Discurso durante a 72ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação contrária ao reajuste do valor dos combustíveis no País.

Críticas ao Presidente Michel Temer pela aprovação da Emenda Constitucional nº 95, que congela recursos públicos para infraestrutura e área social.

Registro da visita de S.Exª a municípios do Estado do Amazonas (AM).

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Manifestação contrária ao reajuste do valor dos combustíveis no País.
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas ao Presidente Michel Temer pela aprovação da Emenda Constitucional nº 95, que congela recursos públicos para infraestrutura e área social.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Registro da visita de S.Exª a municípios do Estado do Amazonas (AM).
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2018 - Página 20
Assuntos
Outros > ECONOMIA
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • CRITICA, REAJUSTE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), VALOR, COMBUSTIVEL, PAIS, COMENTARIO, QUANTIDADE, TRIBUTAÇÃO, MOTIVO, GREVE, MOTORISTA, CAMINHÃO.
  • DESAPROVAÇÃO, ATUAÇÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, CONGELAMENTO, RECURSOS PUBLICOS, DESTINAÇÃO, INFRAESTRUTURA, ATIVIDADE SOCIAL, ENFASE, EDUCAÇÃO, SAUDE, SEGURANÇA PUBLICA, DEFESA, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRIBUTARIA, IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS, CRITICA, GOLPE DE ESTADO, VITIMA, DILMA ROUSSEFF, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRISÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, VENDA, SATELITE, DEFESA NACIONAL, CORRUPÇÃO, PRESIDENTE, VINCULAÇÃO, PORTO, SANTOS (SP).
  • REGISTRO, VISITA, ORADOR, MUNICIPIOS, ESTADO DO AMAZONAS (AM), CRITICA, FECHAMENTO, FARMACIA, SITUAÇÃO, RODOVIA, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, REFORMA, ENSINO MEDIO, DESEMPREGO, MANAUS (AM).

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Senador João Capiberibe, Srªs Senadoras, companheiros e companheiras, assim como fizeram os meus colegas presentes nesta sessão, quero também cumprimentar os jovens estudantes que fazem visita, no dia de hoje, ao Congresso Nacional. Certamente, já passaram pela Câmara dos Deputados e agora estão aqui no Senado Federal.

    Quero dizer a vocês que estão presentes aqui nesta sessão, assim como a todos aqueles e aquelas que assistem às sessões do Senado, do Parlamento brasileiro, que infelizmente nós vivemos um momento, talvez, dos mais difíceis que já viveu o nosso País. É uma crise que, em vez de ir aos poucos sendo superada, a cada dia que passa toma uma proporção ainda maior.

    E eu, Senador Capiberibe, permito-me aqui, visto que temos um tempo significativo para falar no dia de hoje, uma média superior ao tempo normal que temos no dia a dia, e me dou o direito, Senador Capiberibe, de fazer uma breve digressão do que vem acontecendo no Brasil, nos últimos anos, haja vista o que acontece no dia de hoje.

    Hoje o Brasil amanheceu com muitas estradas paralisadas, com 16 Estados da Federação brasileira vivenciando problemas graves nas suas estradas, em decorrência da paralisação dos caminhoneiros autônomos – não dos organizados, mas dos caminhoneiros autônomos.

    Eles pararam o País exatamente por conta dessa nova política adotada pela Petrobras e abraçada, Senador Capiberibe, pelo Governo ilegítimo do Senhor Michel Temer. Eles paralisaram 16 Estados da Federação brasileira, dizendo não a essa política abusiva de aumento do preço dos combustíveis.

    E veja que eu procurei aqui, Senador Capiberibe, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, uma matéria do ano de 2015, e a encontrei aqui no portal UOL: "Protesto de caminhoneiros é contra Dilma, diz líder; sindicatos não apoiam". É uma matéria que foi publicada no dia 9 de novembro do ano de 2015. E a notícia dava conta de que os caminhoneiros estavam bloqueando rodovias em pelo menos 12 Estados brasileiros. E os sindicatos dizem que aquele protesto nada mais era do que um protesto contra a Presidenta Dilma.

