Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários acerca da greve dos caminhoneiros e relato da participação de S. Exª na Comissão Geral do Congresso destinada a discutir a alta no preço dos combustíveis.

Autor
Lasier Martins (PSD - Partido Social Democrático/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Comentários acerca da greve dos caminhoneiros e relato da participação de S. Exª na Comissão Geral do Congresso destinada a discutir a alta no preço dos combustíveis.
Publicação
Publicação no DSF de 30/05/2018 - Página 51
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, MOTIVO, GREVE, CATEGORIA PROFISSIONAL, MOTORISTA, CAMINHÃO, RESULTADO, PREJUIZO, PRODUÇÃO AGRICOLA, APREENSÃO, PRODUTOR, GRANJA, LOCAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, COMISSÃO, CONGRESSO NACIONAL, OBJETIVO, DISCUSSÃO, ASSUNTO, PREÇO, INVESTIMENTO, BRASIL, DEFESA, INCENTIVO, FERROVIA, TRANSPORTE FLUVIAL, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRIBUTARIA, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, João Alberto, Srs. Senadores, Senadoras, telespectadores, ouvintes da Rádio Senado, estava eu ali, Presidente, alinhavando umas ideias para usar no meu tempo de inscrito, quando recebi, há pouco, um telefonema do Sr. Vilceu Fontana, do Município Gaúcho de Charrua. Ele está acompanhando esta sessão do Senado lá, na distante Charrua, quase 300km longe da capital, dizendo que ele também está entre aqueles proprietários de granjas, desesperado, porque se trata de um dos maiores produtores de suínos do Rio Grande do Sul.

    Estava ele dizendo que está ameaçado de perder 10 mil suínos que estão prontos para remoção para os frigoríficos, mas que, de um lado, não chegam os caminhões para o transporte, seguramente porque não têm combustível para chegar até aquela localidade, bem como não há mais ração. O que tinha de ração ele já esgotou: farelo de soja, farelo de trigo, enfim, o alimento para os suínos. De modo que se somam a este caso aqueles tantos outros de que os noticiosos estão dando conta – ocorrem em todo o Brasil.

    Já no Município de Tapejara, que fica também no norte do Estado, um Município próximo de Passo Fundo, informam-me de lá que uma granja bem conhecida e muito grande, chamada Granja Agrodanieli, está ameaçada de perder 9 milhões de frangos – é uma das maiores granjas do Rio Grande do Sul – também por falta de ração.

    Então, os casos vão se somando por toda parte do País e muito especialmente no meu Rio Grande do Sul, que é sabidamente um Estado altamente produtor, agropecuário, é um Estado de grande produção de frangos. Junto com Paraná e Santa Catarina, forma os três maiores Estados exportadores de frangos do Brasil, e o Rio Grande do Sul, um dos maiores produtores de suínos.

    Essa é a realidade, e aqui, no Senado, a única coisa que se pode fazer é estender uma palavra de solidariedade a esses corajosos, valentes produtores de suínos e de frangos dos Municípios de Charrua, o Vilceu Fontana e a proprietária da Agrodanieli, no Município de Tapejara.

    É uma dura situação, que nos constrange, e nos dá uma compaixão, uma pena muito grande, pela situação que estão vivendo.

    Enquanto isso, hoje pela manhã, Sr. Presidente, por quase duas horas, nós tivemos uma reunião da Comissão Geral do Congresso, com a participação de 20 palestrantes, sobre o tema proposto, que era "O Preço dos Investimentos no Brasil". Ali se manifestaram presidentes, diretores, coordenadores de agências, associações, conselhos, sindicatos, federações ligadas ao petróleo, ao gás, aos combustíveis em geral, distribuidores, revendedores, assim como alguns Deputados de diversos partidos. E, naqueles pronunciamentos, chamou minha atenção, Srs. Senadores, uma convergência de pensamentos sobre a causa dessa situação que estamos vivendo. Até anotei: falta de previsibilidade, palavra muito mencionada e que haverá de servir de lição daqui para diante, para os governos.

    Mencionou-se também que já passou da hora de pensarmos definitivamente no modal da ferrovia. O Brasil não pode mais continuar dependendo exclusivamente do "rodoviarismo", que consome combustíveis fósseis. É uma extraordinária lição que o País está vivendo, e, de uma vez por todas, devemos pensar em alternativas, com preponderância para a ferrovia e também para o transporte fluvial.

    Uma outra palavra que foi muito mencionada na reunião de quase duas horas de hoje pela manhã, da Comissão Geral do Congresso, foi da necessidade de voltar-se com determinação à reforma tributária, principalmente quando se discute tanto o ICMS, que, neste momento, vai tornar-se um tema espinhoso para discutirmos aqui no Senado, porque, se de um lado o ICMS sendo reduzido vai socorrer às necessidades da União, de outro lado vai levar enormes prejuízos aos governos estaduais.

    Uma palavra não foi mencionada nessa reunião de hoje pela manhã, Sr. Presidente: a necessidade imperiosa que o Brasil está vivendo de redução dos gastos nos três Poderes. Já tantas vezes tem-se falado, mas não se falou hoje pela manhã, e devemos nos conscientizar. Não apenas o Poder Executivo, mas o Judiciário e o Legislativo e – por que não? – o próprio Senado Federal. Aqui no Senado se gasta demais: R$4,2 milhões por ano é muito dinheiro. Temos perfeitas condições de reduzir os gastos do Senado e até mostrar isso como exemplo aos demais Poderes.

    Então, são algumas ideias manifestadas hoje pela manhã àqueles que compareceram neste momento em que finalmente há uma concentração de interesses, particularmente dos nossos colegas do Congresso Nacional para buscar alternativas. Afinal, é um papel que temos a desempenhar e, convenhamos, coloquemos a mão na consciência, nós temos nos alienado demais na contribuição para essas soluções de que tanto precisa o País, que foi flagrado nessa circunstância de agora, que não aconteceu por acaso. Esse é um acontecimento nesta crise que diz respeito a um conjunto de fatores que se foram acumulando com o tempo, falta de iniciativa dos vários governos dos últimos anos, para desembocar nessa situação que causa agora ilimitados prejuízos a todos os brasileiros. As criações de suínos e de frangos lá do meu Rio Grande do Sul, dos Municípios de Charrua e de Tapejara, são apenas pequenos exemplos de grandes prejuízos pessoais e empresariais daqueles que estão sofrendo, mas caracterizam a soma que se espalha pelo Brasil inteiro.

    Tomara que esta crise seja daqueles males que vêm para o bem, que sirva de lição para uma remodelação de políticas neste País.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/05/2018 - Página 51