Discurso durante a 100ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à condução dos julgamentos da “Lava Jato” pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que, supostamente, prejudica o Ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Críticas aos turistas brasileiros que, durante a Copa do Mundo na Rússia, ofenderam mulheres daquele país.

Registro de visita do Vice-Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Mike Pence, para tratar da situação dos migrantes oriundos da Venezuela e da instalação de base militar no Brasil.

Autor
Regina Sousa (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: Maria Regina Sousa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PODER JUDICIARIO:
  • Críticas à condução dos julgamentos da “Lava Jato” pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que, supostamente, prejudica o Ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Críticas aos turistas brasileiros que, durante a Copa do Mundo na Rússia, ofenderam mulheres daquele país.
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Registro de visita do Vice-Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Mike Pence, para tratar da situação dos migrantes oriundos da Venezuela e da instalação de base militar no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 27/06/2018 - Página 32
Assuntos
Outros > PODER JUDICIARIO
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Indexação
  • CRITICA, LUIZ EDSON FACHIN, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), ATUAÇÃO, AÇÃO PENAL, REU, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBJETIVO, PROIBIÇÃO, CANDIDATURA, ELEIÇÃO, COMENTARIO, AUSENCIA, IMPARCIALIDADE, ORGÃO, COMPARAÇÃO, JULGAMENTO, SIMILARIDADE, ALOYSIO NUNES, RICARDO FERRAÇO, SENADOR.
  • CRITICA, TURISTA, ORIGEM, BRASIL, VISITA, PAIS ESTRANGEIRO, RUSSIA, MOTIVO, OFENSA, MULHER, COMENTARIO, NECESSIDADE, EMBAIXADA DO BRASIL, PROVIDENCIA.
  • REGISTRO, VISITA, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), OBJETIVO, DEBATE, SITUAÇÃO, MIGRANTE, ORIGEM, VENEZUELA, INSTALAÇÃO, BASE MILITAR, CRITICA, PAIS, POLITICA, DIREITOS HUMANOS, DEFESA, NECESSIDADE, POSIÇÃO, BRASIL.

    A SRª REGINA SOUSA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Srª Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, eu quero abordar três assuntos aqui rapidinho.

    O primeiro não podia deixar de ser Lula. Eu vi algumas vezes a Presidenta do Supremo dizer que não podia apequenar o Supremo, mas o Supremo se apequena a cada dia com essas atitudes, porque a manobra que o Ministro Fachin fez contra o Lula é tão visível, tão concreta que não dá para disfarçar, não há como disfarçar. É uma manobra de verdade. Ele contou os votos na Turma, viu que o Lula ganharia, aí bota para o Pleno.

    Ora, a Segunda Turma é que é a Turma para julgar os processos da Lava Jato. Podia até ir depois para o Pleno, mas, com antecipação, é manobra – é a palavra que a gente usa geralmente em plenário –; é manobra explícita. Agora, sim, não tem como dizer que Lula não é um preso político. Ele está sequestrado para não participar da eleição, essa que é a verdade. Esse encaminhamento ao Pleno foi a confissão disso. Cada vez mais eu me convenço, acho que a população brasileira também, daquela história de um acordo com o Supremo, com tudo. Está aí, é uma tabelinha Moro-Curitiba-Porto Alegre-TRF mais o Supremo. É uma tabelinha, sim. Tudo combinado. Quem é que não vê? O senhor não vê porque botou uma venda nos olhos. Não tem lógica nenhuma essa mudança de Segunda Turma para Pleno, a não ser porque ele contou os votos no Pleno e acha que vai ser a mesma votação da outra vez. Ali já é conhecido. Na Turma, os Ministros iam repetir os seus votos. Aí ele contou e viu que o Lula ganharia. Foi só isso o que aconteceu, até porque é supremo, mas não é santo.

    Eu acho que é por isso que a população, cada vez mais, vota no Lula. Diziam que era só Nordeste e não é mais só Nordeste. O Lula está ganhando em lugares em que não ganhou nunca, porque a população está vendo a parcialidade do Judiciário.

    Só para lembrar, assim, as últimas, para ver como a parcialidade é tamanha, que os casos são iguais, mas as decisões são diferentes. Por exemplo, Celso de Mello arquivou inquérito contra Aloysio Nunes, e o processo era bem parecido com todos os outros que envolvem o PT e outros partidos também. Depois, logo em seguida, Barroso arquiva inquérito contra Ricardo Ferraço. Moro abre mão de julgar Beto Richa. Fux pede vista no processo sobre apreensão de bens de Aécio Neves. Fux arquiva inquérito com o Deputado Onyx Lorenzoni. Supremo proíbe condução coercitiva. Claro, já produziram o filme da Globo, com a condução, com o espetáculo feito na invasão do apartamento do Lula; então, não precisa mais. É claro que somos contra condução coercitiva, agora a forma como está sendo feita, como se proíbe, é depois de atingir os objetivos de ter exposto o Lula daquela maneira, e a D. Marisa também.

