Discurso durante a 85ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à gestão do PT durante o tempo em que esteve no poder.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas à gestão do PT durante o tempo em que esteve no poder.
Publicação
Publicação no DSF de 05/06/2018 - Página 45
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PERIODO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Quero cumprimentar todos os que nos assistem, cumprimentar o Senador Paulo Paim e V. Exª por trazer esse tema tão importante. Vale lembrar que essas carreiras são de dedicação exclusiva e não podem fazer o chamado bico. Não podem nem dar uma aulinha ali, porque eles têm, durante o tempo inteiro, regime de plantão ou regime de escala. Realmente, são carreiras que nem greve podem fazer. Então, só cabe a eles o pedido a um Parlamentar amigo, para que possa dar um grito aqui na tribuna, no plenário, dizendo: "Gente, olha, os nossos militares estão à beira dos farrapos".

    O Senador Paulo Paim, em bom tempo, traz esse tema, para que a gente possa falar por esses que não podem. A grande verdade é esta: às vezes, diante do período tenebroso por que passamos da ditadura militar, criou-se esse monstro. Acham que existe um monstro dentro da caserna. Não! Os tempos são outros. Na verdade, nós temos aí três Forças (Aeronáutica, Marinha e Exército) que prestam um valioso serviço à Nação. Aliás, tudo o que ultimamente tem acontecido, no País, em termos de crise, tem caído para eles, em boa parte, resolverem. Ao mesmo tempo em que se desdobram, veem suas famílias praticamente desamparadas e ainda sofrem críticas de alguns, neste momento de caça às bruxas, dizendo: "Olha, eles têm benesses". Gente, eu queria dizer que um coronel do Exército recebe muito menos do que um coronel da PM, viu, Senador Reguffe? Então, é bom a gente colocar as coisas nos seus devidos lugares. Essa fala do Senador Paulo Paim veio não só para fazer um alerta, mas também para fazer justiça aos militares.

    Senador Reguffe, estive há poucos dias no Estado de Mato Grosso e visitei a região de Guiratinga. Aliás, a região de Guiratinga foi para onde maus pais foram quando vieram do Nordeste. Visitei a região do Areia. Queria fazer aqui um pedido ao Ministério da Integração. Há bastante tempo eu tenho visitado a Defesa Civil e tenho feito pedidos. Talvez, por falta de verbas, não tenha conseguido ser atendido. Mas vou fazer este pedido aqui da tribuna do Senado e vou fazê-lo oficialmente, esta semana, ao Ministro sobre o tanto de pontes que o Estado de Mato Grosso tem perdido nessas chuvas, principalmente na região de Guiratinga – fomos à região dos baianos. As pontes estão caindo e o Estado está ficando ilhado.

    Mato Grosso é um Estado gigantesco, lá dentro cabem dez países do tamanho de Portugal, mas os recursos são poucos. Nós precisamos, realmente, de ajuda para que os Municípios possam dar um mínimo de infraestrutura, já que asfalto seria um luxo muito grande. É uma luta, mas, Senador Reguffe, apenas 20% das nossas rodovias lá são asfaltadas. É uma luta da qual não desistimos. Continuamos nas trincheiras, mas, ao mesmo tempo, precisamos que pontes, nem que sejam de madeiras, sejam feitas nesses rios.

    Dito isso, Senador Reguffe, eu passo a fazer o velho contraponto de sempre aqui, na tribuna do Senado. Eu tenho visto os debates recrudescerem aqui e pessoas que passaram 13 anos comandando este País e se beneficiando de um governo, dando os rumos de tudo como bem lhe parecessem, ao mesmo tempo vêm aqui, de forma combinada ou na inscrição normal, ordinária, do dia, ou na liderança ou por comunicação inadiável, mas o certo é que todas elas combinadas; Parlamentares que combinam entre si para vir aqui dizer a mesma coisa como se fosse um pingo d'água: que os 13 anos que passamos foram 13 anos dourados, que o Brasil era uma terra que manava leite e mel e que, de repente, uma conspiração de pessoas más tirou um governo de sucesso e afundou o Brasil em uma crise.

