Discurso durante a 89ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a comemorar o centenário de nascimento do ex-Senador, ex-Deputado Federal, Advogado e Jornalista, o Sr. Emival Ramos Caiado.

Autor
Ronaldo Caiado (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Ronaldo Ramos Caiado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a comemorar o centenário de nascimento do ex-Senador, ex-Deputado Federal, Advogado e Jornalista, o Sr. Emival Ramos Caiado.
Publicação
Publicação no DSF de 09/06/2018 - Página 15
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, CENTENARIO, NASCIMENTO, EMIVAL CAIADO, EX SENADOR, EX-DEPUTADO, ADVOGADO, JORNALISTA, ORIGEM, ESTADO DE GOIAS (GO).

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Social Democrata/DEM - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senador Wilder Morais, cumprimento o ex-Deputado Federal, meu primo, Sérgio Caiado.

    Cumprimento o Prefeito da cidade de Formosa, com quem também nossos laços familiares cada vez nos aproximam mais, que mostra a sua competência administrativa, Sr. Ernesto Roller.

    Saúdo o meu querido tio Elcival Ramos Caiado, ex-Deputado Estadual, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, ex-Deputado Federal, que aqui chega, aos seus 96 anos de idade, com todo o rigor e com toda a capacidade de ainda nos poder orientar muito na política do nosso Estado, a quem eu reverencio de uma forma especial.

    Eu quero saudar aqui o meu colega médico, Pedro Canedo, também ex-Deputado Federal, com quem tive uma longa jornada desde a nossa formação na Medicina até os momentos da política do nosso Estado de Goiás.

    Cumprimento aqui a presença do ex-Governador Alcides Rodrigues, uma pessoa que sempre teve com a família Caiado uma distinção especial, desde momentos em que Emival Caiado lutava e levantava a bandeira oposicionista no Estado. Depois, quando Leonino Caiado assumiu o Governo daquele Estado, mesmo assim sempre estando ao nosso lado, nos prestigiando e sempre estando, como uma liderança que é do nosso Estado de Goiás, presente a todos os momentos políticos daquele Estado. Agradeço e muito a presença de V.Exª, Sr. Governador, como também a da sua esposa, ex-Prefeita, Raquel Rodrigues, ao seu filho João Alberto, atualmente Prefeito da cidade de Santa Helena de Goiás.

    Quero cumprimentar o jovem representante, também da família, um grande orador e advogado, Breno Boss Cachapuz Caiado; saudar aqui o engenheiro determinado, que tem uma visão da política econômica do País como também uma garra e uma determinação ímpar, que é meu primo Emival Ramos Caiado Filho.

    Quero saudar a figura e a pessoa de Sérgio Caiado mais uma vez. Primos da mesma geração, convivemos em vários momentos. Sérgio continua a trajetória de seu pai, sendo candidato e tendo sido Deputado Estadual e Federal, enfrentando as adversidades, mas um homem forjado dentro da luta, da determinação, dos princípios da família Caiado. Sempre foi uma referência para todos nós.

    Quero cumprimentar também o Subprocurador-Geral do Tribunal de Contas da União, Sr. Paulo Bugarin.

    Quero saudar, em uma homenagem especial, também de maneira especial, a Profª Lena Castello Branco Ferreira de Freitas. É uma referência nacional. Teve, com os seus conhecimentos, a oportunidade de nos ensinar muito com a redação em dois volumes de um livro intitulado A Saga dos Caiado, em que mostrou o verdadeiro perfil de uma família que sempre teve um compromisso enorme com o espírito público e com o orgulho de representar o nosso Estado.

    Quero saudar o Presidente do Sindicato dos Advogados do Estado de Goiás, Sr. Alexandre Caiado; Deputado Distrital no período de 1991 a 1994, o Sr. Salviano Guimarães. Quero saudar aqui a minha tia, minha madrinha, Elgezy Caiado, irmã do Senador Emival Caiado. É um orgulho tê-la aqui presente nesta sessão no Senado Federal.

    Quero cumprimentar aquela que, durante muito tempo, também cuidou de mim quando estudei aqui, na cidade de Brasília, e morei na sua casa, na casa de tio Emival: a minha tia Maria, pessoa muito ligada à mamãe e que hoje está aqui e me faz relembrar dos momentos importantes da minha juventude, em que a senhora, pela madrugada, me esperava chegar, me orientava e me corrigia de algumas falhas. Tenho de coração um agradecimento especial por tudo o que a senhora fez por mim na época da minha formação, quando eu cursava o científico. Obrigado, minha tia.

