Pela Liderança durante a 104ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas à reforma política que não limitou o valor que cada candidato pode investir em sua própria campanha eleitoral.

Autor
Cristovam Buarque (PPS - CIDADANIA/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas à reforma política que não limitou o valor que cada candidato pode investir em sua própria campanha eleitoral.
Publicação
Publicação no DSF de 05/07/2018 - Página 15
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO ELEITORAL, MOTIVO, AUSENCIA, LIMITAÇÃO, VALOR, CANDIDATO, INVESTIMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, BENEFICIO PESSOAL, DIFERENÇA, UTILIZAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, DISPUTA, CARGO PUBLICO, ENFASE, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, DESAPROVAÇÃO, ESTRATEGIA, MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (MDB).

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, até a surpresa no Brasil nos surpreende. É raro o dia em que, na política, Senador Pimentel, não temos alguma surpresa, como essa entrevista do Senador Jucá, em que diz que o ex-Ministro da Fazenda do seu Partido, candidato a Presidente, não receberá recursos para a sua campanha, porque o dinheiro do fundo que foi criado neste Senado para financiar as campanhas será dirigido aos Deputados.

    Veja que surpresa! Primeiro, porque há um candidato, e esse candidato não recebe recursos, porque é muito rico, capaz de financiar sozinho sua campanha. Um absurdo que a reforma que nós aqui fizemos não tenha limitado a contribuição de cada candidato conforme a sua fortuna. Alguns de nós aqui brigamos contra isso. Está provado que deixar sem limite a contribuição pessoal para uma campanha leva, necessariamente, a uma deformação – e não só para Presidente; para os outros cargos também.

    Segundo, é surpreendente que o cargo mais importante que um país pode ter, o de presidente da República, fique relegado ao número de Deputados que serão eleitos pelo partido. E a gente sabe por quê. Porque os recursos...

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Senador Cristovam, é antirregimental, mas só um pequeno registro. Eu quero parabenizar V. Exª...

    O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. Bloco Maioria/MDB - MA) – Lamentavelmente, Senador José Pimentel – V. Exª pertence à Mesa, é o 1º Secretário –, não pode haver aparte.

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Eu estou inscrito. Na hora, nós faremos um aparte.

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Muito obrigado, mas já guardei a palavra, o verbo: parabenizar.

    É surpreendente que o Partido do Senador Jucá esteja preocupado mais com os Deputados do que com o Presidente da República, mas é a tradição deles. Não estão querendo eleger Presidente. Lançaram um pró-forma. Eles estão querendo, na verdade, poder influir através de suas nomeações junto ao próximo presidente, qualquer que seja. É isso que a gente viu nos últimos governos neste País.

    Eu acho que ele diz com clareza: "A prioridade do partido é eleger Deputados Federais e Senadores." Portanto, a prioridade do fundo eleitoral e do fundo partidário é financiar essas candidaturas, até porque a gente sabe que o fundo depende do número de Deputados. Então, o que se está querendo fazer é aumentar os recursos disponíveis na conta do partido para as próximas campanhas.

    Eu creio que não poderia deixar passar sem falar sobre isso, porque me parece surpreendente o Líder maior do PMDB, que creio que é o Senador Jucá, embora possa não ter um título orgânico que justifique isso, explicitar de uma vez por todas: nos interessa nada ter presidente da República. Nós queremos poder influir no governo para tirar vantagens partidárias, seja com nomeações, seja com o dinheiro do fundo partidário e do fundo para as futuras campanhas.

    Era isso, Sr. Presidente, que eu queria hoje deixar registrado aqui como a surpresa da surpresa que a gente recebe a cada minuto na política brasileira. É uma pena que tenhamos perdido a chance de fazer uma reforma política correta e fizemos...

(Soa a campainha.)

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... uma que está trazendo mais problemas, mais desvantagens, menos democracia, mais negociata do que a situação anterior, na estrutura política anterior. Foi uma traição o que nós fizemos ao Brasil, aprovando a reforma política pior do que a triste situação anterior.

    Era isso, Sr. Presidente, que eu queria deixar registrado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/07/2018 - Página 15