Pronunciamento de José Medeiros em 22/05/2018
Pela Liderança durante a 73ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Considerações acerca do controle exercido pela Petrobras sobre os biocombustíveis.
- Autor
- José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
- Nome completo: José Antônio Medeiros
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
-
MINAS E ENERGIA:
- Considerações acerca do controle exercido pela Petrobras sobre os biocombustíveis.
- Aparteantes
- Lindbergh Farias, Zeze Perrella.
- Publicação
- Publicação no DSF de 23/05/2018 - Página 53
- Assunto
- Outros > MINAS E ENERGIA
- Indexação
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- COMENTARIO, COMPETENCIA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), CONTROLE, PREÇO, COMBUSTIVEL, NECESSIDADE, DISCUSSÃO, PRIVATIZAÇÃO.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente.
Eu quero começar a minha fala com o final do Senador que me antecedeu: "Os senhores estão destruindo este País".
Sr. Presidente, veja bem, esse pessoal passou 13 anos, Senador Waldemir Moka, e poderiam ter feito o que quisessem, poderiam transformar isso aqui no Jardim do Éden, poderiam transformar isso aqui na Disneylândia se quisessem.
Durante o governo deles foi descoberto o pré-sal. Então, era de se esperar que a Petrobras virasse "a empresa". Sabe o que aconteceu com a Petrobras? Quebraram. Então, Senador Caiado, a Petrobras, que era uma das principais empresas do mundo, chegou a valer menos de 60 bilhões. É um pessoal que não tem a mínima moral para falar de Petrobras, mas eu tenho algumas coisas para falar de Petrobras, Senador Cássio Cunha Lima.
Eu penso que essa história que eles dizem – "A Petrobras é nossa!" – cabe para eles, cabe para eles, porque realmente se mostrou – e o Moro está mostrando – que a Petrobras era deles. Agora, para os brasileiros esse negócio não é muito bom, porque, quando a Petrobras quebra, nós somos chamados para pagar a conta. Quando a Petrobras dá lucro, nós não somos chamados para dividir o lucro.
Então, eu tenho comigo o seguinte: nós precisamos nos livrar desse negócio. Nós precisamos, Senador Waldemir Moka, começar a discutir essa história. Por exemplo, o que tem a ver, Senador Waldemir Moka, o álcool com o petróleo? Álcool não é petróleo, gente! E por que é a ANP que controla isso? Por que a Petrobras é que tem que controlar isso? Quem tinha que estar controlando isso era o Ministério da Agricultura.
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, também, são produtores de biocombustíveis, mas quem está intermediando isso? A Petrobras. Poderia muito bem haver um posto de combustível de álcool que comprasse este combustível direto do produtor e vendesse ao consumidor. Não, o negócio tem que ir para Petrobras, para quê? Para encher o bolso dos acionistas e, dependendo de alguns governos que houver, da turma amiga de quem estiver no governo.
Nós precisamos começar a falar da Petrobras, mas fale em privatizar a Petrobras? É uma vaca sagrada. Uma vaca sagrada porque dá dinheiro, mas não para o povo. Estufam o peito e dizem: "O petróleo é nosso, a Petrobras é nossa". Eu quero deixar essa reflexão aqui para o povo brasileiro: nossa? De quem? Nossa? De quem?
A Presidente – o Senador que me antecedeu disse agora há pouco –, por pena, fixou em um patamar baixo o preço dos combustíveis, e agora estamos pagando o rombo. O que nós estamos fazendo agora é pagando o rombo.
Então, o que é que acontece?
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – V. Exª me concede um aparte?
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Concedo logo em seguida, Senador Lindbergh.
Então, o que é que acontece? Tungam o dinheiro da Petrobras, manipulam os preços. Agora, vem a hora da consequência, e, aí, dizem ainda que essa Petrobras é nossa. "Nossa" de quem? "Nossa" para quem?
Em tempo, Sr. Presidente, eu gostaria de registrar a presença do Dr. Alípio aqui, no plenário, nos visitando, ele que é Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB, no Mato Grosso do Sul; do Dr. Paulo Estevão da Cruz e Souza, ex-Deputado Estadual e ex-Secretário de Estado do Mato Grosso do Sul; e Dr. Jean Pierre Vargas, que é Presidente da Comissão de Advogados Publicistas da OAB Mato Grosso do Sul também; do Dr. João Paulo Lacerda, que é Presidente do Instituto de Direito Administrativo de Mato Grosso do Sul. Eles são idealizadores do evento sobre o projeto de lei das licitações no Mato Grosso do Sul e estão aqui – visitando-nos – na tribuna de honra.