    É preciso fazer um contraponto. É preciso dizer que isso não é verdade. É preciso dizer que o que eles falam a respeito dos trabalhadores não é verdade. Dizem, por exemplo, que o trabalhador ia passar a ter só meia hora de almoço, que o trabalhador não ia ter décimo terceiro, que o trabalhador não ia ter mais suas férias de 30 dias. Falaram tudo isso aqui desta tribuna e da tribuna da Câmara. É preciso que alguém venha aqui e diga: "Isso não é verdade". Tanto não é verdade que não aconteceu.

    E agora é importante a gente vir aqui e dizer o seguinte: essas pessoas – e eu não vou ficar aqui citando partidos; eu vou chamá-las, no atacado, de Bancada do atraso. E quem compõe essa Bancada do atraso? São os partidos que ficaram no núcleo duro desse governo durante 13 anos, que eram, inicialmente, o PT, que se subdividiu entre PSOL e alguns puxadinhos, e, lógico, o seu irmão siamês, o PCdoB. Então ficou PCdoB, PSOL e alguns outros. Mas eu não vou ficar aqui citando esses Partidos, vou chamá-los, de ora em diante, de Bancada do atraso, porque notadamente o que eles defendem para o País e para o mundo é um atraso total, um retrocesso: retrocesso nos costumes, retrocesso na economia, retrocesso em tudo o que se pensar em termos de relacionamento político e humano.

    Mas vamos lá: como é que essa Bancada do atraso chegou ao poder no Brasil? É bom que a gente rememore como isso aconteceu: eles cresceram com o mesmo modus operandi, com a mesma forma com que sobem à tribuna neste momento, nos dias de hoje. E como é que eles sobem aqui? Sobem aqui apontando culpados, apontando culpados para os problemas. Levantam problemas e apontam culpados. Ora, não tem coisa mais fácil do que levantar problemas e apontar culpados. Não tem coisa mais fácil do que o marido chegar em casa e apontar um monte de problemas que tem em casa. "Olhe! Tem chinelo de criança espalhado pela casa, tem não sei o quê, a toalha não estava no lugar...". Mas o difícil mesmo é ajudar a resolver os problemas.

    E essa Bancada do atraso é cheia de gente que quer mudar o mundo, mas que é como aquele jovem que Chico Anysio retratava bem: ele queria mudar o mundo, mas não ajudava a mãe a lavar os pratos em casa. O mundo está cheio de gente assim, e aqui, no plenário do Senado e da Câmara dos Deputados, também está.

    Como é que eles subiram ao poder? Subiram ao poder demonizando Sarney, demonizando Fernando Collor, demonizando Fernando Henrique. Há poucos dias, uma Senadora subiu aqui e disse o seguinte: "Já tem dois anos que esse povo está no poder, e estão dizendo que os problemas são dos 13 anos que o PT passou no poder." Eu fiquei quieto ali para não contrapor em respeito ao discurso da Senadora, mas me coçou a língua para dizer: "Vocês até hoje dizem que o problema do País é FHC, que o culpado é FHC." Por quê? Porque eles se acostumaram a que a receita de bolo para chegar ao poder é levantar o problema e apontar o culpado.

    Por mais de 20 anos, o líder maior dessa seita, a Bancada do atraso, gritou que o Presidente da República e o seu Partido tinham responsabilidade direta sobre tudo que acontecia no País. Eles sempre disseram que o culpado era o Sarney, que o culpado era o Fernando Henrique, que o culpado era o Collor de Mello, que o Presidente era a figura responsável direta por tudo o que acontecia no País. Sempre foi esse o discurso da Bancada do atraso. Foi assim que o Partido principal da Bancada do atraso conquistou o apoio da imprensa, da Igreja, dos artistas, dos intelectuais, das representações estudantis, dos funcionários públicos, dos sindicatos e de tudo que é movimento que aparecia como social. Como solução, os petistas diziam que o Brasil precisava ser governado por pessoas abnegadas, comprometidas com os interesses dos mais pobres. E, não por acaso, essas pessoas eram eles mesmos.

