Discurso durante a 11ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene do Congresso Nacional destinada a homenagear o centenário de nascimento de Athos Bulcão.

Autor
Hélio José (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/DF)
Nome completo: Hélio José da Silva Lima
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão solene do Congresso Nacional destinada a homenagear o centenário de nascimento de Athos Bulcão.
Publicação
Publicação no DCN de 05/07/2018 - Página 11
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, OBJETIVO, HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, PINTOR.

     O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco/PROS-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Eu gostaria de cumprimentar V.Exa., Sr. Presidente, nobre Senador João Alberto Souza, do nosso querido Estado do Maranhão, Vice-Presidente desta Casa, representando aqui o nosso Presidente, Senador Eunício Oliveira, que, com certeza, se tivesse condições, estaria aqui fazendo esta justa homenagem a esse grande artista de Brasília e do Brasil. Quero cumprimentar efusivamente V.Exa. pelo brilhante trabalho que faz nesta Casa. O Maranhão, com certeza, há de se orgulhar sempre de ter João Alberto nesta Casa como um nome de pessoa sensata e de pessoa que realmente faz a diferença.

      Quero cumprimentar o Presidente da Fundação Athos Bulcão, Sr. Paulo Brum Ferreira. Muito bem-vindo a esta Casa. Nós temos uma admiração muito grande pelo trabalho que a Fundação faz. Eu sou membro da Comissão de Relações Exteriores, e, quando faço uma visita a um país, a lembrança que eu levo são as porcelanas de Athos Bulcão, que, de fato, retratam e representam a nossa cidade, Brasília. Eu sou Senador de Brasília. Elas levam Brasília para o mundo, não é, Valéria? Meu abraço a você, meu abraço ao nobre Paulo Brum.

      Quero cumprimentar também o Sr. Gustavo Pacheco, representante do Secretário de Estado de Cultura do Distrito Federal. Eu sou servidor público concursado, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O Governo passa, e o Estado fica. Então, quero cumprimentá-lo pela preservação dessa obra fenomenal de Athos Bulcão. Seja qual for o Governo que estiver em Brasília, é compromisso nosso preservá-la. Então, quero cumprimentar o Distrito Federal pela importância de preservá-la.

      Nobre Sérgio Roberto Parada, representante do Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil do Departamento do Distrito Federal, meus cumprimentos. Brasília é patrimônio histórico mundial. Isso se deve muito a esses vários artistas que o Senador Cristovam Buarque aqui acabou de citar, entre eles, Athos Bulcão, Burle Marx, Lúcio Costa, o nosso célebre Oscar Niemeyer e vários outros, JK, etc. Mas é muito importante o Instituto dos Arquitetos do Brasil nessa questão, por dar esse brilho maravilhoso a uma obra de Athos Bulcão.

      Quero cumprimentar a Sra. Luciana Saboia, Vice-Diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília -- UnB, universidade na qual tive a honra de me formar em Engenharia Elétrica, no ano de 1982. Na UnB de tantas lutas e de tantas batalhas, também estão retratadas obras de Athos Bulcão, assim como na Câmara dos Deputados. Brasília inteira é um museu a céu aberto de Athos Bulcão. Então, meus cumprimentos à UnB, nossa Universidade de Brasília.

      Quero cumprimentar as sobrinhas do homenageado, a Sra. Maria Antonieta Bulcão Ferrari e a Sra. Maria Inês Di Rienzo Bulcão. Vocês têm um nome a zelar, um nome que é patrimônio e orgulho nosso, pessoas que sabem da importância de Athos Bulcão, como tão bem relatada aqui pelo nosso nobre professor e mestre, ex-reitor da UnB, meu professor, Cristovam Buarque, também engenheiro, igual a mim, e economista.

      Nós gostaríamos de falar sobre a homenagem que o Jornal do Senado fez hoje:

Athos Bulcão, o artista de Brasília.

Homem que transformou a capital do país num museu de arte a céu aberto completaria 100 anos de idade hoje. Suas criações, incluindo os célebres azulejos modernistas, exalam mais frescor do que nunca e continuam conquistando admiradores.

      Eu digo isso porque levei, por exemplo, como presente de casamento da minha filha que acabou de casar-se na Itália -- ela está morando na Itália -- Athos Bulcão. Lembro-me do sogro e das famílias, e do tanto que ficaram felizes de receber Athos Bulcão. Então, o mundo se encanta com Athos Bulcão, e daí a importância de estarmos aqui para falarmos essas palavras.