Mas, continuando, Senador Waldemir Moka, veja bem – e aqui só estou respondendo, na verdade, ao Senador que me antecedeu, porque ele disse que nós somos culpados por isso –, são 13 anos, Senador, 13 anos que podiam transformar isso aqui em ruas de ouro, em mar de cristal. E, aí, eu pergunto por quê? O que é que aconteceu? E não me venham dizer que foi a crise de 2008, porque o próprio Paul Krugman disse que o Brasil estava saneado, com o sistema financeiro saneado, e não foi afetado por crise de 2008 coisíssima nenhuma.
O que aconteceu foi o seguinte: de repente, vocês que são adeptos desse tranco contínuo na economia acharam que podiam abraçar o mundo com as pernas, gastaram e esbandalharam com o sistema fiscal do País, e, aí, chegou a hora de pagar a conta. Chegou a hora de pagar a conta, é isso.
Agora, o que é esse monopólio? Dizem que o monopólio da Petrobras acabou. Que monopólio? Que acabou que nada. Nós estamos com o País da seguinte forma: na carne, quem manda é JBS; nas construções, são umas três ou quatro construtoras; no combustível, é a Petrobras; e há os bobos para pagar as dívidas.
No meu Estado, Mato Grosso, e no Mato Grosso do Sul, em Goiás e no Brasil inteiro, esse rapaz que estava preso aí... Aproveitando que o Senador Moka está aqui, eu queria fazer esse registro, porque o Brasil não sabe, Senador Zeze Perrella, que eles vieram com conversa mole, certa feita, no gabinete do Senador Waldemir Moka, e ele tocou os dois irmãos, os dois pilantras, de dentro do gabinete dele, o Sr. Wesley e o Sr. Joesley. Ele os tirou de lá de dentro, bem ao estilo lá da divisa em Bela Vista. O que é que acontece? Esses caras compraram as plantas frigoríficas, as fecharam e demitiram meio mundo. Sob as bênçãos de quem? E aproveito que vou conceder o aparte para o Senador Zeze Perrella – concedo primeiramente ao Senador Lindbergh e quero que ele responda: sob as bênçãos de quem foram criadas essas campeãs?
Eu peço só que o senhor seja breve, Senador Lindbergh, porque eu ainda tenho que falar e tenho que passar o aparte para o...
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senador, sinceramente, se eu fosse o senhor, eu teria vergonha. Vocês estão votando aqui tudo contra trabalhador. Aí, agora, sobe na tribuna. Sabe quanto a gasolina aumentou, e o diesel, desde julho de 2017? Cento e onze vezes, com um aumento de 57%. Botijão de gás, 70%. Na época do Lula, o botijão era R$30, porque isso tem um impacto social. Mas os senhores estão pouco ligando para o povo. O senhor sabe que são 13,7 milhões de desempregados, mas, se for juntar com subocupado, são 27 milhões de brasileiros. E o senhor tem coragem de vir aqui falar isso, depois de o Temer estar destruindo o País? Até a mortalidade infantil está subindo. A pobreza extrema, da qual Lula tirou 32 milhões de pessoas: 1,5 milhão agora nesse ano de 2017. Então, Senador, menos. Os senhores deviam vir aqui se explicar neste dia de hoje, porque um papelão que esse Governo do Temer está fazendo merece desculpa ao povo brasileiro pelo aumento da gasolina, do diesel e, principalmente, pelo botijão de gás. São 1,2 milhão de pessoas que estão voltando a cozinhar com fogão a lenha, Senador Medeiros. Tenham coragem de pedir desculpas ao povo pelo que fizeram!
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Senador Lindbergh, muito obrigado pelo aparte, e lhe concedi porque V. Exª sempre é democrático e concede, mas sem sofismas, Senador Lindbergh, menos. Não meta a colher do Temer no meio porque eu não estou falando de Temer. Eu estou falando dos 13 anos, e o senhor não me respondeu, o senhor não conseguiu fazer a resposta.
E mais: não foi só a Petrobras que vocês arrebentaram, não. Vocês arrebentaram também com o sistema elétrico. É verdade. Vocês controlaram o sistema de preços, os preços administrados, e agora o pobre está se lascando porque esse negócio aí é que nem uma barragem: uma hora estoura.
Senador Zeze Perrella.
O Sr. Zeze Perrella (Bloco Maioria/PMDB - MG) – Só para se falar, Senador Medeiros. Não sei se V. Exª sabe, eu fui do setor frigorífico durante vários anos. Um ano e meio atrás,...
(Soa a campainha.)