    Com esse discurso, eles chegaram ao poder, do qual nunca mais queriam sair. Montaram uma base em que o alicerce financeiro era: Petrobras – e eu vou repetir aqui –, Petrobras, BNDES, Correios, Banco do Brasil, Caixa Econômica. Todo esse alicerce era para se manterem no poder. Pensa que foi só isso? Não, tinha mais, tinha mais.

    Eles tiveram tudo para construir um País melhor, um País mais justo, um País fácil, um País seguro. Tiveram apoio dentro e fora do Congresso, dentro do País e fora do País. Tiveram tudo que precisavam. Tinham a população a favor, 80% da população. Tiveram dinheiro público aos borbotões – a arrecadação do Governo Federal duplicou em seu governo. Nenhum outro Presidente, Senador Reguffe, teve condições tão boas para fazer o melhor, fazer o certo, melhorar o Brasil nos 13 anos que esse pessoal teve.

    Eles optaram por chamar para junto de si todos os integrantes que eles condenavam. Lembram-se de que, no início da fala, eu disse aqui que eles cresceram apontando dedos, levantando problemas e acusando de responsabilidade direta Sarney, FHC, Collor, Maluf e todo mundo? Lembram-se? Maluf era a Geni desse pessoal. Pois bem, quando eles chegaram ao poder, tirando o FHC, porque era o antagonista, o restante se juntou. Eles se juntaram como se fossem os melhores irmãos. Quem não se lembra daquela foto emblemática entre o principal líder, o seu candidato a prefeito em São Paulo e Maluf? Nada contra tirar foto, mas eles demonizavam. Eu estou aqui não fazendo crítica, estou fazendo contraponto e mostrando como se comportaram, Senador Thieres. Eles levantavam um problema e apontavam demônios – demônio Sarney, demônio Collor, demônio FHC, demônio Maluf. Eles demonizaram todos e, quando chegaram ao poder, com todas as oportunidades, se juntaram a eles.

    Para financiar suas campanhas eleitorais e seus militantes, institucionalizaram e expandiram uma coisa que eu jamais pensei que eles fossem fazer. Sabem por quê?

    E olhem que eu nunca subi aqui para apontar dedos, Senador Thieres. A Presidente do PT e vários outros sobem aqui, direto, e apontam dedos. Eu nunca subi para falar sobre um processo dela ou sobre um processo de qualquer um deles. Não faço do meu exercício Parlamentar um exercício de apontar dedos, mas essa Bancada do atraso subiu, apontando dedos. A galinha cantava lá não sei onde, e eles já apontavam dedos aqui. Desafetos políticos eram desancados antes mesmo de saírem no jornal. Hoje, falam de fake news aqui. Quantas vezes eu os vi apontando o dedo?

    Pois bem. Sabem por que eles faziam isso? Porque eles faziam da moral e dos bons costumes, da honra e da moral o baluarte, os pilares com os quais ergueram o prédio pelo qual alçaram ao poder. Chegaram ao poder defendendo os pobres, os trabalhadores, a moral, os bons costumes e a honestidade. E eu me lembro de uma peça que o Duda Mendonça fez. A peça era muito bacana e dizia o seguinte: "Combater a corrupção e melhorar a vida da gente". Que coisa maravilhosa!

    Eu não estou fazendo críticas pontuais e nem a currículo de ninguém, porque eu penso que, se um Parlamentar aqui tiver seus problemas, isso vai ser com a polícia, com o Conselho de Ética. Cabe aqui a mim, quando muito, representá-los no Conselho de Ética. Ou eu posso ser representado, se for o caso de eu haver errado, mas cada Parlamentar responde por si só. Eu estou avaliando aqui o conjunto da obra.

