Discurso durante a 88ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Anúncio do lançamento da pré-candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República e defesa de sua liberdade.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Anúncio do lançamento da pré-candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República e defesa de sua liberdade.
Aparteantes
Roberto Requião.
Publicação
Publicação no DSF de 08/06/2018 - Página 8
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • ANUNCIO, LANÇAMENTO, CANDIDATO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DISPUTA, ELEIÇÕES, CARGO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LOCAL, CONTAGEM (MG), AGRADECIMENTO, COLABORAÇÃO, ARRECADAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, COMENTARIO, POSSIBILIDADE, CANDIDATURA, REGISTRO, MANIFESTO, AMBITO INTERNACIONAL, PARTICIPAÇÃO, JURISTA, ASSUNTO, LIBERAÇÃO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Sr. Presidente.

    Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quem nos acompanha pela Rádio Senado, pela TV Senado e nas redes sociais, eu hoje quero aqui comunicar a esta Casa que amanhã, dia 8 de junho, em Minas Gerais, nós faremos o lançamento oficial da pré-candidatura do Presidente Lula à Presidência da República. Será às 18h, na cidade de Contagem, próxima a Belo Horizonte, onde reuniremos todas as nossas lideranças, Deputados, Senadores, lideranças do Partido dos Trabalhadores, nossos governadores, prefeitos. E, num grande ato, lançaremos o Presidente Lula.

    Ontem, nós colocamos já em funcionamento a plataforma virtual de arrecadação da campanha do Presidente Lula, a chamada "vaquinha virtual", a "vaquinha do Lula". E quero agradecer a todos aqueles que já colaboraram. Nós já tivemos mais de 700 pessoas, de ontem até hoje, às 10h da manhã, colaborando. E arrecadamos mais de R$70 mil só nesse primeiro dia. Isso mostra o interesse que as pessoas têm pela candidatura do Presidente Lula, de estarem juntos e colaborarem. Então, eu quero agradecer muito.

    Também quero fazer o convite para que quem puder esteja em Contagem, Minas Gerais, para participar desse ato de lançamento do Presidente Lula. Isso reafirma a nossa disposição, reafirma a decisão do Diretório Nacional e também do congresso do Partido dos Trabalhadores em ter Lula candidato a Presidente.

    Achamos, Sr. Presidente, que, neste momento, é fundamental para o País saber que o Presidente Lula vai ser candidato novamente. Lula já governou este País. Na época de Lula, nós tínhamos paz social; na época de Lula, nós tínhamos desenvolvimento econômico; na época de Lula, nós tínhamos emprego; na época de Lula, nós tínhamos renda; na época de Lula, nós tínhamos crédito; na época de Lula, as pessoas tinham acesso a bens e serviços básicos para sua vida; na época de Lula, nós não tínhamos fome; na época de Lula, nós tínhamos gasolina barata; na época de Lula, nós tínhamos gás de cozinha barato; nós tínhamos diesel barato; na época de Lula, nós tínhamos financiamento de carro; enfim, na época de Lula, as pessoas viviam melhor; na época de Lula, pobre tinha acesso à universidade, através do Prouni e do Fies; na época de Lula, as nossas universidades públicas eram bem tratadas, implantamos as cotas, aumentamos a capacidade das universidades de receber estudantes, inclusive das escolas públicas; na época de Lula, nós fizemos uma política externa para o Brasil que deu orgulho a este País, uma política ativa e altiva, uma política em que nós trazíamos para o Brasil os benefícios e ajudávamos os nossos vizinhos do Mercosul.

    Hoje, infelizmente, não é o que acontece. Hoje nós não temos paz social; hoje a sociedade está dividida; nós temos intolerância; nós temos ódio; hoje nós não temos uma economia sólida; as pessoas estão desempregadas; o preço das coisas sobe a cada dia; nós não temos como dar à população, através do Estado brasileiro, que tem este dever, condições dignas na área de políticas públicas de educação, de assistência social. Tudo o que foi construído na época de Lula está sendo destruído.

