Discurso durante a 103ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao discurso de parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT).

Comentários sobre a extração de manganês de Guiratinga (MT).

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Críticas ao discurso de parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT).
MINAS E ENERGIA:
  • Comentários sobre a extração de manganês de Guiratinga (MT).
Publicação
Publicação no DSF de 04/07/2018 - Página 42
Assuntos
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > MINAS E ENERGIA
Indexação
  • CRITICA, DISCURSO, AUTORIA, GRUPO, SENADOR, FILIAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, FALSIDADE, INFORMAÇÃO.
  • COMENTARIO, EXTRAÇÃO, MANGANES, LOCAL, GUIRATINGA (MT).

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Quero aproveitar para cumprimentar todos os que nos assistem e também ressaltar aqui, Sr. Presidente, que tem que tirar o chapéu, viu? Há muita gente que diz que nesta Copa o Neymar merecia ganhar um Oscar, porque estaria simulando falta. Eu diria que a oradora que me antecedeu deveria receber um Oscar também, porque, como consegue, nenhum roteirista de Hollywood conseguiria fazer um roteiro de uma realidade alternativa tão perfeito como ela fez aqui.

    Primeiro, Sr. Presidente, o País não estava às mil maravilhas e, de repente, os Congressistas se reuniram e começaram a implantar o caos. Não é verdade. Havia 13 milhões de desempregados, fizeram renúncia fiscal de quase 300 bilhões.

    A Presidente realmente tinha causado um caos, tinha perdido seus principais pilares, apoio político; a questão econômica tinha ido para o ralo, e ela tinha perdido também todas as condições com o povo, o apoio popular. Quando se perdem esses três pilares, até monarquia cai, qualquer governo cai. Então, não venham imputar ao Congresso brasileiro; a Presidente caiu, e até o PT sabia que era insustentável a situação dela.

    Em segundo lugar, dizer: "Ah, vamos aprovar a reforma trabalhista e vai surgir emprego do nada." Não. Todo mundo sabe que emprego surge a partir do momento em que começa a se gerar riqueza, começam as empresas a volta a funcionar, a economia começa a funcionar. O que se fez aqui foi descriminalizar a CLT, que estava virando um código penal. A CLT brasileira estava criando conflito onde não era para haver conflito; entre patrões e empregados.

    Teto de gastos. Teto de gastos, Senador Chaves: V. Exª é um empresário, e se V. Exª não tiver um orçamento e não tiver um teto de gastos, a sua empresa quebra em dois tempos. Toda casa, do mais pobre ao mais rico, precisa ter uma previsão de gastos. Mas, infelizmente, a Bancada que passou, que ficou 13 anos, que fala tanto dessas elites, que fala tanto em desenvolvimento, infelizmente, não quis, não viabilizou o País. Pelo contrário, o País estava quebrado, com 13 milhões de desempregados, e eu pergunto o que fizeram, o que foi que aconteceu para de repente o Brasil chegar a esse ponto. A Senadora que me antecedeu disse: "O que fez o Brasil entrar nessa crise? O golpe que deram na Presidente Dilma." Conversa fiada. Todo mundo sabe que não. O País estava para as calendas. Na verdade, o que nós temos é uma recuperação de lá para cá, a inflação era de dois dígitos, e a inflação caiu. Nós temos números.

    Mas a realidade alternativa é que eu digo que aí merece o Oscar. E o Senado devia ter algum prêmio para isso, porque a realidade que se cria é outra totalmente diferente. E eu achei interessante a carta que veio de Curitiba. A carta diz o seguinte: parece que a Corte Suprema vai confirmar o que as outras instâncias já confirmaram. É óbvio que vai. Está muito na cara que vai. Por quê? Porque ali já haviam sido 16 juízes. Gente, não é possível que 16 juízes se reúnam em conspiração. Infelizmente, eu lamento muito, até porque nós estamos sem referências, sem lideranças, e eu sempre considerei – e considero – o Lula uma referência, uma das lideranças brasileiras. Agora, vamos separar as searas. Problema de polícia se resolve com polícia e judiciário, e problema político é na política. Mas, sabidamente, toda a bancada do atraso tem feito uma estratégia muito inteligente, tem politizado o processo. E isso não foi de graça.

    Numa das gravações, o inteligente e comedido Senador Jorge Viana dizia: "Lula, vamos trazer para a seara política, vamos politizar esse processo." E ele estava certo, politicamente falando. Por quê? Porque aí você joga para a galera, e aí você cria a história que você quiser, porque, quando você traz para a seara política, fica o seu discurso contra o do juiz, e aí não importa, você pode apresentar prova, vídeo, o que for porque aí não vale. Mas vamos lá: reforma da previdência. Eu já mostrei inclusive aqui vídeo, áudio em que Lula dizia: "Quando a Lei Eloy Chaves foi feita, o brasileiro vivia de 30 a 40 anos; hoje, o brasileiro vive de 70 a 80 anos. Eu mesmo já estou chegando a 70", ele falava. Isso são palavras de Lula. Então, ele defendendo uma reforma da previdência. E eu digo: a Previdência não precisa ser reformada, não; ela tem que ser feita de novo, porque hoje é uma transferência dos mais pobres para os mais ricos. Esse é o jeito da nossa Previdência hoje, mas isso é o que a bancada do atraso defende aqui.

    Então, é bom a gente vir aqui fazer esse contraponto para repor, porque, senão, você começa a pensar que, com esse enredo, esse roteiro criado aqui pela Senadora, que nem Spielberg faria melhor, seria a realidade dos fatos, e não é.

