Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à gestão do ex-governador Confúcio Moura.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL:
  • Críticas à gestão do ex-governador Confúcio Moura.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2018 - Página 109
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, CONFUCIO MOURA, EX GOVERNADOR, ESTADO DE RONDONIA (RO), MOTIVO, AUSENCIA, INTEGRIDADE, COMPETENCIA, ORGANIZAÇÃO, QUADRILHA, OBJETIVO, CORRUPÇÃO, EXTORSÃO, VITIMA, EMPRESARIO, ATUAÇÃO, ESTADO.

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Sr. Presidente. Srªs e Srs. Senadores, é com alegria aqui que eu quero aproveitar essa oportunidade. Primeiramente, agradeço a Deus por tudo que tem sempre propiciado na minha vida. E, em todos os momentos de reflexão, todos os momentos de concentração, eu sempre tenho agradecido a tudo que tem propiciado no dia a dia na minha caminhada.

    Especialmente nós, Senador Dário, que estamos na vida pública, e muitas das vezes somos taxados de incompetentes, de preguiçosos, como se não fizéssemos nada, como se o nosso trabalho fosse só aqui no plenário da Casa e não precisasse mais fazer o dia a dia nos nossos Estados. Mas, ao mesmo tempo, ao povo do meu Estado, eu tenho aqui que fazer justiça, pois sempre está indo à igreja ou mesmo em casa, Senador Dário, e, nas suas orações, sempre tem colocado meu nome junto. E eu sou grato a isso. Em todos os momentos, nos cultos. Enfim, independente de credo, mas a todas as denominações religiosas eu só posso agradecer o carinho especial que esse povo sempre teve e continua tendo pela minha pessoa. E a única maneira que eu tenho de retribuir é continuar trabalhando, continuar defendendo e continuar denunciando as mazelas e a incompetência ou mesmo a desonestidade quanto à aplicação do dinheiro público.

    Eu percorri o Estado de Rondônia no final de semana. Tivemos um encontro partidário na cidade de Jaru, com o lançamento da pré-candidatura do pré-candidato a deputado estadual Francisco Raposo; também com a pré-candidatura da Jaqueline Cassol – minha irmã – para Deputada Federal. O Junior Raposo, filho do Seu Chico, da Dona Dalila, uma família tradicional da região de Jaru. Com a presença também do Márcio, ex-prefeito de Ariquemes, e também com pré-candidatos, como o Edson do Lojão, da cidade de Ji-Paraná, um empresário bem-sucedido que também participou.

    Passando pela cidade de Ariquemes, estive lá com o Prefeito Thiago, juntamente com o secretário de obra, o Edson. Estive na imprensa local, na rádio, na televisão. E, nessas entrevistas, eu fui entrevistado sobre a situação do Estado e as denúncias que eu fiz aqui na tribuna desta Casa.

    Muitas das vezes se corre atrás da caça às bruxas, quando, na verdade, a falta de competência e seriedade estava dentro da própria gestão do ex-governo do Estado de Rondônia.

    Mas, ao mesmo tempo, também eu quero fazer justiça ao atual Governador Daniel Pereira, do meu Estado de Rondônia, que está fazendo uma faxina dentro do governo, mandando aquela equipe de quadrilheiros que tinha nos quatro cantos da administração, e a última que perpetuava, ao que parece, ainda estava dentro da Caerd, comandada pela ex-Presidente Iacira.

    O que fizeram? Presidente Dário, você – como ex-Prefeito e atual Senador, ex-Prefeito da cidade de São José, de Florianópolis – é conhecedor da dificuldade que o prefeito tem, o Estado tem de conseguir um recurso, e, quando se consegue um recurso, você sai e deixa para o outro sucessor, e ele perde esse recurso. Foi o que aconteceu com a Caerd, no meu Estado de Rondônia.

    O governo, o ex-Governador Confúcio Moura – eu falei isso até na entrevista do rádio – deveria andar no Estado de Rondônia não lançando uma pré-candidatura ao Senado; o Sr. Confúcio Moura tinha que andar no Estado de Rondônia, nos quatro cantos, pedindo perdão para o povo do meu Estado, pedindo perdão para o povo e para os cidadãos dos quatro cantos do meu Estado de Rondônia. Pedir perdão por quê? Pela mentira que ele pregou em 2010, pelas mentiras que pregou em 2014, por falta de gestão no governo, por falta de competência na sua gestão e por falta de seriedade e honestidade com a gestão pública.

