Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da assinatura de requerimento para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a política de preços da Petrobras.

Preocupação quanto aos dados estatísticos da criminalidade no estado de Rondônia (RR) apresentados pelo Atlas da Violência 2018.

Solicitação de urgência ao Presidente Michel Temer na sanção da Medida Provisória nº 817, de 2018, que dispõe sobre o enquadramento dos servidores públicos dos ex-Territórios de Roraima, Rondônia e Amapá no quadro de pessoal da União Federal.

Autor
Ângela Portela (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA:
  • Registro da assinatura de requerimento para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a política de preços da Petrobras.
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Preocupação quanto aos dados estatísticos da criminalidade no estado de Rondônia (RR) apresentados pelo Atlas da Violência 2018.
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA:
  • Solicitação de urgência ao Presidente Michel Temer na sanção da Medida Provisória nº 817, de 2018, que dispõe sobre o enquadramento dos servidores públicos dos ex-Territórios de Roraima, Rondônia e Amapá no quadro de pessoal da União Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 07/06/2018 - Página 44
Assuntos
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • REGISTRO, ASSINATURA, ORADOR, REQUERIMENTO, AUTORIA, VANESSA GRAZZIOTIN, SENADOR, OBJETIVO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), OBJETO, INVESTIGAÇÃO, POLITICA, PREÇO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
  • APREENSÃO, RELAÇÃO, EXCESSO, VIOLENCIA, LOCAL, ESTADO DE RONDONIA (RO), REGISTRO, DADOS, PESQUISA, ASSUNTO.
  • SOLICITAÇÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, URGENCIA, SANÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), OBJETO, ENQUADRAMENTO, SERVIDOR PUBLICO CIVIL, TERRITORIO FEDERAL DE RORAIMA, TERRITORIO FEDERAL DO ACRE, TERRITORIO FEDERAL DO AMAPA, QUADRO DE PESSOAL, UNIÃO FEDERAL.

    A SRª  ÂNGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Muito obrigada, Senadora Lídice, Presidente desta sessão.

    Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste final de semana, andando pelas ruas de Boa Vista, nossa capital, constatei que a anunciada redução do preço do diesel não chegou ainda a todos os postos.

    Mais uma vez, o Governo Federal não cumpriu a sua palavra. Isso não chega a nos surpreender, Senadora Lídice. Além de ter um histórico de descumprimento de acordos, o Governo Temer parece não possuir mais força nenhuma para impor a sua vontade a ninguém, nem aos donos dos postos gasolina.

    Tenho defendido aqui que a redução dos preços não pode estar limitada ao óleo diesel. A botija de gás, o gás de cozinha e a gasolina continuam caríssimos, e o Governo não dá nenhum sinal de interesse em atacar de frente o problema; pelo contrário, ao invés de reduzir os preços do gás de cozinha e da gasolina, aumenta-os de novo. O Temer trocou o presidente da Petrobras. Ele chegou, nem tirou o paletó, e já foi aumentando a gasolina de novo.

    Por isso, assinei requerimento apresentado pela Senadora Vanessa Grazziotin com pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a política de formação de preços da Petrobras, que se revelou danosa para o País.

    Por onde ando, Senadora Lídice, os roraimenses reclamam. São pais e mães de família que, sem ter como comprar o botijão de gás, hoje variando entre R$80 e R$120, lamentavelmente, estão apelando para o carvão, para a lenha, o álcool e a vela. Olhem a que ponto chegamos!

    Talvez Temer esteja esperando que a população diga "basta!" e saia às ruas, como fizeram os caminhoneiros para defender os seus interesses. Foi a insensibilidade do Governo que levou à atual situação. Acreditando que a paciência da sociedade era infinita, esticou a corda até onde pôde, até arrebentar, e parece não ter aprendido a lição. Ainda há postos, repito aqui, vendendo diesel por R$4.

    Todos os dias surgem boatos de que os caminhoneiros continuam insatisfeitos e vão parar de novo. No noticiário, são cada vez maiores os sinais de que o Governo perdeu o controle sobre o País.

    Em Minas Gerais, há quatro dias se sucedem ataques de vândalos contra ônibus e prédios públicos.

    O dólar não para de subir, tendo atingido o patamar de R$3,80.

    Deste Governo que não escuta a população não se espera mais muita coisa. Só nos resta rezar, para que daqui até o dia 31 de dezembro ele tenha um mínimo de sensibilidade para evitar uma explosão social. Do contrário, o próximo governo, que sairá das urnas em outubro, terá diante de si uma tarefa das mais difíceis, que é tirar o País do caos absoluto.

