Discurso durante a 103ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre o 53º Festival Folclórico de Parintins.

Autor
Eduardo Braga (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/AM)
Nome completo: Carlos Eduardo de Souza Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CULTURA:
  • Comentários sobre o 53º Festival Folclórico de Parintins.
Publicação
Publicação no DSF de 04/07/2018 - Página 91
Assunto
Outros > CULTURA
Indexação
  • COMENTARIO, FESTIVAL, FOLCLORE, PARINTINS (AM).

  SENADO FEDERAL SF -

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03/07/2018


    O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Maioria/MDB-AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, mais uma vez, o Brasil volta sua atenção para a região Norte, para admirar uma de suas mais exuberantes manifestações culturais: o Festival Folclórico de Parintins.

    Esta riquíssima manifestação da cultura brasileira tem seu ápice na festa anual que reúne milhares de pessoas para celebrar a cultura popular e as tradições do Estado do Amazonas.

    De acordo com os folcloristas que se dedicaram ao tema, datam do início do século 19 os primeiros registros da brincadeira do boi no País.

    Porém, foi nas primeiras décadas do século 20 que surgiram os grupos organizados, com destaque para aqueles se mantiveram vivos e ativos ao longo dos tempos:

    O Boi Garantido, representado pelas cores vermelho e branco, com um coração na testa; e o Boi Caprichoso, adornado nas cores azul e preto, que tem uma estrela como emblema.

    Em 1965, com a criação do Festival Folclórico de Parintins, instituiu-se definitivamente a rivalidade entre os grupos dos dois bois. Até a geografia urbana de Parintins é marcada pela dualidade Caprichoso versus Garantido.

    Na cidade, todos tomam partido! Entretanto, é nessa saudável disputa que se constrói a unidade, pois, em Parintins, [abro aspas], “ama-se um boi e admira-se o outro”.

    Esse conflito festivo tornou-se traço fundamental da alma de Parintins e, em 1988, foi construído o bumbódromo, o famoso estádio com formato de boi e uma arquibancada com capacidade para 35 mil espectadores.

    É necessário, Senhor Presidente, enfatizar a relevância cultural da nossa festa.

    Por meio de uma manifestação de grande riqueza cênica, com simbologia e ritual próprios, a celebração recupera e mantém vivos valores e práticas que distinguem a região Norte no cenário cultural brasileiro.

    O enredo básico é bastante conhecido e gira em torno da morte de um boi: Pai Francisco mata o animal para atender ao pedido de sua mulher, Mãe Catirina, que está grávida. Ao descobrir o que ocorreu com o animal mais bonito do rebanho, o dono da fazenda se revolta e, como punição, manda prender Francisco.

    Entretanto, no final da história, o drama se resolve: um padre e um pajé conseguem trazer o boi de volta à vida e todos os personagens se juntam em uma grande comemoração.

    A festa do boi, portanto, é uma narrativa de reconciliação, de encontros de culturas. Outros personagens, mitos e lendas amazônicas, como a Cunhã-Poranga, ganham vida e surgem na história em uma celebração da vida e da alegria!

    Toda a apresentação é cantada e lindamente coreografada, com adereços de um colorido e de dimensões impressionantes. As músicas, executadas em coro, denominadas toadas, resgatam a tradição oral da região e exaltam as lendas e os personagens da floresta amazônica.

    Na festa de Parintins, Senhoras Senadoras, Senhores Senadores, conta-se, de uma forma bem particular, como se formou o Brasil, com suas diferenças e sua capacidade de construir a união na adversidade.

    Um país que é um amálgama de povos, culturas e tradições!

    As dimensões da festa são impressionantes, Senhoras Senadoras e Senhores Senadores: são mais de 400 músicos, em apresentações que se estendem por mais de três horas.

    É, de fato, surpreendente a energia que o espetáculo transmite e desperta em todos os seus participantes!

    Com uma grandiosidade comparável à do Carnaval do Rio de Janeiro, o Festival de Parintins possui um riquíssimo significado antropológico e, também, grande relevância econômica.

    De acordo com levantamento da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas, a Amazonastur, em 2017, o Festival aportou aproximadamente 118 milhões de reais à economia da cidade.

    Cerca de 70 mil turistas permaneceram na cidade durante os dias do evento, conhecendo nossas belezas naturais, a exuberante cultura amazonense e a espetacular gastronomia da nossa região.

    Este ano, apenas em investimentos diretos na festa, a cidade recebeu mais de 20 milhões de reais. Quantia semelhante foi aplicada no aperfeiçoamento da estrutura viária do município. Todo esse montante, somado aos gastos dos turistas, produz um impacto extraordinário na economia local, gerando emprego e renda, e fortalecendo toda a estrutura de comércio e de serviços.

    Como se vê, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, não foi por acaso que o Festival de Parintins alcançou, nos últimos anos, um reconhecimento que ultrapassa as fronteiras do nosso País.

    Graças ao trabalho do povo do Estado do Amazonas e à sua vontade de preservar e difundir nossa cultura, turistas de várias regiões do mundo vêm anualmente conhecer nossa cultura e nossa majestosa floresta.

    Deixo, portanto, para o povo da Ilha Tupinambarana e todos os cidadãos amazonenses, meus votos de que o sucesso da quinquagésima terceira edição do Festival Folclórico de Parintins!

    Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

    Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/07/2018 - Página 91