    Dito isso, Sr. Presidente, só colocando as coisas novamente no seu devido lugar, eu quero dizer que este Congresso – a Câmara e o Senado – vota de acordo com o momento, com as circunstâncias e com a convicção de cada Senador.

    Essa história de eu vir aqui e criar uma lista, como a Senadora colocou aqui: "Vou fazer uma frente parlamentar para indicar o eleitor em quem que ele vai votar", olha, se a gente for fazer uma contrafrente parlamentar, então, seria o caos. Então, eu acho melhor deixar o eleitor decidir o voto dele tranquilamente porque não é porque eu não concordo com a Senadora Gleisi que eu vou falar para não votar nela no Paraná. Deixe o eleitor do Paraná votar nela. Agora, Senadora, se vocês criarem essa frente aqui e forem para Mato Grosso falar para não votar no Senador Medeiros, o que vai acontecer é que nós vamos simplesmente fazer o contraponto e falar também para não votar em vocês. Por quê? Porque vocês defendem o Maduro, defendem o Obrador, defende tudo o que é de atraso na América Latina. E aí nós vamos falar: "Olha, vai acontecer conosco o que está acontecendo na Venezuela."

    Sr. Presidente, esses últimos dois minutos eu tiro para fazer um ressalto agora sobre uma questão local, questão do Município de Guiratinga, no Mato Grosso.

    Senador Antonio Carlos Valadares, V. Exª tem uma experiência muito grande e mora naquele Estado, que optou por não ser automóvel, optou para o ser jipe. Essa piadinha o senhor já deve ter ouvido um monte de vezes. Infame.

    Mas o que acontece? Lá, em Mato Grosso, no Município de Guiratinga, foi descoberta uma grande jazida de manganês. Era para ter sido construído um linhão para que a empresa que extraía esse manganês, Senador Antonio Carlos Valadares, pudesse fazer uma indústria, um alto-forno em Guiratinga. Não aconteceu. O linhão não foi e, desde que eu cheguei no Senado, eu tenho cobrado, porque, nos últimos dez anos que se retira manganês de lá, entrou – pasme, Senador Antonio Carlos Valadares – menos de R$500 mil nos cofres da Prefeitura de Guiratinga. E todos os dias sai um monte de carretas de lá com destino a Minas Gerais. O que acontece? A pauta do manganês lá é muito baixa; a empresa que tem lá vende para ela mesma e os guiratinguenses ficam a ver navios. Agora, recentemente, deparei-me ... E eu entrei com representação no Ministério Público e na Receita Estadual...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... para que o Município de Guiratinga – e já encerro, Sr. Presidente – tenha o seu quinhão.

    Deparei-me ontem com a notícia de jornal: "Secretaria da Fazenda dobra pauta do manganês de Guiratinga." Eu vou dizer aqui, eu vou dizer uma coisa para vocês: Guiratinga tem um Senador da República. Para azar de vocês, eu morei na Taboca. A Taboca, para quem não conhece, é na zona rural da cidade de Guiratinga. Então, não vão dar o balão em Guiratinga, não. Não venham passar mel na boca de Guiratinga, porque eu vou fundo nessa questão. Guiratinga vai receber pelo manganês dela. Esses dias vieram dizer, "Medeiros, para com essa conversa do manganês de Guiratinga. O manganês de lá não vale nada." Se não vale nada, deixa lá. Por que é que se aboletam de tirar caminhões, carretas e carretas?

    Só mais um minuto e já encerro, Sr. Presidente.

    Por que é que tiram carretas e carretas e levam para Minas Gerais, se não vale nada? "Ah, vale a mesma coisa que brita." Então, fica com a sua brita, tira a brita lá em Minas Gerais. Por que é que vai buscar em Guiratinga? Há angu nesse caroço, e eu vou descobrir.

    E dobrar a pauta do manganês de Guiratinga não vai resolver o problema de Guiratinga.

    Então, eu vou fundo. Já pedi ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso, ao Dr. Mauro Curvo. Já solicitei à Sefaz. E não me venham com essa conversa mole de dobrar pauta, porque a pauta que havia era quase nada. Nada e nada, zero de nada é nada.

    Então, eu quero dizer para o bom povo de Guiratinga que vocês têm aqui um representante. Aliás, sou um representante do Estado de Mato Grosso, mas não seria um representante do Estado de Mato Grosso se não fosse também de Guiratinga. Então, quero dizer que eu vou fundo nessa questão do manganês, porque a riqueza de Guiratinga tem que ser retornada em benefício dos guiratinguenses.

    E nós vamos continuar lutando...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... para que o linhão, para que vá energia para aí. Como é que antigamente diziam que iam construir um alto-forno aí e de repente vêm com essa história de que o manganês daí não presta? Então, nós vamos aí, primeiro vamos aferir se esse manganês não presta mesmo, como estão dizendo, porque de repente vieram dizer que o manganês é de baixa qualidade. Nós vamos para cima dessa questão.

    E quero dizer que essa história de que a pauta dobrou não funciona nada. Se dobrou, significa que nos próximos dez anos, Guiratinga vai ganhar R$1 milhão? Nos próximos dez anos? E o buraco que fica aí?

    Então, quero mandar esse recado para os meus conterrâneos e dizer que Guiratinga merece mais. Estou aqui para ver isso. Aliás, durante todo esse período que passei aqui, foi vendo e cobrando essa questão do manganês. E agora, perto do final do mandato, vieram com essa história de que vai dobrar a pauta. Dobrar a pauta coisa nenhuma. Dobrar nada, porque a pauta hoje é uma mixaria.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/07/2018 - Página 42