      Mais emocionado por ter ouvido bossa nova, por ter ouvido Carlos Lyra, por ter ouvido Vinícius de Moraes -- aliás, parabéns a esse coral maravilhoso que nós temos aqui pela interpretação brilhante --, e exatamente Athos Bulcão conviveu com essa turma do bem.

      Brasília está chegando na melhor idade ao completar seus 58 anos. Ainda quando projeto, era anunciada como a maior realização da arquitetura moderna do século XX.

      O percurso histórico da cidade, de projeto revolucionário à concretização da experiência, passadas quase 6 décadas da inauguração, consolidou-a como uma das grandes realizações do imaginário artístico do nosso século.

      A glória maior do reconhecimento mundial de Brasília associou-se naturalmente ao arquiteto Oscar Niemeyer e ao urbanista Lúcio Costa. Mas o próprio Niemeyer, percebendo que a criação urbanística e arquitetônica não seria completa sem uma manifestação artística à altura, solicitou a Juscelino Kubitschek a elaboração de um programa artístico para a nova Capital.

      Muitos nomes artísticos contribuíram para a nova Capital, luzindo-a e abrilhantando-a com as suas criações, mas, dentre todos eles, um se destacou: Athos Bulcão, cujo centenário de nascimento estamos a comemorar nesta sessão solene.

      Nenhuma outra arte amoldou-se tão bem à arquitetura de Niemeyer como as criações de Athos Bulcão, de maneira que não temos como dissociar a experiência dos dois, tão intimamente relacionadas.

      Como pensar no Congresso Nacional sem a Ventania, o painel de azulejos que atravessa toda a parte do Congresso Nacional voltada para a Esplanada dos Três Poderes?

      Sabe-se que a decisão de interromper a visão do Palácio do Congresso Nacional para a Esplanada, no espaço defronte aos plenários, em princípios da década de 70, constituía a alteração no projeto original que mais incomodava Niemeyer, pois interrompia a comunicação visual com a Praça. Mas a impressão negativa do arquiteto logo se desvaneceu suplantada pelo gênio de Athos, com a criação do maravilhoso painel de azulejos. E o mesmo gênio de Athos transformou os plenários da Câmara e do Senado, participando diretamente na elaboração de todo o projeto, como na Câmara, ou na criação maravilhosa do teto do plenário do Senado.

      E assim aconteceu nas maiores realizações da arte de nossa Capital.

      Como pensar, Sras. e Srs. Senadores, Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores aqui presentes, a joia graciosa da Igrejinha da 308 Sul -- e encontra-se aqui o nosso frade da Igrejinha -- sem os azulejos de Athos Bulcão? Não haveria como pensar...

      Curiosamente, na nossa memória afetiva, quando vemos isoladamente os azulejos azuis e brancos da Igrejinha, imediatamente o edifício nos vem à memória, de forma que a invocação de uma forma artística suscita a memória de outra, e vice-versa.

     E assim Athos introduziu em vários órgãos públicos, escolas, hospitais, nos blocos e residências particulares do Plano Piloto a sua arte da azulejaria, associando-a à memória visual da Capital, patrimônio histórico mundial tombado pela UNESCO.

     Este parece ser o grande diferencial da arte de Athos, a sua grande contribuição para a arte brasileira e mundial. Ela se incorporou ao imaginário nacional e local, da mesma forma que a arquitetura de Niemeyer e o urbanismo de Lúcio Costa, visceralmente conectadas, como também as paisagens de Burle Marx.

     Outros artistas que contribuíram com criações artísticas para a nossa Capital não usufruíam dessa condição, pois suas obras de arte eram isoladas. Athos associou sua criação ao gênio de Niemeyer, provocando a sensação do maravilhoso que só as grandes criações artísticas são capazes de suscitar.

     Nas palavras do artista, abro aspas: “A criação é mesmo misteriosa. A gente não sabe por que faz uma coisa assim”. Associamo-nos a todos nesta homenagem aos mistérios do grande artista Athos Bulcão.

     Senhores e senhoras, que as lembranças e a história que fazem a cultura de um povo sejam sempre preservadas, mantidas e defendidas pelas pessoas de bem deste País.

     Um forte abraço! Era isso o que tinha a dizer.

     Muito obrigado, Sr. Presidente!

     Muito obrigado a esta Mesa.

     Muito obrigado, Athos Bulcão, por ter existido e abrilhantado nossa Brasília. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 05/07/2018 - Página 11