    O que é que aconteceu? Expandiram e institucionalizaram a corrupção a níveis nunca vistos neste País. Não sou eu que estou dizendo isso. Isso veio das notícias, dos processos, das investigações, dos próprios delatores internos do Partido. E foram delatores de alta plumagem. Cito aqui, por exemplo, o Senador Delcídio, o ex-Ministro Palocci.

    E mais, para que se não perca a linha do tempo: em toda essa esteira de acontecimentos, eles sempre disseram que o Presidente da República é o responsável por tudo que acontece diretamente no País.

    Havia uma guerra interna na Bancada do atraso para ver quem sucederia o Lula. Eles começaram um processo de autofagia já na época. Em 2004, no início do governo, já perguntavam quem iria suceder o Lula. Uns falavam: "Não, é o José Dirceu." Outros diziam: "Não, é o Palocci." Outros falavam: "Não, é o Mercadante." E havia essa discussão. O certo é que a guerra continuou ali dentro. Quem acabou vencendo a guerra foi a Dilma. Todo mundo se lembra disso. E Lula escolheu Dilma e Michel Temer, como Vice, colocou-os em uma chapa e falou para os brasileiros que aquela era a chapa, que aquela era a que ia representar a Bancada do atraso e que iria conduzir o País à Terra de Canaã. Pois bem. E continuou aquele programa.

    E, para encurtar a história, porque o restante todo mundo já sabe, a Presidente, que era para ficar quatro anos, resolveu dar o golpe no próprio chefe de tudo. Ela era para ficar só quatro anos, mas gostou do cargo e resolveu revolver as entranhas, em um doce sonho de que, ao revolverem as entranhas de tudo, isso explodiria nos companheiros e nele próprio, e ela iria se salvar em uma nave com alguns poucos...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Ela ressurgiria como uma salvadora da honestidade, da moral e dos bons costumes. É como se fosse uma simbiose de si mesma. Quem faz biologia sabe que há aqueles tipos de organismos que não precisam de fecundação, pois eles se multiplicam – acho que as planárias, Senador Thieres, se subdividem e formam um outro organismo.

    Pois bem. Aponta-se um problema, apontam-se os culpados, surge a solução, e renova-se o ciclo. Seria poder para mais vinte, trinta anos. Porém, dizem por aí que existe a lei do retorno. E que aconteceu? O que aconteceu, Senador Thieres? Acabou que a granada que ela explodiu dentro da sala atingiu todos. Era uma granada de tinta, que acabou revelando tudo que aconteceu no País.

    Já vou ao final, Senador Thieres, para finalizar esse contraponto. Eu fiz esse preâmbulo aqui para mostrar o que foram esses 13 anos, como começou, como eles governaram o País da forma que quiseram, com as oportunidades que tiveram e como foi a derrocada.

    A Presidente abriu um leque fiscal extremamente grande, não conseguiu fechar as contas. Havia esquemas no País de toda sorte: dinheiro para a Venezuela, dinheiro para Cuba, dinheiro para Moçambique. Não havia como o País dar conta de tanta conta. E, lógico, a economia foi à derrocada.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – A economia começou a despencar. Com a economia despencando, o desemprego veio. Veio o desemprego, a inflação começou a subir e chegou a – pasme, Senador Reguffe – 14%. A 14% a inflação já estava! O desemprego já chegava a 13 milhões de desempregados. Os índices na educação eram os piores possíveis. Então, vamos lá. Entupiram, nos 13 anos, o Estado com a companheirada. Não fizeram a economia crescer. Deixaram cerca de 27% dos brasileiros, ao término do governo, analfabetos funcionais...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – E 30% dos brasileiros nunca tinham lido um livro na vida.

    Eu peço só mais dois minutos para terminar, Senador Thieres.

    Eles receberam o País com uma taxa de evasão escolar, Senador Thieres, de 7,6%. Quando entregaram, a taxa era de 16,5%. E aí eu vejo aqui subirem na tribuna e dizerem: "Investimos na educação!" Podem até ter investido, mas o resultado foi péssimo!