    Então, quero dizer ao Brasil: Lula é o nosso candidato, podem confiar. Nós vamos registrar Luiz Inácio Lula da Silva no dia 15 de agosto na Justiça Eleitoral. Lula não está com seus direitos políticos suspensos. Aliás, a Constituição é clara ao estabelecer que os direitos políticos de uma pessoa só são suspensos se a sentença que condena essa pessoa for reafirmada no Supremo Tribunal Federal. É o tal do trânsito em julgado de sentença condenatória. E isso não aconteceu com Lula. Então, ele pode ser registrado. E a Lei da Ficha Limpa, no seu art. 26, diz que o candidato, mesmo com questionamento da Justiça Eleitoral por ter sido condenado em segunda instância, pode concorrer às eleições e pode levantar a sua inelegibilidade até a diplomação. Isso aconteceu com vários candidatos neste País, candidatos a Governador, candidatos a Prefeito.

    Por isso, nós reafirmamos e dizemos ao povo brasileiro, que tem sido tão firme com o Presidente Lula, pesquisa após pesquisa colocando Lula em primeiro lugar: podem confiar, nós vamos registrar Lula. Nós vamos fazer campanha do Lula. E o Lula vai trazer de novo a paz social para este País. Vocês já conhecem o que Lula fez, vocês se lembram do governo dele, era um governo em que havia prosperidade no Brasil, em que as pessoas estavam vivendo melhor, vivendo bem, tínhamos paz social. Só Lula pode trazer isso de novo.

    Por isso, quero reafirmar aqui a nossa decisão já tomada em várias oportunidades pelo Partido dos Trabalhadores de que Lula será o nosso candidato. Não adiantam os ataques especulativos. O pessoal da imprensa fica inventando nome, dizendo que vamos ter plano b, plano c, qualquer outro aí. Não existe!

    Até disse, nas redes sociais, quando cogitaram vários nomes, inclusive o meu, assim: "Olha, gente. Aceita que dói menos! Lula vai ser o candidato!" E, se o pessoal tivesse juízo, se o Judiciário tivesse juízo, porque está vendo o problema que nós temos no Brasil hoje – acho que o Judiciário tinha que se sensibilizar com isso, com o caos social da economia, com tudo –, se tivesse juízo, liberaria o Lula imediatamente, para fazer a disputa à Presidência da República, sem precisar nos constranger, sem precisar fazer com que Lula tenha que batalhar da prisão a sua candidatura. Liberaria!

    Isso, com certeza, já melhoraria muito o ambiente da democracia no Brasil, mas infelizmente não temos essa sensibilidade por parte do Judiciário. Por isso, quando se faz pesquisa de opinião, a avaliação do Judiciário é igual à deste Congresso aqui, que tirou a Dilma, que aprontou, que bordou, que fez um monte de coisa errada, que apoia o Temer. Temer manda proposta errada pra cá do combustível, o Congresso aprova! Todo mundo vai no embalo!

    Pois, então, a avaliação que existe do Congresso, a nossa, que é péssima, é a do Judiciário também, péssima. São instituições que não respondem à confiabilidade do povo brasileiro. As pessoas não confiam no Congresso. Não confiam na gente! Coisa vergonhosa, isso!

    Então, poderíamos pelo menos ter um ato de dignidade: este Congresso falar, de forma firme, em relação às questões democráticas, ao cumprimento da Constituição, defendendo a liberação de Lula, para que o Judiciário o faça. Nós teríamos, pelos menos, as regras básicas do jogo democrático respeitadas, podendo concorrer, e o povo que o escolha! Quem tem medo da decisão popular? Quem tem medo? Não eram vocês que deram o golpe, os golpistas que estão aí com o Temer, que diziam ter certeza do que estavam fazendo para retirar a Dilma? Por que têm medo do povo agora? Soltem o Lula!

