja, o próprio G1 relata esse fato e coloca um carimbo bem grande dizendo: "Não é verdade", mostrando que aquilo é fake news.

    Ou seja, a informação que foi replicada... E aqui o G1 cita quais sites estariam replicando essa informação falsa, como os sites Notícias Brasil Online, Jornal da Cidade Online, complementando que também outros sites oficiais chegaram ao local e chegaram também a replicar, a distribuir essa matéria.

    E o próprio G1 dá conta de relatar o que é que de fato aconteceu ontem. Ontem, quando não apenas eu, mas vários outros colegas Senadores ocupavam a tribuna, chegou a este plenário um grupo de militares, estudantes do Alto Comando da Escola Superior de Guerra e da Escola Naval de Guerra, assim como da Escola do Comando do Estado-Maior do Exército. Vieram fazer uma visita ao Congresso Nacional e também ao plenário do Senado Federal.

    Foi o próprio Senador João Alberto que, em determinado momento, apresentou o grupo, fez o registro da presença do grupo. E isso é transformado. Uma atividade corriqueira, que é comum acontecer no Parlamento brasileiro, é transformada por alguns sites inescrupulosos e, muito mais do que isso, mentirosos, criminosos, em uma possível fiscalização das Forças Armadas no Senado, e isso teria feito com que eu manifestasse uma preocupação profunda.

    Mas eu utilizo e cito isso aqui, neste plenário, porque faço questão de mostrar a que a população brasileira está sujeita, Senadora Ângela Portela, porque infelizmente não é uma, não são duas, nem três mentiras; vídeos são manipulados e espalhados pelo Brasil afora, com o único objetivo de denegrir a imagem daqueles que têm vida pública. Então, creio que esse é um bom exemplo.

    E o G1 desmascarou imediatamente esses sites que tiveram a ousadia de publicar tamanha barbaridade.

    Mas, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, eu volto a abordar o fato de que, no dia de ontem, Michel Temer fez um balanço dos seus dois anos de governo. E, Senador Lindbergh, dizem que ele iria editar ou que teria editado uma cartilha que iria distribuir amplamente. Eu estou desde ontem atrás dessa cartilha do Michel Temer, e ainda não tive acesso.

    Então, fica aqui um recado e um pedido público. Certamente, alguém da Presidência da República está, neste momento, assistindo à sessão do Senado Federal. Então, que nos envie essa cartilha em que Michel Temer faz um balanço dos dois anos do seu mandato. Que envie ao Plenário do Senado e que possa colocar, na Bancada de cada Senador e cada Senadora, essa avaliação feita por Michel Temer.

    Acho que dificilmente eles o farão. Por quê? Porque, se forem no mesmo caminho, no mesmo rumo do artigo escrito por Michel Temer e publicado, no dia de ontem, no jornal Folha de S.Paulo, eles não terão a coragem de colocar números no papel, porque, do início ao fim do artigo, é uma mentira em cima da outra.

    Michel Temer, por exemplo, se vangloria de que, no seu período, o número de empregos aumentou, de que, agora sim – a palavra antes era "emprego"; agora a palavra é "trabalho" –, estão sendo gerados novos postos de trabalho no Brasil.