    Quando entraram no governo, em 2003, 9,5% dos jovens não trabalhavam; quando entregaram o governo, esse percentual estava em 25,8%.

    Depois de 13 anos, metade dos domicílios brasileiros continuava sem acesso à rede de esgoto, e 30% não têm acesso à água tratada. Cito, por exemplo, o Município de Cáceres, a joia do Pantanal. E 50 Municípios da Bacia do Pantanal, Senador Reguffe, jogam o esgoto direto dentro do Pantanal. E aí os religiosos daqui do Ibama... Se o sujeito matar um tatu, ele vai para a cadeia por sete anos, mas, toda hora, descem sofá e geladeira no Rio Cuiabá e no Rio Paraguai, e esse pessoal nunca viu nada. Bom, isso é assunto para outro discurso.

    Depois de 13 anos, metade dos trabalhadores continuava ganhando menos de um salário mínimo por mês. Eram 20 milhões de pessoas que ganhavam menos de R$140, e quase 9 milhões de pessoas encontravam-se na extrema pobreza, com renda abaixo de R$70. Isso foi no momento em que eles deixaram o governo.

    Depois dos 13 anos, metade dos nordestinos dependia da Bolsa Família.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Para aí, Medeiros! Mas esse não era o governo dos pobres? Era, é verdade; era o governo da pobreza; tanto era o governo da pobreza que aumentaram os pobres.

    Depois de 13 anos, mais de 60 mil pessoas são assassinadas por ano, e a taxa de elucidação de homicídios chega a ser 4% no Pará, e outros 21 Estados sequer sabem quantos homicídios são elucidados anualmente.

    Nunca antes na história deste País os bancos lucraram tanto quanto naqueles governos, nos 13 anos, Senador Thieres.

    Senador Reguffe, V. Exª é um Senador – eu diria que, se fosse para colocá-lo aqui numa classificação entre os Senadores, eu poderia enquadrar V. Exª como um Senador técnico – de perfil técnico, porque V. Exª sempre traz números, sempre é muito consistente e muito contundente nas suas posições.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Mas, veja bem, constantemente ouvimos aqui os discursos dizendo que a banca – escutamos termos aqui –, o rentismo, o capital internacional, que o Brasil se dobra à soberania internacional, que estamos fazendo o entreguismo e que os juros são altos – isso tudo é verdade –, e que aqui não se tributam as grandes fortunas. Mas, Senador Reguffe, veja bem, 13 anos é tempo de sobra para você fazer tudo isso. E como é que pode essas pessoas que odeiam tanto esses rentistas, Senador Thieres, nesse governo os rentistas lucrarem como nunca. Foi o governo em que mais lucraram.

    E aí elegeram ainda, como se não bastasse,...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... as campeãs no país, as campeãs que iriam ganhar dinheiro, que foram OAS, Odebrecht, JBS e por aí foi. Elegeram algumas companhias que disseram que eram para se tornarem as multinacionais brasileiras, e esse pessoal ia ganhar dinheiro.

    O que aconteceu com essas multinacionais? Senador Thieres, em Mato Grosso, por exemplo, vou contar o que essa nova multinacional do mercado de proteínas de carne fez em Mato Grosso: o Senador Thieres tinha um frigorífico; o Senador Reguffe tinha outro; eu chegava – sou uma das campeãs, ganhei dinheiro do BNDES –, chego lá e digo: "Reguffe, quanto V. Exª quer nesse seu frigorífico?". "Quero tanto." "Me dá, está comprado. E o seu?" "Tanto." "Obrigado." Compro os dois, fecho no outro dia: demitidos setecentos funcionários, demitidos mil funcionários; pronto, fechou. No País inteiro foi feito isso.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Em Mato Grosso inteiro houve isso; em Vila Rica, cidade de Vila Rica, Carlinda, Alta Floresta, Quatro Marcos; acabou com as plantas frigoríficas no Estado. O maior rebanho do país é em Mato Grosso, existem lá algumas plantas da JBS, e eles dominam o mercado.