    Nós vamos fazer campanha com ele, mesmo preso. E ele vai ganhar. Quero dizer a vocês: ele vai ganhar! Conhecemos o que o povo está dizendo! Sabemos aquilo pelo qual o povo está passando, Senador Paulo Rocha, que preside esta sessão, não é? Sabemos a dor que essa gente toda está tendo, a infelicidade que está tendo o povo brasileiro e a lembrança que tem de Lula.

    Ele vai ganhar! Agora, vai ser mais bonito para o Brasil se ele estiver solto, porque ele vai ganhar, mesmo preso.

    Então, acho que o Judiciário realmente precisava ter a responsabilidade e fazer com que os recursos do Lula, que estão muito bem embasados juridicamente, fossem respeitados, e o Lula pudesse ter esses recursos julgados de maneira rápida e decente pelo Judiciário, para que seja liberado.

    Aliás, quem está falando sobre a justeza da liberação do Lula não sou eu ou só o Partido dos Trabalhadores, que é o Partido do Presidente. Quem está falando sobre isso são juristas de renome internacional, que contestam a sentença que o condenou e o prendeu.

    Aliás, nós tivemos um manifesto internacional, assinado por vários juristas, dizendo exatamente isto: a prisão do Lula é injusta. Portanto, é uma prisão política! Que Lula não podia estar preso, que não podia estar onde está, que fizeram uma prisão apressada do Lula fora do devido processo legal, que o processo que o condenou não tem provas – aliás, não há o crime tipificado. Ele foi condenado por convicção de um grupo de procuradores e de um juiz lá de Curitiba, que, aliás, entram na política a todo instante.

    Esse juiz, que começou com a aprovação popular nas alturas, Senador Requião... V. Exª conhece o Juiz Sergio Moro, lá do Estado do Paraná, que se dizia o arauto da moralidade, o cara que ia combater a corrupção? Só combateu o quê? O PT e o Lula. Cadê os caras do PSDB? Com o PSDB ele não faz, não. Em relação ao Beto Richa, que é o Governador lá, que está entalado com um monte de denúncias até o último fio de cabelo, até agora não tomaram providência alguma. Quanto tempo têm as denúncias lá contra o Beto Richa? Cadê o Juiz Sergio Moro? Cadê? Não tomou... Agora, contra o Lula é rápido. Aí, esse juiz mesmo, que começou com uma popularidade nas alturas, hoje está mais impopular que o Lula. A rejeição de Lula desce e a rejeição de Sergio Moro cresce. É isso que está acontecendo no Brasil. Quando o Judiciário entra na política, é isso que acontece. Nós temos que ter os papéis dos Poderes definidos.

    Portanto, reiteramos aqui a inocência do Presidente Lula, a injustiça da sua prisão, e o Partido dos Trabalhadores não desistirá de Lula. É importante deixar claro isso, porque há um monte de gente tentando fazer com que o Partido dos Trabalhadores desista de Lula. Nós não desistiremos de Lula! Que fique claro isso! Não desistiremos do nosso líder! Não desistiremos do maior líder popular da história deste País! E não desistiremos daquele que o povo quer como candidato. Nós estamos junto com vocês, povo brasileiro! Nós estamos juntos. Nós vamos viabilizar a candidatura do Lula.

    Por isso, quero reafirmar aqui que estaremos em Belo Horizonte lançando Lula amanhã, sexta-feira, com todas as nossas lideranças, as lideranças dos movimentos sociais, intelectuais, artistas. Estaremos lá, com nossos governadores, prefeitos, para dizer alto para o Brasil "Lula é o nosso candidato!" Só há um jeito de o Lula não ser candidato, de o Lula não ganhar esta eleição: é, definitivamente, rasgando a Constituição como um todo. Porque já estão rasgando, desde o impeachment da Dilma. É fazendo um ataque frontal à Constituição. E isso vai ficar muito feio para o Brasil. Já está feio para o Brasil. Aliás, lá fora, o Brasil é tido como um "paiseco" de quinta categoria, uma republiqueta de bananas. É assim que estão olhando para o Brasil: uma republiqueta de bananas que não consegue dar sustentação à jovem democracia que veio com a Constituição de 1988.