    Teoricamente e aparentemente, à época, eles reclamavam do preço do valor do combustível, que era um preço infinitamente superior aos preços praticados no dia de hoje e reclamavam do tamanho e do valor dos impostos. É verdade. Nós já estamos cansados. Aliás, nós já estamos roucos de subir a esta tribuna, Senador Capiberibe – V. Exª, eu e inúmeros Senadores –, e dizer que a urgência que o Brasil tem não seria de fazer a reforma trabalhista, como fizeram. A urgência que o Brasil tem não seria, como primeira pauta deste Governo golpista do Senhor Michel Temer, aprovar a Emenda Constitucional 95, a emenda que congela recursos públicos para as áreas sociais e para as áreas de infraestrutura. Ela congela e diminui até os recursos públicos a serem aplicados na educação, na saúde, na segurança pública e nos investimentos públicos, como em novas escolas, em novas estradas, em pontes e em moradias populares.

    Veja que a primeira medida deste Governo foi aprovar exatamente a Emenda Constitucional 95. E veja, Senador Capiberibe, o cúmulo do cúmulo do cúmulo do absurdo: alguns Parlamentares lá do meu Estado estão reunindo professores, estão reunindo alunos e estão dizendo: "Nós continuaremos a luta e brigaremos para trazer mais recursos para serem investidos na educação aqui no Estado do Amazonas." Como assim, cara pálida? Se eles foram os que votaram a Emenda Constitucional 95, então, que sejam, no mínimo, sinceros com a população brasileira. Não há possibilidade de novos recursos para a área de educação, para a área de saúde, para a área de segurança pública, porque está lá escrito, contra o seu voto, Senador Capiberibe, contra o meu voto, contra o voto dos nossos Partidos, contra os nossos votos...

    O SR. PRESIDENTE (João Capiberibe. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PSB - AP. Fora do microfone.) – Eu não votei para isso, não. A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Exatamente, contra o seu voto, contra o meu voto.

    Eles aprovaram a Emenda Constitucional 95, em que está escrito que, nessas áreas, o Governo só poderá gastar, repito, em todas as áreas – educação, saúde, segurança, esporte, turismo, tudo – o que gastou no ano anterior, acrescido da inflação – apenas isso, e nada mais do que isso. Então, não adianta prometerem o que eles não vão cumprir.

    Eu dizia que a urgência que tem o Brasil não seria a aprovação dessa emenda constitucional, não seria a aprovação da reforma trabalhista, que tirou, que ceifou direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras conquistados há décadas, conquistados nos últimos séculos, eu diria, porque, logo no enunciado da lei, o primeiro artigo da lei diz que o negociado prevalece ao legislado. O que isso significa? Que a Consolidação das Leis do Trabalho não vale mais. Vale muito mais o que o patrão negocia com o empregado, e nós sabemos como se dão as negociações entre patrões e empregados. Obviamente, patrão não negocia; patrão determina diante da fraqueza do trabalhador, principalmente em momentos como este que estamos vivendo, momentos de recessão e momentos de desemprego. Vou mostrar o que está acontecendo na minha capital, no Estado do Amazonas, e o que está acontecendo no Brasil inteiro.

    Então, não seria prioridade a aprovação da reforma trabalhista, como também não é prioridade a aprovação da reforma previdenciária, que eles não enterraram, da qual eles não desistiram. Eles apenas adiaram para o pós-eleição, para depois das eleições, porque eles ficaram com medo do eleitorado, com medo de colocar suas digitais na reforma previdenciária, aquela que não acaba com privilégios, mas que acaba com o pouco direito do trabalhador e da trabalhadora; eles apenas estão transferindo a votação dessa reforma para depois das eleições.

    O que seria, então, prioritário, se essas não são as prioridades? A gente tem dito aqui que a prioridade número um seria exatamente uma reforma tributária, uma reforma tributária que tributasse as grandes fortunas – as grandes fortunas, neste País, não são tributadas –; uma reforma tributária que tributasse distribuição de lucros e dividendos, porque o trabalhador, aquele que ganha acima de R$1,9 mil, já desconta Imposto de Renda. O trabalhador que ganha menos do que isso também paga imposto a cada vez que vai ao mercado para fazer compra. Quando compra um quilo de farinha, um litro de leite, um sapato, uma caneta para o filho estudar, ele está lá pagando tributo. E o assalariado também paga tributo, e não paga pouco; paga muito, e muito mais se comparado aos grandes salários pagos neste País.