    Mesmo depois de preso, mesmo depois de tudo – e aqui estou solicitando uma audiência no Cade, há alguns dias, e espero, Presidente do Cade (vou dar uma de Senador Telmário Mota aqui e vou pedir agora pela tribuna do Senado), faz algum tempo que estou pedindo essa audiência –, ainda precisamos fazer uma audiência para discutir esse monopólio que existe no mercado de carne no Brasil, porque eles simplesmente fecham as plantas, desempregam as pessoas, dominam o mercado de carne e colocam o preço do jeito que querem.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Aí nós temos o monopólio na carne, monopólio nos combustíveis, e de monopólio em monopólio, Senador Reguffe, nós vamos nos arrebentando.

    Pois bem, esse é legado desse pessoal que ficou 13 anos e que vem aqui plantar soluções. Aliás, dar soluções não: eles levantam problemas e apontam dedos; levantam problemas e apontam culpados.

    Olha, apontar culpados é muito fácil. O Brasil perdeu por sete a um para a Alemanha. É muito fácil eu dizer que o culpado foi o David Luiz. O outro diz: "Não, foi o Thiago Silva. Não, o culpado foi o Felipão". É muito fácil. Eu estou na arquibancada ou, então, estou comendo pipoca em casa. O difícil é você ir lá estudar, apontar soluções.

    E já me encaminhando para o final, Senador – peço só mais alguns minutos, e são poucos –, vamos lá à parte ética da coisa. Foram mais de 70 bilhões dos funcionários da Caixa que foram retirados; do Banco do Brasil; da Petrobras, dos Correios. Segundo o TCU, 578 mil contratos de reforma agrária e mais de 1 milhão de cadastros de Bolsa Família estavam irregulares. E por aí vai, eu não vou nem citar a sujeirada aqui, porque isso é papel da Lava Jato, e eu não quero passar aqui na TV Senado o que as TVs já passam todos os dias. Na parte ética, eu não vou nem falar o que esse pessoal fez, mas o que eles diziam? Qual era a plataforma para chegar ao Poder? A plataforma era combater a corrupção e melhorar a vida da gente. Portanto, quanto a melhorar a vida da gente, ficou bem claro nos dados que eu passei que não houve essa melhora. E, segundo, a parte ética também não foi melhorada.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – E finalizando mesmo agora, só para deixar bem claro e fazer esse contraponto, antes de ser afastada a Presidente responsável por essa Bancada do atraso – e eu digo responsável porque eles sempre disseram que o Presidente é o responsável direto por tudo que acontece no País – cortou bilhões de reais em diversas áreas.

    Então, é o seguinte: considerando que eles acreditam que uma pequena minoria da população enriquece às custas da pobreza da grande maioria, devemos concluir que eles foram o maior vetor de desigualdade social da história deste País. Os bancos, como disse há pouco, nunca lucraram tanto durante um governo. Eles, por exemplo, gostam de fazer um contraponto muito grande com o governo FHC. Portanto, no governo Lula, por exemplo, os bancos cresceram oito vezes mais do que no governo FHC. A intervenção federal...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ...porque durante 13 anos eles ignoraram a pauta, mantendo as fronteiras escancaradas e a entrada de armas e drogas.

    Então, Senador Reguffe e Senador Thieres, o que eu quero dizer com tudo isso que eu falei aqui? É que a Bancada do atraso, é que esse caos total que o Brasil teve agora na Petrobras, com greve de caminhoneiros, todo esse arrebento que o Brasil passou, e que está passando, tem CPF, tem endereço e tem CNPJ. É essa Bancada do atraso. Não pense que de repente o Brasil manava leite e mel e passou a virar uma catástrofe total. Não. Foram 13 anos de desconstrução.

    "Ah, mas eu comia carne" – eles sempre sobem aqui e dizem. "Mas eu comia carne no final de semana."

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Pode ser. É verdade.