    Essa gente que está aí – essa gente do Temer, apoiada pelo PSDB, apoiada pelo Alckmin, pelo Aécio, por essa gente toda que agora quer se afastar – tem a responsabilidade com a imagem que o Brasil está tendo no exterior. É uma vergonha! Com o Lula, nós éramos respeitados. Lembram-se do Obama? "Lula é o cara". Pois é. Agora, do Temer ninguém quer nem passar perto. Aliás, lideranças de outros países vêm por aqui e passam por cima, porque ninguém quer passar perto do Temer. O Temer está destruindo este País. Uma coisa vergonhosa, gente! Vergonhosa! Eu não consigo entender como tiraram a Dilma e puseram essa excrescência que está aí, gente, contra o povo brasileiro. Tiraram a Dilma e prenderam o Lula para dar esse resultado ao Brasil? Não é possível, Senador Requião! Não é possível! Não é possível o País caminhar para onde está caminhando!

    Concedo um aparte a V. Exª.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Senadora, nós estamos chegando ao fim do poço. Os caminhoneiros foram traídos. O mercado foi traído. A medida provisória regulando o frete é absolutamente inconstitucional. Agora, a Senadora Simone me informa que um juiz do Rio Grande do Norte, um rapaz de 25 anos, derrubou a medida provisória. São verdadeiros horrores. Como é que os produtores rurais vão assimilar esse tabelamento do frete para cima? Na verdade, o que tinha que baixar era o preço do combustível.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – É isso.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Mas quero lhe dar uma notícia, não sei se boa ou ruim. Nós subscrevemos, eu, V. Exª e a outra Excelência o Senador Lindbergh, uma ação que está tramitando em Curitiba. Nossos advogados hoje estão lá conversando com o juiz para colocar esses preços dos combustíveis – gás de cozinha, gasolina, diesel – num nível razoável, que possa ser assimilado pela população. Vamos ver se teremos uma intervenção judicial, mas estamos entrando abertamente para o caos.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Caos.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Estava na hora de o Congresso Nacional tomar uma atitude. Não é aceitar medida provisória regulando frete. Não é assistir passivamente à traição do movimento dos caminhoneiros. E hoje ou amanhã estão fazendo o leilão de mais quatro campos do pré-sal.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Entregando quase de graça!

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Entregando quatro campos do pré-sal, sem nenhum limite em favor...

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Do Brasil.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – ... da economia brasileira, do País. Quem oferecer o maior excedente ganhará. É claro que as irmãs, as petroleiras, vão se concertar, vão dividir isso, vão estabelecer o excedente que quiserem. Nós não temos Governo! E ainda temos, por exemplo, no meu Partido, agora, o grande entrevero, o debate fundamental entre o Marun e o Romero Jucá, um dizendo que o outro não tem condição de falar pelo Partido. O Marun transformando o Meirelles numa candidatura absolutamente negativa. O Meirelles, que é o autor de toda essa barbaridade, dizendo que não tem nada a ver com o Governo!