O Sr. Zeze Perrella (Bloco Maioria/PMDB - MG) – ... dois anos atrás, eu fiz um discurso aqui no Senado denunciando o pessoal da JBS. Financiaram 1.980 campanhas. Eu sou do ramo deles: nunca financiaram uma campanha minha...
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Parabéns, Senador!
O Sr. Zeze Perrella (Bloco Maioria/PMDB - MG) – ... nem por dentro nem por fora. Eu nunca tive o desprazer de conhecê-los, aliás. E sei como é que eles ganharam dinheiro: ganharam dinheiro em cima do governo Lula, que emprestou bilhões do BNDES para eles construírem plantas lá fora, para não dar nenhum emprego aqui. Compraram frigorífico na Inglaterra, nos Estados Unidos, se transformaram no maior do mundo com dinheiro do povo brasileiro.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Por isso é que eu perguntei para o Senador Lindbergh e ele não conseguiu responder.
O Sr. Zeze Perrella (Bloco Maioria/PMDB - MG) – Eles não fizeram nada de errado... Eles se esqueceram de Pasadena, esqueceram-se de um monte de coisa. Sabe por que eles não querem que a Petrobras seja privatizada nunca? Nem a Eletrobras? Eles vão roubar de quem depois? De quem? E só para lembrar também ao pessoal do PT, que sempre me acusava aí do coitadinho do caso do helicóptero – eu vou voltar nesse assunto porque é uma coisa que me machuca –: ele foi preso de novo, traficando para o PCC. E agora, aqueles que falavam que a corda arrebenta para o lado mais fraco, arrebentou para o coitadinho do piloto. Ele está preso, senhores do PT! Vocês, que usaram isso de uma maneira torpe e covarde contra mim. Tomou dez anos de cadeia, que é pouco. Nós temos que mudar essa lei de tráfico no Brasil, Senador: tomou dez anos; respondendo em liberdade, continuou praticando crime, o vagabundo. Tomara que ele tome trinta anos. E eu queria um dia que esse pessoal do PT se desculpasse comigo, porque eu já vi Lula fazendo gracinha com isso, já vi Vanessa Grazziotin: "E os 450kg de cocaína?". Os 450kg de cocaína, peçam para esse filho da mãe agora explicar porque ele deve saber.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Muito obrigado, Senador Zeze Perrella. Mas isso, Senador Zeze Perrella, não é nem... Eu vou dizer para o senhor: não é pessoal, não, contra o senhor; isso é simplesmente parte da realidade da alternativa que se cria. O senhor mesmo falou que o Senador não tocou em pontos-chave do que eu provoquei aqui porque não tem como explicar darem todas as riquezas do País para certos grupos. Quebram o País e depois chegam aqui imputando a todos. E usando sabe o quê? O pobre como biombo.
Tome vergonha, Senador Lindbergh! Usar o pobre como biombo... O senhor me fala para eu ter vergonha? Tome vergonha o senhor! Vocês usam o pobre como biombo. Aliás, vocês deveriam tomar vergonha: quem deveria estar no acampamento lá eram vocês. Vocês estão mandando os pobres morrerem de frio lá, dando um pão com mortadela para o povo ficar lá, e vocês não ficam. Vocês deveriam estar lá.
(Soa a campainha.)
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Então, quando se fala em vergonha, Senador, eu tenho muita vergonha, mas vocês deveriam ter vergonha de criar, porque o impeachment, por exemplo... Até hoje, falávamos uma coisa, e eles falavam outra. Então, se eu tivesse que falar aqui uma coisa para contrapor, eu diria o seguinte – eu vou repetir o que eu falei no impeachment –: naquele momento e hoje ainda, nós temos um bicho na sala, Senador Reguffe, que mia, bebe leite, come rato; todo o mundo diz que é gato. Aí vêm o Senador Lindbergh, a Senadora Vanessa, a Senadora Gleisi, a Senadora Fátima e todo o mundo e dizem: "Não, não é gato, não. Isto aqui é cachorro." E ai de quem disser que é gato! É desse jeito! E ainda olham para a gente e dizem: "Tome vergonha!" Que vergonha, Senador Lindbergh? Respeito-o muito, mas vocês é que deveriam tomar vergonha e fazer um debate sério aqui, neste plenário do Senado Federal.
Muito obrigado.
(Durante o discurso do Sr. José Medeiros, o Sr. Cássio Cunha Lima, 1º Vice-Presidente, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Waldemir Moka.)
(Durante o discurso do Sr. José Medeiros, o Sr. Waldemir Moka deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Eunício Oliveira, Presidente.)
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