    Então, a reforma tributária é que seria necessária e importante para estabelecer um sistema tributário mais justo: cobrar mais de quem mais tem condições de pagar, e não cobrar exatamente daqueles que não têm condições de pagar, que são os que mantêm o Estado brasileiro; e não tributar mais o trabalho, porque, ironicamente, no Brasil, tributa-se o trabalho, a produção, e não a riqueza. O exemplo mais claro e mais concreto disso é exatamente o valor do preço dos combustíveis.

    A Petrobras hoje, Senador Capiberibe, apesar de o Brasil inteiro ter acordado com esses protestos... Paralisaram em mais de 16 unidades da Federação. Segundo o noticiário que nós temos, paralisaram BRs, estradas, rodovias na Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

    Apesar disso, o que o Governo fez? O que fez a Petrobras, repito, com aceitação plena do Governo Federal? Anunciou mais um aumento. Na semana passada, foram cinco aumentos diários dos combustíveis e hoje, apesar de o Brasil ter amanhecido com tantas paralisações, foi anunciado mais um reajuste nos combustíveis: 0,97% para o diesel e 0,9% para a gasolina. Ou seja, a gasolina chega hoje já a quase R$5 – a quase R$5! O preço da gasolina que sai da refinaria gira em torno de R$2, R$2,10, aproximadamente, mas, quando se acrescentam os tributos, nobre Senador, o preço da gasolina vai exatamente para quase R$5.

    Eu tenho aqui uma tabela: 28% do preço do combustível, da gasolina é o valor da realização da Petrobras, ou seja, o quanto a Petrobras cobra pelo valor total é a parcela da Petrobras, ou seja, da produção da gasolina – 28%; 29% é o valor médio do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), um tributo cobrado pelos governos estaduais – 29%; 16% são representados pela cobrança da Cide, que é a contribuição que incide sobre o preço dos combustíveis para ser aplicada na melhoria das rodovias, para ser aplicada em benefício do meio ambiente, que, na prática, são recursos desviados para pagar juros e serviços de uma dívida pública – 16% para Cide, PIS/Pasep e Cofins; 14% é a parcela que fica para os distribuidores, aqueles que fazem as revendas, não apenas os que distribuem, mas também os que vendem o combustível, ou seja, distribuidoras e postos de gasolina; e 13% é a parcela da composição do custo relativo ao etanol, que é também um composto do combustível da gasolina no nosso País. Ou seja, apenas de tributos, Senador Capiberibe, são cobrados 45%, a metade do valor da gasolina que os consumidores pagam é de impostos.

    E o Governo não acha prioritário uma reforma tributária. O Governo acha prioritário exigir que o trabalhador e a trabalhadora contribuam com a Previdência Social por 49 anos para ter o direito a um mísero salário mínimo ao final de cada mês. O Governo acha prioritário mudar a lei para impedir que uma família cujo pai faleceu e mãe seja aposentada acumule benefícios da Previdência Social mesmo que cada um desses benefícios seja de um salário mínimo somente. A prioridade do Governo é essa. Portanto, a prioridade do Governo é atacar os direitos do povo brasileiro. A prioridade do Governo é acabar com os programas sociais. Todas as farmácias populares foram fechadas no Brasil, todas.

    Eu estive recentemente em Maués. Maués é um Município do interior do meu Estado. Fui visitar a farmácia popular. Fechada, Senador Capiberibe. Nesse final de semana, eu estive no Município de Humaitá, lá no interior do meu Estado do Amazonas. Tive que ir a Porto Velho para, de Porto Velho, capital de Rondônia, pegar um carro e ir pela estrada até chegar ao Município de Humaitá, porque nós não temos uma estrada que ligue a nossa capital Manaus até a cidade de Humaitá. Então, temos que nos deslocar até a capital de Rondônia, pegar uma estrada e chegar ao Município de Humaitá. Em Humaitá, eu também fui visitar a farmácia popular. Fechada, Senador Capiberibe, fechada.

    O Governo faz propagandas mentirosas. Agora mesmo fez um balanço dos seus dois anos de mandato divulgando que melhorou a possibilidade de o estudante frequentar uma escola. Mentira! Nós já tivemos no Brasil mais de 700 mil financiamentos, através do Fies, de ensino superior para a juventude brasileira – mais de 700 mil por ano. Hoje não ultrapassa 130 mil, e os jovens não estão conseguindo acessar, tamanha a gravidade e as dificuldades impostas, com a aprovação de uma medida provisória também aqui nesta Casa, aqui no Parlamento brasileiro, uma medida provisória recente. Aliás, até a reforma do ensino médio eles aprovaram por medida provisória.

