Comunicação inadiável durante a 73ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à suposta seletividade das delações premiadas.

Crítica ao Governo Federal pelo aumento dos preços dos combustíveis.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Críticas à suposta seletividade das delações premiadas.
ECONOMIA:
  • Crítica ao Governo Federal pelo aumento dos preços dos combustíveis.
Publicação
Publicação no DSF de 23/05/2018 - Página 26
Assuntos
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • CRITICA, POSSIBILIDADE, CRITERIOS, SELEÇÃO, DELAÇÃO PREMIADA.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, AUMENTO, PREÇO, COMBUSTIVEL.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) – Obrigada.

    Sr. Presidente, Srs. Senadores, quem nos acompanha pelas redes do Senado, a imprensa revelou, neste final de semana, um abjeto submundo das delações, coisa que muitos de nós sabíamos. É isto mesmo, uma verdadeira indústria de delação premiada, não só nas delações, mas também em alguns silêncios premiados.

    Segundo a imprensa, o advogado Figueiredo Basto, pioneiro das delações, cobrava propina para garantir silêncio seletivo de seus clientes, manipulando depoimentos. Eu e Paulo Bernardo sempre denunciamos que fomos vítimas dessas manipulações.

    A grande ironia disso tudo é que o delator foi acusado por delatores premiados, e Figueiredo Basto agora diz que a palavra de delatores não deve ser considerada. Em outros termos, advogado de delatores descarta a palavra de delatores. Seria uma piada pronta, mas é trágico o retrato de um sistema judicial envenenado e partidarizado.

    Figueiredo Basto foi advogado de Alberto Youssef, Pieruccini, Delcídio do Amaral e Pedro Corrêa, todos eles delatores do processo em que me acusam. Aliás, ele é advogado de vários outros delatores. E, se isso for verdade, coloca em risco grande parte da Operação Lava Jato, para não dizer toda ela, em razão de ele estar cobrando propina para fazer delações premiadas dirigidas, com concertação.

    Aliás, esse Figueiredo Basto não é mais ninguém do que também assessor do PSDB do Paraná. Isso mesmo. Em 2014, um pouco antes de assumir como advogado dos delatores, ele era assessor no governo de Beto Richa. O então Procurador da República, Rodrigo Janot, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, afirmou textualmente que Figueiredo Basto tinha vinculações com o PSDB e com o ex-Governador do Paraná, Beto Richa, sugerindo motivações eleitorais na movimentação do advogado. Sempre sustentamos isso.

    A acusação de Janot já autorizava supor que o fato de sermos do PT e adversários históricos de Richa tenha influenciado na condução das delações dos clientes de Figueiredo Basto. E agora a gente vê que Figueiredo Basto cobrava propina para dirigir as suas delações e fazer concertação, dizendo quando o delator deveria falar e quando o delator deveria se calar.

    Isso é muito grave. Nós não aprovamos nesta Casa a Lei de Organizações Criminosas com o instituto da delação para acontecer esse tipo de coisa. Cabe ao Congresso Nacional corrigir os rumos disso. E penso que cabe ao Congresso Nacional, também, investigar o que de fato aconteceu e qual é o papel dos agentes e atores da Lava Jato nesse processo.

    E eu não posso aqui terminar o meu pronunciamento sem falar de algo que está movimentando o País, que é o preço da gasolina, o preço do gás de cozinha e o preço do diesel. Nós chegamos, Srs. Senadores, à vergonha de gás de cozinha e compra de combustíveis estarem sendo parcelados – está-se comprando à prestação.

    Na época do Lula, sabe o que se comprava à prestação? Casa própria, carro, eletrodoméstico. Na época do Temer, desse golpista, compra-se gasolina, gás. Aliás, muita gente, Senador Capiberibe, está deixando de comprar gás para poder comprar comida, e está cozinhando com fogão a lenha ou então com fogareiro a álcool.

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – O número de pessoas queimadas aumentou muito no País.

    Isso é um escândalo, é uma vergonha. Tiraram a Dilma, prenderam o Lula para entregar isso ao País. É isso que entregaram ao País. Eu sinto muito subir a esta tribuna para ter que fazer esse registro, mas é o País que nós estamos vivendo: 13 milhões de desempregados, 1,5 milhão a mais de pessoas abaixo da linha da miséria, a dívida pública estourando e um Governo que não consegue sequer conter o aumento da gasolina.

    Só para registrar, na época da Dilma a gasolina estava R$2,6; hoje está R$5 o litro.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/05/2018 - Página 26