    Não posso aqui deixar de falar também sobre o Atlas da Violência de 2018, publicado ontem. E vi até que a Senadora Lídice já fez referência a essa publicação. Traz números alarmantes, atualizado até 2016, confirmando que o Brasil se tornou, já há algum tempo, um dos países mais violentos do mundo. O Atlas mostra que ninguém escapa da alta taxa de homicídios no País, mas os jovens, os negros e as mulheres são as maiores vítimas.

    Eu gostaria de me deter, aqui, sobre as tristes estatísticas do meu Estado de Roraima. Somos de longe o Estado onde mais mulheres são assassinadas, proporcionalmente à população. Só em 2016, foram mortas 25 mulheres, em um Estado com um pouco mais de 500 mil habitantes. É um número elevadíssimo. Uma mulher é assassinada a cada duas semanas.

    Quanto ao assassinato de jovens, Sr. Presidente, Roraima também apresenta índices ruins, muito ruins. Foi o oitavo maior aumento, entre as unidades da Federação, na taxa de homicídios de jovens de 15 a 29 anos, entre 2015 e 2016. É assustador isso. O aumento foi de quase 20% em apenas um ano.

    A gravidade desses números só reforça a importância de todas as iniciativas desta Casa que combatam o feminicídio e a violência contra a mulher em geral. Fui relatora, na Comissão de Direitos Humanos, do Projeto de Resolução nº 7, de 2018, que cria o Diploma de Direitos Humanos Marielle Franco.

    Mulher, negra, mãe, representante das comunidades na Câmara dos Vereadores do Rio, Marielle foi barbaramente assassinada no dia 14 de março, juntamente com o motorista Anderson Gomes. Quase três meses depois do assassinato, ninguém foi punido por esse duplo crime.

    Infelizmente, o caso de Marielle não é o único. Mais de 4 mil mulheres são assassinadas todos os anos no País. Isso dá mais de dez homicídios por dia, em média. Imagine: mais de dez homicídios por dia, em média, no País.

    O caso de Marielle teve destaque devido à sua condição de representante eleita, mas todas as vidas perdidas têm a mesma importância, o mesmo valor. A vida de Marielle valia tanto quanto a da soldado Caroline Plerh, morta baleada em um assalto em março, em Natal; tanto quanto a da dona de casa Norma Souza, esfaqueada dentro da igreja que frequentava, no mês passado, em Boa Vista, a nossa capital.

    Conclamo todos nesta Casa à união, deixando de lado as ideologias, para buscarmos soluções efetivas para o gravíssimo problema da violência no País. Já tomamos algumas iniciativas, já avançamos em alguns projetos importantes.

    Srª Presidente, não existe bandido bom, nem morto nem vivo. O povo brasileiro é pacífico. Não quer arma na mão para fazer justiça com as próprias mãos. Quer, isto sim, polícia na rua, garantindo a nossa segurança. E é isso que todos nós, Senadores, de todos os partidos, temos que apoiar.

    Lamentavelmente, nós não podemos deixar de repercutir aqui, no plenário do Senado, como fez a Senadora Lídice, como fizeram outros Senadores, a divulgação desse Atlas da Violência em nosso País. É um tema importante, é um tema que merece toda a nossa atenção.

    Mas eu gostaria também, Senadora Lídice, com o tempo que nos resta, de cobrar mais uma vez do Presidente Temer a sanção da Medida Provisória 817, que regulamenta a Emenda Constitucional 98, que é aquela que permite a inclusão de servidores que prestaram serviços nos ex-Territórios de Roraima, de Rondônia e do Amapá, no período de 88 a 93, no período de transição, da formação, da criação dos três Estados.

    Pedimos pressa e urgência na sanção desta Medida Provisória, porque teremos ainda um prazo para a conclusão da análise da documentação que foi apresentada por esses servidores. E nós temos o prazo limite de 7 de julho...

(Soa a campainha.)

    A SRª  ÂNGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR) – ... para que sejam publicados, no Diário Oficial da União, o nome das pessoas, dos servidores, que serão contemplados, que serão incluídos nos quadros da União, assim como fez aqui o nosso Senador Rudson Leite, que também cobra do Governo Federal a sanção rápida. E cobra do Ministério do Planejamento que também agilize a publicação, no Diário Oficial da União, dos servidores que serão enquadrados na União – que prestaram serviço de 88 a 93.

    Então, nós queremos aqui cobrar, a pedido desses servidores, porque existe uma expectativa muito forte em relação a essas pessoas, para que esse processo seja concluído ainda em 2018, para que os servidores possam ser enquadrados ainda em 2018.

    Quero agradecer o tempo que me concede, Senadora Lídice da Mata.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/06/2018 - Página 44