    Vejam, nós estamos aqui com os dados, dados oficiais do IBGE, que mostram o quanto o desemprego vem crescendo nesses últimos meses. Mas, o que é pior ainda, vem crescendo principalmente após a aprovação da reforma trabalhista. O Senador que dirige a sessão neste momento foi um dos Senadores que mais subiu à tribuna para defender a reforma trabalhista e para dizer que essa reforma trabalhista geraria milhares e milhares de empregos no Brasil, que essa era a reforma da modernidade, essa era a reforma que não apenas geraria mais empregos para trabalhadores e trabalhadoras brasileiras, mas também geraria mais recursos para o Estado brasileiro, faria com que aumentassem o nível e o grau de produtividade. O Senador que nos dirige neste momento foi um dos que mais falou, era um dos mais ardorosos defensores da aprovação da reforma trabalhista. Aliás, um dos tantos que foram enganados por Michel Temer, porque assinaram um acordo com Michel Temer, dizendo que haveria mudanças em pontos da reforma trabalhista, de duas formas: através de vetos e através de medida provisória. Nenhum veto foi feito à lei aprovada pelo Congresso Nacional. Ela foi sancionada integralmente, sem que nenhum veto tivesse acontecido. E a medida provisória que Michel Temer editou foi apenas para inglês ver, porque era tudo jogo de carta marcada, tudo jogo combinado entre o Parlamento e o Presidente da República, que, aliás, deve a sua eleição não ao povo brasileiro, mas ao Parlamento. E não só deve a sua eleição; deve a sua manutenção no poder à Câmara dos Deputados, que, por duas vezes, teve a oportunidade de afastar Michel Temer, para que ele pudesse responder a processos de denúncias graves de corrupção, mas manteve esse cidadão no poder. Mas, enfim...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Então, primeiro, quero dizer: estamos aguardando a cartilha do balanço dos dois anos.

    Segundo: hoje foi publicado, pela manhã, um outro dado muito importante do Banco Central, que é o IBC-Br, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central. Esse índice é considerado pelo mercado como uma prévia do PIB. E veja o que é que aconteceu: o PIB encolheu. Lá, no artigo, ele diz que o PIB vem crescendo, que a economia do Brasil vem sendo revitalizada. Está aqui, hoje: o Banco Central divulga o IBC-Br. O PIB caiu em 0,13% neste primeiro trimestre, deste ano de 2018.

    Então, essa é a política, esse é o resultado da política. Primeiro, a geração de desemprego, a diminuição da capacidade do nível de produtividade no Brasil e a...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... em mais dois minutos eu concluo, nobre Senador, se V. Exª me permitir – e a diminuição da arrecadação.

    Olhem aqui: a própria tabela do Ministério do Trabalho e Emprego, que traz o nível de saques do FGTS, mostra o quanto vêm crescendo os saques no FGTS. Vêm crescendo por quê? Por conta das demissões – por conta das demissões.

    E vejam: eles colocaram, nessa reforma trabalhista... Inventaram a tal da demissão consensual. Eu nunca vi, Senadora Fátima, demissão consensual, mas a nova lei trabalhista do Brasil prevê isso – demissão consensual. O que é que significa isso, em outras palavras? O patrão obriga o empregado a assinar a demissão consensual, e, quando assina isso, ele já perde, de cara, a metade dos direitos que teria se...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM. Fora do microfone.) – ... fosse demitido.

    E eu concluo....

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – O Senador Ricardo Ferraço está muito rigoroso.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – É, mas não há problema não. Eu concluo nesse minuto.

    O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Social Democrata/PSDB - ES) – Senador, o rigor não é meu; é do Regimento. Eu já concedi dois minutos à Senadora, para que outros possam fazer uso da palavra.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Esse é o segundo minuto que V. Exª me concede.

    O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Social Democrata/PSDB - ES) – Todos nós aqui precisamos estar submetidos ou subordinados ao Regimento, mas a palavra é de V. Exª.

    Perdão.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Obrigada.

    Então, vejam, se houver o acordo consensual, perde, de cara, 50% dos direitos que teria se fosse demitido. E mais: abre mão do seguro-desemprego.

    E o que é que diz a reforma trabalhista? Não precisa de seguro-desemprego, porque ele vai poder sacar o FGTS.

    Vejam, é essa a reforma trabalhista que aprovaram aqui, que disseram que geraria emprego, geraria salário, e está acontecendo exatamente o inverso: está trazendo a desgraça para trabalhadores e trabalhadoras do nosso País.

    Mas eu concluo dizendo: Sr. Michel Temer, envie para o Senado Federal a cartilha em que o senhor faz o balanço dos dois anos do Governo.

    Obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2018 - Página 24