Pela Liderança durante a 96ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas às campanhas dos presidenciáveis que, supostamente, não apresentam propostas que estejam em sintonia com o desejo da população.

Autor
Cristovam Buarque (PPS - CIDADANIA/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas às campanhas dos presidenciáveis que, supostamente, não apresentam propostas que estejam em sintonia com o desejo da população.
Publicação
Publicação no DSF de 20/06/2018 - Página 52
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, CANDIDATO, ELEIÇÃO, DISPUTA, CARGO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, AUSENCIA, APRESENTAÇÃO, PROPOSTA, INTERESSE, POPULAÇÃO.

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, nós todos neste Brasil, há meses, estamos assistindo a mensagens passadas na Rede Globo do povo brasileiro dizendo: "O Brasil que eu quero". São mensagens bonitas, simpáticas, e todas elas, milhares talvez até aqui, têm mais ou menos o mesmo conteúdo. Se nós prestarmos atenção, vamos ver que essas mensagens dizem que querem os corruptos na cadeia, que querem o fim de bala perdida, que querem crianças na escola, que querem saneamento nas casas, que querem paz nas ruas, que querem as indústrias produzindo, que querem renda bem distribuída, que querem hospitais sem fila, que querem governos em parceria. Não dizem isso diretamente, porque o que eles dizem é que querem o fim da corrupção; o que eles dizem é que querem acabar a violência; o que eles dizem é que querem escolas, saúde. Entre o que o povo quer e o que é que deve ser feito, há uma tradução necessária, e a tradução se resume a como fazer.

    A Globo está cumprindo o seu papel de ouvir a população. A população está cumprindo o seu papel de dizer seus desejos. Os 15 candidatos a Presidente da República não estão cumprindo com o papel deles que é dizer como – como fazer. Eu creio que eles não estão nem escutando o povo, não estão nem vendo aquilo, diferente do que o senhor, eu e outros que não somos candidatos vemos – vemos e ouvimos, não necessariamente elaboramos o como fazer, essa é a obrigação dos candidatos a Presidente da República.

    Em 2006, um dos candidatos a Presidente elaborou uma proposta com 46 capítulos, dizendo como fazer – alguns chegavam a ter mais de 30 ações que ele propunha fazer se fosse eleito –, e teve só 2,5% dos votos.

    Hoje nós não vemos os candidatos dizendo como vão fazer. Eles manifestam intenções, como se fossem apenas simples eleitores, como nós que não somos os candidatos, Senador Raimundo, mas eles são candidatos. O como fazer deveria estar presente, mas não está. E o resultado é que nós caminhamos para uma eleição em que não haverá escolha de em quem votar conforme propõem o como fazer e para onde levar o País. São propostas vazias, que não vão trazer o que o povo hoje desejaria, que era uma esperança nova para colocar na urna.

    A urna vinha sendo preparada, nesses últimos anos, para receber a raiva do povo. As urnas eleitorais estão se transformando em antenas da raiva. A hora de transformar as urnas em repositório das esperanças em que o eleitor votaria para aquele que manifestasse maior...

(Soa a campainha.)

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... capacidade de realizar os sonhos... O tempo está passando e, então, está...

(Soa a campainha.)

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... demonstrando que vai acontecer. O eleitor caminha por falta de propostas que tragam esperança no novo, esperança que o povo manifesta todos os dias nesses programas da Globo... O povo está dando o seu recado, está dizendo o que quer, mas a falta de propostas de parte dos candidatos vai fazer com que a urna se transforme em uma antena que vai receber a raiva, a raiva do povo com tudo de errado que está aí, e o desprezo que estão vendo de nós políticos em relação ao recado que eles estão dando, cada um dos brasileiros, todas as horas, através da Rede Globo, nessa cobrança de "O Brasil que eu quero".

    É uma pena que, pelo que...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – É uma pena que, pelo que estamos vendo até aqui da campanha que está em marcha, apesar de a lei dizer que são 45 dias apenas, a campanha que está em marcha não parece estar sintonizada com as aspirações do povo. O povo fala o Brasil que quer, e os candidatos não dizem o que acham disso e, ainda menos, como eles propõem fazer isso.

    Talvez ainda dê tempo nesses quatro meses que faltam, mas é mais provável que cheguemos ao final, no dia da eleição, sem saber o que propõem os candidatos, sem saber como eles propõem realizar aquilo que o povo deseja. E, se isso acontecer, estaremos caminhando para mais uma fraude eleitoral, uma fraude...

(Soa a campainha.)

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... no sentido de que não traz esperança, apenas canaliza raiva, que continuará no dia seguinte.

    É preciso não perder as esperanças, Sr. Presidente, de que as coisas podem mudar até lá, mas, pelo que a gente vê, não vejo entre os candidatos postos a vontade de passar a esperança e a competência de dizer como realizar a esperança.

    Era isso, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/06/2018 - Página 52