Pronunciamento de Maria do Carmo Alves em 09/08/2018
Discurso durante a 112ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Preocupação com a situação do Rio São Francisco e o abastecimento hídrico no estado de Sergipe.
- Autor
- Maria do Carmo Alves (DEM - Democratas/SE)
- Nome completo: Maria do Carmo do Nascimento Alves
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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MEIO AMBIENTE:
- Preocupação com a situação do Rio São Francisco e o abastecimento hídrico no estado de Sergipe.
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/08/2018 - Página 26
- Assunto
- Outros > MEIO AMBIENTE
- Indexação
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- APREENSÃO, SITUAÇÃO, DETERIORAÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, POSSIBILIDADE, AUSENCIA, ABASTECIMENTO, AGUA, ESTADO DE SERGIPE (SE), PERIODO, FUTURO, ENFASE, NECESSIDADE, REALIZAÇÃO, RECUPERAÇÃO, VIDA, PESCA, RIO.
A SRª MARIA DO CARMO ALVES (Bloco Social Democrata/DEM - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos recomeçando os serviços desta Casa e eu quero externar a minha grande preocupação com a situação hídrica de Sergipe e dos demais Estados que se valem das águas do Rio São Francisco, o rio da integração nacional. O maior reservatório do Nordeste, o de Sobradinho, na Bahia, já está passando hoje por um controle rigoroso de vazão, procurando garantir, no mês de novembro, um nível de água acima do volume morto.
Às margens do Velho Chico, a vida já mudou. No dizer do acadêmico Rangel Alves da Costa, da Academia de Letras de Aracaju, em artigo recém-publicado – abre aspas – "Angústia e Vida no Velho Chico" – fecha aspas –, a vida ribeira mudou, e as piabas, os peixes miúdos, que eram fartura nas mesas dos nordestinos, desapareceram. As canoas e as pequenas embarcações estão dormindo no cais, sem perspectiva de futuro, e as redes e tarrafas servem agora de enfeite nas varandas. Quando jogadas, voltam vazias de peixes e carregadas de desesperança. E, como bem observa Rangel, a única coisa que restou da vida ribeirinha foi a batida das roupas das lavadeiras nas pedras do rio, repetindo o gesto de suas antepassadas. É assim que estão vivendo os ribeirinhos do Velho Chico, Sr. Presidente: à beira da angústia. Inclusive, sobre a água de Aracaju, a capital de Sergipe, 40% vêm das águas do Rio São Francisco. As grandes embarcações foram embora e os peixes grandes já não aparecem mais. No dizer quase poético do acadêmico, resta a tristeza e o silêncio.
Esse cenário desolador, senhoras e senhores, pode ainda se acentuar se nada fizerem para apressar a revitalização do São Francisco – nunca a transposição. Precisamos de vontade e ação política para estabelecer urgência em programas de recuperação vegetal, com plantio de espécies nativas, por exemplo. Só com o esforço concentrado, direcionado pelo Governo brasileiro e pelos Estados que se servem do rio, poderemos evitar as terríveis perspectivas com as quais estaremos lidando nos próximos anos e que prometem esvaziar a torneira do povo sergipano.
Apesar de muitos avisos, dados décadas atrás, sobre a possibilidade da morte do Velho Chico, não conseguimos evitar que chegássemos aonde chegamos e, agora, para desespero de todos os sergipanos, estaremos beirando o colapso hídrico. Não só a vida dos ribeirinhos, mas o consumo de água nas principais cidades sergipanas e o fornecimento de energia elétrica colocarão em cheque nossas possibilidades de retornar ao desenvolvimento econômico.
Era esse registro, Sr. Presidente, que gostaria de fazer.
Muito obrigada.