    Eu quero cumprimentar minhas primas: a Inara Caiado, uma pessoa por quem eu tenho um carinho especial, determinada, tem um viés político forte – não sei por que ainda não se candidatou –, e Bernardo Caiado, o neto. Quero cumprimentar também a Sandra, minha prima, a Giovana Caiado, a Natália Caiado, a Stela Caiado.

    Quero saudar aqui todos os demais familiares e amigos que vieram neste momento participar desta sessão no Senado Federal, cujo requerimento é de autoria do meu colega Senador Vicentinho.

    Quero cumprimentar aqui, também, todos os familiares de Brasílio Ramos Caiado, que se fazem aqui presentes, a minha prima Marisinha. Eu quero saudar aqui a Sueli, cumprimentar todas as vertentes da família Caiado, que sempre tiveram uma participação muito forte na vida política do Estado de Goiás.

    É um momento muito especial, para mim, poder hoje estar aqui em uma tribuna que várias vezes – nos momentos mais polêmicos, imaginava sempre que deveria ter sido também deste mesmo lado, onde é a minha característica de fazer os pronunciamentos – foi ocupada pelo Senador Emival Ramos Caiado.

    A alegria de poder, mais do que nunca, suceder a família...

(Soa a campainha.)

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Social Democrata/DEM - GO) – ... continuar uma luta em defesa dos princípios do nosso Estado de Goiás.

    Mas eu gostaria, dado o currículo de meu tio, Senador Emival Caiado, tão extenso, de fazer, em parte, uma leitura daquilo que vejo importante ficar cravado nos Anais desta Casa, para que amanhã as gerações futuras possam ter um conhecimento mais detalhado do seu dia a dia e da sua trajetória política no Estado de Goiás.

    Quero cumprimentar, também, os presentes que aqui estão, primos, Murilo Caiado, também Cláudio Caiado...

(Interrupção do som.)

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Social Democrata/DEM - GO) – ... e a minha mulher, Maria das Graças.

    Eu costumo dizer que o Brasil tem sido, Profª Lena, pouco generoso com a sua memória. O fato de ter sido o Brasil rotulado como o País do futuro fez com que poucas vezes tenha olhado com a devida atenção para o seu passado recente e, em decorrência, tenha adquirido o hábito de negligenciá-lo. E isso é péssimo para a nossa história.

    Daí a importância que atribuo a uma homenagem como esta, prestada em um requerimento apresentado pelo Senador Vicentinho, que, hoje, disputa o segundo turno nas eleições do Tocantins. Daí a sua ausência nesta tão importante homenagem.

    É momento de evocarmos a memória de alguém que não apenas nos precedeu, mas deixou um legado digno de admiração. E o tio Emival deixou o bom exemplo e ricos ensinamentos.

    O nosso homenageado desta sessão celebra o seu centenário de nascimento: o homem público Emival Caiado. Jornalista, advogado, produtor rural, nascido na cidade de Goiás, em 1918, e falecido em Goiânia em 2004. O seu currículo de homem público é vasto. Foi eleito Deputado Estadual pela UDN em 1950; a partir de 1954, por quatro sucessivos mandatos, Deputado Federal; e depois se elegeu Senador da República, tendo sido esse seu último mandato.

    Agradeço também a presença do Senador Hélio, aqui do Distrito Federal.

    Como seu sobrinho, condição que muito me honra, posso dizer que manteve e dignificou a presença da nossa família na vida pública nacional, com contribuições não apenas a Goiás, mas a todo o País, presença que, em muitos momentos da história, importou em sacrifício, perdas, adversidades, preço que se paga quando se luta por ideais.

    Emival Caiado destacou-se por ter sido o autor do projeto de lei que estabeleceu a mudança da Capital Federal do Rio de Janeiro para o Planalto Central, materializando um sonho que remontava aos tempos do Brasil colônia e se tornara compromisso de campanha de Juscelino Kubitschek, em 1955.

    Dito assim, numa leitura ligeira e descontextualizada, pode parecer que se tratou de mero ato burocrático e de ter providenciado os instrumentos legais, imprescindíveis à mudança. Mas foi bem mais do que isso.

    Antes de mais nada, é preciso que se diga que o então Deputado Emival Caiado, o mais votado proporcionalmente naquela eleição, com 12,4% dos votos válidos, índice ainda hoje não superado, era adversário político de Juscelino Kubitschek. Mas o que estava em discussão era a mudança da capital, a interiorização do desenvolvimento e a ocupação do território em toda a sua extensão.

