Discurso durante a 74ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a celebrar os 50 anos de fundação da Igreja Cristã Maranata.

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a celebrar os 50 anos de fundação da Igreja Cristã Maranata.
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2018 - Página 14
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, IGREJA EVANGELICA.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – A Deus toda honra e toda glória.

    Este momento é ímpar na minha história e penso que ímpar na vida da maioria absoluta daqueles que aqui vieram.

    Eu vou fazer 20 anos que estou neste Parlamento. São 4 anos na Câmara dos Deputados e 16 anos nesta Casa. E não me lembro – busquem nos Anais da Casa – de termos tido aqui ou na outra Casa, com plenário absolutamente maior do que o nosso, uma sessão solene tão disputada, onde se rendam homenagens, tão frequentada e, de forma tão respeitosa, reverenciada por aqueles que aqui adentraram, que aqui vieram dos seus Estados para poder dizer a Deus: "Graças a Deus, muito obrigado. Orgulhosos estamos pela trajetória dos 50 anos da Igreja Maranata".

    A palavra de Deus diz: "Rogai ao Senhor da seara para que levante obreiros para sua obra". Recordo-me, pois, quando Jesus saiu, depois de uma noite de oração; Jesus então sai e chega às margens, chega à praia e começa a convocar os seus, após uma noite de oração. Jesus poderia ter convocado escribas, chamado escribas e até alguns fariseus, que eram honestos no seu "farisaismo" e assimilariam muito rapidamente aquilo o que Jesus queria em apenas três anos, mas Jesus resolveu buscar homens iletrados, sem qualquer base teológica judaica daqueles dias. Homens que, aparentemente do ponto de vista humano, teriam dificuldades de assimilar com rapidez aquilo o que Jesus lhe daria em apenas três anos, num seminário de três anos ou num maanaim de três anos.

    Mas eles foram chamados não pelo o que eram, porque Jesus precisava de coitadinhos com Ele, porque Jesus precisava de pescadores, porque Jesus precisava usar uma parábola sempre e usar a figura dos mais simples, de pescadores, porque pescador se tornaria o símbolo do cristianismo. Nada por isso, imagino eu, mas eles foram chamados, não pelo que eram, mas por aquilo que poderiam vir a ser nas mãos de Deus.

    Há 50 anos, Deus poderia ter chamado um homem doutor, mestre no conhecimento das proposições e linhas teológicas no que diz respeito à Doutrina das Últimas Coisas, ou seja, à Maranata. Vem Senhor Jesus. Homens teólogos, homens escritores, homens profundos no livro do Apocalipse. Já há 50 anos eles já estavam presentes, eles já existiam, mas a Bíblia diz que Deus chama o menor lá da malhada. Pega o menor, tira o menor, e atribui a ele... E não foi há 50 anos que Deus foi buscar um catedrático na Doutrina das Últimas Coisas. Não foi há 50 anos que Deus foi buscar alguém que já se destacava como pregador, alguém que tinha capacidade de juntar as multidões e fazer com que elas o ouvissem. Não, não, Deus foi buscar um dentista, um homem respeitado na sua profissão, um professor, um professor de todos, professor de universidade, conhecido dentista, odontólogo hoje – nome mais bacana que arrumaram para substituir "dentista" nos tempos modernos –, e o tirou da malhada, não por aquilo que era – Deus sabia disso tudo –, mas pela honra que ia proporcionar. Ele foi chamado não por aquilo que era naqueles dias, um dentista tão somente, mas foi chamado por aquilo que poderia vir a ser nas mãos de Deus. E aquilo que poderia vir a ser é o que se desenhou no mundo inteiro.

    Olho ali, vejo o Pr. Amadeu e fico pensando aqui: Pastor, o senhor, que na Igreja está há 47 anos, no terceiro ano de vida da Igreja... A Bíblia diz que nós não devemos, Sr. Presidente, desprezar os dias dos pequenos começos. Os pequenos começos são difíceis, é como reconstruir ou construir o muro. Aparecem os latoeiros, aparecem os sambalates, e os sambalates e os latoeiros continuam aparecendo todos os dias na vida daqueles que se propõem a fazer uma guerra aberta, debaixo do sol, com satanás, com a sua trupe, as suas legiões, com a única intenção de resgatar vidas e pessoas e devolver-lhes a existência, para que elas, além de receber o carinho e o abraço, sejam lavadas no sangue de Jesus. (Palmas.)