    Aliás, esse Governo é que é provisório! Já dizia o nosso colega Líder do Governo, Senador Jucá, o Brasil inteiro ouviu que era preciso dar uma pausa na democracia, alguém na Presidência da República que não fosse eleito, para que pudesse promover essas medidas antipopulares. Aí está um Governo provisório que só governa com medida provisória. É medida provisória para reformar o ensino médio; é medida provisória para mudar o financiamento da educação superior brasileira; é medida provisória para garantir isenção tributária de R$1 trilhão, uma medida provisória aprovada contra os nossos votos, para as empresas multinacionais que atuam na área de gás e petróleo – R$1 trilhão! Ou seja, um Governo que acaba com a lei do conteúdo nacional, fechando milhares, milhares e milhares de postos de trabalho, ainda dá garantias, incentivos fiscais, renúncias fiscais para empresas multinacionais de fora que trarão os navios prontos, que trarão as plataformas prontas.

    Mas vamos lá. Medida provisória para aprovar a reforma trabalhista, uma medida provisória que acabou com a CLT, uma lei de quase um século, de mais de 70 anos. É esse Governo provisório, mas um Governo provisório que muito mal está fazendo à Nação brasileira, muito mal.

    Eu tenho andado nas ruas da minha cidade e conversado com as pessoas. Eu tenho visto. Nesse final de semana, o que mais falaram foi sobre o aumento da gasolina. Quando aumenta a gasolina, aumenta tudo, aumenta a batata, aumenta o tomate, aumenta o arroz, aumenta o feijão, aumenta tudo, porque o combustível é aquele utilizado para fazer o transporte de mercadorias, e, no valor da mercadoria, está a composição de todo o seu custo, não só de produção, mas do seu custo de logística também.

    Então, veja o momento que nós vivemos. O Governo, no mês de junho passado, do ano passado, mudou a política da Petrobras de aumento do preço dos combustíveis. Aliás, eles criticavam muito a Dilma – lembra-se, Senador? –, criticavam-na muito: "Ah, está acabando com a Petrobras, porque não está permitindo que haja os reajustes que deveria haver na gasolina, no óleo diesel." Ela dizia: "Não podemos penalizar a população brasileira." E hoje eles mudaram a política. Então, o valor do combustível determinado pela Petrobras modifica-se, flutua de acordo com o valor do mercado internacional. E nós estamos vivendo hoje um momento de aumento significativo do valor do dólar. E isso tem trazido reflexos no valor do combustível, no valor da gasolina.

    Então, repito, somente na última semana foram cinco aumentos. Durante este ano, Senador Capiberibe, o valor da gasolina já aumentou mais de 48%. Aliás, eu vou já confirmar aqui se é durante este ano ou se foi durante todo o período de Michel Temer, mas o fato é que...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... hoje nós estamos vivendo um problema dramático no Brasil, um problema dramático.

    Eu recebi hoje pelo WhatsApp isto aqui, Senador Capiberibe: "Gasolina aumentou 42,25% no último ano". Cadê as panelas? Olhe aqui o valor hoje, a média de valor praticado no posto de gasolina: R$4,996, ou seja, R$4,99, quase R$5 é o valor da gasolina de hoje. Está aqui: mais de 42% foi o aumento no último ano. Esse último aumento agora já ultrapassa o valor da inflação. Está aqui: o preço médio do diesel nas bombas já acumula, agora, uma alta de 8% neste ano. O valor está acima da inflação acumulada no ano, que é de 0,92%.

    Não bastasse tudo isso, faz dois anos, Senador Capiberibe, exatamente os dois anos de Michel Temer, que o trabalhador brasileiro, depois de décadas, vê o salário mínimo aumentar num percentual inferior à inflação. E nós, que comemorávamos a lei da valorização do salário mínimo... Eles aumentaram... Aumentaram, não; eles reduziram o valor nominal do salário mínimo, efetivamente reduziram o valor do salário mínimo.