    Emival Caiado viveu o período em que o seu pai, Senador Totó Caiado, para chegar ao Rio de Janeiro e exercer o seu mandato, percorria o trajeto da cidade de Goiás até a cidade de Araguari no lombo de mula, para ali pegar um trem. Isso marcou muito forte a convicção de Emival Caiado em lutar para que a Capital fosse no centro geográfico do País.

    Aí temos um dos muitos sinais da grandeza de sua visão política e humanista. O seu Partido, a UDN, era a mais aguerrida trincheira de oposição ao Governo Juscelino Kubitschek, que era formado pela coalizão do PSD e PTB, criada por Getúlio Vargas, adversário histórico da família Caiado desde a Revolução de 1930.

    Mas Emival soube ver e agir para além dos antagonismos. Emival Caiado soube colocar o interesse nacional em primeiro lugar e não hesitou em iniciar essa empreitada, enfrentando divergências em seu próprio Partido. Nem todos sabiam distinguir oposição ao governo de oposição ao País. Ele sabia e assim demonstrou.

    Criou, com competência e prestígio na Casa, o chamado Bloco Mudancista, em que eu me inspirei para criar o Bloco Ruralista, e teve a capacidade e o prestígio de aglutinar mais de 70% dos Parlamentares daquela Legislatura. Além da aprovação da lei da mudança da Capital, de sua autoria, Emival Caiado teve a competência, junto à Comissão de Orçamento do Congresso Nacional, de aprovar rubrica própria para que pudéssemos ali arcar com os gastos e as despesas da instalação da Capital e a criação da Novacap, aqui já citada pelo orador que me antecedeu como a primeira empresa estatal criada com fim específico.

    Anos depois, em 1976, eu tive um testemunho de relevo e de respeitabilidade conquistada por Emival Caiado. Como médico, Aguinaldo, plantonista no Hospital Miguel Couto, chefe de plantão àquela época e no segundo ano da residência, vi, de maneira até inesperada, a chegada, à nossa sala da ortopedia, do ex-Governador Carlos Lacerda, que havia sofrido um acidente com lesão muscular no ombro e no braço e estava com muita dor – ele foi levado pela triagem do Hospital Miguel Couto. Ele havia sido Governador e foi um dos que mais construiu obras naquele hospital. Com aquele jeito próprio, ele disse: "Ninguém precisa aqui de me examinar. Chamem o Prof. Nova Monteiro, que ele vai cuidar." Naquela hora – mais ou menos em torno da hora de almoço –, o Prof. Nova Monteiro estava numa caminhada habitual que fazia e não estava presente. Naquela hora, a enfermeira chegou e disse: "Dr. Caiado, o Prof. Nova Monteiro não está acessível neste momento." Naquele momento, Carlos Lacerda se dirigiu a mim e disse: "O que você é de Emival Caiado?" Eu disse: "Eu sou sobrinho de Emival Caiado." Ele falou: "Você dever ser bom!" Vejam bem, naquele momento, ele abriu um sorriso e pediu que, realmente, por estar com muita dor, fizesse um analgésico.

    E, ao mesmo tempo, dei continuidade aos seus exames, até a chegada do nosso Prof. Nova Monteiro,...

(Soa a campainha.)

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Social Democrata/DEM - GO) – ... para que ele ali fosse tratado e operado, e tive a oportunidade de auxiliar no momento da cirurgia.

    O que me deixou emocionado foi ouvir daquele que, indiscutivelmente, foi o maior adversário à mudança da Capital para Brasília... E todos nós conhecemos, já ouvimos ou lemos a respeito de Carlos Lacerda. Era uma inteligência ímpar, um orador voraz e, no entanto, se curvou aos argumentos de Emival Ramos Caiado, com quem ele mesmo testemunhava,...

(Interrupção do som.)

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Social Democrata/DEM - GO) – ... suas divergências diante da força argumentativa de Emival Caiado. Emival lhe mostrou que era um projeto de país e não um projeto de governo.

    Eu continuo dizendo que – eu que estou no Congresso Nacional há 24 anos – esta Casa, às vezes, é duramente penalizada quando as pessoas tentam medir pela mesma régua o caráter e a honra das pessoas. Mas aqui existem homens e mulheres que têm espírito público, que fazem política com dignidade, com altivez. E essa, sem dúvida nenhuma, foi o que mais nós aprendemos com a lição do nosso Senador Emival Caiado, que sempre exerceu o seu mandato sem outros interesses.

