Fala da Presidência durante a 77ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Apreensão com os resultados da greve dos caminhoneiros e crítica à politica de reajuste de preço dos combustíveis.

Autor
Dário Berger (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Dário Elias Berger
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
TRANSPORTE:
  • Apreensão com os resultados da greve dos caminhoneiros e crítica à politica de reajuste de preço dos combustíveis.
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2018 - Página 83
Assunto
Outros > TRANSPORTE
Indexação
  • APREENSÃO, RESULTADO, GREVE, MOTORISTA, CAMINHÃO, CRITICA, QUANTIDADE, REAJUSTE, PREÇO, COMBUSTIVEL, ATUAÇÃO, PRESIDENTE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), REGISTRO, PREJUIZO, EXPORTAÇÃO, AGRONEGOCIO, ENFASE, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/MDB - SC) – Bem, eu cumprimento o Senador Cássio Cunha Lima, que também é Vice-Presidente do Senado Federal, que fez um extraordinário pronunciamento a respeito do momento que estamos vivendo.

    Eu quero aproveitar esta oportunidade para cumprimentar e parabenizar V. Exª pelo alerta que fez e pela necessidade de atitudes que se esperam do Governo, para que, efetivamente, esta crise, esta greve possa ser resolvida o mais rapidamente possível.

    Então, mais uma vez parabéns a V. Exª.

    Há sobre a mesa um expediente.

    A Presidência convoca as Lideranças para uma reunião de Líderes a realizar-se hoje, 24 de maio, às 19h. A pauta é a crise dos combustíveis.

    Então, eu volto a mencionar que o Presidente do Senado Federal, Senador Eunício Oliveira, está convocando as Lideranças para uma reunião extraordinária dos Líderes a realizar-se hoje, dia 24, às 19h, para tratar da pauta da crise dos combustíveis.

    Quero também aproveitar esta oportunidade para expressar aqui a minha grande preocupação com relação à greve dos caminhoneiros e às suas consequências. A situação é grave, muito grave. E avança rapidamente essa crise, destruindo substancialmente aquilo que nós temos de mais precioso, que é a nossa autoestima e o orgulho de sermos brasileiros.

    Os aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis, sobretudo também aliado ao aumento do dólar, anunciavam a morte desse sistema rodoviário. E o Brasil está alicerçado fundamentalmente em cima do transporte rodoviário.

    Não há como não reconhecer que esses aumentos sucessivos e diários, praticamente, do preço da gasolina, do preço do óleo diesel, não iam ter as consequências que nós estamos observando neste momento.

    E, o que é pior, a arrogância e a prepotência do Presidente da Petrobras acabaram por agravar ainda mais essa crise, o que é inaceitável e inadmissível, porque a Petrobras é de todos os brasileiros. A Petrobras não é do atual Presidente da Petrobras, pelo contrário, ele tinha de expressar solidariedade ao povo brasileiro, ao Presidente da República, e apresentar uma solução que viesse ao encontro dos interesses nacionais. O Brasil não é só a Petrobras. É claro que a Petrobras é a maior empresa brasileira, merece o nosso respeito, precisa ser recuperada, mas não pode ser recuperada em detrimento de todos os brasileiros e de todas as brasileiras, especialmente daqueles que transportam a riqueza deste País...

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/MDB - SC) – ... e que, sobre rodas, encontram dificuldades hoje para sobreviver.

    O resultado disso tudo? Paralisia total. O País está parado. O desabastecimento já chega à porta dos brasileiros. A desordem começa a fazer parte. Os preços abusivos já estão presentes e, sobretudo, a revolta e a indignação da Nação inteira.

    Portanto, quero aqui fazer um apelo ao Presidente da República. Presidente, aproveite esta oportunidade, este momento de grave situação que nós estamos vivendo e assuma pessoalmente as negociações com os caminhoneiros, com os representantes desta greve e desta paralisação. Instale um gabinete de crise em que fiquem permanentemente discutindo e encontrando soluções para este grave problema que nós estamos enfrentando neste momento.