    E o que eu estou falando aqui, não estou jogando pedra nas estrelas. Teve alguém que disse o seguinte: "Olha, as eleições se aproximam, e o Senador Ivo Cassol, porque é um pré-candidato a governo, então, está falando." Não, eu não preciso disso; o meu nome já está feito. Eu fui Governador do Estado de Rondônia de 2003 a 2010. Foi na época, Dário, em que eu gravei os Deputados e botei na mídia nacional. Foi de lá para cá que se começou a fazer uma faxina no Brasil. Fui eu o primeiro político corajoso, e hoje aqueles Parlamentares que não estão presos estão fugidos. E nós mudamos a cara do Estado, mas, infelizmente, esse ex-Governador Confúcio Moura está aí, lançando candidatura para Senado ou lançando candidatura para não sei mais o que, e está esquecendo de pedir desculpa para o povo por ter enganado o povo, por ter iludido o povo do Estado de Rondônia.

    Quando eu falei que botou a quadrilha dentro da Caerd, eu consegui, na época, um recurso a fundo perdido, a fundo achado, também para a cidade de Ji-Paraná. A ex-Presidente e a sua tropa, que estiveram lá, tiveram a audácia de extorquir um empresário, um empresário que saiu de Rondônia. Queria propina, e ele não deu. Chegaram a cancelar o contrato e inviabilizar o cara. Quase quebraram o cara. Ele tinha comprado os equipamentos e teve que vender. Não pôde nem pagar a fábrica, porque não dava dinheiro para a ex-Presidente.

    Mas o atual Governador Daniel Pereira botou essa quadrilha para correr. Chegaram a fazer o edital de licitação em 2010, quando eu saí, que paralisaram as obras, e nós conseguimos praticamente quase R$600 milhões a fundo achado, em compensação das usinas, Presidente Dário, para investir na água tratada e no esgoto em Porto Velho. A vocês de Porto Velho, meus amigos de Porto Velho, meus amigos de Ji-Paraná, meus amigos de Jaru, perdemos o dinheiro de Porto Velho porque não tiveram competência de fazer um procedimento licitatório.

    Além de não fazer o procedimento licitatório, fizeram uma LDC e pegaram uma cópia da cidade do interior da Bahia, botaram o nome da rua, do bairro e da cidade da Bahia no edital nosso de Rondônia.

    Perdemos o dinheiro. Olha o que estou falando para vocês: perdemos o dinheiro.

    A Caerd, hoje, deve em torno de R$1,2 bilhão. Se tivesse investido esses R$600 milhões, a fundo achado, mais a concessão, não teríamos dívida nenhuma. Iríamos vender a Caerd ao troco de seis por meia dúzia. Hoje, não. Além de perder esse dinheiro, ainda por cima temos que pagar R$1,2 bilhão dessa conta. Vocês estão pensando que sou eu que vou pagar? Não! Somos nós, é cada cidadão do meu Estado de Rondônia, independentemente de ser maior ou menor, independente de qual partidária, tem que pagar essa conta.

    Essa é a gestão maldita, essa é a gestão incompetente, essa é a gestão desonesta do ex-Governador Confúcio Moura e sua tropa de quadrilha, que está roubando os cofres públicos.

    E o Chefe da Casa Civil, que era do tempo dele, Sr. Emerson Castro? Para se ter uma ideia, esse cidadão e seus familiares foram construir um prédio em Porto Velho – e o povo de Porto Velho sabe disso. E aí venderam os apartamentos, mas, na hora de fazerem o prédio, colocaram menos cimento e menos ferro. E, quando o prédio estava quase pronto, começou a cair o prédio. Está lá tudo torto até hoje, abandonado.

    Não bastasse isso, esse mesmo cidadão, ex-secretário de Estado, pegava o dinheiro dos acordos, lá em Porto Velho, dos esquemas, e investia lá em Pernambuco – não sei qual a cidade do interior de Pernambuco – e tinha os investimentos para lá.

    Não bastasse isso, dentro da Secretaria de Educação, ele era secretário na época, e a esposa dele vendia de agulha a avião. E, na época, o Ministério Público tinha toda essa documentação, era para ter acontecido uma operação. Esse indivíduo, esse cidadão, era para ter sido preso, e deram como prêmio para ele a Casa Civil.

    E hoje estamos aí com um buraco para cobrir. O Estado de Rondônia e o governador atual com dificuldade para colocar diesel nas máquinas, com dificuldade para comprar papel sulfite para colocar nas polícias, na Delegacia Civil, na Polícia Militar. Enfim, hoje estão com dificuldade para fazer a gestão, que deveria ser uma gestão continuada, sem dificuldade.