    Eu me lembro de que eu cheguei ao Espírito Santo muito jovem, Presidente, e, como todo menino pobre comedor de rapadura no Nordeste... Eu nunca gostei muito de rapadura e agradeço a Deus por isso, porque sou de uma família de diabéticos e sou o único que não sou – acho que é porque a família tinha proteção –; os irmãos comiam rapadura demais, e isso foi para o sangue, mas para o meu não veio. Mas, mesmo assim, eu me lembro de que, na escola pública de saudosa memória, quando nós cantávamos o Hino Nacional... O Brasil precisa tanto disso! Nós aprendíamos o Hino da Bandeira, o Hino das Armas, aprendíamos Educação Moral e Cívica, respeitava-se a família, respeitava-se o professor. Havia um dentista que ia na minha sala de mês em mês para perguntar quem estava com dente estragado. Eu me apresentava quase sempre, porque arrancar dente significava ficar oito dias sem ir à escola, e o dentista não estava nem aí e arrancava os meus dentes.

    E eu cresci e usava a chamada Roach, que já era um negócio chique. Eu usava uma Roach. Quando eu cheguei a Vila Velha, meu irmão me apresentou a uma dentista de Guarapari que disse que ia fazer uma ponte fixa em mim. Ela foi fazer essa ponte fixa – fez numa tarde de domingo – e serrou meus dentes todos, moldou tudo, e, numa tarde, estava pronto. E meus dentes se quebraram todos, Sr. Presidente! E as pessoas olhavam e falavam: "Ou bota dentadura ou morre". Ou põe dentadura, e não tem jeito, ia ao dentista: "Amigo, é arrancar" – eu prefiro morrer. "É arrancar, dentadura." Eu morro, mas eu não boto.

    Fui a um dentista em Vitória que me deu um grande conselho – um homem renomado – e disse: "Só tem um homem que pode te ajudar, te dar o diagnóstico perfeito, é o professor dos professores". "Quem é?". "É o Pr. Gedelti, da Igreja Maranata". Inocentemente ele disse: "Eu não sei se você pode pagar. Acho que você não tem condição". E ele estava certo. Eu marquei a audiência com o dentista Dr. Gedelti. Ele marcou e me recebeu. Foi a primeira vez que vi portão elétrico. Abriu de longe, fiquei até com medo, fui encostando e abriu. Verdade. Foi a primeira vez que vi vidro fumê também. Esse homem só atende a nata do Espírito Santo, a boca trata ali. Bom, o resto da nata é soro; chegou o soro, o resto da nata. "É o senhor o empregadorzinho dessa igreja aí?" – falou para mim. "Sou eu". "Senta aí". Sentei. "Abre a boca". Olhou assim e disse: "Sai da cadeira, você não tem como pagar isso aí, não". Mas o cara nem botou a mão em mim. "Mas, doutor,...". "Você não tem como pagar isso, não. Vai lá para fora". "Mas, doutor, eu fui...". "Vai lá para fora". "Vem cá, olha aqui", e o portão... "Está vendo aquele carro que está entrando lá?". Eu falei: "Estou vendo". "Fica lá fora, que o seu tio está chegando para ser clinicado por mim". "Não, pastor, eu sou do interior da Bahia, eu não tenho parente aqui, não. Eu cheguei aqui faz pouco tempo". "O homem é tio seu, por favor, sente lá fora" – falou para mim. Eu fui, sentei, fiquei lá. E aí me arrisquei e perguntei para a moça: "Moça, quem é aquele homem do carro preto que saiu carregado por dois homens". Ela disse: "Você não conhece, não? O senhor não é daqui, não?". "Não conheço, não". Ela disse: "Aquele é o Dr. João dos Santos Neves, dono do café todo do Espírito Santo, e aquele da cabeça branca é o filho dele, é Deputado Federal". "E como ele tá falando que é parente meu?" "Eu não sei, ele falou que era parente do senhor? O senhor não é parente dele, não?" Eu falei: "Não". "Então, não estou entendendo". Eu esperei, quando o homem foi embora, ele falou: "Entra", e eu entrei e ele falou: "Ó, o seu tio acabou de sair daqui agora e falou comigo que pudesse tratar dos seus dentes. Isso vai demorar, tem muita porcaria aí, uns dois anos mais ou menos. Você pode vir aqui uma vez por semana". Eu falei duas, e ele: "Uma vez só, tudo bem? O seu tio disse que vai lhe ajudar. Todo tio rico seu que chegar aqui vai lhe ajudar". "Eu vou orar para Deus mandar os tios, já que eles vão me ajudar."