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Ninguém quer chegar perto agora.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Estava na hora de uma intervenção do Congresso Nacional, que já fez isso outras vezes na história do Brasil, senão nós vamos para o caos e sem partido organizado, o povo se rebelando. Nós acabaremos com a única saída possível, que é uma intervenção militar. Não há povo organizado, não existem lideranças fortes na base. O Congresso, totalmente ausente.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Hum hum.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – A solução é simplesmente terrível! E essa história de prisão do Lula já ficou clara para o Brasil inteiro: ninguém está preocupado com a hipótese de uma provável corrupção, que, no caso daquele apartamento, rigorosamente é impossível. O que eles querem é afastar o Lula da campanha presidencial.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – É isso.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – E há a ameaça clara da vitória do Bolsonaro. Conversava com a Simone aqui. Imagine o Bolsonaro Presidente. A primeira coisa que ele faria seria proibir mulheres de se candidatarem a qualquer cargo parlamentar e de entrarem no Congresso Nacional. Nós estamos entrando numa situação extremamente complicada. Talvez fosse a hora de o Congresso tomar uma medida, propor medidas econômicas de recuperação do Brasil, perceber os erros que cometeu com a PEC 95, paralisação de investimento. É preciso pôr um fim nisso, porque, afinal, até o autor, que é o Meirelles, diz que não tem mais nada com isso. Mas a população está em clima de revolta profunda, e isso pode levar a uma insurreição à moda das insurreições que acontecem na Ásia.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Hum hum.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Porque nós não estamos com instituições capazes de dar solução. Judiciário, desmoralizado de A a Z. Congresso Nacional, desmoralizado. E o Executivo, nem se fala mais nisso, não é?

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não existe.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Hoje tivemos a Polícia Federal pedindo a quebra do sigilo telefônico dos três príncipes do Governo brasileiro: o Padilha, o cabeça branca... Como é o nome do Ministro?

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Moreira Franco.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Moreira Franco e do Presidente da República. Não sei onde nós vamos parar. Mas o Congresso Nacional não age? Nós estamos aqui no plenário do Congresso Nacional, pessoal que está nos assistindo, a televisão do Senado não mostra, só foca nos oradores. Presentes aqui neste momento: Senador Hélio, Senador Pedro, na Presidência, e a Senadora Gleisi na tribuna e eu aqui...

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Paulo Rocha...

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – O Senador Paulo Rocha na Presidência...

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – E Jorge Viana.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – E o Senador Jorge Viana. E chega o Senador Lasier. O Congresso está ausente deste processo e o Brasil está derretendo...

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Uma tragédia, Senador.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Tragédia terrível, com consequências imprevisíveis.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – A única liderança capaz de dar uma concertação ao Brasil e conduzir um processo para a gente sair desta crise está presa, colocaram preso: o Lula.

    O Congresso Nacional ajudou nesta barafunda toda, porque o Temer não está lá sozinho. Não. Temer não foi para lá por vontade própria, nem por vontade do PT. Temer foi para lá porque este Congresso votou para ele ir para lá. Tirou a Dilma. Ajudou.

    Este Congresso não tem moral para agir e agora fica votando essas medidas provisórias do Temer. A maioria desta Casa decide isso. Que coisa vergonhosa, gente. Vergonhosa. Eu queria que estivesse cheio aqui.

    Aliás, o dia que foram votar a medida provisória do Temer para tirar o imposto – PIS/Cofins – para subsidiar o diesel, o Senador Eunício não me deixou falar. Botou só quatro para falar, porque eu ia falar, sim. Estava cheio aqui. Ia dizer: "Vocês foram responsáveis por isso. Vocês. Cada um que votou para tirar a Dilma, cada um que votou para a Emenda Constitucional nº 95; cada um que votou na reforma trabalhista; cada um que votou para desonerar as petroleiras; que tirou o conteúdo nacional do petróleo e gás. Vocês são responsáveis por isso. E não adianta fazerem caras e bocas."

    Onde é que está a turma do Temer para defender ele? Cadê? Cadê o pessoal valente que vinha aqui falar da Dilma, falar do Lula, falar que nós quebramos o Brasil? Cadê os valentões? O pessoal do PSDB que ajudou no golpe, sumiu, vazou. Vazou, não está aí. Aécio, todo mundo, vazou. O Alckmin, que ajudou no golpe, está lá patinando nas pesquisas. Não vai para lugar nenhum. O povo não quer esse tipo de gente. Cadê o pessoal do golpe? Tem que ter coragem. Tem que vir aqui e defender.