    Eu quero comparar estas questões: o valor da gasolina, que é um verdadeiro absurdo, isso é um crime contra a economia popular, quero comparar tudo isso que eu falei a um outro fato, que é o desemprego. Também o Michel Temer falou lá no seu balanço de dois anos, semana passada, que agora a palavra de ordem é trabalho. Antes, no governo anterior, disse que era desemprego. Agora, no Governo dele, é trabalho. Não sei para quem. Só se for para Deputados salvarem a pele dele, Michel Temer. Aliás, ganharam e continuam ganhando muito bem por isso. Primeiro, eles votaram em Michel Temer. Foram eles que colocaram Michel Temer na Presidência da República, a maioria da Câmara e a maioria do Senado, tirando uma Presidenta sem que nenhum crime eles conseguiram comprovar que ela tivesse cometido. Nenhum. Portanto, aquilo não foi um impeachment. Eles tiraram a Presidente através de um golpe.

    Eles tiveram duas oportunidades para tirar Michel Temer, mas eles não o tiraram. Eles mantiveram Michel Temer. Nós sabemos exatamente a que preço, com que valor, mantiveram.

    Por duas vezes, o Ministério Público denunciou Michel Temer. E, por duas vezes, a maioria da Câmara dos Deputados absolveu Michel Temer. Disse: "Não, continue na Presidência da República." E ele, continuando na Presidência da República, só faz essas barbaridades.

    Já dei montes de exemplos aqui. Poderia dar tantos mais.

    Poderia dar, Senador Capiberibe, outro exemplo: o do satélite. Com muita luta, nós conseguimos que o Governo brasileiro construísse um satélite próprio. Até essa era uma pauta muito forte da Defesa brasileira, que se utilizava de satélites alugados, norte-americanos, para desenvolver atividades de defesa. Que País é este em que a Defesa do Brasil se utiliza de satélites estrangeiros para tratar o seu programa de defesa nacional? Então, essa era uma forte reivindicação da Defesa.

    Pois bem, a Presidenta Dilma construiu um satélite orçado, que, ao final de tudo, custou aproximadamente R$2,7 bilhões; um satélite que, ao ser construído, tinha todo o seu funcionamento organizado, elaborado. Trinta por cento dele seriam utilizados exclusivamente pela Defesa; e 70%, para ações sociais prioritárias do Governo Federal.

    Que ações sociais prioritárias são essas? Saúde. Hoje nós precisamos da saúde à distância, nas nossas regiões principalmente. Nós não temos nem muitos médicos nos Municípios do interior. Imaginem cardiologista, ginecologista, pediatra, nefrologista. Não temos isso.

    Com o satélite, com a internet, com a videoconferência, é possível se tratar e até fazer cirurgias mais especializadas. Então, o satélite era para isso. O satélite era para educação, para educação à distância. O satélite era para o uso das escolas públicas...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... estaduais, municipais. Era para isso. E a um preço muito mais barato.

    O que este Governo fez? O satélite foi lançado no ano passado, salvo engano meados do ano passado. Estava tudo preparado. O governo anterior deixou tudo organizado. Trinta por cento seriam cuidados pela Defesa e 70% pela Telebras, a empresa pública que eles mantiveram – não aquela gigante Telebras do passado, que Fernando Henrique Cardoso privatizou, vendeu a preço de banana, a preço de banana, e, junto com ela, todas as estaduais de telecomunicação que atuavam nos Estados e a Embratel. Não, mas deixou uma Telebras, que estava lá natimorta e que o governo Lula e o governo Dilma ressuscitaram. Disseram: "É essa a Telebras que vai cuidar dos 70% do satélite, cujo serviço será para a sociedade civil."

(Interrupção do som.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – O que a Telebras poderia e deveria ter feito? Ter se organizado, contratado empresas para implementar todo o sistema necessário ao funcionamento do satélite, até contrataria empresas privadas, isso é normal, isso é óbvio. Como o Governo contrata empresas para fazer casas, para fazer escolas, a Telebras contrataria essas empresas para implantar toda infraestrutura necessária à telecomunicação, à chegada da internet em todos os cantos do País, em todas as localidades.

    Mas não, o que o Governo fez? Na calada, na surdina entregou esse satélite para uma empresa americana chamada Viasat. Entregou todo o satélite para essa americana Viasat, até que a Justiça embargou e está tudo embargado.

