Fala da Presidência durante a 11ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Abertura da sessão solene do Congresso Nacional destinada a homenagear o centenário de nascimento de Athos Bulcão.

Autor
João Alberto Souza (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
Nome completo: João Alberto de Souza
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Abertura da sessão solene do Congresso Nacional destinada a homenagear o centenário de nascimento de Athos Bulcão.
Publicação
Publicação no DCN de 05/07/2018 - Página 9
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, OBJETIVO, HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, PINTOR.

     O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. Bloco/MDB-MA) - Declaro aberta a sessão solene do Congresso Nacional destinada a homenagear o centenário de nascimento de Athos Bulcão.

      Convido para compor a Mesa o Sr. Paulo Brum Ferreira, Presidente da Fundação Athos Bulcão (palmas); o Sr. Gustavo Pacheco, representante da Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal (palmas); o Sr. Sérgio Roberto Parada, representante do Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Departamento do Distrito Federal (palmas); a Sra. Luciana Saboia, Vice-Diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (palmas); a Sra. Maria Antonieta Bulcão Ferrari, sobrinha do homenageado (palmas); e a Sra. Maria Inês Di Rienzo Bulcão, sobrinha do homenageado. (Palmas.)

      Convido todos para, em posição de respeito, ouvir o Hino Nacional, que será cantado pelo Coral do Senado Federal, sob a regência da Maestrina Glicínia Mendes.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

      O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. Bloco/MDB-MA) - Agora, ouviremos trechos das músicas Coisa Mais Linda, de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes; Paz do Meu Amor, de Luiz Vieira; e Se Todos Fossem Iguais a Você, de Tom Jobim, entoadas pelo Coral do Senado Federal.

(Procede-se à execução musical.)

      O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. Bloco/MDB-MA) - Alguns artistas têm o privilégio de ver suas obras integradas a uma cidade. Desses, poucos podem dizer que seu trabalho faz parte da identidade de uma metrópole. Mais raros ainda são aqueles cuja ausência de sua arte desfiguraria a paisagem urbana. Athos Bulcão pertence a essa última categoria, e Brasília é o cenário que não pode prescindir da genialidade desse artista.

      Se estivesse vivo ainda, o mestre carioca teria completado ontem seu 100º aniversário. Uma ocasião assim não pode cair no esquecimento. Por isso, fazemos hoje esta mais que merecida homenagem.

      O vínculo de Athos Bulcão com a arte vem desde os seus 4 anos de idade. Aos vinte e poucos anos, viveu o dilema de seguir a carreira médica ou a artística. Entre curar ou criar, atendeu ao chamado da criação, para a felicidade de uma capital ainda por existir.

      Mais conhecido por seus azulejos, transitou da pintura à escultura, passando pela cenografia, a elaboração de figurinos e a fotomontagem. Em sua juventude, foi auxiliar de Portinari na criação do mural da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte. O talento do jovem artista chamou a atenção de Oscar Niemeyer. O arquiteto, então, o inseriu no grupo de pioneiros que iriam erguer Brasília no fim dos anos 50.

      Senhoras e senhores, Brasília seria menos monumental sem as obras de nosso homenageado. A Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima perderia viço sem as pombas e estrelas de seus azulejos; a visão do Teatro Nacional não teria o mesmo impacto na ausência dos blocos brancos distribuídos em suas laterais; e o Cine Brasília ostentaria uma imensa lacuna na sala de projeção sem seu painel em tons de vermelho e amarelo.

      Athos Bulcão vive em suas obras. Por isso, posso dizer sem exagero que sua presença paira sobre nós neste exato instante. Peço a todos que olhem para cima. As placas metálicas que pendem do teto, dando um sublime efeito luminoso à cobertura deste plenário, levam a assinatura desse mosqueteiro das artes.

      Esse e mais de 30 outros trabalhos se espalham pelas ruas e edifícios da Capital, sendo tão característicos desta cidade quanto o Plano Piloto de Lúcio Costa ou a arquitetura de Niemeyer.

      Em 1963, a convite de Darcy Ribeiro, Athos Bulcão começou a ministrar aulas na Universidade de Brasília. Por defender a democracia e as liberdades civis, foi desligado da instituição pelo governo militar em 1965.

      Destituído da docência, realizou projetos no Brasil e no exterior. Argélia, França e Índia são alguns dos países que abrigam suas obras.

      Na década de 80, participou ativamente da luta pela volta da democracia ao Brasil. Com o retorno à normalidade institucional, foi reintegrado à UnB, onde partilhou sua inestimável experiência com os estudantes por mais 2 anos.

      Há 10 anos, ele partia, deixando um vácuo impossível de preencher no universo artístico brasileiro.

      Senhoras e senhores, celebrar esse excepcional artista, cidadão e ser humano é reavivar uma parte importante da história brasileira, é recordar uma época de sonhos grandiosos e belos. E, o mais importante, é lembrar nossa capacidade de concretizá-los.

      Muito obrigado. (Palmas.)

     Pela Liderança do PPS no Senado Federal, concedo a palavra ao Senador Cristovam Buarque, ex-Governador do Distrito Federal.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 05/07/2018 - Página 9