Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelos 180 anos da Revolta da Balaiada, uma das maiores insurreições populares ocorrida no Maranhão, na época do Brasil imperial.

Autor
Edison Lobão (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem pelos 180 anos da Revolta da Balaiada, uma das maiores insurreições populares ocorrida no Maranhão, na época do Brasil imperial.
Publicação
Publicação no DSF de 07/06/2018 - Página 78
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, DATA, ANIVERSARIO, COMEMORAÇÃO, REVOLUÇÃO, MUNICIPIO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), PERIODO, GOVERNO IMPERIAL, BRASIL.

    O SR. EDISON LOBÃO (Bloco Maioria/MDB - MA. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há 180 anos, eclodia no Maranhão uma das maiores insurreições populares da época do Brasil imperial, a revolta da Balaiada.

    Entre 1838 e 1841, pouco mais de uma década após a Independência, sertanejos e escravos fugidos rebelaram-se contra o governo, invadiram, saquearam e assumiram o controle de uma das principais vilas da província, Caxias – terra onde nasceu o poeta Gonçalves Dias e hoje um dos mais prósperos Municípios do Maranhão.

    A revolta começou no dia 13 de dezembro de 1938, quando o vaqueiro Raimundo Gomes, acompanhado de nove homens, invadiu a cadeia pública da Vila da Manga, hoje Município de Nina Rodrigues, para libertar o irmão.

    Perseguido, juntou-se a um fabricante de cestos, Manuel Balaio, que deu nome ao movimento. Mais tarde, ao grupo se juntaria Cosme Bento das Chagas, o Negro Cosme, que obteve o apoio de 3 mil escravos.

    O que seria uma revolta localizada em uma pequena vila do sertão transformou-se, pouco a pouco, em uma rebelião contra o governo da província e uma ameaça ao Império. As populações municipais sofriam as consequências de uma crise econômica provocada pela desvalorização do algodão, com a concorrência estabelecida à época pelos Estados Unidos.

    Para combater os revoltosos que ameaçavam tomar o controle da capital, a Regência enviou ao Maranhão o Coronel Luís Alves de Lima e Silva, que receberia posteriormente o título de Duque de Caxias, por sua atuação nessa guerra. Com o título de Presidente e Comandante das Armas das províncias do Maranhão, Piauí e Ceará, Caxias só conteve os rebeldes em 23 de agosto de 1840, quando anunciou o fim dos combates, depois de centenas de prisões e mortes. A Balaiada foi uma consequência das tensões que marcaram os primeiros anos do Brasil independente.

    Uma vez proclamada a Independência, em 1822, e constituído o governo imperial de Dom Pedro I, quem assumiu o poder nas províncias foram, naturalmente, as elites que se formaram durante a Colônia. A maioria da população, constituída de trabalhadores rurais e escravos, ficou excluída de qualquer benefício, em completa pobreza, portanto.

    Divididos entre liberais e conservadores, os políticos não representavam os anseios populares nem correspondiam a um projeto de nação. Por trás, o cenário de uma crise econômica gerada pela desvalorização do algodão no mercado internacional. No Maranhão, cujas elites predominantemente portuguesas haviam resistido à independência, a revolta era inevitável.

    Srªs e Srs. Senadores, felizmente, grande parte dessa história está preservada na cidade de Caxias, no Maranhão. No Morro do Alecrim, nas ruínas do antigo quartel que serviu ao Duque de Caxias, há o Museu da Balaiada, que agora foi amplamente valorizado com o Mirante da Balaiada, complexo turístico e centro de lazer e cultura inaugurado recentemente pelo Prefeito Fábio Gentil. As obras anteriores, que diziam respeito ao museu, foram também realizadas pelo Prefeito Paulo Marinho, que também foi um dos Deputados representantes do Maranhão no Congresso Nacional.

    Um dos administradores mais capazes do Maranhão, o Prefeito Fábio Gentil, realizou, com o Mirante da Balaiada, uma obra de grande importância para o Município de Caxias, oferecendo à população e aos turistas, aos estudantes e professores, um equipamento urbano da melhor qualidade.

    Srªs e Srs. Senadores, dentro de quatro anos, o Brasil vai receber os 200 anos da nossa Independência, para serem celebrados, o que equivale dizer, da nossa história como nação livre e soberana. Esse marco definitivo da nossa identidade nacional deverá propiciar, no âmbito de nossas duas Casas legislativas, e no ambiente acadêmico, amplas e profundas reflexões e debates, sob as mais diversas modalidades, para que dele tenhamos melhor consciência e orgulho.

    Proponho que a Balaiada, que em 2018 completa 180 anos, seja incluída no calendário de eventos relacionados à Independência e aos primeiros anos de nossa existência como País independente, que esta Casa, juntamente com a Câmara Federal, deverá promover até 2022.

    De episódios como esse, marco das lutas pelas liberdades em um País independente e ainda em formação, podemos tirar lições valiosas para os dias tumultuosos que vivemos.

    Encerro estas minhas palavras com uma homenagem especial ao povo querido de Caxias, no Maranhão, e às suas atuais lideranças, representadas pelo dinâmico prefeito Fábio Gentil e pelos líderes que compõem a imagem política, o cenário político daquele Município, entre os quais menciono o ex-Prefeito Paulo Marinho, Paulo Marinho Júnior, Catulé, o ex-Deputado Humberto Coutinho e tantos outros políticos que formam a riqueza pública daquele Município, riqueza política de imagem e de valores.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/06/2018 - Página 78