    Então, isso aqui... E tem mais: a Procuradora da República já pediu pela terceira vez a prorrogação na investigação contra o Temer. Sem falar em outro processo agora, de que ele foi dispensado, foi tirado do processo.

    Então, isso é ou não é parcialidade? Eu acho que a população brasileira está cada vez mais vendo isso, e por isso cada vez mais quer votar no Lula, mas a intenção aqui é exatamente para tirar o Lula do jogo.

    Quero também tocar no assunto da Copa do Mundo, daqueles senhores. Aliás, está sendo a marca da Copa a questão do machismo, não só o brasileiro, mas principalmente dos brasileiros, meninos bem-nascidos, bem-alimentados e com dinheiro para se deslocar para a Rússia, para assistir à Copa do Mundo; vão lá e envergonham o País. Eu fico pensando, perguntando se aqueles meninos têm mãe, aqueles rapazes lá têm mãe, têm irmãs, têm filhas – ali já há alguns que devem ter filhas pequenas, e eu espero que estejam bastante envergonhadas daquela atitude.

    Eu acho que aquilo não podia ficar por isso mesmo. Alguns setores já estão até tomando providência, mas eu acho que o Brasil, a Embaixada brasileira tinha que tomar providência de, pelo menos, punir aqueles rapazes, tirando-lhes o direito de continuar a ver a Copa, mandando-os de volta para o Brasil.

    Aquele desrespeito... Aí ficamos perguntando por que tanto machismo no Brasil, por que tanta violência contra a mulher, por quê? Ora, levam o costume de casa para fora. Ninguém esquece que, em 2014, ouviram um estádio inteiro... Eu acho engraçado isso. Estarrecidos com algumas pessoas, os meios de comunicação principalmente, mas em 2014 ouviram um estádio inteiro dizer uma coisa terrível contra uma Presidente da República e ninguém disse nada. Então, aquelas pessoas ficaram respaldadas para repetir aquelas atitudes com qualquer mulher, com todas as mulheres.

    Então, é muito sério isso. E precisamos e estamos longe, as mulheres estão longe de vencer o machismo neste País, porque a educação permite isso. Certamente as famílias daqueles meninos, rapazes, não acham que eles fizeram nada demais. Estão dizendo: "Não, era só uma brincadeirinha!" Brincadeira? Então, machismo virou brincadeira no Brasil, e é por isso que temos 13 mulheres mortas todo dia por feminicídio, e é por isso que temos 135 pessoas estupradas todo dia, sendo metade menores de 13 anos, porque aos ricos é dado o direito de dizer que é brincadeirinha. Se fosse um pobre, talvez o tratamento fosse diferente.

    Por último, eu quero falar que o Brasil vai receber amanhã a visita do Vice-Presidente dos Estados Unidos, que vem discutir sobre Venezuela, sobre base militar, sobre migrantes. Certamente, ele vem buscar o apoio do Brasil para intervir na Venezuela e para instalar base militar no Brasil. Sobre migrantes, eu não sei o que ele tem a falar, porque a um país que enjaula crianças da forma como os Estados Unidos enjaularam meninos, separados dos pais, não cabe se meter em mais nada. Ele não tem nem como falar em direitos humanos e querer intervir na Venezuela, porque aquilo ali é uma grave violação de direitos humanos, principalmente com crianças.

    Eu ouvi aqui muita gente fazer discursos e mais discursos sobre a defesa das crianças, do Marco Legal da Primeira Infância e não vejo o constrangimento com aquilo que foi feito. A diplomacia brasileira só se pronunciou depois que descobriu que havia crianças brasileiras também no meio daquelas que estavam lá enjauladas. O mundo ficou escandalizado com aquilo, mas a diplomacia brasileira não deu um pio.

    Eu fico me perguntando: se aquilo ali fosse em Cuba, na Venezuela, na Bolívia, qual teria sido a reação da diplomacia brasileira? Então, é preciso que a gente preste atenção a essa questão do migrante, que é uma questão mundial. Eles estão indo ali em busca de vida melhor, boa parte é de fugitivos de guerras. Eu espero que o Brasil amanhã não se associe aos Estados Unidos naquele comportamento. O Presidente lá disse que vai continuar com a tolerância zero e disse que vai fazer o possível para não separar as crianças, mas não disse que não vai separar. Então, é preciso que o Brasil se posicione sobre essas coisas; senão, fica parecendo que é um País mais submisso do que a gente sabe que é aos Estados Unidos.

    Muito obrigada, Senadora.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/06/2018 - Página 32