Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca do Dia do Assistente Social, comemorado em 15 de maio.

Comentário sobre realizações do governo do Partido dos Trabalhadores.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Considerações acerca do Dia do Assistente Social, comemorado em 15 de maio.
GOVERNO FEDERAL:
  • Comentário sobre realizações do governo do Partido dos Trabalhadores.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2018 - Página 34
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, TRABALHADOR, PROFISSÃO, SERVIÇO SOCIAL, COMENTARIO, ATUAÇÃO, LUTA, CATEGORIA, OBJETIVO, RESPEITO, DIREITOS HUMANOS.
  • COMENTARIO, ASSUNTO, PERIODO, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REALIZAÇÃO, BEM ESTAR SOCIAL, PROGRAMA, BOLSA FAMILIA, PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA (PMCMV), AREA, SAUDE, FARMACIA, ACESSO, ENERGIA ELETRICA, DESTINAÇÃO, POPULAÇÃO CARENTE.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Srª Presidenta, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quem nos ouve pela Rádio Senado e nos assiste pela TV Senado e pelas redes sociais, ontem, dia 15 de maio, foi o dia da assistente social. Eu digo da assistente social porque é uma categoria majoritariamente feminina, Senadora Fátima, embora tenhamos homens, também, assistentes sociais.

    A data celebra os profissionais dos serviços sociais e tem origem no dia em que foi publicado o decreto federal que regulamentou a profissão no ano de 1962. Uma categoria absolutamente ativa na luta pelos direitos humanos e de que, na atual conjuntura do País, se precisa cada vez mais.

    É na porta desses serviços públicos de assistência social, especialmente dos profissionais que atuam nas prefeituras, nos órgãos municipais, que primeiro batem o empobrecimento, a miséria, a exclusão, a violência.

    Infelizmente, neste ano de 2018, os assistentes sociais não têm nada a celebrar no Brasil. Afinal, desde a chegada do governo golpista ao Poder, seguem em curso a desconstrução e o desmonte absoluto de todas as conquistas sociais da Constituição Federal de 88 e das exitosas políticas sociais implementadas pelos governos do PT.

    Tanto é assim que o Conselho Federal de Serviço Social, em conjunto com os conselhos regionais, escolheu como tema de campanha para celebrar o Dia do Assistente Social 2018 a seguinte mensagem: "Nossa escolha é a resistência: somos classe trabalhadora! Em defesa dos direitos da população e do trabalho profissional com qualidade."

Em tempos de ataque aos direitos da população, nossa escolha é a resistência! Em tempos de avanços da onda conservadora e reacionária, nossa escolha é a resistência! Em tempos de desmontes subsequentes das políticas sociais, nossa escolha é a resistência! Porque somos assistentes sociais, somos classe trabalhadora!

    Há 30 anos, o Brasil reencontrava definitivamente a democracia através da promulgação da Constituição Cidadã, um pacto político-social inspirado nas principais democracias do mundo, que afirmava o compromisso do Estado brasileiro com a busca do bem-estar social para o nosso povo.

    A Constituição de 1988 começou a ser rasgada e foi rasgada na sua essência, quando este Congresso Nacional tirou Dilma do poder e, na sequência, promulgou, ao final de 2016, contra os votos do PT e da oposição, a Emenda Constitucional 95, que estabelece o limite de gastos orçamentários.

    Tal como alertamos ao longo de toda a discussão da PEC dos gastos no Congresso Nacional, o impacto da medida recaiu especialmente sobre os gastos sociais, aqueles cujos destinatários são os segmentos mais pobres do País: na saúde, na educação e na assistência social.

    Por 13 anos, nossos governos buscaram, em absoluta consonância com a Constituição Federal, garantir um estado de bem-estar social mínimo ao povo brasileiro.

    Tivemos êxito, retirando mais de 30 milhões da pobreza extrema, criando mais de 20 milhões de empregos, elevando significativamente a renda da população mais pobre através da política de valorização do salário mínimo.

    Nos governos do PT, o salário mínimo teve ganho real em todos os anos. Com o Governo golpista, nesses dois anos, o salário mínimo sequer foi reajustado pela inflação.

    Nós criamos e ampliamos os benefícios previdenciários e sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada. Com a valorização do salário mínimo, os valores pagos para esses dois benefícios subiram de 4,5 bilhões, em 2003, para 40 bilhões, em 2015.

    Promovemos programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida e o Luz para Todos. Criamos o Mais Médicos, o Farmácia Popular, o Prouni, o Ciência sem Fronteiras e tantos outros programas que buscavam desenvolver a Nação e reduzir as desigualdades sociais no País.

    Isso sem falar na criação e implementação do Suas, o Sistema Único de Assistência Social, que tanto envolvimento possui com a categoria dos assistentes sociais que ora homenageamos.

    Com o golpe, Temer e a sua turma fizeram com que o desemprego voltasse a crescer, a miséria voltasse a assolar o País e as pessoas voltassem a viver nas ruas das grandes cidades.

    Lamentavelmente, diante desse cenário, quando as populações mais carentes mais precisam de atenção, assistimos praticamente a todos os programas criados e mantidos pelos governos do PT sofrerem expressivos cortes orçamentários e, em alguns casos, serem até extintos.

    Comprovando que não há motivo para comemoração dos assistentes sociais na data de ontem e desta semana, as despesas com os Centros de Referência em Assistência Social estão caindo 43% em relação ao valor empenhado em 2014. Os Cras são essenciais à população em situação de risco ou vulnerabilidade. Por sua vez, despesas com os Creas, abrigos e equipamentos em 2018 estão caindo 32% em relação ao valor empenhado em 2014.