    Por exemplo, minha filha vive insistindo para ir à Disney, Senador Reguffe, vive enlouquecida querendo que eu a leve à Disney. Se eu retirar o talão de cheque e der um cheque sem fundo, consigo levá-la à Disney, mas a conta vai chegar depois, vai chegar depois. Eu até poderia levar, mas ia ter que sacrificar essa conta da Disney com outra coisa, porque sou servidor público, Senador Thieres. Vou ter que retirar de outro lugar.

    O que acontece? Não existe mágica. O que acontece é o seguinte: quebraram o País, quebraram as principais empresas, arrebentaram com os fundos de pensão, quebraram essa Petrobras. Eu ouvi o procurador da...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... no Twitter, Dr. André Figaro, que fez um tuíte extraordinário, Senador Reguffe. Ele disse o seguinte: deveria existir uma lei proibindo o PT e os demais que quebraram a Petrobras de não pronunciar a palavra Petrobras por, pelo menos, 50 anos; serem proibidos de pronunciar a palavra Petrobras. Veja bem, eles sobem aqui na tribuna e falam em Petrobras de boca cheia.

    Esses dias subiu um aqui e falou: "Estão querendo quebrar a Petrobras, estão querendo entregar a Petrobras". Eu falei: "Meu Deus do céu, como é que tem cara de pau para isso?".

    Eu venho do Nordeste, Senador Thieres, não sei se aqui em Brasília falam assim, mas, quando o sujeito é muito cara de pau, a gente fala que está faltando óleo de peroba. Está faltando óleo de peroba para esse pessoal. Eles arrebentaram, está aí, mas falam: "Não, mas isso é mentira!". Mentira, como? – se já foram devolvidos quase R$15 bilhões. De onde é que vem esse dinheiro? Será que o Moro é mágico, pegou a cartola e arrancou...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... devolve para Petrobras? Não, o dinheiro voltou, está lá. Então, alguém havia pegado.

    Já encerro, Senador Reguffe, senão V. Exª não fala hoje.

    Esse tipo de fala nós temos que fazer para que o povo brasileiro não fique enganado porque, com tanta informação que temos hoje, tendemos a ficar só com as últimas, e as últimas que eles estão passando são estas: que foi feita reforma aqui para acabar com os trabalhadores, que nós fizemos uma PEC de teto para acabar com o Brasil. Não, Senador Thieres.

    O Senador Cristovam fez um dos melhores discursos dentre os que já fez aqui, ele disse: "Olha, a greve dos caminhoneiros nos mostrou o quanto era importante a PEC do teto dos gastos. Sabe por quê? Porque agora terá que dar subsídio para o diesel".

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Antigamente, esse dinheiro seria diluído no bolso de todo mundo, geraria inflação e ninguém sabia de onde vinha. Com a PEC do teto dos gastos, não. Vai ter que dizer: "Vou ter de subsidiar o diesel para os caminhoneiros, mas vou ter que tirar de algum lugar". Agora, não! Com a PEC do teto dos gastos, nós vamos ter que dizer: "Eu tenho que pôr em algum lugar, mas eu tenho que tirar de algum lugar". E o Brasil precisa fazer escolhas, começa a precisar definir prioridades, coisa que nunca foi feita. Nunca se definiu prioridades aqui, era dinheiro para tudo – vai, vai, vai – e aí acabava. Não há como construir duas paredes com um tijolo só. O que aconteceu? Agora nós estamos tendo que escolher. "Ah, vai tirar dinheiro de tal lugar". Bom, vai ter que tirar ou não vai ter que tirar, mas vai ter que fazer a escolha. Esse é um novo momento por que o País está passando,...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... com falso discurso político, com falsa demagogia. E é por isso que eu sempre vou subir aqui para dizer: "Vocês estão mentindo. Vocês estão precisando de muito óleo de peroba". Chega de sujeito passar a noite no bordel e depois subir aqui com o hábito de freira e vestido de padre. Pelo amor de Deus, vamos respeitar mais o povo brasileiro.

    Muito obrigado, Senador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/06/2018 - Página 45