    Mas ainda o pior disso tudo, Sr. Presidente, é quando você olha para o nosso interior do Estado de Rondônia. Estive na cidade de Ariquemes e fiz um desafio para o povo de Ariquemes, que me mostrasse uma obra – a cidade de Ariquemes é a cidade do ex-governador Confúcio Moura – executada com recurso próprio. E não apareceu nenhuma, não apareceu nada.

    Alguém disse: "Mas, Ivo, quando você foi governador, o que você fez na região de Ariquemes?" Eu fiz o asfalto da 429 para a Buriti, que é da grande região de Ariquemes, com recurso próprio; fiz o asfalto de Montenegro, a 30km indo para Ariquemes, e duas pontes de concreto, com recurso próprio; fiz o asfalto lá de Ariquemes, da BR-364 até a cidade de Rio Crespo, com 2,5 mil eleitores, por causa do setor produtivo, com recurso próprio; fiz o asfalto da BR-364, quase 70km, para Cujubim, com recurso próprio.

    Tínhamos um programa, nos quatro cantos do Estado de Rondônia, na verdade, que limpava a cidade, cascalhava, arrumava, e, nesse tempo todo, sequer, Sr. Presidente, nesses sete anos, fizeram isso, nem conservaram as estradas que fizemos na região de Jaru. Não deu no coro nem para concluir o asfalto para Tarilândia, que faltam 12km.

    Ir para a região de Machadinho, Theobroma, que foi lá na época da campanha. Eu estava lá com a minha irmã, e eles falaram: "Não, o Confúcio vai recapear de fora a fora até Machadinho, 180 quilômetros, 150 quilômetros, chegando a Theobroma, Vale do Anari." Desse trecho todo, não chegaram nem a Theobroma, paralisaram as obras e essas obras paralisadas, os equipamentos encostados e nós capengando.

    Eu quero dizer que não é só isso, não. A nossa maior tristeza – e vim aqui a esta tribuna do Senado denunciar – foi quando o Governo foi lá, reparcelou e aceitou a confissão da dívida do Beron, fez um termo de confissão da dívida do Beron. Esse termo de confissão da dívida do Beron elevou de R$2,1 bilhões para R$7,8 bilhões. E nós temos uma ação no Supremo Tribunal Federal, mas ao mesmo tempo aquela lei que aprovamos, Dário, aqui – não sei se foi na sua época ou não, mas foi numa época já juntos aqui –, a Lei 156, se não me engano, que era para acertar as contas do Rio de Janeiro ou do Rio Grande do Sul que estava com problema, não era para Rondônia, que não tinha nada atrasado.

    O que acabou acontecendo? Na ânsia de reparcelar as dívidas – vai fazer quatro anos, vai fazer quatro anos –, na verdade, eles não vêm pagando a conta do Beron, porque nós conseguimos uma liminar na Justiça. E essa liminar nós conseguimos, agora no mês que vem faz quatro anos que o Governo do Estado não paga a dívida do Beron de R$25 milhões ao ano. Se faz quatro anos que não paga, por ano são R$300 milhões em economia, multiplicado vezes quatro dá R$1,2 bilhão. Mas falta um mês para fechar os quatro anos, então, dá um R$1,175 bilhão. E o ex-Governador Confúcio Moura falou que tem R$50 milhões em caixa.

    Eu aí pergunto a você que mora nos quatros cantos do meu Estado de Rondônia: cadê o restante do dinheiro? Está faltando R$1,125 bilhão da economia do banco Beron que sumiu e não investiram sequer num prego no interior do Estado, não fizeram uma ponte, não cascalharam uma estrada, não conseguiram manter nas nossas rodovias um asfalto de qualidade. Mas o que foi feito com esse dinheiro? Aí que pergunto a vocês? Cadê o dinheiro? Porque, se só há na conta R$50 milhões, cadê os outros R$1,125 bilhão? E ainda por cima aceitou esse parcelamento. E lá na lei diz o seguinte: que o Estado que aderir ao reparcelamento da dívida do seu Estado não tem mais direito de brigar na Justiça.

