Pronunciamento de Maria do Carmo Alves em 06/06/2018
Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Reflexões sobre os aumentos sucessivos dos combustíveis e considerações acerca do problema de logística instituído no Brasil.
- Autor
- Maria do Carmo Alves (DEM - Democratas/SE)
- Nome completo: Maria do Carmo do Nascimento Alves
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ECONOMIA:
- Reflexões sobre os aumentos sucessivos dos combustíveis e considerações acerca do problema de logística instituído no Brasil.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/06/2018 - Página 46
- Assunto
- Outros > ECONOMIA
- Indexação
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- ANALISE, GREVE, CATEGORIA PROFISSIONAL, MOTORISTA, CAMINHÃO, DEFESA, NECESSIDADE, SOLUÇÃO, PROBLEMA, CONTENÇÃO, AUMENTO, PREÇO, COMBUSTIVEL, APREENSÃO, SITUAÇÃO, TRANSPORTE, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO, RODOVIA.
A SRª MARIA DO CARMO ALVES (Bloco Social Democrata/DEM - SE. Sem revisão da oradora.) – Srª Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, as cidades estão retornando à sua rotina normal de abastecimento e consumo, e a greve dos caminhoneiros nos deixou com pelo menos duas reflexões evidentes: a primeira é a de que realmente é preciso encontrar uma solução para conter os aumentos sucessivos dos combustíveis. Esses aumentos desenfreados têm transtornado a vida dos brasileiros de todas as classes. Eles provocam o encarecimento dos produtos nas prateleiras e já tornaram o uso do gás de cozinha impeditivo para mais de um milhão de brasileiros.
A segunda reflexão foi evidenciada pelo desabastecimento provocado pela greve. Ficou revelado o grande problema de logística instituído no Brasil, gerado, por um lado, a partir da concentração do escoamento de cargas por rodovias e, por outro, pela falta de investimentos em ferrovias e outros sistemas.
Com um território de dimensões continentais e distâncias imensas a serem percorridas, as ferrovias são imprescindíveis para tornar mais rápidos e baratos os deslocamentos. Até 1950, esse foi o meio de transporte de cargas mais importante do País, mas, hoje, cerca de 61% dos produtos são escoados pelas estradas, enquanto 20% são escoados por trilhos e 18% são distribuídos entre os outros sistemas.
Em matéria publicada ontem no Correio Braziliense, intitulada ''Sem planos para hidrovias e ferrovias", o Professor Marcus Quintella, Consultor de Transportes da Fundação Getúlio Vargas, explica que o Brasil tem um problema crônico de logística, principalmente porque os sistemas não se interligam. Ele alerta que, se as mudanças começassem a ser feitas hoje, os efeitos demorariam ainda 20 anos para terem impacto no sistema logístico do País.
Pensando nisso, produtores de soja do Mato Grosso prepararam para o próximo Presidente, que toma posse em 1º de fevereiro de 2019, um plano de investimento em infraestrutura ferroviária. Esse tipo de transporte é fundamental para o escoamento dos grãos produzidos em grande quantidade pelo Estado.
O País possui quase 2 milhões de quilômetros de rodovias, que poderiam ser integrados aos 28,5 mil quilômetros de malha ferroviária. A greve dos caminhoneiros nos convenceu, em 11 dias, da vulnerabilidade econômica provocada pelo desequilíbrio na matriz brasileira de transporte de cargas e nos tornou cientes da urgência de ampliação e integração entre os sistemas para a economia do País.
Sem dúvida, Srªs e Srs. Senadores, investir na modernização desse sistema de transporte será um dos principais desafios para os novos governantes. É preciso ter um plano muito claro de como venceremos esse problema crônico da economia brasileira.
Esse era o registro que eu gostaria de fazer, Srª Presidente.