    V. Exª se lembra, Senador Capiberibe, no mês de março deste ano, Michel Temer chamou os prefeitos do Brasil inteiro para virem a Brasília. Os coitados dos prefeitos saíram do interior de todos os Estados, pagaram passagens, pagaram diárias com os recursos municipais e vieram a Brasília participar do evento Internet para Todos, internet barata. E ele, Michel Temer, lançou o programa com os prefeitos, deu uma cartilha, deu um material e disse: "Vocês vão receber a internet a baixo custo." Até hoje não têm internet. Por quê? Por conta disso que eu disse, por conta de ele ter entregue, de forma ilegal e imoral, o nosso satélite para a operação de uma empresa privada.

    Para falar das maldades, para falar dos absurdos cometidos pelo Governo Michel Temer, nós poderíamos ficar o dia inteiro aqui. Mas quero concluir minha participação, Senador, dizendo que o momento é muito grave. Ao lado disso tudo, temos o quê? Temos o crescimento do desemprego no Brasil. E ele mentiu dizendo que o desemprego era do passado e agora é trabalho. Mentira! Os dados demonstram como tem caído não só o emprego de carteira de trabalho assinada, como também o ganho real do trabalhador e da trabalhadora brasileiros.

    E olhe a notícia que vem da minha cidade de Manaus. Em Manaus, os desempregados passaram a madrugada do domingo na fila em frente da porta da Seminf, que é a Secretaria Municipal de Infraestrutura. Estão desde ontem no início da noite, passaram a madrugada inteira, aguardando que a Secretaria abrisse as suas portas e iniciasse o seu expediente para entregarem os seus currículos. E currículos de quê? A Secretaria anunciou que contrataria ou que contratará 308 trabalhadores pedreiros ou ajudantes de pedreiros para trabalharem oito horas por dia recebendo um salário mínimo, e um trabalho temporário.

    Pois bem, a Prefeitura teve que colocar 70 atendentes para receber esses currículos. E, daqui até o final da semana, é esperado o atendimento no mínimo de 2 a 3 mil pessoas por dia. É isso. Enquanto Michel Temer faz isso, os trabalhadores formam filas, mais filas e mais filas, buscando uma vaga de trabalho temporário para receber o valor de um salário mínimo. E, repito, um salário mínimo que, neste ano, não recebeu o reajuste nem equivalente ao valor da inflação. Nem isso recebeu.

    É lamentável, mas penso que não devemos ficar apenas no lamento. É preciso que a população brasileira se erga. Não ouvimos mais muito barulho de panelas batendo nas varandas dos prédios. Não ouvimos.

    A gente não vê mais, mesmo com a proximidade da Copa do Mundo, muitas pessoas andando de verde e amarelo nas ruas. Aliás, nesse final de semana, andando no comércio da minha cidade, cheguei a uma loja que vende esses enfeites, essas coisas, e perguntei para a atendente como estavam as vendas para a Copa do Mundo – dos chapéus, das bandeiras, daqueles cabelos verde e amarelos, camisas e tudo. E ela disse: "Está ruim. A menos de um mês da Copa, a gente não está vendendo nada".

    Então, eu falo a essas pessoas, à grande maioria. Não falo à minoria, porque sei que tem uma minoria que manipulou a maioria. Manipulou. Aquela minoria que detém os meios de comunicação, aquela minoria chegou à maioria do Brasil dizendo: "O grande problema do Brasil chama-se Dilma. Vamos tirar Dilma que tudo melhora".

    Aqui, nossos colegas diziam isso. O Senador Ferraço estava dirigindo a sessão um dia desses. Eu falei, eu o citei, e ele fez de conta que nem ouviu. Fez cara de paisagem, fazendo de conta que eu não estava falando dele e nem para ele. Eu estava falando dele para ele! Dizia: "Senador Ferraço, o senhor foi quem mais subiu à tribuna, dizendo que essa reforma trabalhista era uma reforma modernizante, que ia gerar trabalho, que ia gerar renda e que ia melhorar a produtividade". Pois essa reforma está fazendo exatamente o inverso.

    Então, não quero me dirigir a essa minoria, porque há uma minoria que manipula a opinião da maioria. Grande parte da população brasileira que foi às ruas, que bateu panela, que se vestiu de verde e amarelo, foi com toda a boa intenção. Foi porque, de fato, acreditou no que a TV dizia, no que a revista escrevia, no que a maioria dos Parlamentares falava: que a Dilma era culpada de tudo, e que, depois dela, tudo melhoraria.