    Eu denunciei aqui, eu achei, Presidente, que não tinha assinado o termo aditivo, e o Confúcio Moura assinou todos os termos aditivos, assinaram já a confissão da dívida. Eu espero que o Supremo não leve em conta esses aditivos, eu espero que o Supremo não leve em conta essa assunção da dívida que não é nossa elevando de R$2 bilhões o banco Beron para mais R$7, 8 bilhões e desconta pelo menos R$1,5 bilhão de dívida que não é nossa, que está lá nos autos, que está nos documentos, que foi apurada pela equipe técnica, que foi apurada pelos auditores, uma dívida que foi imputada ao povo do meu Estado e não é dívida nossa, mas infelizmente o ex-Governador assinou.

    Sr. Confúcio Moura, o senhor tinha que fazer justiça ao povo do Estado de Rondônia.

    Em vez de o senhor andar lançando uma pré-candidatura ao Senado ou a chefe de quarteirão, ande no Estado, sim, ande nos quatro cantos e peça perdão ao povo do meu Estado. Assuma que foi incompetente e diga ao povo que foi desonesto. Faça isso, é o mínimo que pode fazer.

    Porque nós brigamos, Presidente Dário, 20 anos para conseguir uma brecha para entrar na Justiça e poder rever a dívida do Beron, 20 anos. Eu passei o meu primeiro mandato e o segundo brigando na Justiça. Quando você consegue a suspensão, aí vem um governo incompetente, desonesto, irresponsável, vai lá, aceita, faz a confissão de dívida, aceita os termos que o Governo Federal botou goela abaixo.

    E eu, Presidente, no dia 25, se não me engano, de novembro de 2017, juntamente com o Presidente Michel Temer, com o Governador Confúcio Moura, com o Senador Raupp e o com o Deputado Luiz Cláudio, estávamos no avião presidencial indo a Rondônia para inaugurar o hospital de Barretinhos. E dentro do avião, o Presidente perguntou a ele se iria aderir ao parcelamento. E ele falou que a sua equipe estava já trabalhando, estava nas tratativas finais. E eu pedi a ele junto ao Presidente que não assinasse. E naquele dia eu falei: "Hoje, é o Presidente Michel Temer, hoje é o Ministro Henrique Meirelles, e amanhã quem vai ser o Presidente? Amanhã quem vai ser o Ministro? Amanhã quem vai ser o responsável por isso?".

    Pedi, e ele falou: "Ivo Cassol, você tem razão. Eu estou economizando 25 milhões por mês. Vai fazer quatro anos que eu economizo esse dinheiro." E eu falei: "Pelo amor de Deus, não faça isso, Confúcio – Confúcio Moura, ex-Governador. Enquanto eu puder andar nos quatro cantos do Estado de Rondônia, aonde eu for, eu vou levar a verdade para o povo, porque você teve o desrespeito para com o povo do meu Estado e falou o seguinte: 'Olha, essa denúncia que esse Senador está fazendo pegue ela e jogue no lixo'."

    Você está jogando no lixo a esperança de um povo. Você está jogando no lixo a saúde de um povo. Você está jogando no lixo a expectativa de um povo que acreditava em você para fazer pelo menos uma saúde decente. Nem uma saúde para o povo do Estado de Rondônia você teve competência.

    Dário, meu Presidente, para V. Exª ter uma ideia, logo assim que ele assumiu o governo, levou ao Jornal Nacional, levou aquele jato no ar, mostrou para todo mundo que não ia haver mais paciente no corredor, que ia ser uma beleza na saúde. Ele é médico, mas acho que o seu diploma está errado. É de açougueiro, não é de médico, porque se fosse de médico, Confúcio, com certeza você tinha tratado pelo menos do povo doente do meu Estado diferente, porque dizem que eu sou e eu fui o Governador das estradas, o Governador da agricultura. E afinal de contas, você foi Governador do quê? Da bandalheira? Da incompetência? Da desonestidade? Da falta de gestão? Da perda de dinheiro público, como foi perdido e devolveu para o Governo Federal? Aí você tem que andar no Estado de Rondônia e pedir perdão para o povo, pedir para o povo lhe perdoar por não ter sido leal com eles.

    E aí ele vem com aquela conversa mansa, vem mais uma vez conversando com todo mundo: "Ah, não é bem assim, é assado."

    Gente, contra documento não há argumento. Eu tenho esses documentos assinados. Esses documentos estão no meu Facebook, esses documentos estão na imprensa do meu Estado,...

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) – ... esses documentos são públicos. Não há o que esconder.

    Para o senhor ter uma ideia, Sr. Presidente, chegou à discrepância de o Secretário de Educação da gestão do Confúcio Moura contratar contêiner.