    Chamo a atenção de um homem que, como Senador da República, autor da lei da mudança, tinha as informações mais privilegiadas e poderia, se tivesse apenas o interesse econômico, ter estimulado a ele e aos seus familiares a adquirirem todos os imóveis em torno de Brasília. Não existe isso na trajetória de Emival Caiado e nem da nossa família. Ajudamos a construir Brasília, mas jamais tiramos dela nenhum interesse patrimonial ou econômico. Isso mostra a característica que é muito forte e que nós herdamos desde a época de nossos antepassados, que sempre tiveram orgulho de defender o Estado.

    Eu faço citação aqui a um amigo, colega de banca, como diz Breno, de tio Emival e de meu pai, Edenval Caiado, José Asmar, que, no seu livro que mostra um relato da vida do Senador Emival Caiado, cita uma passagem de Carlos Lacerda – abre aspas: "votos para que tenha razão esse dedicadíssimo representante do povo goiano, que é meu colega e amigo, o Sr. Emival Caiado, quando confia em que o Governo esteja em condições de honrar o compromisso que este projeto envolve, de mudar a Capital para Brasília, a 21 de abril de 1960" – fecha aspas.

    Sabemos que a transferência da Capital para o centro geográfico provocaria, como de fato provocou, a interiorização do desenvolvimento. Vejam o quanto foi válida e acertada a mudança da Capital, reconhecendo o Centro-Oeste como região estratégica para a solução das crises econômicas, com o avanço da produtividade nas áreas do agronegócio e da mineração e com a industrialização em todas as áreas da economia.

    É importante realçar que a família Caiado sempre se colocou em oposição a Vargas, desde a conspiração que resultou na Revolução de 1930. Meu avô, Senador Antônio Ramos Caiado, apoiava o governo Washington Luís, deposto por aquele movimento.

    Com a derrota, a família sofreu retaliações, viu seus bens confiscados, foi perseguida. Totó Caiado viu seus filhos sofrerem restrições nas escolas, e a família foi banida da política, à qual só começaria a retornar a partir de 1945, com a redemocratização.

    Tudo isso foi vivido com muita intensidade pelo meu tio Emival e meu pai Edenval, por serem os mais velhos e terem àquela época 12 e 13 anos respectivamente. Esse sofrimento fez com que o sentimento de união da família prevalecesse até os dias de hoje, assim como o compromisso de estarmos na vida pública, dando continuidade a uma luta interminável na defesa do Estado de Goiás, que hoje tenho a honra de representar no Senado.

    Aqui, sucedo meu trisavô, Antônio José Caiado; meu bisavô, Torquato Caiado; meu avô, Antônio Ramos Caiado; meu tio Emival Caiado. Represento, portanto, e de modo ininterrupto, a quinta geração da família na vida pública goiana.

    A máquina eleitoral de Vargas, montada em 1945, que tinha coalizão, elegera, àquela época, com a sua força máxima, os sucessores e manteve a família Caiado por muito tempo na oposição. E Emival Caiado foi o primeiro, após a redemocratização, a se eleger, em 1950, deputado estadual.

    Sua atividade política foi muito produtiva para Goiás. Entre os muitos projetos de lei que apresentou e fez aprovar estão alguns de especial importância relacionados à educação. Entre eles, a criação da Universidade de Goiás, dos institutos agronômicos na Região Centro-Oeste, e a destinação de subvenção à Escola de Engenharia Brasil Central.

    Na área econômica, foi autor de projeto que alterou o Código de Minas e de outro que uniformizou os preços dos derivados do petróleo no território nacional, tema tão atual nos dias de hoje.

    Na área social, além de viabilizar a criação da Fundação de Assistência aos Garimpeiros, foi autor do primeiro projeto de lei que criou o auxílio-desemprego no País.

    Coube-lhe também a iniciativa de propor a instalação de uma Junta de Conciliação e Julgamento no Ministério do Trabalho em Brasília face às demandas trabalhistas decorrentes da multiplicidade de obras da construção da nova Capital.

    Preocupou-se ainda, e hoje sabemos como isso nos faz falta, com a construção e funcionamento de ferrovias, sobretudo nos acessos à nova Capital. Como Senador eleito em 1970, fez questão de participar da comissão que, antes da autonomia política da Capital, legislava para o Distrito Federal, preocupando-se em preservar o seu plano original, hoje já consideravelmente distorcido.

    Como produtor rural, era um apaixonado pela exuberante natureza de Goiás. Bem antes do advento do discurso ecológico, já era defensor de técnicas de manejo sem nenhum prejuízo e preservando o meio ambiente.

