Pronunciamento de João Alberto Souza em 03/07/2018
Fala da Presidência durante a 11ª Sessão Solene, no Congresso Nacional
Abertura da sessão solene do Congresso Nacional destinada a homenagear o centenário de nascimento de Athos Bulcão.
- Autor
- João Alberto Souza (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
- Nome completo: João Alberto de Souza
- Casa
- Congresso Nacional
- Tipo
- Fala da Presidência
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM:
- Abertura da sessão solene do Congresso Nacional destinada a homenagear o centenário de nascimento de Athos Bulcão.
- Publicação
- Publicação no DCN de 05/07/2018 - Página 9
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
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- ABERTURA, SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, OBJETIVO, HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, PINTOR.
O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. Bloco/MDB-MA) - Declaro aberta a sessão solene do Congresso Nacional destinada a homenagear o centenário de nascimento de Athos Bulcão.
Convido para compor a Mesa o Sr. Paulo Brum Ferreira, Presidente da Fundação Athos Bulcão (palmas); o Sr. Gustavo Pacheco, representante da Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal (palmas); o Sr. Sérgio Roberto Parada, representante do Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Departamento do Distrito Federal (palmas); a Sra. Luciana Saboia, Vice-Diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (palmas); a Sra. Maria Antonieta Bulcão Ferrari, sobrinha do homenageado (palmas); e a Sra. Maria Inês Di Rienzo Bulcão, sobrinha do homenageado. (Palmas.)
Convido todos para, em posição de respeito, ouvir o Hino Nacional, que será cantado pelo Coral do Senado Federal, sob a regência da Maestrina Glicínia Mendes.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. Bloco/MDB-MA) - Agora, ouviremos trechos das músicas Coisa Mais Linda, de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes; Paz do Meu Amor, de Luiz Vieira; e Se Todos Fossem Iguais a Você, de Tom Jobim, entoadas pelo Coral do Senado Federal.
(Procede-se à execução musical.)
O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. Bloco/MDB-MA) - Alguns artistas têm o privilégio de ver suas obras integradas a uma cidade. Desses, poucos podem dizer que seu trabalho faz parte da identidade de uma metrópole. Mais raros ainda são aqueles cuja ausência de sua arte desfiguraria a paisagem urbana. Athos Bulcão pertence a essa última categoria, e Brasília é o cenário que não pode prescindir da genialidade desse artista.
Se estivesse vivo ainda, o mestre carioca teria completado ontem seu 100º aniversário. Uma ocasião assim não pode cair no esquecimento. Por isso, fazemos hoje esta mais que merecida homenagem.
O vínculo de Athos Bulcão com a arte vem desde os seus 4 anos de idade. Aos vinte e poucos anos, viveu o dilema de seguir a carreira médica ou a artística. Entre curar ou criar, atendeu ao chamado da criação, para a felicidade de uma capital ainda por existir.
Mais conhecido por seus azulejos, transitou da pintura à escultura, passando pela cenografia, a elaboração de figurinos e a fotomontagem. Em sua juventude, foi auxiliar de Portinari na criação do mural da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte. O talento do jovem artista chamou a atenção de Oscar Niemeyer. O arquiteto, então, o inseriu no grupo de pioneiros que iriam erguer Brasília no fim dos anos 50.
Senhoras e senhores, Brasília seria menos monumental sem as obras de nosso homenageado. A Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima perderia viço sem as pombas e estrelas de seus azulejos; a visão do Teatro Nacional não teria o mesmo impacto na ausência dos blocos brancos distribuídos em suas laterais; e o Cine Brasília ostentaria uma imensa lacuna na sala de projeção sem seu painel em tons de vermelho e amarelo.
Athos Bulcão vive em suas obras. Por isso, posso dizer sem exagero que sua presença paira sobre nós neste exato instante. Peço a todos que olhem para cima. As placas metálicas que pendem do teto, dando um sublime efeito luminoso à cobertura deste plenário, levam a assinatura desse mosqueteiro das artes.
Esse e mais de 30 outros trabalhos se espalham pelas ruas e edifícios da Capital, sendo tão característicos desta cidade quanto o Plano Piloto de Lúcio Costa ou a arquitetura de Niemeyer.
Em 1963, a convite de Darcy Ribeiro, Athos Bulcão começou a ministrar aulas na Universidade de Brasília. Por defender a democracia e as liberdades civis, foi desligado da instituição pelo governo militar em 1965.
Destituído da docência, realizou projetos no Brasil e no exterior. Argélia, França e Índia são alguns dos países que abrigam suas obras.
Na década de 80, participou ativamente da luta pela volta da democracia ao Brasil. Com o retorno à normalidade institucional, foi reintegrado à UnB, onde partilhou sua inestimável experiência com os estudantes por mais 2 anos.
Há 10 anos, ele partia, deixando um vácuo impossível de preencher no universo artístico brasileiro.
Senhoras e senhores, celebrar esse excepcional artista, cidadão e ser humano é reavivar uma parte importante da história brasileira, é recordar uma época de sonhos grandiosos e belos. E, o mais importante, é lembrar nossa capacidade de concretizá-los.
Muito obrigado. (Palmas.)
Pela Liderança do PPS no Senado Federal, concedo a palavra ao Senador Cristovam Buarque, ex-Governador do Distrito Federal.