    No seu Estado há muito contêiner, que é para transporte de carga. É de ferro. Imagine! Até nas UPPs do Rio de Janeiro não deu certo. Lá para as UPPs não deram certo os contêineres. Imagine no meu Estado, na Região Norte, um contêiner! É um caixão de 12 metros de comprimento, 4 metros de altura e 2,4 metros de largura. Imaginem botar alunos lá dentro! Denunciei aqui da tribuna desta Casa o Edital de Licitação 53 e o pregão eletrônico. Cancelaram. O Daniel Pereira cancelou, o atual Governador. Só que me mandaram os documentos dizendo que já tinham gastado mais de R$3 milhões com dispensa de licitação em contração de contêineres para botar alunos dentro dele.

    Você foi Prefeito, Dário, o que isso significa? Falta de gestão, falta de planejamento. É um prefeito, um secretário, uma equipe que não se planeja. A coisa mais fácil que há é você contar aluno. Você sabe quantos alunos entram na 1ª série e quantos passam, depois, para o ensino médio. Fazer uma escola, botar quatro paredes, é a coisa mais fácil que há. Nem isso deram conta de fazer no meu Estado. Aí discursaram, na época, que iam fazer o ensino integral. Botaram em dois, três colégios, mas está faltando merenda. Eles têm que dispensar os alunos na hora do almoço porque não há nem merenda em muitas das escolas. Foi isso o que fizeram no meu Estado. Foi isso o que fizeram com Rondônia.

    Você sabe qual é o total da dívida do Estado de Rondônia dos governos passados? Não faço parte nenhuma disso, porque não deixei dívida para trás, só repassei aquilo que recebi. É de 19 bilhões. Vocês sabem o que Confúcio Moura fez com o Tesouro Nacional, o reparcelamento? Ele inviabilizou o Governo do Estado nos próximos 4 anos. Ele colocou uma parcela mensal, de 848 milhões, 20% da receita bruta, Presidente, para pagar dívida para o Governo Federal. Depois de 4 anos, de 2022 em diante, diminui a dívida para quatrocentos e poucos mil reais. Quer dizer, o próximo governador do Estado de Rondônia não vai conseguir fazer nada, só vai ser um governador de gestão de folha de pagamento. Tudo o que esse Governo fez foi deixar de pagar dívidas. Deu 1 bilhão de isenção às usinas. Eu que denunciei aqui. Estão me incomodando até hoje, mas eu denunciei aqui. É 1 bilhão de isenção, fez quase 1,5 milhão de empréstimo. A única obra do empréstimo que aparece, na verdade, é uma Unisp, lá em Ariquemes. Mas a obra que aparece mesmo é o Espaço Alternativo, em Porto Velho, pela qual foi todo mundo parar na cadeia por causa do superfaturamento, no esquema que havia. O restante da dívida está ficando. Resultado, Presidente, não temos as obras. Nem os programas que existiam, os programas que existiam na agricultura, acabaram com todos.

    Se nós queremos um Estado forte, temos que ter um setor produtivo forte. Mas aí eu fico triste porque, ao mesmo tempo, assinam uma confissão de dívida e deixam para o Estado pagar. Nomearam uma quadrilha dentro da Caerd. É uma quadrilha, é uma quadrilha que botaram dentro da Caerd, na época. Daniel Pereira, parabéns porque mandou esse pessoal embora. Se houver mais algum remanescente, mande embora. Olha, é de partir o coração. Sabe quantos cargos, Dário, criaram dentro da Caerd? Fiz uma administração compartilhada com o sindicato: eu tinha cinco cargos. Criaram 97 cargos. Havia cargo de R$35 mil, havia carga de R$25 mil. E a maioria dos cargos que não eram dos puxa-sacos eram dos Deputados – de alguns Deputados, não de todos; de alguns Deputados, que mamaram às custas.

    Faz cinco meses que a Caerd não recebe o salário. Aí, o juiz do trabalho, o Ministério Público, não sei quem entrou lá, para poder cancelar aqueles cargos de confiança: cancelaram aqueles, mandaram uma lei e criaram mais 47 cargos. Agora o Daniel limpou tudo, está fazendo administração compartilhada, me parece que não vai ficar nenhum cargo. Como é que com o Ivo Cassol deu certo? Como é que com o Daniel está dando certo? E por que é que com esses bandidos para trás não deu certo?