    Quando vocês agrediam a Dilma, o Lula, eu defendia. Sabe por que eu defendia? Mesmo estando na contramão da opinião pública – que a Rede Globo, os meios de comunicação contaminaram –, defendia, porque eu defendo a causa que está por trás daqueles governos, porque eu sabia dos acertos que tinha. Sabia dos problemas, das dificuldades, mas sabia que era um governo para os mais pobres.

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Vocês não têm causa. Vocês tiraram a Dilma por uma questão política, por disputa de poder. Não têm projeto para este País. Aliás, têm. O projeto de vocês é um Estado mínimo, um Estado onde cabem 35% da população, um Estado que não dá condições para o povo brasileiro. Vocês querem um País que empregue pouco para poder explorar a mão de obra desempregada. É isso o que vocês querem. Vergonha absoluta!

    Por isso, Senador Requião, este Congresso jamais vai se levantar. Não tem coragem, não tem autoridade. Vai acontecer, se continuar do jeito que está, o que aconteceu no regime militar; vai ficar um aqui para apagar a luz. Que coisa vergonha isso. Vergonhosa!

    Eu queria muito que estivessem aqui os que defenderam o Temer. Venham aqui defender! Sejam corajosos, gente, o que é isso? Vocês não queriam essa política aí? Vocês não fizeram a política para acabar com a Petrobras? Vocês votaram aqui – votaram –, acabando com o conteúdo nacional. Acabaram com mais de 500 mil empregos entre diretos e indiretos. Nós avisamos. "Não, tinha que fazer, porque a Petrobras tinha que se modernizar, ser gestão de mercado." Expliquem para o povo que vocês ajudaram a gasolina chegar a R$5, o diesel estourar. Expliquem isso para o povo. Que vergonha, gente!

    É um absurdo o que está acontecendo. E V. Exª tem razão: não vão se levantar. Não têm coragem. É tudo manso aqui – é tudo manso. Para brigar com a Dilma e com o Lula tinham coragem. Vinham aqui e ficavam brigando. Agora, está tudo mansinho, entendeu, miando como gatinho.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Senadora, nós não temos mais governo no Brasil. E as instituições estão derretidas. Nós estamos indo abertamente para o caos social.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Caos social.

    O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/MDB - PR) – Caminhoneiro traídos, mercado traído, o agronegócio traído. Isso virou uma brincadeira.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Por isso estou defendendo, Senador Requião, que tem que soltar o Presidente Lula.

    Quem é a liderança popular deste País? Quem é que pode fazer interlocução com o povo? Quem é que pode dar garantias, trazer de novo a confiança, a segurança, dizer que vai ter rumo?

    Só há uma liderança neste País: se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Ou há outra? Alguém aqui me diga quem há liderança neste País. Quem tem interlocução com o povo? Há outra? Quem é? Não há. Vocês da direita não têm, vocês que gostam de defender rico aqui não têm. Rico não tem liderança. Rico quer ganhar dinheiro em cima do povo.

    Então, soltem Lula. Se não soltarem o Lula, o caos social vai aumentar. Nós não conseguiremos tirar o País da crise. E eu não falo isso pelo PT; falo isso pelo povo brasileiro. Nós não temos o direito de deixar esse povo sofrendo. Não temos o direito de olhar a situação como está e não fazer nada. Nós do PT estamos lutando muito, lutando muito para tirar o Lula da cadeia, lutando muito...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... para fortalecer a candidatura do Lula. Sozinhos, nós não vamos conseguir, com esse Judiciário que não cumpre o seu papel.

    Se há amor por este Brasil, se há amor por este País, tem que libertar o Lula, tem que tirá-lo da cadeia. Ele é a única pessoa com condições de conduzir um processo de reconstrução e reunificação do Brasil.

    Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/06/2018 - Página 8