Pela ordem durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário sobre o Projeto Semear, destinado à produção de sementes florestais e crioulas em comunidades tradicionais do Arquipélago do Bailique, premiado na seleção do Prêmio BNDES 2018 de Boas Práticas em Sistemas Agrícolas Tradicionais do Brasil.

Autor
João Capiberibe (PSB - Partido Socialista Brasileiro/AP)
Nome completo: João Alberto Rodrigues Capiberibe
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Comentário sobre o Projeto Semear, destinado à produção de sementes florestais e crioulas em comunidades tradicionais do Arquipélago do Bailique, premiado na seleção do Prêmio BNDES 2018 de Boas Práticas em Sistemas Agrícolas Tradicionais do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 07/06/2018 - Página 58
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • COMENTARIO, PROJETO, DESENVOLVIMENTO, RIO AMAZONAS, RECEBIMENTO, PREMIO, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), REFERENCIA, AGRICULTURA, PRESERVAÇÃO, TRADIÇÃO.

    O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PSB - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, trata-se do projeto desenvolvido lá na foz do Rio Amazonas, no Bailique, que recebe Prêmio do BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais. Num Estado em que quase todos os dias nós temos notícias negativas, essa é uma notícia positiva. O projeto Semear (Produção de sementes florestais e crioulas em comunidades tradicionais do Arquipélago do Bailique) foi premiado na seleção do Prêmio BNDES 2018 de Boas Práticas em Sistemas Agrícolas Tradicionais do Brasil. Das 58 iniciativas inscritas, de vários Estados do Brasil, 15 passaram para a seleção para receber prêmios em dinheiro; 4 projetos premiados são da Região Norte, sendo 1 do Amapá. O Prêmio BNDES de Boas Práticas em Sistemas Agrícolas Tradicionais é resultado da parceria entre o BNDES, a Embrapa, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Ministério da Cultura e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Os primeiros cinco colocados receberão o valor de R$70 mil, e os demais, de R$50 mil.

    Olha, esse projeto começa lá atrás, em 2014; esse projeto bem-sucedido, premiado, começa em 2014 no governo de Camilo Capiberibe, que tinha um olhar voltado e preocupado com o desenvolvimento das comunidades tradicionais. E o Bailique, Sr. Presidente, é uma região, é um ícone deste Planeta, pois é um conjunto de ilhas situadas na foz do Rio Amazonas, que hoje passa por um momento dramático: há um assoreamento das ilhas; são ilhas formadas pela sedimentação do Rio Amazonas, que empurra essas ilhas em direção ao Atlântico; são ilhas que caminham. E a construção de duas hidroelétricas no Rio Araguari... Eu acho que nós temos que nos atentar, Senador Jorge Viana, para a construção de hidroelétricas na Amazônia. O risco de nós não termos hidroelétricas e não gerarmos energia em médio prazo é muito grande. No caso do Rio Araguari, a perda da força da corrente de água assoreou a foz; o rio, que descarregava suas águas no mar, não tem foz e abriu um canal lateral, e, por esse canal, em vez de o rio despejar no mar, passou a despejar uma corrente brutal de água em cima dessas ilhas, de formação recente, e as ilhas estão se dissolvendo; e a comunidade está perdendo suas habitações: mais de 150 casas já desmoronaram; escolas públicas estão desaparecendo, tragadas pelo rio.

    Então, não se pode mexer na Amazônia, pois é uma região de extrema fragilidade, e qualquer intervenção humana tem que ser extremamente bem estudada – antes de se promoverem essas intervenções. Está aí o exemplo de um rio que perdeu a foz, de um rio cujas águas ficaram represadas e tiveram que encontrar uma saída, e a saída está provocando um drama tremendo para uma comunidade tradicional, porque são mais de 7 mil habitantes que vivem na foz do rio e que hoje estão perdendo os seus bens em função de uma intervenção mal estudada, uma intervenção equivocada. Ou seja, eles mesmos, que estão tendo esse grave prejuízo, tiveram uma linha de transmissão de energia elétrica, e essa linha está sendo destruída pelo rio. Eles estão sem energia, estão há muitas semanas sem energia, porque a erosão está derrubando a linha de transmissão. Ou seja, o curto espaço de satisfação e de progresso que tiveram está tendo um retrocesso.

    Então, a Amazônia precisa da atenção dos brasileiros. As intervenções lá precisam ser muito bem estudadas, para, depois, não ficarem chorando sobre o leite derramado, como é o caso dos moradores do arquipélago do Bailique. Mas parabéns para eles, que ganharam esse prêmio do BNDES.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/06/2018 - Página 58