    Ao mesmo tempo em que o Governo golpista aumentou em 1,5 milhão o número de pessoas na pobreza extrema, mais de 320 mil famílias perderam o Bolsa Família em 2017 – cerca de 1,3 milhão de pessoas. O corte na dotação orçamentária para o programa atingiu 1,4 bilhão.

    Aliás, vale ressaltar que, antes de reajustar o Bolsa Família em abril de 2018, a gestão do Temer desligou 392 mil famílias do programa. Trata-se do segundo maior corte da história. Só perde para a retirada de 543 mil famílias entre junho e julho de 2017, também na gestão do Temer. E nós estamos falando de um momento em que o País está passando crise, em que as pessoas têm que decidir se compram comida ou gás de cozinha.

    Depois de 13 anos consecutivos de queda acentuada na mortalidade infantil – exatamente no período do governo do PT –, em 2016, segundo o Ministério da Saúde, o salto na mortalidade infantil foi de 11% para crianças entre um mês e quatro anos de idade, e o próprio Ministério admite que os números de 2017 devem ser ainda piores. E os especialistas alertam que a morte das crianças é consequência do corte de programas sociais. De 2014 a 2017, houve queda real de R$6 bilhões nos valores pagos em saúde, sem contar com as emendas dos Parlamentares.

    A política de cortes orçamentários promovida pelo atual Governo deixa claro que hoje os gastos sociais não são considerados essenciais e que a área de assistência social não é reconhecida como política pública, o que, na prática, retira o pobre do orçamento da União.

    Tudo o que fizemos nos governos Lula e Dilma, nos últimos 13 anos, para garantir um Estado de bem-estar social mínimo em nosso País está sendo destruído. Fica cada vez mais claro que foi para isso que fizeram o golpe, para isso que tiraram Dilma e para isso querem manter Lula preso. Mais do que nunca – como disseram os assistentes sociais –, nós temos que resistir e lutar para manter todos os direitos conquistados. Essa é uma luta que tem que ser empreendida, inclusive, por este Senado da República.

    Soma-se a essa tragédia dos cortes orçamentários, do retrocesso nos programas sociais, o retrocesso na economia do País. Essa gente que prometeu que tirando Dilma, tirando o PT, a economia ia voltar a crescer, Governador Requião, só patrocina recessão.

    Aliás, os índices prévios do Banco Central que saíram hoje demonstram exatamente isto: a economia está caindo, contra todas as expectativas que eles tinham. Não há como fazer crescer a economia quando você corta o orçamento, quando você corta investimento, quando você dá desemprego à população e tira direitos trabalhistas.

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Eles estão jogando o Brasil num precipício de que dificilmente terá volta. E é por isso que a população brasileira tem se agarrado a Lula, Senadora Fátima. As pesquisas, uma após a outra, mesmo Lula estando preso, mostram que o Presidente Lula mantém as intenções de voto e tem o dobro de votos do segundo colocado.

    E aí eles perguntam por que isso acontece; por que Lula é tão resistente nas pesquisas eleitorais. É muito elementar. É só ver o que significou o governo Lula para as pessoas, para o povo, para o povão, para o povo pobre, e o que está significando Temer agora, este Governo de quinta categoria, que não consegue entregar um terço daquilo que prometeu.

    Aliás, foi melancólico o ato ontem no Palácio do Planalto, em que ele usou o jargão: "O Brasil voltou, 20 anos em 2".

    É exatamente isso. É uma vergonha o que está acontecendo com o Brasil; é uma vergonha internacional o que estão fazendo com a área social deste País, com a economia deste País, e o que estão fazendo em termos de direito e democracia. É uma vergonha manterem Lula preso.

    Aliás, cinco líderes internacionais – França, Itália, Suécia e outros países – declararam apoio ao Presidente Lula. Não sabem por que Lula está preso. E disseram que uma democracia que se preze não impede ninguém de disputar a eleição.

    Aí o Chanceler Aloysio Nunes diz que isso é uma barbaridade, é um preconceito, é uma arrogância. Arrogância é dessa gente que está entregando o País; arrogância é dessa gente que está quebrando a economia; arrogância é dessa gente que está fechando universidade pública; arrogância é dessa gente que está aumentando a miséria no País. É dessa gente que faz o povo optar entre comprar comida ou botijão de gás; que sobe sistematicamente o preço da gasolina; é deles a arrogância. Acharam que poderiam consertar o Brasil fazendo firulas a empresários e ao sistema financeiro. Estão jogando o Brasil num precipício!

    É lamentável ter que vir a esta tribuna para falar dessa realidade. Eu pensei que nós já tivéssemos suplantado isso, que o Estado mínimo de bem-estar social que começamos a construir, Governador Requião, no governo do Presidente Lula, no seu governo como Governador do Estado do Paraná, estivesse consolidado. Ledo engano! Ledo engano!

    A elite deste País é traiçoeira; a elite deste País não gosta do seu povo; a elite deste País colocou o Temer no Governo com a ajuda de muitos desta Casa, que têm que prestar contas ao seu eleitorado: por que apoiaram esse golpe? Por que apoiaram a retirada da Dilma? E por que apoiam essa Operação Lava Jato, que a cada dia se torna mais parcial, a cada dia mostra a sua cara? A ponto de o Moro estar ontem em convescotes em Nova York com João Doria; não bastasse ter estado com Aécio Neves, ter estado com Michel Temer. Aí nós vemos a cara do golpe completo neste País.

    Isso é uma vergonha!

    Aliás, a pesquisa que foi divulgada na segunda, que mostra que o Presidente Lula está em primeiro nas pesquisas, é a mesma que mostra que 90,3% da população considera que a Justiça não age...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... de forma igual para todos. Isso graças à Operação Lava Jato.

    Obrigada, Senadora Fátima.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2018 - Página 34