    Eu estive, na última quinta-feira, Sr. Presidente – amanhã vai fazer oito dias –, com o Procurador-Geral do Ministério Público, Dr. Airton, às cinco e quinze da tarde, e eu protocolei a denúncia dos contêineres. Eu protocolei a denúncia da dispensa de licitação para botar contêiner nos colégios para poder atender à demanda estudantil. Isso é crime! E sabe quem era a diretora da área de divisão que fazia a contratação? Uma senhora que, no final de 2012, foi presa por causa de esquema dentro da Prefeitura de Porto Velho. O Sr. Confúcio Moura nomeou essa senhora. O nome dela é Josiane, sobrenome não sei – sei, mas não sei aqui de cabeça nesse instante.

    E eu denunciei no Ministério Público, fizeram um aditivo, um contrato de dispensa de licitação de R$497 mil, se eu não estou enganado, mais ou menos isso aí; logo, meses depois, final do mês de dezembro do ano passado, fizeram mais um aditivo e uma contratação de dispensa por licitação de mais R$497 mil. Mas aí é final do ano – é lógico, final do ano, né? Porque aqui parece os States, aqui as férias são ao contrário, alguma coisa assim. Não, final do ano é época de férias do colégio, de professores, de alunos. Não, mas contrataram quase meio milhão de reais nos contêineres. Não bastasse isso, fizeram um aditivo de R$193 mil. Não bastasse isso, dia 05/04 deste ano fizeram mais uma dispensa de licitação, contratando mais um milhão, setecentos e oitenta e poucos mil reais de contêineres para colocarem igual na cidade de Machadinho, como em tantas outras cidades por aí, quando na verdade tinham que fazer quatro paredes e colocar os bancos dentro da sala de aula porque precisa-se de bancos em tudo quanto é lugar.

    Um governo que não teve competência de planejar o aumento de uma sala de aula num Município, num distrito, não merece jamais voltar a um Município ou a um Estado e pedir seu voto de confiança. Eu estou aqui é defendendo o povo do meu Estado, porque tanto eu como o João Cahulla deixamos o Estado redondo. Deixamos o maquinário funcionando, deixamos dinheiro em caixa. E eu faço um desafio aqui: vão ao almoxarifado de Ji-Paraná e verifiquem como é que está o almoxarifado. No meu tempo não havia espaço, de tanta mercadoria que havia dentro: pneu, peça, tudo. Vão a Porto Velho, no almoxarifado, vão a Vilhena, vão a Rolim de Moura, vão a Jaru, vão a Ouro Preto, vão a Ariquemes – os almoxarifados estavam abarrotados de tanta mercadoria; hoje não há, Presidente, nem papel higiênico para poder atender os órgãos públicos do meu Estado, as repartições públicas.

    Então, eu fico triste. E aí o cidadão, ex-Governador, está andando o Estado inteiro, com aquela conversa de bêbado para delegado...

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) – Compreendeu? Dizendo que está tudo bem e que está tudo em paz. Conversa fiada, gente.

    Eu quero pedir a vocês, meus amigos: desmintam esse cidadão onde ele passar. Se ele chegar aí ao distrito, ao Município, falem a verdade para ele. Olhem para a sua cidade. Não acreditem em mim, não, por favor, não acreditem em mim! Olhem para trás! Olhem para trás, olhem, na cidade, o que foi que ele fez na verdade. E aí vocês vão fazer as perguntas para ele. É tão fácil fazer isso, Dário. É só olharem as promessas e o que foi feito, o que não fizeram e o abandono em que está. Com isso, vocês vão ter as conclusões e vocês vão ver que o Ivo Cassol está falando a verdade.

    Eu não precisava estar aqui fazendo este discurso, mas eu não posso ser conivente. É minha responsabilidade como Senador da República e como cidadão denunciar essas mazelas, denunciar essas falcatruas, denunciar essas incompetências.

    É só isso? Não, gente! Há muito mais rolo, é que estava tudo guardado a sete chaves, mas, devagarzinho, está vindo para fora. E aí o que está vindo não é coelho, não, é elefante. É como esse caso dos contêineres. Eu achei que estavam fazendo um pregão eletrônico, quando, na verdade, já tinham dispensado da licitação mais de R$3 milhões.

    É assim que funciona. É isso que tem que acabar. Por que que em alguma administração dá certo? Porque administram com pulso firme, administram com responsabilidade. Ao mesmo tempo, quem pode mudar tudo isso são vocês, os nossos eleitores, não só olhando para frente, mas, ao mesmo tempo, fazendo uma reflexão dos compromissos que foram feitos atrás.