    Eu não quero aqui dar a receita, mas fui administrador público durante um longo tempo. Em momentos como estes é que o administrador é chamado à sua responsabilidade para enfrentar o problema de frente, com pulso firme e braço forte, para encontrar a solução. A solução deste momento, na minha opinião, passa fundamentalmente, talvez, por um subsídio. Ao invés de ficar discutindo redução da Cide, redução do ICMS, redução da Cofins, do PIS etc. e tal, façam uma medida provisória e criem um subsídio para o óleo diesel, talvez para o gás de cozinha, para a gasolina, mas sobretudo para o óleo diesel. É o óleo diesel a alavanca principal desta crise, porque os caminhoneiros hoje não conseguem mais transportar a riqueza nacional com os preços do óleo diesel, da gasolina, também estendo ao gás de cozinha, que realmente chegou a preços exorbitantes.

    Esta greve, Sr. Presidente, é recorrente, não é a primeira e não será a última se nós não resolvermos essa questão definitivamente. O Brasil está alicerçado única e exclusivamente em cima de transporte rodoviário, portanto, o óleo diesel é o principal insumo. E, para isso, nós precisamos efetivamente encontrar uma solução.

    Além disso, Sr. Presidente da República, tenho confiança de que V. Exª vai encontrar a solução rapidamente, porque nós não podemos esperar até terça-feira para que essa greve seja paralisada. Acho que as consequências são dramáticas e imprevisíveis. Eu não saberia expressar aqui, neste momento, as consequências reais da permanência dessa paralisação por mais um, dois, três, quatro ou cinco dias.

    Ademais, o Estado de Santa Catarina, que eu tenho a honra de representar, é um Estado essencialmente exportador e tem na exportação a sua mola propulsora de desenvolvimento econômico e social. O agronegócio de Santa Catarina e do Brasil inteiro exerce um papel estratégico no desenvolvimento do País, uma vez que o agronegócio representa cerca de 40% das nossas exportações, mais 25% do Produto Interno Bruto e também mais de 30% da força de trabalho.

    Santa Catarina, como eu mencionei, é um Estado exportador e sofre substancialmente com a crise de abastecimento na agroindústria, em toda sua cadeia. Faltam insumos para alimentar a cadeia produtiva. Isso é extremamente importante, as agroindústrias estão fechando as suas portas. O que vai acontecer com a questão da agroindústria são consequências imprevisíveis e inaceitáveis, em função da problemática que vivemos neste momento.

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/MDB - SC) – Portanto, eu faço este apelo para que o Governo Federal, em vez de ficar discutindo carga tributária, em vez de ficar discutindo pequenos detalhes com os caminhoneiros, imediatamente estabeleça um subsídio até o final do Governo, não precisa ser para o próximo governo. Que o próximo Presidente da República possa se debruçar sobre esse tema também, já como uma proposta nas eleições que se avizinham para Presidente da República, e encontrar um caminho para essa triste realidade que nós vivemos no momento.

    De forma que fica aqui o meu apelo. Parece-me que o subsídio, neste momento, seria a atitude mais rápida, mas razoável, mais ágil e necessária para que efetivamente a gente possa distensionar esse conflito, acabar com a greve e voltar à normalidade deste País.

    Portanto, eu reitero aqui a todos os Líderes do Senado Federal que hoje, às 19h., o Senador Eunício Oliveira está convocando todos os Líderes para uma reunião emergencial para tratar, no âmbito do Congresso Nacional, especialmente do Senado Federal, da questão da crise dos combustíveis.

    Dito isso, senhoras e senhores, não tendo mais oradores inscritos, vamos ficando por aqui.

    Quero agradecer aos nossos técnicos, quero agradecer aos nossos cinegrafistas, quero agradecer aos nossos assessores e quero agradecer especialmente aos telespectadores da TV Senado.

    Muito obrigado pela audiência.

    Está encerrada a nossa sessão.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2018 - Página 83