    Mas, não, senhoras e senhores! Nós sabíamos. Nós sabíamos que aquele não era o momento em que eles queriam apenas substituir uma presidência. O momento é que eles queriam mudar um projeto de país: privatizar o Brasil, tirar direitos dos trabalhadores. Nós sabíamos e, por isso, lutamos, e lutamos muito! Lutamos e lutamos muito. E não foi uma luta em vão, Senador! Não foi uma luta que ficou no passado. É uma luta que vai ter frutos.

    Então, eu quero me dirigir a essas pessoas que estão decepcionadas e acabam se decepcionando com a política como um todo. Achavam que era ela a responsável pela corrupção. E nós dizíamos: "Não, ela até pode ter errado, ela até pode ter errado muito, como o Lula, mas eles não são os corruptos. Os corruptos são aqueles que estão querendo chegar ao Planalto". E efetivamente chegaram. Está aí a prova: apartamento com R$51 milhões em dinheiro vivo; malas de dinheiro que andam para cima e para baixo!

    Senador Capiberibe, a nova notícia que eu ouvi hoje no rádio é muito grave: é esse tal de inquérito dos portos contra Michel Temer. Isso é muito grave! Isso vai-se agravar ainda mais. Envolve um outro operador financeiro do Michel Temer, que foi solto na semana passada por uma liminar concedida por Gilmar Mendes. Ou seja, o inquérito que vai mostrar como eles usaram desse esquema para desviar recursos públicos e há quantos anos. Então, nós sabíamos que os corruptos verdadeiros eram eles. Eram eles!

    Agora, quem é que está sofrendo? O povo. E para a gente resolver esse problema não há outra saída senão a participação popular. Não adianta o povo ficar revoltado dizendo que não acredita em ninguém. Não! Porque ruim com a política, com a democracia, pior sem a política e sem a democracia! Muito pior.

    Então, vamos procurar ver como se conserta isso. E eu não tenho problema nenhum em dizer, e digo e repito onde quer que eu esteja: enquanto os verdadeiros corruptos estão mandando no Brasil, fazendo tudo isso que nós estamos dizendo aqui, enquanto eles estão lá... Aqui está a cartilha. A gente conseguiu, até que enfim, e eu vou voltar toda semana aqui para desmentir item a item esse absurdo que Michel Temer escreveu.

    Ainda gastou esse papel com o dinheiro nosso, porque aqui não há uma linha de verdade – não há uma linha de verdade. O Brasil não melhorou, o Brasil está piorando.

    Então, vocês que um dia se mobilizaram achando que estavam se mobilizando para melhorar o Brasil e, dois anos depois, estão vendo que o Brasil está piorando e que o Brasil está sendo comandado por aqueles que efetivamente são responsáveis pela corrupção, não fiquem acanhados. Venham para rua, porque o Brasil precisa de vocês. Só há um jeito de impedir a reforma previdenciária, só há um jeito de impedir a reforma trabalhista...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Concluo nesse pouco tempo. Ia dizendo o seguinte: que enquanto eles estão mandando no País, o Presidente Lula está preso. E o Presidente Lula está preso por qual crime? Nenhum. Ele foi condenado por ser proprietário de um apartamento que nunca lhe pertenceu. Mas está lá preso. Agora por que Lula está preso? Porque eles sabem, esses que deram o golpe em 2016 sabem que se Lula continuasse solto, Lula seria o novo Presidente deste País, ninguém tem dúvida disso, e talvez melhor do que foi antes, porque corrigiria uma série de erros que foram cometidos.

    Agora, o que é importante é a gente saber que a gente ainda pode mudar os destinos do Brasil. E só há uma forma: é a gente se unir contra essas pessoas que estão tomando de assalto a nossa Nação...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... e, mais do que isso, estão aplicando uma política de entrega da nossa soberania, uma política de lesa-pátria, uma política de venda do patrimônio nacional e de retirada dos direitos dos trabalhadores, homens e mulheres, e de encerramento de todos os programas sociais que deram certo.

    Quando eu visito uma universidade nos Municípios do meu interior, ao mesmo tempo comemoro e choro. Comemoro porque há 15 anos nós não tínhamos isso que nós temos hoje, e choro porque ou nós fazemos alguma coisa ou o destino dessas universidades será fechar as suas portas ou começar a cobrar mensalidades para poder sobreviver.

    Muito obrigada, Senador Capiberibe. E desculpe-me porque abusei um pouco do tempo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2018 - Página 20