    O homem começou, sentou, fez um desenho e falou para mim: "Eu vou precisar fazer uma cirurgia em você!" Prestem atenção: "Eu vou colocar uma haste aqui dentro. O que eu vou fazer nessa cirurgia não serve para agora. O de agora eu vou fazer, vou mudar essa realidade, mas a ciência vai avançar muito e tem avançado na minha área, nessa área, na tecnologia. Se, quando ela chegar no ápice, você tiver condição, é essa cirurgia que vai te ajudar."

    Passei dois anos. A vida foi embora. Eu me tornei íntimo desse homem. Para aqueles que pensam que, num momento como esse, dentro de um processo eleitoral, o comportamento é oportunista, registro que a minha amizade com esse homem, eu tinha apenas 22 anos de idade. O que ocorreu é que a vida passou. Quando eu cheguei ao Senado da República naquele ano, o Bremenkamp recebeu o Prêmio Nobel de odontologia – um ortopedista que descobriu o implante sem ser dentista. Esse homem recebeu o Prêmio Nobel. E dois odontólogos do Brasil foram fazer doutorados no exterior e lá encontraram o Bremenkamp. E ele era fascinado pelo nosso hospital de Bauru de lábios leporinos. E ele queria vir ao Brasil, e ele deu a primeira franquia a esses dois brasileiros em São Paulo.

    Quando lá cheguei, fui examinado, queria fazer o tal implante. Eles me examinaram, se reuniram comigo e disseram: "Venha cá, algum dia você fez alguma cirurgia?" Eu disse: "Fiz." "Quem colocou? Aqui dentro?" Eu disse: "O Dr. Gedelti." "Quantos anos tem?" Eu disse: "Eu tinha 23 anos de idade." E ele disse, ele e os assessores: "Nós só temos condições de fazer o seu implante, porque ele fez essa cirurgia, com base no que foi implantado na sua juventude."

    Para aqueles que acham que é oportunismo, meramente oportunismo, está aqui junto, infelizmente ou felizmente, no limiar de um processo eleitoral, registro que a minha relação, a minha amizade, a minha gratidão a esse homem, profeta, servo do Deus altíssimo, boca de Deus aqui, está acima de uma relação de oportunidade.

    Sempre me tratou como um filho. A mim emociona ver uma sessão com esse quantitativo e esse qualitativo, a maneira respeitosa como as autoridades tratam neste momento 50 anos dessa agência do Reino de Deus. Nada mais nada menos do que proclamando vida. Se atacada foi um dia, é porque futucou o inferno. E quem mexe com o inferno tem que esperar a reação, porque, se a reação não vier, a Igreja tá errada. (Palmas.)

    A reação vem, não conheço um profeta na palavra de Deus que não foi atacado pelo poder vigente. Não conheço um profeta na palavra de Deus que não foi alfinetado pelo poder vigente, que tentaram cuspir e tentaram calar ao longo dos anos nas suas arenas a mensagem sublime, sagrada e salvadora do Evangelho. E, se atacada foi um dia, nada nada mais foi do que a mesma arena na tentativa de calar uma obra levantada há 50 anos. E nós, em alto e bom som, que conhecemos a palavra, as promessas que nela estão de pai contra filho, de filho contra pai, de nação contra nação, assim se dará nos últimos dias.

    Podemos dizer: Maranata! Ora vem, senhor Jesus!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2018 - Página 14