Discurso durante a 106ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à narrativa do PT sobre a suposta perseguição política ao ex-presidente Lula pelo Poder Judiciário.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas à narrativa do PT sobre a suposta perseguição política ao ex-presidente Lula pelo Poder Judiciário.
Aparteantes
Ana Amélia.
Publicação
Publicação no DSF de 11/07/2018 - Página 42
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, RECLAMAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ASSUNTO, POSSIBILIDADE, PERSEGUIÇÃO, POLITICA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, RELAÇÃO, JUDICIARIO.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Srª Presidente.

    Cumprimento todos que nos acompanham pela Agência Senado e todos que nos acompanham aqui no plenário.

    Senadora Ana Amélia, eu realmente fico pasmo de ver a capacidade de manipulação, de dissimulação dessa agremiação política. Eu digo agremiação política, não vou chamar de partido, porque partido compõe-se dum grupo de pessoas que têm uma ideologia, que acompanham uma filosofia. Mas esse grupo, na verdade, não tem uma filosofia. Vamos ver: qual é a filosofia desse partido? Não tem. A personalidade desse amontoado? Não tem. Existe ali a ideologia do Lula. Eu achei até engraçado, no livro do Hildebrando, ele dizia na capa: Marx enganou Jesus... E Lula enganou os dois, referindo-se ao fato de que o PCdoB, o Partido Comunista, transvestiu-se no PT, enganou o clero, fazendo o clero apoiar o PT e chegar ao poder, e depois o Lula deu tombo nos dois.

    Mas não quero ficar falando disso aqui. O que eu quero dizer é que os três mosqueteiros – Wadih Damous, Paulo Teixeira e Pimenta – conseguiram o que queriam. Está todo o Brasil falando duma figura condenada desde domingo. Lógico que tiveram ajuda de quem...

    Estão falando em lambança do Judiciário. Não houve lambança do Judiciário alguma. Houve o caso de um desembargador que deveria ter saído de camburão daquele plantão. Aquilo lá não é diferente de uma venda de sentença, aquilo lá não é diferente de um conluio, de um acerto.

    Veja que o negócio foi protocolado depois de se saber quem estava de plantão. Aquilo lá foi a maior patifaria que eu já vi: vergonhoso, vexaminoso... Eu ouvi alguém hoje dizendo assim: "Mas como o PT se presta a isso?" Eu disse: não se admire, esse é o pragmatismo que sempre foi a tônica, e contornam isso com a maior facilidade. Vejam os discursos hoje com que defendem isso aqui. Conseguem defender isso numa boa e ainda sair por cima.

    Por que a oposição não conseguiu fazer um discurso para fazer frente aos desmandos que o governo passado fez? Porque é difícil você contrapor a mentira. Senadora Amélia, eu vejo nas comissões: tal como pingo d'água, a mentira é repetida, combinada com os partidos puxadinhos e repetida, repetida, repetida o tempo inteiro. Não importa qual é o assunto. Vamos discutir um projeto sobre a mineração em tal lugar... Batem no mesmo assunto o tempo inteiro e vão criando uma coisa na cabeça da população.

    Veja bem, já estão dizendo que os 13 milhões... Aqui subiu uma Parlamentar dizendo que os 13 milhões de desempregados são responsabilidade nossa, que votamos o impeachment; que essa crise na saúde é responsabilidade nossa, que votamos o impeachment. Eu tenho que tirar o chapéu. O pessoal disse que o Neymar merecia um Oscar por atuar tão bem. Eu diria que esta Bancada merece o Oscar de atuação, roteiro, música e ritmo, porque o ritmo é um só.

    Dá para culpar só a eles? Não. Dá para culpar quem não faz o contraponto. Quando terminou o impeachment, eu falei: precisamos fazer o contraponto. Houve um sabido aqui, do alto da sua experiência, que falou: "Não, oposição grita e situação vota." Muito bem, ganhou no voto e perdeu nas ruas. Qual é o discurso que está nas ruas hoje? Que o Lula é inocente, que a reforma trabalhista pôs as pessoas para ter só meia hora de almoço, que não há mais 30 dias de férias.

    Todas as mentiras que foram pregadas aqui estão como verdade nas ruas. Eu encontro as pessoas e elas acreditaram. Deu certo, a mentirada deu certo. E por quê? Porque não houve o contraponto, não houve o debate. Parece que fogem do debate... O medo. "Ah, não. Vamos ganhar no voto."

    É essa arrogância, esse pragmatismo... Aliás, o PT fez isso, quando estava no poder. Fez a arrogância do patrulhamento, inclusive, comprando Parlamentares. Mas fez também o dever de casa na tribuna. Por isso, não conseguiram fazer a derrubada de um governo tão incompetente e corrupto.

    Eles conseguiram passar a imagem. Venderam um refrigereco como se fosse uma coca-cola e pegou. O cara começou: "Vou tomar esse refrigereco aí." E tomou. E o País está lascado, arrebentado e há gente que ainda diz, subiram aqui hoje e disseram: "Temos que trazer Lula para voltar a soberania do Brasil e voltar a prosperidade."