    Está aí um exemplo: o plano de cargos e salários, Sr. Presidente, do pessoal da educação, dos professores. Não cumpriram.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) – Vou terminar rapidinho aqui.

    O plano de cargos e salários. Os professores foram para a rua pela primeira vez depois de sete anos de serem iludidos, de serem enrolados. Foram para a rua, porque estava lá o plano de cargos e salários que não cumpriam. Agora, para esquema do ex-Secretário de Educação e do atual Secretário – não este de agora, o que saiu poucos dias atrás –, aí havia dinheiro, havia condições. Para contratar contêineres, havia dinheiro. Para fazer um monte de porcarias, havia recurso. O que nós não podemos, de maneira nenhuma, é aceitar e ser coniventes com esses erros que aconteceram. E aí vocês servidores públicos e a nossa sociedade toda, nos quatro cantos, é que vão arcar com as consequências.

    Por mais que alguém ache que o Ivo é ruim ou deixe de ser bom, não importa. O que importa é que nós temos que ser verdadeiros. O que importa é que nós temos que ser leais. O que importa é que vocês me elegeram Senador da República, e eu não posso ser conivente. Eu preciso estar atento para que, amanhã, a própria população diga: "Você sabia e por que que não falou?"

    A exemplo do esquema, logo no começo do governo de 2011, que montaram na saúde do Estado de Rondônia, na administração. Foi pego, na época, no apartamento do ex-Governador, o filho de criação com qualquer quantidade de dinheiro dentro do apartamento. Foi denunciado com familiares pegando dinheiro no caixa, sacando. Houve o delator que fez a denúncia, e a denúncia não foi para frente. Sabem por quê? Porque a Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia não autorizou, Presidente.

    No meu tempo, eu sou o único Governador do Brasil...

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) – Presidente Dário, se V. Exª me permitir mais dois, três minutos...

    Eu sou o único Governador do Brasil que foi autorizado pela Assembleia Legislativa a ser processado penalmente. Eu sou o único ex-Governador do Brasil processado, segundo a Constituição de 88, porque precisava de autorização da Assembleia. A Assembleia Legislativa do meu Estado queria R$10 milhões, e eu não dei, eu não dei esse dinheiro para eles. Aí eles autorizaram eu ser processado na gestão, quando fui Prefeito de Rolim de Moura. Eu me incomodei e venho me incomodando, mas o meu processo não é por desvio de dinheiro, o meu processo não é por corrupção, o meu processo é por enfrentamento, é por fazer as coisas acontecerem. Dizem que eu fragmentei. Isso não procede. Para cada verba de Parlamentar, foi feito um procedimento licitatório. E não fui eu quem decidiu isso. Quem decide é a comissão de licitação. Agora, se assim a Justiça entendeu, eu respeito a Justiça, mas, ao mesmo tempo, como cidadão brasileiro, não como Senador, eu continuo lutando e buscando justiça, que se faça justiça. Os meus processos são diferentes dos processos dos demais políticos que estão por aí. Quantos outros companheiros nossos também têm algumas condenações em que, infelizmente, não devem?

    As nossas lutas são para buscarmos e fazermos dias melhores, Dário. Pode ter certeza de que você, como Prefeito de Florianópolis... Não é à toa que o povo de Santa Catarina o elegeu Senador da República. É porque você foi um bom Prefeito. Eu, na época, como Governador, fui lá visitar você, e nós fizemos participação num jantar. É uma alegria estar aqui com você hoje, dividindo isso.

    É disto que a gente precisa: valorizar os bons políticos, para virem juntos e fazer uma gestão pública cada vez melhor, e, ao mesmo tempo, banir da face da terra os maus administradores, os incompetentes, os desonestos, os que não mandam ou os que deixam os outros roubarem. Alguém diz o seguinte: "Mas eu não fiz nada!" Então, vai preso, porque você não fez nada e podia ter feito, devia ter denunciado. E é o que aconteceu com o meu Estado.

    Hoje, no meu Estado, Presidente Dário, o pessoal tem dificuldade para escoar a produção, pois as estradas acabaram. Os asfaltos derreteram. A cidade de Buritis, na BR-429 – aquela região lá para dentro tem mais de 50 mil habitantes, um local novo –, tinha tanto buraco que, nos últimos dias, diminuíram 70% dos buracos. Aí você diz assim: "Por que diminuíram 70% dos buracos?" Onde é que havia três buracos ficou um só, pois um encostou no outro; era tanto buraco que eles se aglutinaram um com o outro. Eram asfaltos que nós fizemos com recursos próprios, mas não tiveram competência nem de cuidar daquilo que a gente fez. Então, a gente fica triste com isso.