    Minha ligação com o tio Emival sempre foi muito próxima. Desde criança, presenciava suas reuniões políticas junto com o meu pai na cidade de Anápolis. Nos períodos de campanha, tanto eu quanto o Sérgio aproveitávamos as férias para acompanhá-lo, assistindo a seus comícios e a suas reuniões políticas.

    Emival Caiado era um exímio orador, homem culto, mas sabia falar com o povo. Tinha um discurso que aproximava as pessoas e tinha tiradas especiais. Seus discursos eram comentados e, sem dúvida alguma, levavam a plateia ao delírio.

    Emival Caiado agitava a política de Goiás. Carlos Lacerda dizia que o grande orador é aquele que, ao terminar o seu discurso, voltando àquela cidade, o eleitor sabe repetir pelo menos uma frase do que disse. Emival Caiado era este homem. Ele empolgava. As pessoas andavam centenas de quilômetros para assistir ao seu discurso, que tinha um estilo próprio. Chegava à casa dos líderes, lá se sentava, convidava toda a população e, quando se abriam as urnas, Emival Caiado era o mais votado, mesmo sendo oposição na política do Estado de Goiás.

    Enfim, Emival Caiado fazia política com paixão. Essa é a verdadeira expressão de meu tio Emival Caiado: paixão pela política. Era aquilo que o movia, era aquilo que realmente nos estimulava a continuar na vida pública do nosso Estado de Goiás.

    Quero dizer que aprendi muito com ele, como citei aqui à tia Maria e aos meus primos, quando aqui estudei. Mas ele também sempre foi um entusiasta para que nós sentíssemos a importância da política, para que não deixássemos que as dificuldades nos tirasse aquilo que sempre foi um fator muito forte na nossa formação, que é o orgulho de ser goiano e a defesa do Estado de Goiás.

    Eu me lembro que, quando fui aprovado para fazer a minha pós-graduação na França, Emival, com gesto especial, no seu estilo próprio, foi ao seu armário, tirou naquela hora um casaco de lã e me deu de presente, dizendo: "Caiado, meu filho, aquele frio de lá nós não estamos habituados a ele. Este casaco eu tive quando eu fui representar o Brasil em Helsinki e em Nova York. Vou presenteá-lo para que você possa sentir menos frio no seu período de estágio naquela cidade."

    Tio Emival andou comigo na minha pré-campanha a Presidente da República. Quantas vezes meu pai dizia: "Meu filho, você não tem nenhum fio de cabelo branco para poder entender a importância e poder escalonar o crescimento na sua vida política e já começa pela Presidência da República" e meu tio Emival me ajudava a alinhavar o meu discurso, e, ao mesmo tempo, estava comigo andando pelo País afora.

    Realmente, é prestar homenagem a quem eu tive uma vida muito próxima e aprendi muito com o meu tio Emival Caiado, que tanta falta faz a nós todos. O tio Emival recebeu comenda póstuma do Governo do Distrito Federal como Grão-Mestre da Ordem do Mérito de Brasília e da Câmara Municipal pelo jovem Vereador Paulo Daher, que criou a Medalha de Mérito Senador Emival Caiado.

    Eu encerro pedindo desculpas a todos os meus amigos e familiares presentes pela extensão do discurso, mas falar de Emival Caiado, falar daquilo que nós aprendemos em comum na família, de união, de determinação, de espírito público, de dignificar a política, de mostrar que a democracia não tem outro caminho que não seja o caminho político, que aqueles que pregam a demonização da política estão colocando em risco a democracia brasileira e que nós precisamos cada vez mais buscar as pessoas vocacionadas para que estejam aqui, neste plenário, na Câmara, nas assembleias e nos governos para que o Brasil se recupere rapidamente dos momentos difíceis que tem vivido, como também o nosso Estado de Goiás.

    Além da paixão de Emival Caiado pela política, realmente, lendo algumas frases de Aristóteles, Emival Caiado foi um homem que honrou essa sua definição da política. Aristóteles dizia que a política é a mais nobre das atividades humanas, e Emival Caiado assim o fez no cumprimento da sua trajetória de vida e na continuidade pós-mandatos, enaltecendo a política e cada vez estimulando para que os goianos também se sintam presentes na Casa para não receberem ordem de Estados que se consideram maiores, mas para ter aqui a voz da goianidade, a voz da condição ética e moral para que possamos delinear uma nova política para o País.

    Emival Caiado foi precursor, e nós continuaremos como os seus discípulos políticos de Goiás.

    Muito obrigado.

    Um abraço a todos os familiares e, de coração, aqui a nossa homenagem.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/06/2018 - Página 15