    Concedo um aparte à Senadora Ana Amélia.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – E ainda justificam, Senador Medeiros, que o preço da gasolina e do botijão de gás está alto, esquecendo-se seriamente de que foi o congelamento dos preços, no momento em que os preços no mercado internacional do petróleo estavam muito altos... O preço foi congelado artificialmente para ganhar a reeleição em 2014. Então, não aconteceu nada na Petrobras. A Petrobras simplesmente passou ilesa de todo o processo dramático do petrolão, que destruiu a estatal brasileira sobre a qual nós tínhamos um grande orgulho. Então, Senador Medeiros, enquanto V. Exª se recupera dessa tosse nervosa desse período de seca aqui nesta região do Planalto Central, só lembro e trago à memória de que a questão do preço do gás e da gasolina ou do diesel é esquecer o que aconteceu em 2002, 2013 e 2014 com os combustíveis. Isso aí realmente é memória muito fraca, porque, digamos, é uma agressão à inteligência da população brasileira que soube o que foi feito artificialmente para manter os preços congelados quando, no mercado internacional, estavam lá nas alturas. Obrigada, Senador.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Muito obrigado, Senadora Ana Amélia. Quando eu disse aqui que não se faz o contraponto, não inclui V. Exª. V. Exª tem feito esse serviço à população brasileira.

    É preciso que se faça essa lembrança, é preciso que se diga o que aconteceu neste País, é preciso que se lembre aos brasileiros, que se faça a linha do tempo, mas isso não tem sido feito. Nós estamos nos aproximando das eleições e é preciso que se diga. Não existe essa história de que Judiciário tem uma conspiração e que prenderam um inocente – conversa fiada –, mas é normal na luta política.

    Agora, o que foi feito nesse final de semana foi criminoso. Inclusive, no domingo à noite, representei aquele juiz no Conselho Nacional de Justiça. Espero que o Conselho Nacional de Justiça, em prol da Justiça brasileira, do Judiciário brasileiro, possa suspendê-lo e ele nunca mais possa judicar, porque ele envergonhou a Justiça brasileira. Que ele possa ser aposentado, já que não saiu preso de lá, porque aquilo lá foi um flagrante.

    Os três Deputados que fizeram aquela chicana também representei no Conselho de Ética. Provocaram, na sua dificuldade de eleição, e criaram um fato político – e criaram –, embora não tenham conseguido...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Só mais um minuto e já termino, Senadora.

    Embora não tenham conseguido concluir o exaurimento do crime, fizeram um rebuliço e tanto. Devem estar comemorando aí. Mas foi vergonhoso para o País, vexaminoso. Vergonha alheia! E sobem aqui e têm coragem de defender uma ação esdrúxula dessas. Mostram que não têm projeto para o País, têm projeto umbilical, têm projeto somente partidário e eleitoral. Não estão preocupados com as instituições. Desmoralizaram o Judiciário através... E desmoralizaram a questão do quinto constitucional. Eu vou propor mais um projeto aqui para que se acabe com o quinto constitucional. Colocaram em dúvida todas as nomeações pelo quinto constitucional daqui para a frente, porque fica sempre a dúvida: todo partido que nomear...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Quando o partido que estiver no poder colocar alguém pelo quinto constitucional, o sujeito já vai falar "aquele lá vai trabalhar para a militância do partido".

    Ora, há foto aí correndo na internet, do rapaz beijando o Lula. Tudo bem, ele pode beijar o Lula, mas tem que se declarar suspeito. Mas num plantão... Se decisão em plantão já é complicado, imagine quando há uma súmula, Deputado Arnaldo Faria de Sá, quando está sumulado, quando o CNJ diz que não pode. Ele enfrentou o CNJ. Ele enfrentou o Tribunal. Ele enfrentou o STF. Ele enfrentou todo o povo brasileiro e disse "solta!". Aí veio uma voz sensata do Tribunal e disse "calma, não pode, isso aí não pode. Vamos deixar isso aí para decidir depois". Aí ele disse "não, não, não, solta, e agora!".

    Eu imagino o delegado. Deve ter ficado pensando "eu prendo ou eu solto? Eu solto ou prendo? Eu obedeço a quem?".

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Ele deve ter ficado naquela dúvida tamanha: "se eu desobedeço a um, eu respondo; se eu desobedeço a outro, eu respondo". Mais ou menos assim: "Gente, se decida!".

    Então, essa foi a grande bagunça do domingo. Há quem diga que o Brasil passou... Eles tinham planejado isso para acontecer na euforia da vitória sobre a Bélgica, mas não tinham combinado com o Lukaku, nem com o Fernandinho, que não fez aquela falta no meio do campo. Se o Fernandinho tivesse feito a falta, o Brasil teria ganhado, e daria certo. De repente, ninguém teria visto, e teria passado em branco. Mas foi vergonhoso.

    Eu até acho que o Lula vai sair, mas vai sair dentro das regras do jogo, dentro de um processo legal, não dessa forma, sorrateira, quebrando todas as regras. Pelo amor de Deus! Este País precisa ter um rumo, e não pode ser esse.

    Muito obrigado, Senadora Marta Suplicy.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/07/2018 - Página 42