    Agora, ficar triste é uma coisa, abaixar a cabeça é outra. Olhar para a frente é nossa missão, a nossa obrigação; e ajudar a mudar e a melhorar é a nossa participação, junto com cada um de vocês. Essa briga, essa luta não cabe só a mim, cabe a todas as pessoas de bem que querem mudar a cara do Estado ou mudar a cara do Brasil. Não adianta só ficar xingando político, tem que fazer parte. Participe! Participe como deputado estadual, como Deputado Federal, como Senador, como governador. Se ganhar ou perder, isso não importa, mas, pelo menos, você tem direito depois de falar que você colocou o seu nome à disposição.

    É por isso que eu estou aqui nesta tribuna, agradecendo, mais uma vez, o carinho especial que o povo do meu Estado sempre teve e continua tendo pela minha pessoa. O meu compromisso cada vez é maior, porque, aonde eu ando, onde vocês estão, o nome do Ivo Cassol é falado nos quatro cantos do Estado de Rondônia. Eu me sinto feliz, mas isso não me envaidece, só me compromete, Presidente Dário, a fazer muito mais.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) – Com um minuto, dá para eu terminar tranquilamente.

    Com isso, Sr. Presidente, com certeza, nós não vamos estar frustrando a esperança de um povo. A população deposita um voto de confiança no representante e espera que as coisas aconteçam, como fizeram com Confúcio Moura em 2010, como fizeram com o ex-Governador Confúcio Moura em 2014, que, depois, frustrou todo mundo, acabou com o pouco que nós tínhamos. No setor de agricultura, eu distribuía semente de feijão, de milho, de arroz, mas ele acabou com isso tudo. Hoje, os técnicos da Emater estão lá só para fazer financiamento, para ganhar 2%. Nem vacina contra brucelose para os pequenos agricultores aplicarem nos novilhos eles estão fazendo. Havia um projeto de inseminar... De 900 mil litros de leite por dia nós elevamos para 3 milhões de litros de leite por dia. Acabou! Faz seis anos que não se aumenta a produção de leite. Essa é a situação em que o nosso Estado está.

    Aí disseram o seguinte: "Olha, o ex-Governador do Rondônia é um dos melhores do Brasil." Imaginem a porcaria que é o restante do Brasil! Se, lá no meu Estado, ele não cumpriu com nada... Quais são os dados que botaram? Quem alimentou esses dados? Quem enganou? Se lá está assim...

    Eu estou falando a verdade. Eu faço um desafio a qualquer um; eu faço um confronto com qualquer um. Pode chamar todo mundo, seja quem for. Isso que eu falei na tribuna é real; a gente vive no dia a dia, está lá para ver.

    Quando eu falei aqui do Beron, o documento está assinado pelo ex-Governador Confúcio Moura. Então, contra documento não há argumento, a não ser que a assinatura dele não valha nada. Aí eu concordo, mas, então, joguem no lixo, porque o papel é meio grosso – nem no banheiro dá para usar, porque machuca. Imaginem se desse pelo menos para limpar, mas não dá! O que vai acontecer? Isso vai ferrar todo mundo, porque aquele papel é um papel duro, mas o que está escrito nele vai nos ferrar por 30 anos, pagando uma dívida que era de R$2 bilhões e que vai para R$7,4 bilhões.

    É isso que me entristece. É isso que me enoja na política. E ainda há gente que tem coragem de defender esse cidadão. Desculpe-me quem defende o ex-Governador Confúcio Moura, do meu Estado. Esse cidadão devia andar pelos quatro cantos, sim, pedindo perdão ao povo do Estado de Rondônia. É o mínimo que ele pode fazer para que a gente possa, de alguma maneira, integrar o povo, unir a comunidade, a sociedade para tentar fazer dias melhores.

    Só temos um caminho. A você que me assiste que vai à igreja ou mesmo em casa sempre tem rezado ao nosso Pai Celestial, peço que coloque todo mundo junto nas orações para que Deus possa nos abençoar, nos iluminar e nos dar força para fazermos as mudanças e as coisas que precisam ser feitas e, ao mesmo tempo, possa nos dar coragem para continuar denunciando os maus gestores do dinheiro público em favor da Nação, em favor do povo do Estado de Rondônia.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2018 - Página 109