Discurso durante a 73ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a crescente taxa de desemprego no País.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRABALHO:
  • Preocupação com a crescente taxa de desemprego no País.
Publicação
Publicação no DSF de 23/05/2018 - Página 47
Assunto
Outros > TRABALHO
Indexação
  • APREENSÃO, RELAÇÃO, AUMENTO, TAXA, DESEMPREGO, LOCAL, BRASIL, ENFASE, ESTADO DE SERGIPE (SE).

    O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, meu pronunciamento tem o objetivo de mostrar nossa preocupação em face de uma pesquisa divulgada recentemente pelo PNAD, que fala sobre desemprego – desemprego em nosso País, desemprego especialmente no Estado de Sergipe, que represento aqui, nesta Casa.

    Dessa vez, o infortúnio é que atingimos, no primeiro trimestre de 2018, uma taxa de desocupação de 17,1% no Estado de Sergipe. Estamos entre os cinco Estados com maior percentual de população em situação de desemprego.

    Considerando as regiões metropolitanas, o cenário é ainda mais alarmante. Com um índice de desemprego de 19,8%, a Grande Aracaju perde para duas regiões metropolitanas: a de Macapá, com 20,3%, e a da Grande São Luís, com 20,1%.

    Em todo o País, boa parte desse contingente de atingidos pelos desmandos políticos e econômicos tem sido levada a uma sensação de torpor. São as vítimas do desalento, estado de ânimo transformado em números pelo IBGE.

    O Brasil encerrou o primeiro trimestre deste ano com 4,6 milhões de desalentados. Por que são desalentados? São os que simplesmente desistiram de procurar trabalho, que não acreditam na possibilidade de oportunidades profissionais. Desses, 2,8 milhões são nordestinos.

    Outros 13,7 milhões de brasileiros estão desempregados, mas continuam a buscar uma vaga no mercado de trabalho. Como eu disse, 4,6 milhões já desistiram de procurar emprego; 3 milhões estão na fila, há dois anos ou mais; e os que ainda têm lugar ao sol encontram condições piores, empregos mais frágeis e de menor salário. No primeiro trimestre deste ano, foram menos de 408 mil empregados com carteira assinada no setor privado.

    É um tremendo desarranjo social. São pais e mães de família experientes que, de uma hora para outra, perdem o sustento da casa. São jovens sem futuro.

    Aliás, o Governo, quando fez a reforma trabalhista e mandou para o Congresso projeto nesse sentido, afirmou alto e bom som, prometeu que, com a aprovação daquela lei, haveria a criação de seis milhões de empregos com carteira assinada, uma verdadeira balela, uma mentira somente para agradar ao mercado.

    A gente não pode se acostumar – e quero falar, em especial, ainda, sobre o meu povo, o povo sergipano. A gente deve reagir. A gente deve dizer "não" à corrupção, à irresponsabilidade.

    Agora mesmo, na pré-campanha, o Presidente Temer e seus aliados alardeiam promessas de dinheiro fácil, de derrame de recursos federais em busca de apoio – apoio que a biografia deste Governo, uma biografia manchada por denúncias de corrupções, não tem condições de conquistar.

    Em Sergipe, por exemplo, o que fazem é nos humilhar. E as coisas sempre podem piorar. Só esperam o final das eleições para fechar, definitivamente, a fábrica de fertilizantes de Laranjeiras, a Fafen, que desde 1982 marcou um ciclo de desenvolvimento para o nosso Estado, gerando empregos e ampliando divisas.

    Se o mais teimoso insiste em dizer que não percebe, dou aqui outro exemplo. Contando com a omissão do Governo do Estado, o Presidente Temer cortou quase R$80 milhões dos R$100 milhões que haviam sido destinados ao Ministério da Integração para levar adiante a obra do Canal de Xingó. E o fez através do PLN nº4, que foi aprovado às pressas para jogar dinheiro, a torto e a direito, a granel, em favor dos seus aliados em vários Estados brasileiros, no Nordeste, especialmente em Sergipe, para a construção de uma Bancada visando dar apoio aos seus projetos e, através de uma defesa dos chamados escudeiros, que possam, no próximo ano, fazer o proselitismo, no Senado e na Câmara, do Governo atual do Presidente Temer.

    É um tremendo desarranjo social, Sr. Presidente. São pais e mães de famílias experientes que, de uma hora para a outra, perdem o sustento. São jovens sem futuro. A gente não pode se acostumar, Sr. Presidente.

    Falando sobre o canal de Xingó, R$300 milhões foram aprovados pela Comissão de Integração Nacional, presidida, no ano passado, pelo Deputado Federal Valadares Filho; desses R$300 milhões, o Governo baixou para R$100 milhões; de R$100 milhões, agora, está em R$200 milhões para um projeto que, sem dúvida alguma, se realizado, se executado, seria a redenção do sertanejo sergipano.

    O canal está destinado a gerar empregos duradouros, a partir do incremento de atividades produtivas, pelo fortalecimento da pecuária leiteira, pelo desenvolvimento da agricultura irrigada, da agroindústria, da apicultura e da piscicultura. Municípios como Poço Redondo, Canindé, Nossa Senhora da Glória, Porto da Folha, Monte Alegre, Feira Nova seriam diretamente beneficiados com a construção desse canal, promovendo o desenvolvimento na região, salvando a mortalidade de gado durante as secas e, sem dúvida alguma, dando uma contribuição enorme para a pecuária leiteira daquela região, que é bastante forte.

    E o corte no orçamento do canal se deu com o único intuito de direcionar essas verbas para ações de cunho meramente eleitoreiro, do interesse do Presidente Temer e de sua Bancada.

    A retirada dos recursos para esse projeto é uma traição ao povo do Nordeste, ao povo de Sergipe.

    Ademais, o Governo do meu Estado não tem sido bom exemplo de boa administração; que o digam os servidores com salários sempre em atraso.

    E agora, para piorar o quadro, nos chega a notícia de que o Governo de Sergipe descumpriu acordo relativo à alíquota de combustível com a empresa aérea GOL, que decidiu suspender o voo internacional para a Argentina e da Argentina para Aracaju. Isso vai levar à queda da vinda de inúmeros turistas que vêm da Argentina e dos países vizinhos para Aracaju.

(Soa a campainha.)

    O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PSB - SE) – Turismo em baixa, mais desemprego.

    Por tudo isso, Sr. Presidente, está claro que a mentira, o populismo, a demagogia e o poder econômico não convencem mais o povo. Ele está atento e percebe que interesses nada republicanos podem se esconder por trás do discurso enganoso e das dádivas financeiras efêmeras em ano de eleição. O nordestino sabe que de esmola grande cego desconfia.

    Acredito que somente os que conseguirem transmitir credibilidade e capacidade de enfrentar questões, como o planejamento regional, com olhos na geração de emprego, deverão ser os escolhidos para os desafios que estão impostos.

    E no cenário de incerteza e inquietude que ora se apresenta, de crise de credibilidade e de questionamento ético da política, que se faz imperativo dar fim às forças...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PSB - SE) – Sr. Presidente, não podemos e não devemos nos acostumar com esse estado de ineficiência no direcionamento das questões mais importantes do nosso País.

    Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/05/2018 - Página 47